"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 24 de maio de 2014

SELEÇÃO FORA DE PROPAGANDA DA DILMA



Segundo a coluna Radar on-line da Veja, "Felipão e vários jogadores da seleção foram sondados para fazer propaganda oficial do Brasil para a Copa. Todos disseram “não”. A propósito, entre os jogadores impera o mesmo espírito que os uniu na Copa das Confederações: não ficarão contra as manifestações e nem se deixarão ser usados pelo governo."

Dilma, uma presidente onde a ética passou longe, aproveitou um raro momento de contato com jogadores para tirar uma casquinha desleal no jogador Hulk, ontem, que foi a um evento de cunho social no Palácio do Planalto. Aproveitou-se do atleta menos experiente, que pouco convívio tem com o Brasil, para fazer média. Foi para o twitter cantar vantagem e fazer auto-promoção em cima do jogador da seleção. Vejam os tuítes acima.
 
24 de maio de 2014
in coroneLeaks

O QUE PREOCUPA - PARA VALER - NA COPA!

 
A conclusão unânime é que a paz na copa, ou pelo menos as manifestações sob controle dependem muito mais da seleção brasileira que dos esquemas policiais e militares.
 


1. Em reunião de simulação de situações em Brasília, os analistas chegaram à conclusão que a Copa em si não será problema. Em torno dos estádios se colocam cinturões de isolamento com duas circunferências concêntricas.

2. Os assistentes mostrariam seus ingressos em cada uma delas e finalmente no estádio. Mobilizações eventuais ficariam na parte externa à primeira circunferência. Um pouco de barulho, alguma ação de separação por parte da polícia e nada mais grave.

3. E assim se iria até a grande final no Maracanã. Bem, se o Brasil for vencendo as etapas anteriores. Mas se não for…

4. Esse é o ponto. Se o Brasil for desclassificado até a semifinal, os riscos de grandes manifestações serão enormes. Nelas estariam os manifestantes de sempre somados aos torcedores frustrados que convergiriam com os demais no sentido que tudo foi um gasto inútil. Um sentimento muito mais intenso que em 1950.

5. A conclusão unânime é que a paz na copa, ou pelo menos as manifestações sob controle dependem muito mais da seleção brasileira que dos esquemas policiais e militares. Que no caso de uma desclassificação prematura da seleção não haverá força policial ou militar capaz de conter as manifestações.

6. Assim, a responsabilidade da seleção será dupla: vencer as partidas e conter as manifestações. E, portanto, governos federal e estaduais nunca torcerão tanto pela seleção canarinha como agora na Copa-2014.

7. E se isso -a desclassificação- acontecer logo na segunda fase…, salve-se quem puder.

Cesar Maia é um economista, político e ex-prefeito do Rio de Janeiro pelos Democratas.


24 de maio de 2014
Cesar Maia

FORRÓ E OUTROS PRETENSOS ANGLICISMOS: INGLESES, NEM SEMPRE...

 
O historiador e pesquisador Leonardo Dantas Silva desmascara alguns falsos "anglicismos" que circulam por aí...



Costuma-se dizer que só o Brasil se acha incapaz de criar, daí sujeitar-se humilhado à imitação. Nada verdadeiramente nacional, entre nós, tem o valor que está a merecer. Temos sempre que encontrar um similar estrangeiro, uma origem européia, uma criação norte-americana, de modo a satisfazer o nosso eterno complexo de povo subdesenvolvido.

Um sobrenome estrangeiro merece fé, pouco importando a competência e muito menos o caráter do indivíduo. E se o dono do sobrenome tem olhos azuis, tez branca e cabelos louros, vale dezenas de vezes mais do que o nosso mestiço com a sua tradição familiar de 400 anos de Brasil.

E o que dizer da língua que falamos? A nossa língua portuguesa falada por mais de 190 milhões de brasileiros, espalhados por este imenso país-continente de 8,5 milhões de quilômetros quadrados?

A tradição cultural do nosso povo, o poder de criação do brasileiro, a inventiva de nossa gente simples, que não perde a sua ironia e o seu jeito próprio de zombar dos fatos do dia-a-dia, cai por vezes no esquecimento e/ou é atribuído a sua criatividade a povos de outras plagas.

Assim é o vocábulo forró. Essa invenção excepcional do nosso povo, hoje motivo de alegria de todas as classes, já conhecida entre nós como forrobodó, com a sua forma alternada para forrobodança, desde o século XIX. Pois bem, o nosso forró, tão exaltado no cancioneiro do pernambucano Zé Dantas (José de Souza Dantas Filho), tem sua origem atribuída, por alguns menos avisados, a expressão inglesa for all (para todos) quando melhor se aplicaria everybody.

Para isso inventaram uma lenda, uma estória da carochinha, de que tal costume tivera início com os ingleses da The Great Western of Brazil Railway, quando promoviam seus bailes populares. A lenda, proclamada inicialmente por Luiz Gonzaga, inspirado, segundo ele próprio, no que lhe foi ensinado pelo engenheiro Luiz Siqueira, nunca veio a ser comprovada por nenhum dos antigos funcionários da Rede Ferroviária e muito menos por anúncio, cartaz ou qualquer outro documento de época.

Agora o forrobodó, como vernáculo expressando “divertimento, pagodeira, festança”, já o encontramos na pequena imprensa do Recife do século XIX (América Ilustrada, nº. 25/1882; O Mephistopheles, nº. 15/1883; O Alphinete, nº. 13/1890), sendo classificados por Rodrigues de Carvalho (Cancioneiro do Norte. Fortaleza, 1903) como “bailes da canalha”. A Pimenta (nº. 373/1905) assim registra: “forrobodó ou forrobodança é um baile mais aristocrático que o Chorão do Rio de Janeiro, obrigado a sanfona, reco-reco e aguardente…”.

E se ainda não estão convencidos, que recorram ao Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Cândido Figueiredo (Lisboa, 1913), Dicionário Musical Brasileiro, do Mário de Andrade, ao Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, do Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, ou ao novíssimo Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa; todos eles, sem exceção, consagrando o vocábulo forró como originário de forrobodó !!!. E agora, José?

Outra estorinha envolvendo ingleses também foi criada em torno do vocábulo baitola, também registrado pelo Aurélio e Houaiss, no seu sentido chulo de pederasta passivo, como de origem popular no Nordeste do Brasil. E, aliás, bitola em inglês é gauge…

E o mais engraçado de tudo isso, dentre as dezenas de exemplos que poderíamos citar, é o vocábulo madapolão, originário do topônimo indiano do mesmo nome e importante centro de tecelagem do algodão. Os caçadores de anglicismos, por sua vez, depois de inventar uma estória fantasiosa, teimam em atribuir a origem do vocábulo na expressão “Made in Poland” que, segundo eles, estaria impressa nos cortes dos tecidos de algodão (morim) importados da Polônia! – Será que aquele país é especialista na produção de tal produto?

Madapolão, na sua forma conhecida entre nós – tecido fino de algodão, para roupa branca, também chamado de morim –, já era de uso da nossa imprensa na primeira metade do século XIX, como registra o Diario de Pernambuco: “O negro fugiu com calça de brim, camisa de madapolão, e jaqueta de ganga azul”; Diario de Pernambuco, nº. 273/1831. Registra Pereira da Costa, reafirmando a origem indiana do vocábulo, que, pelos anos de 1850, “gozava de grandes créditos no nosso mercado um madapolão em cujas peças se viam estampadas estes versos: ‘Do Brasil foi remetido para Londres o algodão; / Volta agora bem tecido, / Neste bom madapolão’” (Vocabulário Pernambucano).

