"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 17 de março de 2019

ATOS PÚBLICOS EM DEFESA DA LAVA JATO E CONTRA O STF OCORRERAM EM 40 CIDADES

Protestos contra a Lava Jato na Praça da Liberdade
Em Belo Horizonte, o ato público ocorreu na Praça da Liberdade
Manifestantes foram às ruas hoje em cerca de 40 cidades do país em defesa da Lava Jato, para protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e defender a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Judiciário brasileiro. Os atos foram organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e outros grupos para promover atos com menos participantes se comparados aos outros organizados pelo grupo. A data escolhida foi o dia em que se completaram cinco anos do início da operação.
Em Belo Horizonte, os manifestantes se reuniram no final da manhã na Praça da Liberdade. A maioria dos presentes usava roupas em verde e amarelo – outros escolheram preto – e alguns portavam faixas contra o Supremo. Em uma delas se lia “STF – Tribunal das exceções”.
“LAVA TOGA” – Durante o ato, eles gritaram pedindo a CPI da “Lava Toga”, iniciativa de parlamentares que querem investigar a atuação de juízes que, na avaliação deles, prejudicam o combate à corrupção no país.
Alguns manifestantes usavam camisas em referência a Jair Bolsonaro e outros carregavam pixulecos, boneco inflável que representa em trajes de presidiário o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje detido e condenado por corrupção. Em Minas, os atos foram convocados também para Uberlândia, Juiz de Fora e Contagem.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se reuniram na orla da praia de Copacabana. Uma faixa no local assinada pelo MBL dizia: “O STF é uma vergonha”. Entre os manifestantes havia até defensores da volta da monarquia ao país.
AVENIDA PAULISTA – Já em São Paulo o ato ocorreu na avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Por lá, um cartaz dizia: “Sergio Moro, estamos com você”, em referência ao ministro da Justiça, ex-juiz que cuidava da operação.
Em Brasília, o protesto foi na praça dos Três Poderes, diante do Supremo. Os manifestantes carregavam faixas pedindo o fim da impunidade e gritavam principalmente contra o ministro Gilmar Mendes, considerado por eles um inimigo da Lava Jato. Duas mulheres carregavam uma faixa com uma pergunta: “Quem mandou matar a Lava Jato?”
Como se sabe, o Supremo decidiu que todas as investigações sobre caixa 2 em campanha sejam feitas pela Justiça Eleitoral e não pela Justiça comum, o que, para os procuradores que comandam a Lava Jato, coloca em risco o futuro da operação. Além disso, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli determinou a abertura de inquérito para investigar os ataques feitos à Corte, o que gerou críticas dos apoiadores da Lava Jato.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Os protestos são válidos. A reação do Supremo contra a Lava Jato já era esperada, mas não vai adiantar nada. Mas a força-tarefa, formada por Polícia Federal, Ministério Público e Receita, vai contra-atacar e logo serão revelados mais podres de integrantes Supremo e de políticos protegidos pelos ministros, como Michel Temer, Aécio Cunha & Cia. Podem aguardar. (C.N.)

