19 de outubro de 2013
Este é um blog conservador. Um canal de denúncias do falso 'progressismo' e da corrupção que afronta a cidadania. Também não é um blog partidário, visto que os partidos que temos, representam interesses de grupos, e servem para encobrir o oportunismo político de bandidos. Falamos contra corruptos, estelionatários e fraudadores. Replicamos os melhores comentários e análises críticas, bem como textos divergentes, para reflexão do leitor. Além de textos mais amenos... (ou mais ou menos...) .
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.
sábado, 19 de outubro de 2013
VÍDEO GENIAL
Em menos de 4 minutos, 4 mil fotos de 350 pessoas em movimento — e cantando a mesma canção
O clipe de Young, música do álbum de estreia da banda australiana The Paper Kites nos Estados Unidos, levou 17 dias para ser filmado.
Foram 7 dias para fotografar 350 pessoas e 10 dias para montar cerca de 4.000 imagens.
O vídeo foi dirigido por Darcy Prendergast, da produtora australiana @ Oh Yeah Wow.
19 de outubro de 2013
in Ricardo Setti
EIS O POLÍTICO COM A FICHA MAIS SUJA DO BRASIL
O FICHA SUJA
Levantamento do Supremo Tribunal Federal aponta o ex-governador de Roraima e ex-deputado federal Neudo Campos (PP) como o político com a ficha mais suja do Brasil.
Campos é réu em seis ações penais e catorze inquéritos criminais apenas no STF, todos por peculato (apropriação indevida de dinheiro público).
Responde ainda a sete ações penais no Tribunal Regional Federal por crimes de quadrilha, peculato e improbidade.
Suas condenações em primeira instância já somam 51 anos de prisão.
Sem mandato desde 2010, Campos quer concorrer a uma vaga na Câmara, mas deve ter a candidatura impugnada.
19 de outubro de 2013
Otávio Cabral, Veja
NÓS, UM PAÍS DE OTÁRIOS
O Brasil, como bem sabem os estudiosos da língua portuguesa tal como ela é falada por aqui, é o maior importador mundial de palavras argentinas. Não espanholas, como a conhecida caramba, por exemplo – argentinas mesmo, ou, mais precisamente, portenhas, vindas diretamente das calçadas mais pobres de Buenos Aires para o cais do Porto de Santos e a Praça Mauá, no Rio de Janeiro, de onde transbordaram para o Brasil todo ao longo dos anos.
Essas palavras e expressões vêm do lunfardo, ou “lunfa”, linguajar obscuro, enigmático e com vocabulário descolado do castelhano oficial da Real Academia Española; a maior parte dele pouco ou nada significa na Espanha, no México ou no Peru. Não chega a ser um idioma, mas é bem mais que uma gíria; aparentemente surgiu no fim do século XIX como meio de comunicação entre presidiários, criminosos em geral, proxenetas, vigaristas, batedores de carteira, vadios e outros malvivientes do submundo de Buenos Aires.
Dali se incorporou ao falar da rua, nos bairros pobres dos quais La Boca é o símbolo mais conhecido dos brasileiros, e logo em seguida às letras de tango – das quais, enfim, passou para o mundo.
Ou melhor: para o Brasil. O resto do mundo pode repetir palavras cantadas por Gardel, mas não as utiliza na sua linguagem corrente. Aqui, porém, entraram com todo o gás, e há décadas fazem parte do dia a dia do português falado pelos brasileiros.
A lista não acaba mais: otário, afanar, engrupir, embromar, cambalacho, bacana, bronca, fajuto, punguista, fuleiro, grana, gaita, escracho, cana, tira, lábia, patota, cabreiro, pirado, campana, mina (não no sentido geológico), barra-pesada, e por aí se vai.
Haveria, na preferência nacional pela importação de palavras com esse tipo de significado, entre tantas outras que o lunfardo oferece, alguma atração especial da alma brasileira pela linguagem da marginalidade?