Explicando melhor Antônio Houaiss, no seu dicionário, dá a origem do topônimo: “Mádhavapalan na cidade de Narasapur (estado de Madras, costa oriental da Índia), onde se fabricava o tecido; prov. pelo fr. madapolam (d1823 madapolame) ‘id.’; f.hist. 1881 madapolan”.

Para os caçadores de anglicismos, galicismos ou quaisquer outros estrangeirismos, nada como a consulta a um bom dicionário. Origem inglesas de certas palavras ou expressões sim, em alguns casos; em outros, nem sempre.

24 de maio de 2014
Leonardo Dantas Silva
besta fubana
in toinho de passira

E OS ESKERDOPATAS DEFENDEM A REELEIÇÃO DOS DESASTRADOS DESGOVERNANTES





E os eskerdopatas defendem a reeleição dos desastrados desgovernantes, muitos deles, naturalmente, gratificados com dinheiro, benesses ou sinecuras. Outros, por burrice mesmo, adquirida pela lavagem cerebral gramsciana. Fora os 60 milhões de eleitores iletrados que têm voto comprado pelas bolsas-esmola permanentes, que estimulam mais nascimentos entre os pobres, ampliando a já enorme pobreza, que atinge cerca de 80% da sociedade brasileira

Segundo a PNAD-IBGE, cerca de 80% da força de trabalho, ou População Economicamente Ativa – PEA, no Brasil, ganham até 3 (três) salários mínimos. Significa que cerca de 80% da sociedade brasileira são pobres ou carentes. E iletrados, em consequência.

Triste sina dos brasileiros. Vergonha internacional para o Brasil nesta malsinada Copa do Mundo, a mais cara do planeta em todos os tempos, com excesso de estádios elefantes-brancos superfaturados, financiados pelos impostos arrancados dos pobres brasileiros, em sua maioria. E com mais uma década, entre tantas anteriores, perdida.

Conclusão – O maior e mais grave problema do Brasil é a POBREZA e sua irmã, a IGNORÂNCIA do nosso povo. A causa maior da pobreza é a falta de Planejamento Familiar ao alcance gratuito dos voluntários pobres, para que possam praticar a Paternidade Responsável.

Portanto, é dever de todo brasileiro responsável e patriota, que pense no futuro de seus filhos, netos e descendentes, COMBATER A POBREZA pelo único instrumento eficaz: o Planejamento Familiar.

Álvaro P. de Cerqueira

Coautor do livro ‘O Direito de Bem Nascer’, lançado em 21.05.2013, de autoria do engenheiro e empresário mineiro José Olavo Mourão Alves Pinto (Grupos Tenda de Construção Civil e Pacific Motors, revendedora de automóveis Hyundai e outras marcas coreanas, japonesas e chinesas).


O livro não é vendido e está esgotado. Visitem por favor o site:

www.odireitodebemnascer.com.br


24 de maio de 2014
graça no país das maravilhas
 

MAGGIE SIMPSON CITA AYN RAND E O OBJETIVISMO




Maggie Simpson demonstra porque é a personagem mais inteligente da família, mesmo sendo um bebê que raramente fala. Neste vídeo, um trecho do episódio 20 da 20a. temporada, ela cita Ayn Rand ao defender o individualismo, a meritocracia e o progresso, contra uma sociedade coletivista que tenta nivelar as pessoas empurrando para baixo os mais capazes e produtivos. Algo muito parecido com nossas escolas controladas pelo MEC e pelo estado ao impor pesadas taxas, impostos e regulações ao povo.
 
ASSISTAM

http://vimeo.com/45682760

24 de maio de 2014
reaçablog

GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DO FUTEBOL

capaFoi lançado recentemente mais um livro da série Guia Politicamente Incorreto, o Guia Politicamente Incorreto do Futebol, de Jones Rossi e Leonardo Mendes Júnior.
 
O foco é muito mais o futebol que a política. Os autores abordam alguns fatos curiosos sobre o início do esporte no Brasil, sobre o craque Friedenreich e o racismo nos nossos clubes durante o século 20.

Analisam questões da Seleção Brasileira nas Copas de 70, 82, 94 e 98. Sobre a seleção de 70, dizem que João Saldanha não foi demitido por ser comunista, mas por ser um técnico problemático, que estava fazendo o time jogar mal.
Com Zagallo, o time conseguiu uma formação que permitia que os melhores craques jogassem juntos. Sobre a seleção de 82, escrevem que o time tinha falhas graves e mereceu perder para a Itália. Comparam o Brasil de 94 com a Espanha de 2010 e concluem que os dois times são muito parecidos.
 
O último capítulo, sobre Pelé, Maradona e Messi, não faz nenhuma comparação entre os jogadores, mas desmente 13 mitos sobre eles, inclusive o de que Pelé fez parar uma guerra.
Também narra a Batalha dos Aflitos de maneira não muito heróica para o Grêmio.

Meu conhecimento sobre futebol é muito limitado. Não tenho como opinar sobre a maior parte do que o livro trata, exceto para dizer que achei bem escrito e aprendi um pouco sobre essa história. Mas gostei muito do capítulo sobre a Democracia Corintiana, que diz que tratava-se de uma ditadura, manipulada por uns poucos líderes, principalmente Sócrates, Wladimir e Adílson Monteiro Alves. Também gostei muito do capítulo do futebol como negócio. Comparando o faturamento dos principais clubes com o de empresas não tão grandes assim, percebemos que os valores envolvidos no esporte são baixos, muito baixos.
 
O trecho mais interessante do livro, como Leandro Narloch apontou, é o que diz que a “lei de Gerson” melhora o mundo. Pena que é tratado de maneira tão rápida, poderia ter sido desenvolvido de maneira mais abrangente.
As pessoas normalmente entendem “levar vantagem” como um benefício ilícito, mas não existe razão para isso. Se “levar vantagem em tudo” significar trabalhar para conseguir o melhor resultado possível para si mesmo, isso não é de forma alguma antiético.

E, então, se cada um procurar o melhor para si mesmo, a vida melhora para a sociedade como um todo, conforme disse Adam Smith: “Não é pela benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas de sua preocupação com seu próprio interesse. Dirigimo-nos não à sua humanidade, mas ao seu amor-próprio, e nunca falamos a eles de nossas próprias necessidades, mas sim das vantagens para eles. Ninguém, exceto um mendigo, escolhe depender primordialmente da benevolência de seus companheiros cidadãos.”
 
24 de maio de 2014
reaçablog

O DESMAME DA BOLSA-EMPRESÁRIO

É preciso reduzir os desembolsos do BNDES e elevar gradualmente a TJLP em direção à Selic
 
Mais um empréstimo de R$ 30 bilhões a taxas subsidiadas (TJLP, 5%, ou menos) vai ser dado pelo Tesouro Nacional ao BNDES. As transferências do Tesouro a bancos públicos, iniciadas em 2008, montavam já a quase 10% do PIB, sendo R$ 414 bilhões para o BNDES. Tais recursos são reemprestados pelo BNDES a taxas também subsidiadas a empresas.

No entanto, a taxa de investimento agregado do país continua anêmica. O gráfico mostra que, apesar da hiperatividade do BNDES, não conseguimos aumentar a taxa de investimento, estacionada abaixo de 20%. Não é à toa que o crescimento médio do quadriênio 2011-2014 não deve ultrapassar raquíticos 2%.

Pode-se argumentar que o desempenho do investimento seria ainda pior se o BNDES não tivesse tomado esteroides. Mas não há evidencias de que esse seja o caso. Afinal, ao contrário de sua missão inicial, os desembolsos do BNDES vão, majoritariamente, para grandes empresas (67,9%, segundo o Relatório Anual de 2012, o último disponível no site do banco). Grandes empresas têm acesso aos mercados financeiro e de capitais, nacional e internacional. Só recorrem ao BNDES por causa do subsídio.