17 de março de 2019
Deu em O Tempo

"SE CONTINUAR COMO ESTÁ, O GOVERNO ACABA EM SEIS MESES", DIZ OLAVO DE CARVALHO

O escritor
Olavo de Carvalho durante a exibição de filme em Washington
Diante de uma plateia de cerca de 100 fãs e representantes da direita americana, no Trump International Hotel, o guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, afirmou que, até hoje, não sabe quais são as ideias políticas do presidente Jair Bolsonaro, mas que o apoia por ele ser “um homem honesto e não ser ladrão”.
O escritor voltou a atacar a imprensa, dizendo que “todos os jornalistas são viciados em drogas” e que a mídia é culpada pela imagem de Bolsonaro de fascista e violento. Ele foi homenageado por Steve Bannon, ex-estrategista do presidente Donald Trump, com uma exibição do documentário sobre a vida do próprio Olavo de Carvalho, “Jardim das Aflições”.
DONO DE BORDEL – “Mesmo se o Bolsonaro fosse dono de um bordel ele seria menos perigoso que o (candidato petista) Fernando Haddad, por isso o povo votou nele, não por causa de suas ideias políticas, que até hoje não sei quais são; ele fala de um assunto ou outro, mas nunca vi uma concepção geral, uma ideologia”, disse.
“Eu não sei quais são as ideias políticas dele [Bolsonaro]. Conversei com ele quatro vezes na vida, porra”, afirmou a jornalistas. Na saída, Olavo mostrou-se pessimista com o futuro do Brasil e disse que, se o governo continuar como está por mais seis meses, acabou.”
O presidente está de mãos amarradas. Não sou capaz de prever [até onde vai] mas, se tudo continuar como está, já está mal. Não precisa mudar nada para ficar mal, é só continuar isso mais seis meses e acabou”, afirmou.​​
O MOVIMENTO – Olavo foi apresentado por Bannon à plateia como peça importante para o que ele chama de “O Movimento”, grupo de governos populistas de direita em ascensão em países como Brasil, EUA, Hungria e Itália. “Olavo não é importante apenas para o Brasil, ele tem uma importância no contexto mundial do movimento populista de direita, é um pensador seminal”, disse.
Bannon disse à Folha que conhecia Olavo por seus vídeos e por uma discussão fascinante que o escritor teve com Aleksandr Dugin, estrategista do presidente russo, Vladimir Putin. “Mas só fiz a peregrinação até a casa do Olavo, onde conheci a impressionante biblioteca dele, há pouco tempo, e ele mora na minha cidade, Richmond!”
O deputado Eduardo Bolsonaro, líder do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, também não economizou nos elogios ao guru, “uma das pessoas mais importantes da história do Brasil”. “Olavo de Carvalho é uma inspiração e sem ele Jair Bolsonaro não existiria”, disse Eduardo, que assistiu concentrado aos cerca de 1h20 de filme.
MOURÃO NA MIRA – Os principais alvos do escritor, na sessão de perguntas após a exibição e na conversa com jornalistas, foram a mídia e o vice-presidente Mourão.  “Se o Bolsonaro fosse um homem assim violento, fascista, por que ele seria tão amado pelo povo? Essa foi uma imagem criada pelos jornalistas. E é a imagem passada pela imprensa internacional”, afirmou. “A mídia é louca, todos os jornalistas são viciados em drogas.”
Eduardo Bolsonaro também alfinetou a imprensa. “Olhem o Twitter da Folha, tem poucos seguidores, existem umas pessoas que ninguém conhece que têm muito mais seguidores, porque eles sempre falam a verdade. O poder está com a gente. As pessoas não acreditam na imprensa. Quando as pessoas me param na rua pra tirar fotos, elas não acham que eu sou racista, nazista, homofóbico e xenófobo.”
(Na tarde deste domingo (17), o perfil da Folha no Twitter tinha 6.568 milhões de seguidores. O do presidente Jair Bolsonaro tinha pouco mais de 3.755 milhões e o de Olavo de Carvalho 129.421 mil seguidores.)
TRAIDORES – O escritor afirmou que o presidente está cercado de traidores e declarou que despreza o vice-presidente, general Hamilton Mourão. Segundo Olavo, Mourão “é estúpido” e tem uma “vaidade monstruosa”.
“O Bolsonaro vai viajar, ele assume temporariamente, e a primeira coisa que faz é ir pra São Paulo ter uma conversa política com Doria. Esse cara não tem ideia do que é ser vice, só sabe sobre sua vaidade monstruosa. Você acha que ele pediu permissão do presidente pra ir pra São Paulo? Eu não o critico, eu o desprezo.”