É coisa para os profissionais do ramo responderem, mas certas realidades não se podem negar: feitas todas as contas, a palavra argentina que teve mais sucesso no Brasil, do seu desembarque até o dia de hoje, é “otário”. Amamos essa palavra. Quer dizer: amamos essa palavra quando ela é aplicada aos outros ou, mais exatamente, quando não é aplicada a nós. Vale, então, como uma espécie de certidão negativa, que nos absolve de tudo aquilo que não queremos ser – bobos, enganados, passados para trás.
No Rio de Janeiro, especialmente, é coisa muito séria, do milionário ao engraxate, manter durante a vida uma reputação de não otário. Vale para o Brasil todo, é claro – ser chamado de otário, em qualquer ponto do território nacional, é ofensa grave. Mas no Rio, por alguma razão que é melhor deixar para a apreciação dos mestres em psicologia social, é insulto maior ainda – assim como é um orgulho, assumido ou disfarçado, considerar-se portador da imagem oposta, a do “malandro”.
Depende, naturalmente, da circunstância e do jeito com que a palavra é usada, mas é frequente que o indivíduo classificado como malandro sinta que recebeu um elogio. Vale como um genérico para todo tipo de avaliação positiva: ser tido como malandro é ser tido como inteligente, esperto, habilidoso, experiente, prático, capaz de cuidar de si mesmo, vacinado contra a suprema humilhação de “ficar no prejuízo”.
É comum, no Rio, o sujeito trabalhar de sol a sol, cozinhando no meio de um calor de 40 graus na operação de uma britadeira de rua ou na direção de um ônibus urbano, ganhando uma mixaria e sendo barrado na entrada de tudo aquilo que se considera “vantagens da vida”.
Ao mesmo tempo, sabe que é roubado todos os dias, que o governador do Estado usa helicópteros oficiais, mantidos à sua custa, para transportar seu cachorrinho de estimação entre o Rio e Mangaratiba, e que a casa onde mora pode vir abaixo nas próximas chuvas de verão. Não importa: ele vai morrer achando que foi um grande malandro, e que otários são os outros.
É uma situação de sonho para governantes, vendedores de ilusões e vigaristas de todas as especialidades; têm à sua disposição, sempre, uma clientela que é tola o suficiente para achar que não é tola nunca. O Brasil da esperteza, onde se cultua a “malandragem” em tudo, é, na verdade, um dos países mais crédulos do mundo.
Há poucos, do seu porte, com tantos ludibriados, ingênuos, trapaceados, compradores de mercadoria falsa vendida pela marquetagem política, levados na conversa por palavrório de palanque, prontos a acreditar em farsantes notórios – enfim, e com o perdão da palavra, com tantos otários.
19 de outubro de 2013
J.R.Guzzo
A CONFERÊNCIA QUE CONFERE E O RIBEIRINHO DA AMAZÔNIA
Todas as sandices de Dilma são recorrentes. Ela sempre retorna aos mesmos raciocínios canhestros, que ficam cada vez mais canhestros quando repetidos. É o caso da estranha conferência-auditoria, que internei no Sanatório Geral em 28 de maio de 2010, Dilma ainda candidata, e na época com a revelação da autoria e local: um ribeirinho da Amazônia. Segue-se ao delírio dilmês de três anos e meio, no Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde em Gramado. Atrás meu comentário na ocasião:
“Eu conto pra vocês uma síntese feita por um ribeirinho lá na Amazônia, quando foi perguntado (sic), ele participava de uma das conferências, perguntado pra ele (sic) pra que qui (sic) servia uma conferência, afinal de contas. E ele disse: uma conferência serve pra conferir se tudo está nos conformes. É uma síntese pra mim perfeita do quequié (sic) que uma conferência faz. Ela serve pra gente conferir se tudo está nos conformes”.