Calcula-se que o custo da bolsa-empresário represente mais do que 0,6% do PIB, maior do que o da Bolsa Família (cerca de 0,5% do PIB). E o custo é crescente. Mesmo que estivesse dando certo, não haveria recursos para manter o crescimento dos desembolsos do BNDES por muito mais tempo.

A grande expansão do orçamento paralelo no BNDES vem sendo usada para mascarar a verdadeira situação da política fiscal. O Tesouro Nacional, com elevado custo de capital, empresta de forma subsidiada ao BNDES, que reempresta os recursos com uma pequena margem. Isso gera lucros para o BNDES, parte dos quais são repassados de volta ao Tesouro como dividendos. Ou seja, no cômputo geral da operação, o Tesouro incorre em elevado prejuízo, mas, na contabilidade pública, sua receita primária aumenta! Essa é a mágica contábil que, apesar de repetidas promessas, o governo se recusa a deixar de fazer.

Em 2015, seria ajuizado que o (a) próximo (a) presidente revertesse a tendência de expansão dos empréstimos subsidiados. Como o BNDES empresta em longo prazo, o melhor seria que tal mudança ocorresse lentamente, diminuindo os desembolsos e aumentando paulatinamente a TJLP em direção à Selic, para evitar que projetos de investimento em curso sejam prejudicados. Seria imprudente continuar aumentando os empréstimos até que uma crise fiscal venha a se abater. Mas o jogo não cooperativo da política pode acabar nos levando ao pior resultado.

Recentemente, líderes empresariais reagiram ferozmente a críticas aos subsídios do BNDES. Um executivo do setor automotivo, falando em off, declarou: "O Brasil tem grandes problemas de competitividade, gerados, inclusive, pelo custo de capital e pela falta de um mercado de capitais, forte e dinâmico.... Considero que sejam válidos os financiamentos apenas para investimentos produtivos concedidos a taxas incentivadas para dar maior competitividade às empresas enquanto as grandes reformas necessárias não são feitas no país, como a tributária e previdenciária" (Valor, 8/5/2014, página A6).

Ou seja, em vez de se bater pelas reformas que, de fato, poderiam ajudar a resolver o problema do elevado custo de capital e da falta de competitividade das empresas brasileiras, o líder empresarial entrevistado prefere a lógica do "farinha pouca, meu pirão primeiro". Primeiro, que sejam feitas as reformas. Só então, retirem meu subsídio!

Se parte da elite empresarial do país reage de forma tão não cooperativa a propostas de reformas, por que deveriam outros beneficiários de programas governamentais agir diferentemente? Definitivamente, não será fácil o trabalho do (a) próximo (a) presidente!
 
24 de maio de 2014
Márcio Garcia, Valor Econômico

NOTAS DO JORNALISTA ILIMAR FRANCO

O fanatismo esportivo
 
No Brasil fala-se muito nos protestos na Copa num desdobramento de junho de 2013. Mas no exterior o temor é com a violência de torcidas organizadas. A Argentina mandou uma lista de 2 mil fanáticos. Os hooligans de Itália, Inglaterra e Alemanha estão sendo alertados por seus governos sobre medidas de segurança adotadas aqui. Os casos de intolerância crescem. Centenas de câmeras estão instaladas dentro e fora dos estádios.

Para todos os gostos
Os partidos que disputam a eleição residencial viram números que lhes favorecem na pesquisa Ibope divulgada ontem. O tucano Aécio Neves comemora ter subido seis pontos e ter mantido distância do socialista Eduardo Campos. Este também vibra, por ter subido cinco pontos e permanecido com a mesma diferença de seu adversário na disputa para ir ao segundo turno. Os petistas venderam otimismo, pois a presidente Dilma subiu três pontos e voltou a um patamar que lhe permitiria vencer o pleito no primeiro turno. Nas eleições de 2010, a oposição fez 52% dos votos válidos no primeiro turno. Agora, ela está partindo de um patamar de cerca de 41%.


“O PMDB do Rio organiza manifestação do movimento suprapartidário de apoio à candidatura de Aécio Neves à Presidência”
Eduardo Cunha, (RJ) líder do PMDB na Câmara e integrante da ala do partido contra o apoio a Dilma

A CPI Mista da Petrobras
O senador Vital do Rêgo (PMDB) pode deixar o comando da CPI do Senado para presidir a CPI Mista. O ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT) está para a relatoria. Os governistas avaliam que a CPI da Petrobras no Senado vai morrer.

Autoridades
O Brasil espera pela vinda de mais de uma dezena de chefes de Estado e dezenas de governantes para assistir aos jogos da Copa. Mas o mais aguardado de todos é o príncipe Harry. Fã de futebol, a expectativa é que ele venha acompanhar os jogos da Inglaterra em Manaus, Belo Horizonte e São Paulo. Por questões de segurança não há confirmação.

A livre concorrência
A sinalização do Rio para a Copa, sobretudo na Barra, será deficiente. O governo estadual e a prefeitura terão de improvisar. Uma guerra de liminares entre as empresas privadas concorrentes retardou a execução do serviço.

Na hora do intervalo
Na viagem à Paraíba, sexta-feira passada, o assunto no voo entre a presidente Dilma, ministros a bordo e o brigadeiro Joseli Camelo foi o álbum da Copa. O brigadeiro chegou a deixar a cabine para trocar figurinhas. A presidente Dilma disse que o dela, que fez para o seu "menino pequeno", o neto Gabriel, estava completo.

O maior drama
Os jogos da Copa em Cuiabá são os que mais preocupam o governo. A cidade deve receber, em dias de jogos, 42 mil torcedores. O governo e a Fifa têm lá forças-tarefas para resolver os gargalos, e foi criado um esquema de hospedagem alternativa.

Bala na agulha
São esperados 600 mil estrangeiros na Copa. Os americanos adquiriram mais ingressos: 150 mil. Depois vieram os colombianos, 67 mil, e os argentinos, 60 mil. Estes devem invadir o país (de carro) à medida que sua seleção avance.

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), comemora um recorde. Anteontem, os deputados conseguiram votar seis medidas provisórias.

 
24 de maio de 2014
Ilimar Franco, O Globo

PAINEL

O Planalto já agendou encontros reservados entre Dilma Rousseff e dez chefes de Estado ou de governo durante a Copa. Entre os confirmados está o presidente do Irã, Hassan Rouhani. Será o primeiro gesto concreto de reaproximação entre o governo brasileiro e o país desde que Dilma assumiu a Presidência. Na campanha de 2010, ela criticou publicamente a condenação da iraniana Sakineh Ashtiani à morte por apedrejamento por manter "relacionamento ilícito" com um homem.

Seletivo O presidente francês, François Hollande, avisou ao Itamaraty que só deve vir ao Brasil caso a França se classifique para jogar as quartas-de-final ou semifinais da competição.

Terminal As seleções e autoridades chegarão no Brasil pelas bases militares dos Estados e serão escoltadas até seus hotéis pelas Forças Armadas, que também farão a segurança desses locais.

Ondas 1 Integrantes do Planalto atribuem a alta de Dilma na pesquisa Ibope ao aumento das campanhas publicitárias na TV dos programas do governo e ao enterro do "volta, Lula".

Ondas 2 Também apontam que as últimas propagandas do PT conseguiram levar o debate eleitoral para o campo das políticas sociais, favorável a Dilma, e tirar o foco dos dados da economia.

Planilha O governo reagiu aos ataques de Aécio Neves (PSDB) à política nacional de segurança pública. Ministério da Justiça levantou dados para mostrar que Dilma investiu R$ 3,6 bilhões por ano na área, ante R$ 1,2 bilhão por ano de FHC.