Para Olavo, Mourão se elegeu com falsidades. “Assim que foi empossado, ele mudou 180 graus: foi para o outro lado em aborto, desarmamento, não quer derrubar o (ditador venezuelano Nicolás) Maduro. “Ele também acusou o vice de ter mentalidade golpista.
VOLTAMOS? – “O Mourão disse isso: ‘nós voltamos ao poder por vias democráticas’. Como ‘voltamos’? Quem está no poder é o Bolsonaro, não vocês. Agora eles acham que estão no poder. E isso o que é? Golpe”, disse, acrescentando:
“É uma mentalidade golpista. Essa concepção, que é a do Mourão, é uma concepção golpista. Não sei se o golpe vai acontecer, já aconteceu, não estou em Brasília, não sei. Estou com o cu na mão pelo Brasil, não por mim. Por mim eu estou velho, posso morrer, não ligo, porra”.
Ele avalia ainda que os principais auxiliares do presidente —da ala militar do governo—​ são má influência e têm atuado para prejudicar Bolsonaro desde o início do mandato. “Ele [Bolsonaro] deveria parar de ouvir maus conselhos. Ele é um homem sozinho, não pode confiar naqueles que os cercam, na mídia, ele tem que confiar no povo”.
SEM INFLUÊNCIA – Apesar de ter indicado dois ministros, Ricardo Vélez (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) —e estar em constante disputa com a ala militar ligada a Bolsonaro—​, Olavo nega que tenha qualquer tipo de influência no governo. Segundo ele, isso é “pequeno, vil e miserável” diante de suas ambições.
“Eu quero mudar o destino da cultura do Brasil, décadas ou séculos à frente. Esse é meu sonho, o governo que se foda, eu estou cagando para o governo. Eu sou Olavo de Carvalho, não preciso do governo, minha filha. Eu sou um escritor, falo direto com meu público, não preciso de um cargo do governo”.
Olavo disse ser mentira que tenha interferido nas demissões e nomeações no Ministério da Educação. “Só falei com (Vélez) duas vezes: uma vez para parabenizá-lo, quando foi nomeado, e a segunda para mandar tomar no cu”, disse. “Eu sugeri o nome dele para a Educação e encheram o ministério de picaretas.”
BATE-BOCA – Famoso pelo temperamento forte, ele bateu boca com um jornalista do Financial Times durante coquetel após exibição do filme. Indagado sobre o significado da visita de Bolsonaro aos EUA, Olavo disse que a ajuda americana é importante para que o Brasil não seja vendido pela China, e que os americanos vão comprar mais produtos brasileiros.
Confrontado com a informação de que Brasil e os EUA têm uma pauta de exportação semelhante, e seriam concorrentes, Olavo afirmou: “Os dois produzem a metade dos alimentos produzidos no mundo. Eles podem fazer uma aliança para vender comida para todos”, disse.
Questionado se isso não constituiria um cartel, explodiu. “Eu não chamei de cartel. Você está pondo palavras na minha boca, você está distorcendo, você é maldoso, você é um mentiroso, você é um mentiroso”, gritou, e saiu andando. “Não quero mais falar com você, você é mentiroso.”
MATAR BOLSONARO – Na saída, perguntado por jornalistas se estava otimista sobre o governo, afirmou que não, porque a mídia inteira, nas suas palavras, quer matar Bolsonaro e o presidente não tem direito de defesa. “Isso é um golpe de Estado, vocês não estão entendendo? A classe jornalística, todos vocês”, afirmou diante dos repórteres.
Ainda de acordo com o escritor, Bolsonaro não tem reagido ao que ele chama de “fake news” por cautela dos militares que estão no governo. “Ele não reage [às notícias falsas contra ele] porque aquele bando de milico que os cerca é um bando de cagão que têm medo da mídia”.
Carvalho disse, porém, que não vai dar nenhum desses conselhos ao presidente neste domingo (17), quando vai encontrá-lo pessoalmente durante o jantar na casa do embaixador brasileiro, Sérgio Amaral. “Você acha que vai dar para conversar isso com ele? Não. Eu vou lá para comer”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Olavo de Carvalho é uma espécie de Groucho Marx em versão filosófica. Ninguém faz piada como ele, é uma atrás da outra(C.N.)