A historinha encerra algumas conclusões:
1) Existe alguém no mundo com a pachorra de perguntar a um ribeirinho para que serve uma conferência;
2) A resposta do ribeirinho é gramaticalmente perfeita e faz sentido;
3) Dilma precisou citar um ribeirinho para, pela primeira vez, dizer uma frase com começo, meio e fim;
4) Um ribeirinho da Amazônia nunca diria “o quequié que uma conferência faz”;
5) Um ribeirinho da Amazônia fala melhor do que Dilma.
19 de outubro de 2013
CELSO ARNALDO ARAÚJO
“Eu conto pra vocês uma síntese feita por um ribeirinho lá na Amazônia, quando foi perguntado (sic), ele participava de uma das conferências, perguntado pra ele (sic) pra que qui (sic) servia uma conferência, afinal de contas. E ele disse: uma conferência serve pra conferir se tudo está nos conformes. É uma síntese pra mim perfeita do quequié (sic) que uma conferência faz. Ela serve pra gente conferir se tudo está nos conformes”.
A historinha encerra algumas conclusões:
1) Existe alguém no mundo com a pachorra de perguntar a um ribeirinho para que serve uma conferência;
2) A resposta do ribeirinho é gramaticalmente perfeita e faz sentido;
3) Dilma precisou citar um ribeirinho para, pela primeira vez, dizer uma frase com começo, meio e fim;
4) Um ribeirinho da Amazônia nunca diria “o quequié que uma conferência faz”;
5) Um ribeirinho da Amazônia fala melhor do que Dilma.
19 de outubro de 2013
CELSO ARNALDO ARAÚJO
A MAIS CONFORTÁVEL ENTRE AS CORRUPÇÕES
Você já ouviu falar em corrupção universitária, estas duas palavras juntas? Se ouviu, provavelmente é porque leu este blog. Ponha as duas palavras entre aspas no Google. Verá que inexistem na grande imprensa.
A mais confortável corrupção hoje – costumo afirmar – é a corrupção universitária. Muito mais ampla e mais permanente que a corrupção no Congresso. Os coitadinhos dos deputados e senadores são denunciados por levar mulheres, amantes e prostitutas para uma ou duas semaninhas no Exterior. Bolsista do CNPq ou Capes fica quatro ou cinco anos nas mais prestigiosas capitais do Ocidente. Se voltar de mãos vazias, tudo bem. Se você tem vocação para a corrupção, deixe de lado a política. Os jornalistas caem em cima. Universidade é muito melhor. Jornalista algum denuncia a universidade.
Ainda há pouco eu falava do artigo publicado na Science Magazine, no qual o americano John Bohannon mostra o que aconteceu quando ele enviou para 304 revistas científicas um artigo sem pé nem cabeça: 157 delas aceitaram.
O trabalho de Bohannon, assinado por um fictício autor de nome estapafúrdio - Ocorrafoo Cobange -, versava sobre uma molécula que, extraída de um líquen (simbiose de alga e um fungo como o cogumelo), teria o superpoder de combater o câncer. Não bastasse o autor ser inexistente, sua universidade também está para ser encontrada no mundo real: o Wassee Institute of Medicine, sediado em Asmara, é produto da imaginação de Bohannon.
- De um início modesto e idealista uma década atrás, revistas científicas de acesso aberto se expandiram a uma indústria global, movida por taxas para publicação em vez de inscrições tradicionais - afirma Bohannon.
Escreve um amigo universitário: “É isto aí mesmo. Boa parte dos periódicos internacionais, em especial a Elsevier cobram e CARO para ter um artigo publicado. Cito dois periódicos: Computers & Education e Computers in Human Behavior. Em ambas, o custo é de US$ 1.800. Já avisei para meus alunos economizarem pois quando tivermos o valor, vamos submeter para lá. Detalhe: A primeira tem uma característica interessante: os artigos aceitos tem revisões bibliográficas bastante extensas e amplas, só que na hora de o cidadão mostrar o que fez, as vezes é um estudo maravilhoso sobre a importância do uso do PowerPoint em sala de aula”.