Aos 45 Cid Gomes avisou a auxiliares de Dilma que vai esticar até o último momento a definição do candidato do Pros ao governo do Ceará. Insatisfeito com a dificuldade na definição de alianças, o governador quer forçar PMDB e PT a negociarem.

Plantão médico Advogados de José Genoino relatam que a pressão arterial do ex-presidente do PT caiu drasticamente nos últimos dias e alertam para o risco de um AVC. Segundo eles, as condições de alimentação e o acompanhamento médico no presídio da Papuda podem agravar seu quadro de saúde.

#ficaadica Em evento com mais de 500 prefeitos e cerca de 70 parlamentares, Geraldo Alckmin (PSDB) escolheu como companhia no palco o deputado Marcio França (PSB) e o prefeito Marco Bertaiolli (PSD), de Mogi das Cruzes, em um aceno às duas siglas que ele corteja para sua reeleição.

No ponto Entre os deputados presentes no evento para a liberação de emendas, 51 eram estaduais. Um interlocutor lembrou que desde o início da semana a base de Alckmin não consegue quorum suficiente, de 48 deputados, para aprovar um projeto do Executivo na Assembleia.

Vida real Em meio à crise de abastecimento de água no Estado, um dos banheiros do Palácio dos Bandeirantes ficou com as torneiras secas durante o evento de ontem.

Fonte O governo diz que não houve desabastecimento no prédio, e que foi curto o período sem água nesse banheiro específico. Afirma que os reservatórios são independentes e que houve sobrecarga em função da cerimônia, que encheu o auditório em que cabem 1.300 pessoas.

Linha direta Ontem foi a vez de Alckmin telefonar para Fernando Haddad (PT) para tratar da greve de motoristas de ônibus. Apesar de não ter abordado diretamente a troca de acusações entre os secretários de ambos, sinalizou que estava mantida a relação de cooperação entre prefeitura e governo.

com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA

tiroteio
"Aécio poderia sugerir a Alckmin solução para enfrentar roubos, arrastões e linchamentos, que só fazem crescer a insegurança no Estado."

DO DEPUTADO ESTADUAL LUIZ CLAUDIO MARCOLINO (PT-SP), sobre críticas feitas pelo presidenciável tucano à política de segurança do governo federal.

contraponto


Se a carapuça servir
No início da semana, Marcos Montes (PSD-MG) flagrou o também mineiro Julio Delgado (PSB) descendo as escadas da chapelaria do Congresso.

De longe, gritou:

--Governador! Governador!

O PSB ainda não decidiu se apoia Pimenta da Veiga (PSDB) ou se lança Delgado ao governo de Minas Gerais, mas o deputado acabou se virando para trás ao ouvir os berros. Montes, cujo PSD apoia o candidato tucano, se espantou:

--Tá doido, sô?!

 
24 de maio de 2014
Vera Magalhães, Folha de SP

O QUE SE MOVE POR PESQUISA

Todos os pré-candidatos a presidente saíram felizes com a nova pesquisa do Ibope. Isso porque todos subiram. E para os partidos médios que não terão candidatos ao Planalto e que, invariavelmente, se pautam por essas consultas, começa a pintar que a maioria deixará seus minutos de tevê para Dilma porque seguro morreu de velho.
O PTB fechou oficialmente o apoio à reeleição. O PP e o PSD seguirão o mesmo caminho, uma vez que Gilberto Kassab já declarou com todas as letras que assumiu “um compromisso com a presidente Dilma”. O jogo, entretanto, não é tão fechado assim. Como a oposição também está em viés de alta, a divisão permanece consolidada. Dentro do PSD e do PP todos estão liberados nos estados para tomar o caminho que desejarem, conforme já foi dito nesta coluna há cerca de um mês.



Como os adversários de Dilma também cresceram, com destaque para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que alcançou a casa dos 20%, ninguém vai apostar todas as fichas na presidente.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o PP da senadora Ana Amélia Lemos já fechou com Aécio, ela pretende colocar o tucano no programa de tevê em que se apresentará como candidata ao governo estadual.
“Se não puder fazer isso, que liberdade é essa? É para inglês ver”, diz ela, interessadíssima em já começar a gravar algumas imagens com o senador. Se nos demais estados onde Aécio e Eduardo conquistaram palanques de aliados de Dilma essa decisão de Ana Amélia se repetir, é bem capaz que eles apareçam bem mais que a petista.
É aí que o estica-e-puxa nesses partidos vai aumentar.



O pêndulo I



Ao dar a relatoria da CPMI da Petrobras para o PT na Câmara e a presidência para o PMDB do Senado, o governo acredita que terá controle total sobre os trabalhos de investigação do colegiado e que poderá isolar o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Ocorre que não será bem assim. Eduardo indicou ele mesmo para a CPI e, ainda, os deputados Lúcio Vieira Lima (BA), Sandro Mabel (GO) e João Magalhães (MG), todos hoje rezam o mesmo terço do líder.




O pêndulo II
Em reunião, os quatro deputados do PMDB que integrarão a CPMI decidiram votar sempre unidos e, na dúvida, consultarão a bancada para que a deliberação seja conjunta. Isso dá ao grupo forçar para proteger ou atacar o governo, dependendo da ocasião. Afinal, na hora em que os relatórios da Lava Jato começarem a despencar por ali, vai ter muita gente querendo proteção.




Apreensão geral
Depois de o site Uol divulgar que o juiz teria informado ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, a respeito de recibos de depósitos em favor do senador Fernando Collor (PTB-AL), baixou no meio político o receio de que alguém na Justiça ou na Polícia Federal queira se vingar vazando partes do inquérito que ainda não foram totalmente apuradas.




Cada um com seu cada qual
Pré-candidato a presidente, Eduardo Campos jogará nas costas do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) o rompimento da aliança com o PSDB em Minas Gerais e nas costas do deputado Márcio França (PSB-SP) a aliança com o tucano Geraldo Alckmin em São Paulo.




CURTIDAS 
Plateia exclusiva/ Apenas a senadora Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) acompanhou todo o depoimento de Nestor Cerveró na CPI da Petrobras do Senado. A maioria das cadeiras que os telespectadores viram ocupadas era de jornalistas e funcionários da empresa.

Farinha pouca, meu pirão primeiro/ Candidato a deputado federal, Rogério Rosso, do PSD, continua suas conversas com todos os partidos, sem fechar com este ou aquele candidato a governador. Uma decisão ele já tomou: irá fechar com quem lhe der as melhores chances de obter uma vaga na Câmara dos Deputados.

Imagina na eleição…/ Dia desses, o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) participava de uma feira no interior da Bahia, quando o locutor o chamou para subir numa mula. Geddel montou sem precisar de ajuda. O locutor, surpreso, anunciou o fato, “olha só, nosso senador!!!!”.


24 de maio de 2014
Denise Rothemburg, Correio Braziliense

NOTAS DA JORNALISTA MÔNICA BÉRGAMO

JOGO DE CENA
Artistas e produtores de teatro vão cancelar suas apresentações em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo. "Vamos suspender a sessão na data das partidas por causa dos festejos nas ruas e da confusão no trânsito", diz Antonio Fagundes, em cartaz com "Tribos" no Teatro Tuca, em SP.

BREVE INTERVALO
Produções como "Quem Tem Medo de Virginia Woolf", com Zezé Polessa e Daniel Dantas, "O que o Mordomo Viu", com Marisa Orth e Miguel Falabella, e "A Besta", com Celso Frateschi e Priscila Fantin, também vão fechar a bilheteria quando o Brasil entrar em campo no Mundial.

VER E ENTENDER
Nos demais dias da Copa, a aposta é que turistas, estrangeiros ou brasileiros, ajudem a lotar os teatros. "Walmor y Cacilda 64 - Robogolpe", no Teatro Oficina, terá legendas em inglês. "Já temos muitas visitas de pessoas de fora que são atraídas pela arquitetura do teatro. Agora elas poderão também assistir à peça", afirma o ator Beto Mettig.

