O Real foi iniciativa circunscrita no tempo e na meta: afastar o risco iminente da hiperinflação e devolver ao Brasil mínimo de estabilidade e previsibilidade econômica. Nesse sentido, teve êxito e passou à história. A melhor prova do sucesso é que nenhuma outra medida econômica brasileira continua a ser comemorada tanto tempo depois.
Falso é pensar no Real como plano de desenvolvimento de longo prazo ou o projeto de país que nos falta, coisas que ele jamais pretendeu ser. Vejo essa tendência equivocada nas perguntas que me fazem e em muitos artigos na imprensa. No lançamento da moeda eu costumava compará-la ao pedestal de um monumento. Isto é, a estabilidade seria o fundamento sobre o qual deveria ser edificado um projeto de desenvolvimento e distribuição.
Pode-se discutir se o que se construiu é harmonioso ou disforme, completo ou inacabado, se é sólido ou vai ruir amanhã. Já aí, porém, não se trata de mérito ou culpa do Real, mas do que veio depois.
Obra coletiva por excelência, o Real se deve, sobretudo, ao presidente Itamar Franco, a Fernando Henrique Cardoso e aos membros da equipe econômica mais competente que o país teve. Posso falar apenas do momento no qual me coube responsabilidade como ministro da Fazenda nos meses imediatamente anteriores e seguintes à entrada em circulação da moeda em 1º de julho de 1994.Seria exagero afirmar que o lançamento deu certo? Primeiro, graças à preparação por meio da brilhante concepção da URV e do cuidado de tudo anunciar com antecedência, sem choques nem surpresas.
Em seguida, pela execução: a troca de moedas tranquila, sem incidentes; a transparência da informação frequente, em linguagem clara, não em "economês"; a ausência de congelamento ou de tabelamento de preços. Prova é que, de todos os planos econômicos nacionais, o Real é o único que não causou vítimas nem ações de indenização na Justiça.
As fundações resistiram à prova do tempo. Construir sobre elas economia de baixa inflação, crescimento inclusivo e sustentável é o desafio para os sucessores da geração que lhes deixou um pedestal robusto e duradouro.
Falso é pensar no Real como plano de desenvolvimento de longo prazo ou o projeto de país que nos falta, coisas que ele jamais pretendeu ser. Vejo essa tendência equivocada nas perguntas que me fazem e em muitos artigos na imprensa. No lançamento da moeda eu costumava compará-la ao pedestal de um monumento. Isto é, a estabilidade seria o fundamento sobre o qual deveria ser edificado um projeto de desenvolvimento e distribuição.
Pode-se discutir se o que se construiu é harmonioso ou disforme, completo ou inacabado, se é sólido ou vai ruir amanhã. Já aí, porém, não se trata de mérito ou culpa do Real, mas do que veio depois.
Obra coletiva por excelência, o Real se deve, sobretudo, ao presidente Itamar Franco, a Fernando Henrique Cardoso e aos membros da equipe econômica mais competente que o país teve. Posso falar apenas do momento no qual me coube responsabilidade como ministro da Fazenda nos meses imediatamente anteriores e seguintes à entrada em circulação da moeda em 1º de julho de 1994.Seria exagero afirmar que o lançamento deu certo? Primeiro, graças à preparação por meio da brilhante concepção da URV e do cuidado de tudo anunciar com antecedência, sem choques nem surpresas.
Em seguida, pela execução: a troca de moedas tranquila, sem incidentes; a transparência da informação frequente, em linguagem clara, não em "economês"; a ausência de congelamento ou de tabelamento de preços. Prova é que, de todos os planos econômicos nacionais, o Real é o único que não causou vítimas nem ações de indenização na Justiça.
As fundações resistiram à prova do tempo. Construir sobre elas economia de baixa inflação, crescimento inclusivo e sustentável é o desafio para os sucessores da geração que lhes deixou um pedestal robusto e duradouro.
06 de julho de 2014
Rubens Ricupero, Correio Braziliense
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