A propósito dos artigos intitulados “A Marcha da estupidez”, um comentarista anônimo insinuou que nada temos a fazer contra isto. Interpretei como: “temos de conformar-nos.” É similar ao conhecimento de que o prato de alimento diante de nós está envenenado e continuar dando garfadas, em vez de procurar outros alimentos, saudáveis, para o corpo, para a mente e essencialmente para o espírito.
A estupidez nega o processo de civilização. Afasta-nos do propósito de humanizar de fato o bicho homem. Esteriliza o trabalho de tantas pessoas, em gerações sucessivas para criar a beleza da música, das grandes obras pictóricas e literárias, pintura, da superação física n atletismo cogitado na origem para desenvolver mentes sãs em corpos sadios. Impede de ver, sentir, cheirar, saborear a própria vida no contato com a natureza e com os outros seres vivos, humanos ou animais.
A estupidez se apresenta na forma de violência, grosseria, brutalidade exponencial, na medida em que o ser humano se distancia, ou desconhece a mecânica do espírito no controle das emoções e dos programas mentais implantados. Em outras palavras é proporcionalmente mais estúpido aquele que menos conhece sua capacidade espiritual e se deixa controlar pelas paixões, pelas emoções, valorizando menos a vida e mais o poder.
Nem é preciso ser douto ou letrado para ser estúpido em maior ou menor proporção.
A estupidez dos governantes, dos príncipes, dos controladores do mundo, aparece em proporção mais acentuada que estupidez das pessoas iletradas. Pode-se dizer que isto é mais grave, vem dos que se dizem defensores de direitos humanos. O comando está no descontrole emocional de que nega a razão, o equilíbrio, a lógica e a maturidade, ativando o ódio, ciúmes, inveja, perseguição, rancor.
São estúpidos os incapazes de lidar com a raiva, com as próprias ideias, imagens mentais e pensamentos, desconhecendo a beleza e fragilidade da variedade humana. Vale dizer que nas escolas, básicas ou superiores, inexiste uma cadeira, uma disciplina que ensine crianças e jovens a lidar com emoções, entendendo que a mente amadurece criativa e solidária, quando todos são envolvidos com os valores positivos da civilização.
O cérebro é muito mais complexo que o mais avançado dos computadores. Mas para sua utilização eficaz, para que seja alimentado, recuperar a informação e lidar com o ambiente social é essencial colocar alguém na direção. Isto é uma escolha, uma decisão pessoal que faz a diferença.
Muitos já estão na direção dos seus próprios pensamentos e emoções, palavras e ações. Conhecem como funciona a alma do próprio motor anímico, o que pressupõe a observação de Leis transcendentais. Os conformados ficam fascinados com os apelos externos e vão rolando pela vida que nem folhas ao vento. Pior, de modo irresponsável. Vivem sem propósito.
Esta atitude os torna medrosos e são facilmente colhidos pela propaganda que proporciona a desordem mental e ambiental, como catalisadores dos novos saltos na direção do controle total desejado pelos controladores. Foi neste ambiente de medo caótico que a América Latina e a África chegaram às crises do débito nos anos 80 e os países foram forçados a “privatizar ou sucumbir” nas palavras de um velho funcionário do FMI. Continuamos em estado caótico, pagando e privatizando.
É assim que muitos, olham e ouvem o sujeito que aparece na televisão dizendo que “não sabia” ou que o City Bank é uma instituição digna de credibilidade, ou que a guerra é feita para a “defesa da democracia” e concluem que é verdade “porque a televisão disse”... É a escola da estupidez orientando os cada vez mais estúpidos.
O mesmo fazem no Oriente Médio, utilizando métodos “não democráticos” para forçar a democratização. E quem se mete a besta acaba passando pelos “interrogatórios coercitivos”, como a CIA denomina a tortura, para chocar e desorientar a mente, de modo a obter confissões de prisioneiros.
Em lugar de apenas ouvir falar, ler a notícia parcial e desconhecer a informação histórica, alguns, abraçados ao propósito contribuir para o desenvolvimento de ilhas, massas críticas de homens humanos e civilizados, preferem agir, vigiando os próprios pensamentos, palavras e ações. Sem conformismo. Sem censura. Fugindo ao império da paixão.
Assim se formam as legiões de eleitores de cabresto, conformados diante da força bruta, incapazes de pensar lógica e matematicamente, analfabetos funcionais, orfanados do conhecimento do próprio espírito e suas relações com o Universo.
Assim se eterniza o controle dos mais estúpidos. Antes do voto nas próximas eleições, consultem “o portal criado para termos acesso a todos os dados dos parlamentares em exercício (inclusive passagens pela justiça).
18 de abril de 2014
A.Montenegro