17 de março de 2019
Patrícia Campos Mello e Marina DiasFolha

MANIFESTAÇÕES CONTRA O STF PELO BRASIL, APÓS DECISÃO DO FIM DA LAVA JATO

FARTO DESTA MERDA...

A VERDADE SOBRE 50 MILHÕES DE CASAS VAZIAS NA CHINA

15 ATALHOS SURPREENDENTES QUE VOCÊ NÃO ESTÁ USANDO

TUDO O QUE VOCÊ OUVIU ATÉ AGORA SOBRE O SONO, É UM MITO

DEPOIS DO TIRO NA LAVA JATO, UM CHURRASCO

BOLSONARO 'PARTE PRA CIMA' E REAGE A DECISÃO DO STF

CARNAVAL LGBT VERGONHA (JACARÉ DE TANGA)

"MOURÃO É DESAGRADÁVEL, PISA FORA DA LINHA"

"MOURÃO É DESAGRADÁVEL; PISA FORA DA LINHA", AFIRMA STEVE BANNON QUE LIDERA MOVIMENTO CONSERVADOR GLOBAL.

O General Vice-Presidente Hamilton Mourão sendo maquiado para conceder entrevista a uma emissora de televisão. Aliás, Mourão agora é o queridinho do ambiente midiático.

Qualquer cidadão brasileiro mais atilado nota que o Presidente Jair Bolsonaro está cercado de "traíras" e curiosamente a maior parte de seus ministros e toda entourage técnico-burocrática palaciana que o cerca, que nunca apareceu durante a campanha eleitoral presidencial, de repente se tornou uma corriola esquisita. Especialmente o que se poderia denominar de "estamento militar" empoleirado em altos postos da República, grupo que parece ser liderado pelo General Hamilton Mourão. Não é à toa que os partidários de uma "intervenção militar", ensarilharam as armas.

Em boa medida, esse é o retrato do ambiente palaciano enquanto o comportamento do próprio Presidente Jair Bolsonaro é no mínimo estranho
É claro que depois de passada a eleição o eleito, no caso o Presidente Bolsonaro, tem de adotar um comportamento mais afinado com as responsabilidades do cargo. 
Entretanto, jamais poderá abdicar das promessas que fez ao eleitorado, porquanto isso é fatal no que tange à política. Ainda mais quando quase 60 milhões de eleitores o conduziram à Presidência e continuam lhe rendendo apoio.

O leitor que lê esta estas linhas por certo também quer encontrar respostas sobre tudo isso. Foi aí que me ocorreu reler uma entrevista concedida à Folha de S. Paulo pelo ex-diretor da campanha de Donald Trump e ex-estrategista da Casa Branca no início do governo Trump. Trata-se de Steve Bannon, que foi também o Presidente do site Breitbart, o maior portal conservador com sede nos Estados Unidos e sucursais no Reino Unido e Israel.

Atualmente Steve Bannon se dedica a impulsionar uma organização política conservadora que ele próprio denomina "O Movimento" e que não se restringe apenas aos Estados Unidos. Tanto é que recentemente Steve Bannon recebeu a visita do Deputado Federal Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. Grosso modo, a ideia de "O Movimento", segundo Bannon é atuar em nível global no que respeita à defesa do Ocidente que é inegavelmente o alvo principal da guerra cultural manipulada pelo 'globalismo', aliás conceito comumente escamoteado pela mainstream media.

Velho de guerra em manobras políticas palacianas Steve Bannon não se fez de rogado e mandou ver na entrevista à Folha no que se refere ao comportamento do General Mourão: "Ele é desagradável, pisa fora da sua linha", criticou. "Até onde sei, o presidente Bolsonaro não lhe atribuiu responsabilidades e parece que foi uma decisão sábia."

