O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) subiu à tribuna nesta quinta-feira (dia 31) para fazer um discurso no qual dirigiu diversas críticas ao Ministério Público Federal. Em um recado ao chefe do MPF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Renan disse que o “brilho dos holofotes ofusca os olhos e cega a razão”. Ex-presidente do Congresso Nacional e ex-líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros tem feito frequentes discursos críticos ao Ministério Público.
Alvo de um processo e 17 inquéritos no Supremo Tribunal Federal, o peemedebista é investigado em 13 deles por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção que atuou na Petrobras e na Transpetro. Ele nega as acusações. Além disso, o parlamentar alagoano é réu, na Suprema Corte, por peculato (desvio de dinheiro público).
JUVENTUDE IRACUNDA – “Ao senhor Rodrigo Janot e à juventude iracunda que o acompanha, a experiência mostra que o brilho dos holofotes ofusca os olhos e cega a razão. Cega deve ser a Justiça e nunca o ódio, a ambição, a vaidade desmedida.”
Durante o discurso, de mais de uma hora, Renan também criticou a forma pela qual os acordos de delação premiada, chamados de “premiadas delações”, são feitos. Na avaliação do senador, os investigados são submetidos a “forte pressão psicológica” para denunciar políticos “em troca da impunidade”. Para o peemedebista, as delações “estão sendo desvirtuadas”.
“Órgãos de persecução penal ergueram uma cena de medo, incitando delações inverídicas em busca da impunidade e eliminando a espontaneidade da colaboração, ao manter réus presos em péssimas condições até delatarem”, afirmou.
EMBUSTES – Sobre os 17 inquéritos dos quais é alvo, Renan se queixou da forma como as investigações são divulgadas. Embustes e publicidades opressivas compõem o cenário onde se multiplicam inquéritos a partir de alusões mentirosas, irresponsáveis de delatores premiados, desacompanhados de qualquer franja de prova. Alardeiam que sou investigado 17 vezes no STF, o que não dizem é o que contém nos inquéritos, como foram instaurados e multiplicados”, declarou.
Ele comentou, ainda, as delações da Odebrecht, do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e do ex-senador Delcídio do Amaral, nas quais foi citado, e que, segundo Renan, podem ser revistas por falta de provas.
Disse que o Ministério Público não é ‘dono do mundo: “Contra a lei, o MP quer o monopólio das investigações, desconfiando da Polícia Federal. O MP pode ser o dono da ação penal, e realmente é, mas o MP não é dono do mundo nem da Constituição nem do STF nem do Congresso nem da honra e da reputação de ninguém”.
VAZAMENTO – O senador acusou Janot de estimular vazamentos: “Vários acontecimentos mostram que o chefe do MP promoveu, estimulou e acobertou vazamentos jamais apurados de dados mantidos sob segredo de justiça; demandou prisão preventiva com base em simples presunções e sem suficiência probatória apta; pediu busca e apreensão sem antes adotar diligências complementares; ingressou com denúncias sem o inquérito; e, por fim, solicitou o meu afastamento da presidência do Senado Federal com fundamento já repelido também pelo Supremo Tribunal Federal”. E acrescentou:
“Condenações seletivas, antecipadas e sem provas não fazem bem ao processo democrático. Com todo respeito, beira o ridículo denunciar alguém com base, apenas e tão somente, na palavra de delatores e em pesquisas em fontes abertas, como o Google e redes sociais.”
Procurada pelo G1, a assessoria de Janot informou que não se manifestará sobre o assunto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Respondendo a um processo e a 17 inquéritos, Renan ainda tem a desfaçatez de se dizer perseguido políticos. É igual a Lula, Dirceu, Jucá, Machado, Cabral, Temer, Moreira, Padilha e tantos outros órfãos de uma ditadura simplesmente que não existe. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Respondendo a um processo e a 17 inquéritos, Renan ainda tem a desfaçatez de se dizer perseguido políticos. É igual a Lula, Dirceu, Jucá, Machado, Cabral, Temer, Moreira, Padilha e tantos outros órfãos de uma ditadura simplesmente que não existe. (C.N.)
01 de setembro de 2017
Gustavo Garcia
G1, Brasília