PLATEIA CATIVA
Já Fagundes acredita que "muita gente não vai querer ver futebol" quando a seleção brasileira não estiver no gramado --e pode eleger o teatro como boa alternativa.

TÃO LONGE
Chico Buarque de Hollanda completa 70 anos no dia 19 de junho. Vai celebrar o aniversário em Paris.

TÃO PERTO
Boleiro fanático, Chico vai ficar na França por todo o período da Copa do Mundo.

Há uma chance de ele voltar ao Rio ainda no Mundial: se o Brasil chegar à final.

SURGIR, SUMIR
Evan Spiegel, criador do Snapchat, deve desembarcar no Brasil no domingo. Ele recusou oferta de US$ 3 bilhões que o Facebook fez pelo aplicativo, que possibilita o envio de imagens e textos que desaparecem segundos depois de serem visualizados.

BANDEJA
O governo federal vai gastar quase R$ 55 mil na compra de pães, biscoitos e salgadinhos para as copas da Presidência e da Vice-Presidência. Entre os itens, estão 8.000 brioches ao preço unitário de R$ 0,45. Todos os produtos devem ser isentos de gordura trans.

BANDEJA 2
Eles serão consumidos por autoridades e funcionários, além de servidos em eventos.

EM NOME DO PAI
O rabino Henry Sobel celebrará o casamento de sua filha, Alisha Sobel. O enlace está marcado para novembro, em São Paulo, e será organizado pela cerimonialista Simone Wassermann.

O noivo é Luis Szuster, que, como Alisha, também trabalha com marketing.

BRIGA DE VIZINHO
O edifício Planalto, que fica em frente à Câmara Municipal e serve de cenário para novelas, filmes e comerciais, vive clima de guerra. A síndica Valdete Moraes, na função havia 14 anos, renunciou na terça, após um movimento de moradores e de mais de cem proprietários de apartamentos. Eles questionavam as contas do prédio de 294 unidades, projetado pelo arquiteto Artacho Jurado. A disputa chegou à Justiça.

BRIGA DE VIZINHO 2
Uma nova eleição foi marcada para o dia 29. A síndica, que estaria afastada por ordens médicas, não respondeu aos pedidos de entrevista. Anteontem, ela publicou no Facebook a mensagem "Decepção", afirmando ser "fácil ver falhas dos outros e ser míope para enxergar as próprias". O texto foi apagado.

QUEM SABE, SABE
Maria Fernanda Cândido comemorou seu aniversário e os dez anos da Casa do Saber, da qual é sócia, anteontem, na casa de Jair Ribeiro, que também é um dos donos da instituição. Acompanhada do marido, Petrit Spahija, a atriz se encontrou com os colegas Paulo Betti, Cláudio Cury, Miriam Mehler e Adriana Lessa no evento. Mario Vitor Santos, diretor-executivo da Casa do Saber, também passou por lá.

GAROA FINA
O jornalista Carlos Maranhão recebeu amigos que comemoraram com ele em um jantar o título de cidadão paulistano, concedido por iniciativa do vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP). O empresário Rogério Fasano e o ex-diplomata Rubens Barbosa com a mulher, a escritora e jornalista Maria Ignez Barbosa, foram ao encontro.

CURTO-CIRCUITO
Os Doutores da Alegria apresentam mostra de cenas teatrais hoje, às 19h30, na Biblioteca Mário de Andrade, no centro. Livre.

O estilista Alexandre Herchcovitch dá palestra na Faculdade Santa Marcelina hoje, às 10h.

A Apae de São Paulo pede a doação de rótulos para seu leilão beneficente de vinhos, no dia 9 de junho.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, participa da abertura do 3º Fórum da Saúde e Bem-Estar, hoje, no hotel Royal Palm Plaza, em Campinas.


24 de maio de 2014
Mônica Bergamo, Folha de SP

NOTAS AVULSAS DO JORNALISTA ANCELMO GOIS

Crime desorganizado

O avanço das UPPs reduz, aos poucos, a força das facções criminosas. Hoje, o sistema prisional do Rio tem 37 mil internos, e 15 mil deles, ou 40,5% do total, declaram não pertencer a facção alguma.
Há quatro anos, por exemplo, cinco unidades prisionais recebiam membros da ADA. Agora, são duas. E havia seis para os do Terceiro Comando. Hoje, eles cabem em três.

COMO SE SABE...
A separação por facção de bandidos presos é feita para evitar acerto de contas na cadeia.

GALEÃO NA COPA
De gente do ramo. Só 54% das obras do Terminal 1 do Galeão para a Copa serão executadas até o Mundial. No Terminal 2, o número é pouco maior: 61%.
O aeroporto tem ainda problemas de ventilação.

MALDADE
Dilma proibiu seus ministros de entrar de férias durante a Copa.

LIBEROU GERAL
O MinC autorizou o Instituto Brasileiro de Cultura, Moda e Design a captar R$ 3.852.960 pela Lei Rouanet para investir na Babilônia Feira Hype. A ministra Marta Suplicy tem defendido recursos da Cultura para o setor da moda.

O PAÍS DA BUNDA
Às vésperas da Copa no Brasil, a nova edição da revista Fabulous, do jornalão inglês The Sun, estampou em sua capa a foto de um bumbum em um biquíni com a bandeira brasileira.
Já a mãe do editor da revista é... deixa pra lá.

AMOR E ÓDIO PELA MÍDIA
Dunga recusou o convite da Fifa para integrar o Grupo de Estudos Técnicos (TSG) que, durante a Copa, analisará as novas tendências do futebol.
É que o técnico, que na Copa de 2006 trabalhou para a TV Band e, recentemente, na Rádio Gaúcha, será comentarista numa TV mexicana.

ALÔ, SUSANA WERNER!
De Roger Flores para a Glamour de junho sobre o jogador mais boa-pinta da seleção: “O Júlio César, que é um irmão pra mim! Ele tem um porte físico legal, se impõe e é um dos líderes da seleção. Homem não precisa ser tão bonito, mas tem que saber se portar”.
Coisa de pele.

DONA DO ESFÉRICO
O Clermont-Foot, pequeno clube da segundona francesa, nunca recebeu tantos jornalistas para uma conferência de imprensa como ontem.
Mais de uma centena de repórteres de jornais de toda a Europa se comprimiram no salão para a apresentação de Helena Costa, a portuguesa que entra para a História como a primeira mulher a dirigir uma equipe profissional de futebol masculino no Velho Mundo.

FULECO ENTRA EM CAMPO
A Riotur vai pôr um boneco do Fuleco, mascote da Copa, ao lado dos 14 postos de informações turísticas durante a Copa. Ele traz na mão uma bola com o “i” de informação!
Já a Coca-Cola, que, em parceria com a Fifa, treinou 840 catadores que farão coleta nos estádios, vai usar o Fuleco como garoto-propaganda em uma campanha educativa sobre o lixo.

ESTADO LAICO
Teresa Bergher vai encaminhar representação ao Ministério Público do RJ contra o prefeito Eduardo Paes porque a prefeitura liberou R$ 2,5 milhões para o evento Marcha para Jesus, liderado pelo pastor Silas Malafaia, dia 31 agora.
Para a vereadora, “o Estado é laico, e o evento é religioso, além de não trazer qualquer benefício para a população”.

VIVA PILAR!
A filhinha de Vanessa Lóes e Thiago Lacerda que nasceu sexta passada recebeu o nome de Pilar.
A miúda foi registrada ontem. O casal tem outros dois filhos: Gael e Cora.

