O PT, o desgoverno Dilma e o Presidentro Lula foram esculachados pela oposição, na maior parte da sessão de 2 horas, 40 minutos da CPMI da Petrobras com Paulo Roberto Costa. Parlamentares fizeram 28 perguntas e a resposta padrão petralha, por 18 vezes, se repetiu: “Nada a declarar” ou “Eu vou permanecer calado”. Em junho, quando esteve no Senado, Paulo Roberto tinha proclamado: “Repudio veementemente que a Petrobras era uma casa de negócios, que existia organização criminosa dentro da Petrobras”. Na delação premiada desmentiu a própria versão...
Como era esperado, em sessão aberta e não secreta, o delator premiado Paulo Roberto Costa invocou seu direito ao silêncio na CPMI. Mas o governo ouviu de parlamentares desaforos e duras verdades que só poderiam ser superadas pela contundência das revelações que não foram feitas, publicamente, pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, envolvido no maior esquema de corrupção nunca antes visto na História do Brasil, que teria promovido a lavagem de pelo menos R$ 10 bilhões.
Três esculachos na CPMI merecem destaque. O deputado Rubens Bueno, do PPS-PR, recordou: “A presidente da República foi ministra de Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração da Petrobras e depois presidente da República. Nada mais grave do que o presidente da República nomear um funcionário da Petrobras e depois não saiba nada. Como não sabem de nada? Viram o mensalão, e não aprenderam com isso. Continuam com o mesmo esquema”.
Antes dele, o deputado Ônyx Lorenzoni, do DEM-RS, também pegou pesado: “Sempre que um bandido veio à CPI usou desse expediente. Usou o expediente de não falar. Eu quero dizer que estamos diante de um bandido, porque saqueou a Petrobras. E eu, como não posso usar depoimentos, posso usar elementos. A minha dúvida é zero que o Paulo Roberto Costa foi colocado na Diretoria de Abastecimento pelo senhor José Janene, e com a supervisão de José Dirceu. Como Paulo Roberto Costa, pós-escândalo do mensalão, é chamado de Paulinho pelo ex-presidente Lula? O PT e o presidente Lula não aprenderam com o mensalão. Onde está Enivaldo Quadrado agora? Está envolvido com o mesmo caso”.
O deputado Fernando Francischini, do SSD-SP, também detonou a petralhada, ironizando Paulo Roberto Costa: “Seu Marcos Valério demorou, não fez delação premiada e está pegando não sei quantos anos de prisão. Seu Paulo Roberto Costa, contribuindo com o país, está fazendo a delação premiada. E pode contribuir muito mais. O senhor está consertando seu erro. Isso vai ajudar a passar a limpo nosso país. Será que todos aqueles nomes estão envolvidos? Não adianta trazer o nome do presidente da Câmara, do Senado, se a gente não sabe em qual esquema está. O dinheiro do Mensalão não chega aos pés desta ponta de iceberg que estamos vendo”.
Francischini apelou ao compromisso do procurador geral da República de cooperar com a CPMI: “Estamos nas vésperas de uma eleição. Queremos saber se a presidente Dilma Rousseff, se o presidente Lula tinha conhecimento. Ninguém coloca um diretor da Petrobras, ninguém tem tanta proximidade. Eu acabo de usar meu tempo deixando uma pergunta: se ele quer passar a limpo realmente. Somente com uma resposta sim ou não”.
Enfim, o delator premiado Paulo Roberto nada declarou... Mas o bigidão dele fez o maior sucesso...
Sem resposta
O deputado Ônyx Lorenzoni quase tirou Paulo Roberto Costa do sério com a pergunta:
“No dia 25 de maio de 2010 o senhor Paulo Roberto Costa falou com o doleiro Youssef por meio do telefone funcional da Petrobras , e perguntou sobre como ia o esquema'. Queria saber se o telefone era mesmo do depoente”.
Como Paulo Roberto Costa respondeu o automático “não tenho nada a declarar”, o deputado retrucou:
“Mas eu tenho algo a falar... O aparelhamento da Petrobras dói no povo brasileiro”.
Imexível
Não conseguindo defender o desgoverno petista, o deputado Vicentinho, PT-SP, fez um desabafo, talvez sincero, em sua intervenção:
“Ainda bem que isso aqui o povo não assiste muito”.
Ou seja, na visão petista, cujo governo se considera imexível e acima do bem e do mal, o espetáculo da CPMI não afeta a maioria do eleitorado...
Doleiro finalmente condenado
O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, conseguiu, finalmente, condenar o doleiro Alberto Youssef a quatro anos e quatro meses de prisão em regime fechado, pelo crime de corrupção ativa na obtenção de empréstimo fraudulento no Banestado.
Denunciado em 2003, só agora Youssef foi punido porque, com a Lava Jato, ficou comprovado que descumpriu o acordo de delação premiada no qual passou para a Justiça os nomes de quem fazia remessas ilegais de dinheiro para o exterior, através das operações CC5 do Banestado.
Como o crime compensa no Brasil, a defesa de Youssef vai recorrer da sentença...
Análise imediata
O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, promete analisar todos os documentos das denúncias de Paulo Roberto Costa, o mais depressa possível, antes mesmo da conclusão do processo de delação premiada que será avaliado e avalizado pelo Supremo Tribunal Federal.
Janot considerou normal o silêncio de Paulo Roberto Costa na CPMI:
“A lei impede que qualquer pessoa, qualquer pessoa, se refira a eventual delação e a seu conteúdo. É isso, é imposição de sigilo legal”.
Bilionário pobre?
Lula da Silva deve ter ficado com pena ontem de ver o amigão Eike Batista, que chegou a ser o oitavo homem mais rico do mundo, reclamar que tem um patrimônio líquido negativo de US$ 1 bilhão.
Réu em ação penal por informação privilegiada, Eike teve ontem R$ 117 milhões em ativos bloqueados pela Justiça Federal.
Eike assegura que todo seu patrimônio foi colocado á disposição como garantia dos empréstimos e negócios de suas empresas.
Crime compensa...
O procurador-geral da República Rodrigo Janot enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal constatando que não é mais possível punir o deputado Paulo Maluf (PP-SP) pelos supostos desvios de R$ 550 milhões em dinheiro público dos R$ 800 milhões investidos na construção da Avenida Água Espraiada, atual Avenida Jornalista Roberto Marinho, em São Paulo.
A demora na conclusão do processo e idade do deputado, superior a 70 anos, causaram a prescrição dos delitos cometidos durante a gestão dele como prefeito de São Paulo, entre 1997 e 2001.
A lentidão processual e judiciária permitiu que Maluf escapasse de uma condenação a 23 anos, seis meses e 15 dias de prisão, mais o pagamento de multa.
O relator final do caso Maluf no STF é o ministro-presidente Ricardo Lewandowski.
Descensurada
18 de setembro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.