No fundo, é a universidade que impele professores sem produção científica objetiva a publicar artigos para aumentar o currículo. A “produção” do professor é medida pelo número de citações nessas revistas. Conversando com acadêmicos, eu falava de um outro truque, artigos assinados por dois ou três professores, o que duplica e mesmo triplica as produções de todos. Santa ingenuidade a minha. Um amigo da UFSC me conta que a pressão por “papers” é cada vez maior e há artigos assinados por onze ou doze “cientistas”.
No Estadão de hoje, Fernando Reinach traduz artigo da Nature, no qual são denunciadas outras práticas da universidade brasileira. Reproduzo a tradução:
“Com profissionalização da ciência foram criados mecanismos para acompanhar o progresso de cientistas do grupo "ainda não descobri nada". A solução foi a publicação e avaliação de resultados parciais, os trabalhos científicos. Neles os cientistas descrevem os progressos que obtêm ao longo da vida. É uma forma de prestar contas do trabalho em andamento. No século XIX a obra de uma vida consistia em um punhado de livros. Hoje um jovem que ainda não descobriu nada relevante possui em seu currículo dezenas de trabalhos científicos, cada um descrevendo uma micro-descoberta”.
Como o estudo maravilhoso sobre a importância do uso do Power Point em sala de aula – acrescentaria eu.
“A avaliação é feita de maneira quantitativa, com base no número de citações. Se um trabalho é citado na bibliografia de muitos trabalhos de outros cientistas, ele é considerado bom. Se o trabalho é pouco citado, ele é pior. Com base na quantidade de trabalhos publicados e as citações recebidas, é calculado um índice da qualidade do cientista (você pode verificar o índice dos seus conhecidos no Google Scholar), utilizado para decidir quem merece financiamento, quem deve ser contratado ou promovido. Esse critério numérico provoca distorções como o fracionamento de cada pequena descoberta em um número maior de trabalhos”.
“Esse mecanismo criou um incentivo para os editores tentarem aumentar o fator de impacto de suas revistas. Foi com esse propósito que os editores de quatro revistas científicas médicas brasileiras formaram sua pequena quadrilha. Os editores da Revista da Associação Médica Brasileira, da Clinics, do Jornal Brasileiro de Pneumologia e da Acta Ortopédica Brasileira, todos ligados aos melhores hospitais e universidades brasileiras, tiveram uma ideia. Cada uma das quatro revistas publicaria uma série de artigos nos quais seriam citados um grande número de artigos publicados nas outras três revistas. Os artigos foram encomendados e publicados.
“Os editores imaginaram que, com o aumento de citações recebidas pelas revistas, o índice de impacto seria aumentado no sistema de classificação da Thomson Reuters, que apura e publica o índice de impacto de todas as revistas científicas. Ao cruzarem os dados, os computadores da Thomson Reuters descobriram a anomalia e desmascararam a artimanha do grupo. Um dos editores confessou a trapaça”.
Isto é ilegal? Não é. Mas é trapaça. É a corrupção perfeitamente legal, área na qual a universidade brasileira excele. Outra é a endogamia universitária. Vá de novo ao Google, ponha entre aspas as duas palavrinhas. Só encontrará a expressão nos jornais da Espanha ou Portugal. No Brasil, só em blogs.
No entanto, é a corrupção que mais grassa na universidade nossa. Professores casam com professoras e geram professorinhos. Em uma banca de concurso, um jurado jamais reprovará o filho de um colega. Pois depois vem o rebote. Mais dia menos dia o professor que reprovou quer fazer turismo universitário em Paris ou Londres. E verá o quanto dói uma saudade. Assim, entende-se que tais denúncias só surjam no Exterior. Acadêmico nenhum vai denunciar as falcatruas das quais se beneficia.
Não tenha dúvidas: a mais confortável corrupção é a universitária.