POXA, CAROLINA
Carolina Ferraz furou, quarta passada, a fila de prioridades no embarque de um voo das 16h, da Air France, para Paris.

NO MAIS
O time da Marta, o Tyresö, da Suécia, perdeu ontem para o Wolfsburg, da Alemanha, a final feminina da Liga dos Campeões da Europa.
Pelo clube sueco, jogou a espanhola Verônica Boquete, que tem esse nome porque... não sei, mas não deve ser o que você está pensando.

Ponto Final
É como disse, certa vez, Charles de Gaulle (1890-1970): “La France n’est pas un pays serieux.” Com todo o respeito.


24 de maio de 2014~
Ancelmo Gois, O Globo

EMOÇÕES PERIGOSAS

O clima de intolerância favorece a imobilidade e bloqueia qualquer progresso nas reformas que o país necessita

Como os marqueteiros e estrategistas concluíram que o eleitor vota movido mais pela emoção do que pela razão, preparem-se porque vem aí, além da chuva de lama habitual, doses cavalares de demagogia, populismo e sentimentalismo barato nas campanhas. Diante do que está acontecendo nas ruas, no Congresso, nos palácios e nos tribunais, nada pior para o processo eleitoral, a democracia e o avanço da cidadania. Nunca precisamos tanto de razão e serenidade.

Além das ações dos movimentos sociais e sindicais, a tática lulista do “nós contra eles” e a crença de que os fins justificam os meios quando a causa é “justa” estão no DNA da atual violência das ruas e no desprezo pelas leis e pela população, quando sindicatos fecham acordos em assembleias mas minorias dissidentes param a cidade e vândalos impedem manifestações pacíficas. O clima de intolerância favorece a imobilidade e bloqueia qualquer progresso nas reformas que o país necessita. Mas 70% do eleitorado exigem mudanças.

Assim como existem pessoas dependentes de álcool, drogas, sexo, jogo e internet, muitos políticos são viciados no poder como numa droga. Embora alguns confessem que “a política é uma cachaça”, a dependência deles é mesmo do poder, dos privilégios, da sensação inebriante de superioridade, onipotência e impunidade que dão algumas drogas pesadas. E, como dependentes, fazem as piores fraudes, indignidades e crimes para mantê-lo.

Se quisessem mesmo servir ao país, deveriam repetir como um mantra a Oração da Serenidade, popularizada pelos Alcoólicos Anônimos: “Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos, e sabedoria para distinguir umas das outras’’.

Alguns problemas brasileiros são insolúveis a curto e médio prazos, como a ladroagem e o compadrio, atrasos culturais que só mudam ao longo de gerações. Outros, como as reformas política e tributária, dependem de competência, honestidade e coragem para enfrentá-los.

Não é de emoções, mas de serenidade para distinguir uns dos outros, que eles — e nós — precisamos.


24 de maio de 2014
Nelson Motta, O Estadão

O EMPREGO EM DOIS BRASIS

Nível de emprego nas metrópoles empacou faz sete meses, mas sabemos pouco do outro Brasil

MENOS GENTE procura trabalho, e o número de pessoas empregadas está praticamente estagnado desde outubro de 2013, está muito claro e sabido, situação confirmada outra vez pela pesquisa mensal de emprego do IBGE de abril, divulgada ontem.

Apesar do baixo desemprego, tal situação sugere que a economia esfriou e implica a princípio que há um empecilho adicional para a retomada do crescimento (força de trabalho estagnada). A pesquisa mensal do IBGE, porém, trata apenas do mercado de trabalho de seis metrópoles, São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. O que acontece no resto do Brasil?

Não sabemos muito bem, ainda. O que sabemos cria alguma confusão na análise, pelo menos a respeito do futuro da oferta de trabalho. Que a economia está esfriando, parece não haver muita dúvida.

A interpretação do que se passa no país fica nebulosa devido a informações de outra pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua.

No início deste ano, como se sabe, o IBGE passou a divulgar outra estatística de desemprego, de abrangência nacional, com dados de emprego para cada trimestre desde janeiro de 2012. A informação mais recente da Pnad Contínua refere-se ao quarto trimestre de 2013.

A estagnação da oferta de trabalho e do emprego nas grandes metrópoles começou justamente em outubro de 2013. No entanto, na comparação com 2012, o trimestre final de 2013 na Pnad Contínua (de âmbito nacional) parece bem melhor que o trimestre final de 2013 na Pesquisa Mensal de Emprego (PME, restrita a seis metrópoles).

A ocupação (gente trabalhando) e a oferta de trabalho (gente empregada ou à procura de emprego) crescem na Pnad, caem na PME. Tal comparação, porém, é arriscada.

Primeiro, não se conhecem as manhas da Pnad contínua, que é muito recente (trata de apenas dois anos, ante os 12 anos da PME); não se sabe como, nesta pesquisa, o emprego reage a outras mudanças.

Segundo, a Pnad Contínua é trimestral. Terceiro, abrange mercados de trabalho ainda mais diferentes entre si que aqueles da PME (inclui cidades médias, pequenas, grotões, o dinâmico Centro-Oeste, o rico interior paulista etc). A qualidade dos empregos e as idas e vindas desses mercados são diferentes.

A abrangência nacional da Pnad Contínua a princípio vai permitir que se contem histórias, se façam interpretações e políticas públicas melhores. Isto posto, a Pesquisa Mensal de Emprego não deixa os analistas a pé quando se trata de interpretar as ondas de variação do crescimento da economia, ora em baixa.

Mas a aparente divergência na situação do emprego nas metrópoles e no conjunto do país cria dificuldades temporárias para projeções de médio prazo, como aquelas que apontam o problema de a oferta de trabalho no Brasil crescer cada vez menos, tendência derivada do ritmo menor de crescimento da população (quão devagar? Onde?).

No momento, em seis metrópoles, a quantidade de gente disposta a trabalhar cai provavelmente porque mais jovens preferem estudar, porque a renda das famílias cresceu e porque deve haver mais gente desanimada de procurar emprego, pois a economia anda devagar. É uma situação anormal de desemprego em baixa recorde e de nível de emprego estagnado faz um semestre.

 
24 de maio de 2014
Vinicius Torres Freire, Folha de SP

BONDADE SEM NOME

Deve-se deduzir que os deputados quiseram simplesmente fazer um agrado a milhares de eleitores com o pacote, que vai custar ao país mais de R$ 900 milhões

Como saiu no jornal, a Câmara dos Deputados aprovou um “pacote de bondades” para os funcionários da União. Quem não leu, fique sabendo: o tal pacote vai custar ao país mais de R$ 900 milhões por ano, segundo cálculos do PSDB — que, não estando no poder, condenou o pacote. Já o PT — que está no dito poder — foi a favor.

Uma das medidas aprovadas — por iniciativa do mesmo PT — determina que a União pagará os salários dos funcionários que deixarem de servir ao governo para exercer mandatos em sindicatos e outras associações cooperativas. As quais, em geral, e como é legítimo, gastam seu tempo cobrando da mesma União mais atenção aos interesses dos funcionários. Que são, quase sempre, interesses pecuniários.

Hoje, os salários dos funcionários que, como é legítimo, deixam de trabalhar para o Estado para dedicar seu tempo a órgãos sindicais são pagos por essas entidades. O que, para a turma da arquibancada — como você, prezado leitor — parece natural e óbvio.

Pela lei em vigor, a troca da repartição pelo cargo sindical obedece a limitações aparentemente óbvias. Só é permitida a liberação de um servidor público para entidades com até cinco mil associados, dois para aquelas com até 30 mil membros e três para as que têm número superior.

Segundo o pacote aprovado, os números passam para dois, quatro e oito, respectivamente. Não há explicação para esse aumento. Deve-se deduzir que os deputados quiseram simplesmente fazer um agrado a milhares de eleitores. Não é iniciativa inédita: longe disso.