Destarte, decidi então postar a íntegra da entrevista de Steve Bannon. Se a Folha queria detonar o Presidente Jair Bolsonaro, deu um tiro n'água já que o conteúdo da entrevista oferece alguns parâmetros nada desprezíveis para uma leitura do que está acontecendo agora no Brasil. Leiam:
O Deputado Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon, durante encontro nos Estados Unidos.
Quais suas expectativas com Eduardo Bolsonaro? Quais são as prioridades para O Movimento no Brasil, na América do Sul?
Eduardo veio aos EUA em dezembro e tive a sorte de recebê-lo. Em Washington, havia líderes políticos, agentes de inteligência e segurança nacional. Na noite seguinte, em Nova York, foi bem diferente, gente das finanças. Nunca vi um político com esse potencial para lidar com públicos diferentes, em inglês.
A afiliação a O Movimento visa atingir outros conservadores populistas nacionalistas em países no continente e reforçar aspectos-chave, trazer o poder das elites globais de volta ao homem comum, à pessoa comum. Não há ninguém melhor que Eduardo para isso.
Em relação ao Brasil, a associação de Eduardo Bolsonaro com o Movimento pode influenciar de que forma na sua atuação no Congresso e no governo de seu pai?
Como na Itália, na Hungria, ou mesmo com Trump, a ideia é expor as pessoas ao que eles estão fazendo e também conseguir agregar apoiadores, expandir nossas ideias, reunir pessoas. Colocar gente influente das finanças, pessoas interessadas em investir, agentes destart-ups, ações públicas e privadas em companhias brasileiras. É construir relações e intercambiar ideias.
Como pessoas comuns e empresários podem se engajar no Movimento? O sr. aceita doações?
Agora somos uma rede de partidos políticos e líderes. Não queremos competir com partidos políticos. Falamos às pessoas para se afiliarem aos partidos em seus países e trazer informações de volta ao Movimento.
O que pretendemos fazer são workshops, conferências, encontros. Em dezembro, Eduardo participou da Cúpula Conservadora das Américas, no Sul do Brasil [Foz do Iguaçu (PR)]. Vamos começar a fazer isso no Movimento. O mesmo estamos fazendo na Europa, reunindo pessoas na Hungria, Itália, França e preparando para as eleições.
Poderia definir populismo? No Brasil, muitas vezes o termo tem uma conotação pejorativa.
É um entendimento errado do establishment global. Populismo significa tomar decisão o mais perto das pessoas possível e com a influência das pessoas. Fazer políticas sociais, econômicas ou de segurança nacional, mas sem atender aos interesses da elite.
Nos EUA, na última década, as elites cuidaram de si mesmas às custas das classes trabalhadoras e médias. Populismo é basicamente garantir que a classe média e a classe trabalhadora terão um lugar à mesa.
Temos uma situação globalmente que eu chamo de "real-feelism" [sentimento de vida real]. É muito difícil comprar uma casa, ter ações. Os empregos são sempre temporários, não há pensões, não há benefícios.
O governo Bolsonaro tem como ministro da Economia um egresso da Universidade de Chicago, muito consistente [Paulo Guedes]. O Brasil tem tremendos recursos, tremendo capital humano, só precisa ser bem gerido, por um populista que acredite em soberania. O capitão Bolsonaro e Eduardo são os líderes perfeitos para o momento.
O sr. recebeu Olavo de Carvalho para jantar algumas semanas atrás. Quais foram as suas impressões?
Eu o acompanhava por anos e ele vive na minha cidade, Richmond, Virgínia. Quando me contaram, pensei, é impossível! Não pode ser! Fui à casa dele, tem uma biblioteca gigante, onde dá aulas. Foi uma visita incrível.
No dia seguinte, ele iria ao Departamento de Estado americano e eu disse que queria recebê-lo para jantar na minha casa, com gente variada, da mídia, das finanças, da política. Ele falou de todas as grandes ideias, abordou o marxismo cultural, que está destruindo a política sul-americana. Fez de forma formidável.
O que estou tentando fazer agora é agendar, se o capitão Bolsonaro visitar Washington, uma exibição do documentário sobre ele ["O Jardim das Aflições"]. Olavo é um herói, até mesmo global, da direita. Um autodidata, com entendimento profundo do pensamento conservador, populista, nacionalista.
Olavo de Carvalho e Steve Bannon durante recente encontro na biblioteca de Olavo na Virgínia (EUA). 