19 de outubro de 2013
janer cristaldo
A mais confortável corrupção hoje – costumo afirmar – é a corrupção universitária. Muito mais ampla e mais permanente que a corrupção no Congresso. Os coitadinhos dos deputados e senadores são denunciados por levar mulheres, amantes e prostitutas para uma ou duas semaninhas no Exterior. Bolsista do CNPq ou Capes fica quatro ou cinco anos nas mais prestigiosas capitais do Ocidente. Se voltar de mãos vazias, tudo bem. Se você tem vocação para a corrupção, deixe de lado a política. Os jornalistas caem em cima. Universidade é muito melhor. Jornalista algum denuncia a universidade.
Ainda há pouco eu falava do artigo publicado na Science Magazine, no qual o americano John Bohannon mostra o que aconteceu quando ele enviou para 304 revistas científicas um artigo sem pé nem cabeça: 157 delas aceitaram.
O trabalho de Bohannon, assinado por um fictício autor de nome estapafúrdio - Ocorrafoo Cobange -, versava sobre uma molécula que, extraída de um líquen (simbiose de alga e um fungo como o cogumelo), teria o superpoder de combater o câncer. Não bastasse o autor ser inexistente, sua universidade também está para ser encontrada no mundo real: o Wassee Institute of Medicine, sediado em Asmara, é produto da imaginação de Bohannon.
- De um início modesto e idealista uma década atrás, revistas científicas de acesso aberto se expandiram a uma indústria global, movida por taxas para publicação em vez de inscrições tradicionais - afirma Bohannon.
Escreve um amigo universitário: “É isto aí mesmo. Boa parte dos periódicos internacionais, em especial a Elsevier cobram e CARO para ter um artigo publicado. Cito dois periódicos: Computers & Education e Computers in Human Behavior. Em ambas, o custo é de US$ 1.800. Já avisei para meus alunos economizarem pois quando tivermos o valor, vamos submeter para lá. Detalhe: A primeira tem uma característica interessante: os artigos aceitos tem revisões bibliográficas bastante extensas e amplas, só que na hora de o cidadão mostrar o que fez, as vezes é um estudo maravilhoso sobre a importância do uso do PowerPoint em sala de aula”.
No fundo, é a universidade que impele professores sem produção científica objetiva a publicar artigos para aumentar o currículo. A “produção” do professor é medida pelo número de citações nessas revistas. Conversando com acadêmicos, eu falava de um outro truque, artigos assinados por dois ou três professores, o que duplica e mesmo triplica as produções de todos. Santa ingenuidade a minha. Um amigo da UFSC me conta que a pressão por “papers” é cada vez maior e há artigos assinados por onze ou doze “cientistas”.
No Estadão de hoje, Fernando Reinach traduz artigo da Nature, no qual são denunciadas outras práticas da universidade brasileira. Reproduzo a tradução:
“Com profissionalização da ciência foram criados mecanismos para acompanhar o progresso de cientistas do grupo "ainda não descobri nada". A solução foi a publicação e avaliação de resultados parciais, os trabalhos científicos. Neles os cientistas descrevem os progressos que obtêm ao longo da vida. É uma forma de prestar contas do trabalho em andamento. No século XIX a obra de uma vida consistia em um punhado de livros. Hoje um jovem que ainda não descobriu nada relevante possui em seu currículo dezenas de trabalhos científicos, cada um descrevendo uma micro-descoberta”.
Como o estudo maravilhoso sobre a importância do uso do Power Point em sala de aula – acrescentaria eu.
“A avaliação é feita de maneira quantitativa, com base no número de citações. Se um trabalho é citado na bibliografia de muitos trabalhos de outros cientistas, ele é considerado bom. Se o trabalho é pouco citado, ele é pior. Com base na quantidade de trabalhos publicados e as citações recebidas, é calculado um índice da qualidade do cientista (você pode verificar o índice dos seus conhecidos no Google Scholar), utilizado para decidir quem merece financiamento, quem deve ser contratado ou promovido. Esse critério numérico provoca distorções como o fracionamento de cada pequena descoberta em um número maior de trabalhos”.