Cidadãos ingênuos talvez esperem que o Senado — que costuma ser mais comedido do que a Câmara no que se refere a agradar ao eleitorado — reduza a bondade do pacote. É possível torcer ou rezar para que isso aconteça. Mas é aconselhável evitar apostas em dinheiro de que isso acontecerá. Senadores também dependem de votos para renovar seus mandatos. E, que se saiba, eles também gostam muito de ser bondosos em relação a largas fatias do eleitorado.

A emenda, deve-se lembrar, foi aprovada pelos deputados em votação simbólica. O eleitorado tem direito a lamentar que um projeto que custará ao país mais de R$ 900 milhões não tornou necessária uma votação nominal. Pelo visto, os deputados não fizeram questão de associar seus nomes ao gasto desse dinheirão.

 
24 de maio de 2014
Luiz Garcia, O Globo

NÃO SE PROCURA EMPREGO

O desemprego no Brasil alcançou em abril apenas 49 em cada mil trabalhadores, nível mais baixo em meses de abril desde 2002, quando começou a medição com a metodologia hoje adotada.

Já seria um dado intrigante, apenas se contraposto ao avanço econômico medíocre dos últimos quatro anos, à baixa disposição da indústria em contratar pessoal e à diluição do poder aquisitivo pela inflação.

Mas é ainda mais intrigante na medida em que esse recorde está sendo atingido não porque tenham aumentado os postos de trabalho no País, mas porque cada vez menos brasileiros se dispõem a procurar emprego.

Não falta quem diga, como o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse dia 16, que brasileiro não quer trabalhar. Como ninguém vive de vento e como essa queda do índice de ocupação é relativamente recente - porque quase sempre o desemprego foi mais alto do que é hoje - é preciso explicação.

Muito já foi dito sobre a necessidade de mais instrução e de mais treinamento prévio, exigências que vêm adiando a entrada dos jovens no mercado de trabalho. (Também segue sendo repisado que cada vez mais aposentados têm de continuar trabalhando porque os proventos da Previdência são insuficientes.)

Por outro lado, é notório o aumento de renda da população, graças em parte aos programas distributivos do governo. E, ainda, estão aí as conclusões das pesquisas de que, nos últimos 15 anos, pelo menos 30 milhões de brasileiros chegaram a segmentos mais altos de consumo.

Outra parte das explicações parece relacionada ao mais forte crescimento do segmento de serviços. Este não é apenas o setor que mais oferece empregos no Brasil, mas, também, o que mais proporciona remunerações extras por pequenas atividades, muitas vezes a quem já tem ocupação fixa. É a empregada doméstica que aceita serviços de faxina; é o eletricista que trabalha "por conta própria"; é o guardador de carros que ganha mais com o que faz do que se tivesse um emprego numa firma, onde o salário está sujeito a descontos de lei, além das despesas com transporte que, de resto, consome horas por dia, em trens ou ônibus cujos níveis de conforto conhecemos.

Por aí se vê, também, que, na percepção do brasileiro comum, ter um emprego firme nem sempre compensa. É também o que se pode chamar de "precarização do trabalho". Alguns analistas chamam a atenção para o tal fator de desalento, que leva o trabalhador a desistir de procurar emprego. Nenhum desses fatores isolados explica tudo. É na combinação entre eles que se pode procurar a explicação por esse fenômeno relativamente novo na economia.

Até agora, a queda ou a manutenção do desemprego em níveis tão baixos deixaram estressado o mercado de mão de obra e concorreram para elevar os custos do fator trabalho. Mas já é acentuada a desaceleração da atividade econômica, a ponto de atingir em cheio até mesmo o setor de serviços. É uma pulsação bem mais fraca que pode voltar a acelerar os índices de desemprego.

 
24 de maio de 2014
Celso Ming, O Estado de S.Paulo

CONTROLE DE PREÇOS, A ARTIMANHA FAJUTA DO PT

O governo da presidente Dilma Rousseff vem segurando preços de combustíveis e energia para evitar impacto nos índices de inflação em ano eleitoral. Não se trata de uma acusação feita por um oposicionista, mas da confissão pública de ninguém menos que o chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, em entrevista à " Folha de S.Paulo". Um dia depois do ataque de sinceridade do petista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desautorizou as declarações do colega de Esplanada e negou que a atual gestão esteja represando tarifas. Mas o estrago já estava feito.

Diante do descalabro da política econômica de um governo sem rumo, não surpreende que dois de seus principais ministros protagonizem um bate-boca sobre a contenção de preços. A desastrosa condução da economia pelo PT levou a reputação do Brasil ao chão, com uma série de previsões furadas do próprio Mantega sobre o crescimento do PIB, além da "contabilidade criativa" que mascara a expansão da despesa pública e da dívida governamental, gerando um ambiente de absoluta incerteza em relação à saúde financeira nacional. Enquanto Mantega e Mercadante não falam a mesma língua e a presidente afirma que "a inflação está sob controle", o trabalhador sente no bolso que não vivemos às mil maravilhas.

De acordo com o IPCA de abril, a inflação acumulada no ano chega a 6,28%, índice que continua muito acima do centro da meta estipulada pelo governo (4,5%) e bem próximo do teto de 6,5%. A manipulação de dados gera uma onda de desconfiança que fere de morte a economia brasileira. Recentemente, nem mesmo o IBGE escapou da tal investida, que culminou na suspensão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que divulgaria números relativos ao emprego. Diante da péssima repercussão na opinião pública, a divulgação da pesquisa foi mantida para o início de junho.

Sem credibilidade junto ao mercado e à sociedade, o país fica condenado a um círculo vicioso em que investidores deixam de investir e consumidores deixam de consumir, aumentando a sensação de que andamos de lado. Mais do que uma mera impressão, trata-se de constatação da realidade: segundo o IBGE, o crescimento médio do PIB nos três primeiros anos do governo Dilma foi de apenas 2%, o que significa que a economia brasileira cresce no menor ritmo desde Collor. Com a perigosa combinação de baixo crescimento com inflação e juros em alta, o governo petista se move por preocupações eleitorais quando decide represar as tarifas de gasolina, energia e outros preços administrados.

Tudo em nome de uma reeleição que hoje, dado o percentual de brasileiros que desejam mudança (74%, diz o Datafolha), não parece muito provável. Com a ameaça cada vez maior de volta da inflação, tudo o que o Brasil não precisa neste momento é de um governo que não preza pela transparência. Segurar preços artificialmente para ludibriar os agentes econômicos e a população, em uma clara tentativa de salvar a presidente-candidata nas eleições, não passa de artimanha desonesta que só arranha ainda mais a reputação do país.

Precisamos de menos Mercadantes, Mantegas e Dilmas, e de mais gente séria na condução da economia. De menos contabilidade criativa e mais credibilidade. Precisamos da decência, da competência e da honestidade que tanto têm faltado ao país nos últimos 12 anos.

 
24 de maio de 2014
Roberto Freire, Brasil Econômico

OS INIMIGOS OCULTOS DAS EXPORTAÇÕES

Burocracia, regulação, impostos e deficiências empresariais solapam o comércio exterior

Nas últimas décadas, o Brasil deixou acumular graves problemas que agora travam as exportações. Para o agronegócio, a atividade extrativa e uns poucos ramos da indústria de transformação, tais obstáculos não foram impeditivos de vendas em grande volume para o exterior. Os bons preços internacionais e os avanços de produtividade nesses setores compensaram as distorções mais graves, embora não neutralizassem por completo desperdícios e perdas de receitas.

Essas ilhas exportadoras, porém, não foram suficientes para tirar o Brasil da posição relativamente marginal que ocupa no comércio global --apenas o 22º lugar no ranking dos maiores exportadores, em parte devido à baixíssima competitividade industrial.