Olavo indicou o chanceler Ernesto Araújo. Seu perfil é diferente do tradicional no Itamaraty, ele fala muito de Deus. Como avalia sua condução?
Tento acompanhar o máximo possível, mas eu só falo inglês. Vejo que ele é muito alinhado ao pensamento do capitão Bolsonaro. Bolsonaro dá importância aos valores cristãos ocidentais, bases próximas aos princípios liberais de autodeterminação. Araújo está alinhado. Às vezes parece que o vice-presidente não está.
A escolha do vice-presidente foi ruim?
Disse isso ao pessoal do capitão Bolsonaro. Não é muito útil. Pela minha experiência com Trump, quando você chega [ao poder], tem que ser o mais unificado possível. Como se pronuncia? 'Mouraro'? Ele é desagradável, pisa fora da sua linha. Bolsonaro vai fazer uma grande diferença no Brasil e devolver o país ao palco mundial, onde deve estar. Ele fala sobre Japão, Coreia, Taiwan, dá destaque à China. Está aberto aos investimentos chineses, sem deixá-los serem donos do Brasil.
Como um observador de fora, me parece que o vice-presidente Mourão gosta de falar muito sobre política externa. Mas, até onde sei, o presidente Bolsonaro não lhe atribuiu responsabilidades e parece que foi uma decisão sábia.
Acho que a visão de Washington é que o general Mourão não é um ator. Meu palpite é que chineses e europeus estão entendendo isso também. A boa notícia é que a equipe do presidente Bolsonaro está começando de forma poderosa.
O que, na sua opinião, Brasil, Estados Unidos e aliados devem fazer em relação à Venezuela?
O Brasil tem problemas na economia e Bolsonaro vai atacá-los de forma bem diferente do socialismo do passado. Você vê a tragédia na Venezuela. De forma esperta, o presidente Bolsonaro e Eduardo estão preparados para ajudar, mas não querem ter uma responsabilidade que o Brasil não deve ter.  
Não somos intervencionistas. Em outras palavras, não achamos que seja papel dos EUA rodar o mundo se metendo na vida das pessoas. Tentamos impingir os ideais cristãos, democráticos, ocidentais nas sociedades. Não tentamos forçar eleições democráticas. Quando sociedades civis estiverem prontas, estarão prontas.
A Venezuela é uma tragédia de proporções bíblicas. Com seus recursos do petróleo, não há motivo para isso. Claramente é o modelo cubano, que não funciona.
Na América do Sul, demandará gente esperta como o capitão Bolsonaro e o presidente da Colômbia para trabalhar com os EUA e outros para não haver um colapso total da sociedade venezuelana.
Há investigações de corrupção envolvendo outro filho de Bolsonaro, o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ). Essa situação compromete o discurso de ética do presidente?
Vejo isso no Brasil como vi com Trump. Eles vêm atrás de você pelas menores coisas. O Capitão Bolsonaro e Eduardo são líderes dinâmicos no palco mundial. Por isso eles são alvos. A luta deles é contra o marxismo cultural que restou. O socialismo econômico faliu claramente.
Faliu no Brasil, na Venezuela, em Cuba, é um modelo falido. Mas há ainda um marxismo cultural muito poderoso. Eles vão tentar atacar e destruir. Capitão Bolsonaro e Eduardo e a família ficarão sob intensa pressão.
Quando Eduardo me visitou [na campanha], o único conselho que dei foi, por favor, cuide do seu pai. Estava preocupado com uma tentativa de assassinato. A razão eram os vídeos da campanha, em aeroportos, com multidões.
Sei pelo Trump que isso pode ser muito perigoso. Disse 'Vocês parecem não ter muita segurança, mas só é preciso um cara mau'. O capitão Bolsonaro estará sob intensa, intensa pressão pelo marxismo cultural.
O caso envolvendo Flavio prejudica a imagem de Bolsonaro?
Não, não acho. Acho que tentam criar escândalos. Disse a eles que precisam estar preparados, porque serão atacados. Acho que as pessoas esperam ótimas coisas do Brasil e da família Bolsonaro.
A reeleição de Trump depende da construção do muro?
Sim, disse a ele. Se não construir o muro, será muito, muito difícil se reeleger. De todas as promessas, essa foi a mais impactante, de construir o muro e a nossa soberania. Cada voto fará diferença, ele não pode perder nenhum. Se não construir o muro, vai afetar o espírito de parte significativa de sua base.
O sr. vai ajudar Trump na próxima campanha?
Não. Estou trabalhando no "Movimento", trabalho com grupos que o apoiam, sou um apoiador. Mas não me vejo mais em campanha e jamais voltaria à Casa Branca.

17 de março de 2019
in aluizio amorim