“Esse mecanismo criou um incentivo para os editores tentarem aumentar o fator de impacto de suas revistas. Foi com esse propósito que os editores de quatro revistas científicas médicas brasileiras formaram sua pequena quadrilha. Os editores da Revista da Associação Médica Brasileira, da Clinics, do Jornal Brasileiro de Pneumologia e da Acta Ortopédica Brasileira, todos ligados aos melhores hospitais e universidades brasileiras, tiveram uma ideia. Cada uma das quatro revistas publicaria uma série de artigos nos quais seriam citados um grande número de artigos publicados nas outras três revistas. Os artigos foram encomendados e publicados.
“Os editores imaginaram que, com o aumento de citações recebidas pelas revistas, o índice de impacto seria aumentado no sistema de classificação da Thomson Reuters, que apura e publica o índice de impacto de todas as revistas científicas. Ao cruzarem os dados, os computadores da Thomson Reuters descobriram a anomalia e desmascararam a artimanha do grupo. Um dos editores confessou a trapaça”.
Isto é ilegal? Não é. Mas é trapaça. É a corrupção perfeitamente legal, área na qual a universidade brasileira excele. Outra é a endogamia universitária. Vá de novo ao Google, ponha entre aspas as duas palavrinhas. Só encontrará a expressão nos jornais da Espanha ou Portugal. No Brasil, só em blogs.
No entanto, é a corrupção que mais grassa na universidade nossa. Professores casam com professoras e geram professorinhos. Em uma banca de concurso, um jurado jamais reprovará o filho de um colega. Pois depois vem o rebote. Mais dia menos dia o professor que reprovou quer fazer turismo universitário em Paris ou Londres. E verá o quanto dói uma saudade. Assim, entende-se que tais denúncias só surjam no Exterior. Acadêmico nenhum vai denunciar as falcatruas das quais se beneficia.
Não tenha dúvidas: a mais confortável corrupção é a universitária.
19 de outubro de 2013
janer cristaldo
DEFICIT DE LEGALIDADE E CIDADANIA
A ideia é simples: quanto mais a lei é aplicada, melhores são as instituições; por outro lado, quanto menos a lei é prestigiada, maior o grau de degeneração institucional.
Vamos, então, deixar as subjetividades de lado e passar a casos objetivos: a Constituição, por exemplo, assegura “o respeito à integridade física e moral” dos presos, determina que o salário mínimo deve ser capaz de atender as necessidades de “moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social” e, por último, diz em alto e bom som que “moralidade e eficiência” são princípios da administração pública brasileira.
Tais regras, no entanto, só existem no papel, pois os presídios são caóticos, o salário mínimo praticamente se esvai em moradias precárias e magra alimentação, enquanto que moralidade é uma palavra desconhecida da política, assim como eficiência é uma nota proibida no sarau da burocracia brasileira.
Moral da história: a lei no Brasil é, muitas vezes, uma simples miragem no deserto da incompetência política. E, quanto maior a incompetência da política, mais distante a Constituição fica da realidade da vida.
Em outras palavras, é a política a nobre arte humana de dar cores ao preto e branco da norma sobre o papel. Logo, a aridez da vida pública nacional revela que nossos políticos, com honrosas exceções, são simples artistas de um teatro profano. O preocupante é que a situação, ao invés de melhorar, mais empalidece a cada nova primavera.
Outro dado sintomático de que a lei não funciona no Brasil está no vertiginoso aumento da litigiosidade judicial, ou seja, se há litígio, é porque a lei não foi cumprida em alguma medida, criando um conflito de interesses entre as partes envolvidas.
É claro que algum espírito mais benevolente poderá sustentar o contrário: o aumento da litigiosidade, ao invés da fragilidade institucional da lei, revela justamente que as pessoas estão indo atrás de seus direitos. A premissa é bonita, mas é logicamente falsa. Afinal, se as pessoas precisam ir atrás de direitos, é porque, na prática, não os têm.