Nossa exportação de bens manufaturados encontra-se rigorosamente estagnada desde 2008. Trata-se de um período indubitavelmente fraco para o comércio mundial em razão da crise global, mas que também reflete em cheio o atraso, os custos e a falta de produtividade da indústria brasileira. O foco excessivo no Mercosul e o afastamento de mercados como EUA e União Europeia ajudam a explicar como chegamos a esse estágio.

Mas há ainda outros entraves menos visíveis, que igualmente conspiram contra o comércio exterior do país. Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), realizada com 639 empresas exportadoras, mostra que o excesso de burocracia, a regulação inadequada e mesmo deficiências empresariais têm gravidade próxima ou semelhante às barreiras mais evidentes, como a falta de câmbio e a infraestrutura precária.

O câmbio aparece no topo das preocupações, mencionado por quase metade dos empresários consultados, e a infraestrutura, segundo a pesquisa, atrapalha mais do que ajuda a exportação.

A burocracia alfandegária e em menor escala a tributária também despontam entre os destaques negativos. Incorporados à rotina, tais fatores fazem da exportação um processo lento, complexo e custoso. Funcionam como inimigos ocultos da internacionalização da economia brasileira. Pouco discutidos, deveriam entrar na agenda de debates essenciais.

A nosso ver, o ponto mais revelador do levantamento é uma espécie de "autocrítica" das empresas, ao apontar entraves que lhes são inerentes. Nada menos que 75% reconhecem que além de dificuldades externas existem bloqueios internos para o aumento das exportações. Como seria de esperar, o percentual é menor entre as empresas maiores, mas é digno de nota que quase 65% delas tenham declarado que problemas domésticos constituam barreiras para exportar.

Tais problemas diferem segundo o porte das empresas. Para as grandes, as dificuldades estão no crédito à exportação, assim como na adequação de produto e processo produtivo e no conhecimento da legislação dos países importadores --quesitos que, convenhamos, não deveriam ter destaque algum, se tivéssemos verdadeiramente uma orientação exportadora das empresas atuantes no Brasil. Noutro extremo, as micros, pequenas e médias empresas relacionam itens típicos de quem dispõe de poucos recursos para prospectar mercados, contratar representação externa e acessar canais de comercialização.

Resumindo, as principais barreiras próprias às empresas se dividem entre a falta de atrativo e de cultura exportadora e limitações de recursos e de pessoal capacitado.

Há uma multiplicidade de temas a enfrentar para que o Brasil se torne uma economia com maior expressão no comércio exterior. Tais questões vão da redefinição da política de relações comerciais com o mundo à melhora da infraestrutura e simplificação de processos alfandegários e tributários, passando pela temática microempresarial.

Se quisermos desenvolver uma cultura exportadora entre nossas empresas, devemos ter em mente dois blocos distintos de estratégias.

Num caso, merecem prioridade aportes e facilidades para que as empresas menores superem as restrições de recursos e de pessoal especializado; no outro, canalizar esforços para despertar e pe- renizar o interesse empresarial pelo comércio exterior --e, para isso, nada melhor que aproximar o país dos mercados mundiais mais dinâmicos.

 
24 de maio de 2014
Pedro Luiz Passos, Folha de SP

SOB NOVA DIREÇÃO

Brasil e Índia têm enfrentado problemas semelhantes: redução do nível de crescimento, denúncias de corrupção, atrasos em obras de infraestrutura e inflação elevada. Lá, a conjuntura desfavorável provocou insatisfação popular e mudança de governo. Aqui, o atual sofre desgastes depois de 12 anos no poder. A Índia, quando cresce pouco, é 4%; no Brasil, como se sabe, é bem menos.

Aeleição do novo premier da Índia, Narendra Modi, é resultado direto das dificuldades econômicas, na avaliação do consultor indiano Rakesh Vaidyanathan, do Jai Group. Rakesh, que reside no Brasil e fala português fluentemente, explica que o governo anterior havia perdido a capacidade de executar reformas.

— O governo anterior tinha uma base política muito ampla e sempre tentava buscar consensos. As decisões eram demoradas. Com isso, houve atrasos em obras de infraestrutura que a Índia precisa executar com urgência. O novo primeiro-ministro terá que ser mais ágil para fazer o país voltar a crescer mais — explicou.

O novo governante tem pontos controversos, principalmente na religião. Ele defende a supremacia do hinduísmo, o que deixa inquietas as minorias cristã e muçulmana. Foi eleito em parte por ter demonstrado grande capacidade administrativa. Como governador de seu estado natal, Gujarat, conseguiu taxas de crescimento maiores que a média nacional.

Em relação à dificuldade de administrar a coalizão, problema do qual sofria o governo de Manmohan Singh, a definição se aplica ao Brasil. Aqui, com um governo de quase 40 ministérios e o loteamento político de cargos importantes, empresas estatais apresentam baixos resultados, vão mal nas bolsas, e os projetos de infraestrutura não deslancham, mesmo com a pressão dos grandes eventos. O PIB desacelerou e a inflação subiu.

Os dois países têm uma agenda econômica comum, mas a integração comercial ainda é pequena, de menos de US$ 10 bilhões. Nos últimos 10 anos, o Brasil acumula um déficit na balança comercial com os indianos de US$ 10 bilhões. Somente com importação de óleo diesel, gastamos US$ 15 bilhões nesse período. No ano passado, foram US$ 3 bi. Rakesh explica que enquanto o Brasil possui grandes reservas de petróleo, os indianos se especializaram em refino. O Brasil exporta óleo bruto e importa óleo refinado, e isso explica nosso déficit.

— O Brasil tem falta de combustível por falta de planejamento. A Índia
não tem petróleo, mas tem um amplo parque de refino. Acredito que o problema da Índia é pior, por ser estrutural. No longo prazo, o Brasil pode reverter esse déficit e exportar mais para a Índia — avalia.

A economia indiana teve forte crescimento entre 2003 e 2010. Excluindo-se o ano de 2008, a taxa média foi de 8,9%. O ritmo forte provocou aceleração da inflação, que saiu de 3,4%, em 2003, para 14%, em 2009. No ano passado, os preços subiram 8,1%, segundo o FMI, e a taxa de crescimento foi de 4,3%. Aqui, a inflação é alta, apesar do crescimento baixo.

A desaceleração indiana é causada mais por problemas internos do que externos. O setor de serviços continua crescendo forte, mas houve uma perda muito grande da agricultura e da indústria.

— A agricultura indiana depende muito das chuvas e houve dois anos de seca. A Índia produz mais grãos que o Brasil, mas perde muito com a falta de infraestrutura, no escoamento do produto e na estocagem. Por isso, o Brasil exporta mais. A indústria caiu por problemas de infraestrutura, como estradas e portos. Só o setor de serviços continuou forte, mas ele sozinho não consegue manter o mesmo ritmo de alta — disse Rakesh.

A Índia também tem grande consumo de alimentos, pelo tamanho de sua população, e por isso nunca foi importante exportador. Outro problema que o novo governo terá que enfrentar é o déficit público nominal que tem ficado acima de 6% do PIB nos últimos anos, por causa dos altos subsídios para alimentos e combustíveis e da baixa arrecadação. A maior parte da população ainda vive no campo, e o PIB per capita é de apenas US$ 1,5 mil, contra US$ 11,3 mil do Brasil.

Um projeto revolucionário do novo governo é o de eletrificação dos povoados e da área rural sem luz elétrica, através da energia solar fotovoltaica. Se der certo, mudará a vida de mais de 300 milhões de indianos que vivem às escuras no país.

 
24 de maio de 2014
Miriam Leitão, O Globo