Na verdade, a lei no Brasil é como aquela imagem do macaco correndo atrás da banana: no início, o macaquinho corre, corre, corre, e nada; chega um momento em que o pobre mortal, exausto de tanto correr, desiste e, aí, o que ele faz? Bate na porta do Judiciário em busca de justiça.
Tal fenômeno vem acontecendo sistematicamente em nosso país e bem revela que muitos de nossos direitos precisam de um ato judicial para serem efetivados. No final, além da fadiga dos materiais que funcionam, restará a amarga evidência de que a lei brasileira promete muito, mas a política faz muito pouco. Sim, a política está definitivamente mal e degradante. Mas e nós, como cidadãos e sociedade civil, o que temos feito de positivo para mudar esse quadro desolador?
19 de outubro de 2013
Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr
Fonte: Zero Hora
Vamos, então, deixar as subjetividades de lado e passar a casos objetivos: a Constituição, por exemplo, assegura “o respeito à integridade física e moral” dos presos, determina que o salário mínimo deve ser capaz de atender as necessidades de “moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social” e, por último, diz em alto e bom som que “moralidade e eficiência” são princípios da administração pública brasileira.
Tais regras, no entanto, só existem no papel, pois os presídios são caóticos, o salário mínimo praticamente se esvai em moradias precárias e magra alimentação, enquanto que moralidade é uma palavra desconhecida da política, assim como eficiência é uma nota proibida no sarau da burocracia brasileira.
Moral da história: a lei no Brasil é, muitas vezes, uma simples miragem no deserto da incompetência política. E, quanto maior a incompetência da política, mais distante a Constituição fica da realidade da vida.
Em outras palavras, é a política a nobre arte humana de dar cores ao preto e branco da norma sobre o papel. Logo, a aridez da vida pública nacional revela que nossos políticos, com honrosas exceções, são simples artistas de um teatro profano. O preocupante é que a situação, ao invés de melhorar, mais empalidece a cada nova primavera.
Outro dado sintomático de que a lei não funciona no Brasil está no vertiginoso aumento da litigiosidade judicial, ou seja, se há litígio, é porque a lei não foi cumprida em alguma medida, criando um conflito de interesses entre as partes envolvidas.
É claro que algum espírito mais benevolente poderá sustentar o contrário: o aumento da litigiosidade, ao invés da fragilidade institucional da lei, revela justamente que as pessoas estão indo atrás de seus direitos. A premissa é bonita, mas é logicamente falsa. Afinal, se as pessoas precisam ir atrás de direitos, é porque, na prática, não os têm.
Na verdade, a lei no Brasil é como aquela imagem do macaco correndo atrás da banana: no início, o macaquinho corre, corre, corre, e nada; chega um momento em que o pobre mortal, exausto de tanto correr, desiste e, aí, o que ele faz? Bate na porta do Judiciário em busca de justiça.
Tal fenômeno vem acontecendo sistematicamente em nosso país e bem revela que muitos de nossos direitos precisam de um ato judicial para serem efetivados. No final, além da fadiga dos materiais que funcionam, restará a amarga evidência de que a lei brasileira promete muito, mas a política faz muito pouco. Sim, a política está definitivamente mal e degradante. Mas e nós, como cidadãos e sociedade civil, o que temos feito de positivo para mudar esse quadro desolador?
19 de outubro de 2013
Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr
Fonte: Zero Hora
MENTIRA PREMIADA
A mentira dos combustíveis: “A indústria mais eficiente de todo o planeta terra”
Descrição
Em discurso na 8ª Agrocana em Sertãozinho (SP), o ex-presidente Lula afirmou que a indústria brasileira do álcool combustível era “a mais eficiente, e a mais competitiva de todo o planeta Terra. Além de custar quase três vezes menos que o similar norte-americano”. Sete meses depois, a alta no preço dos combustíveis provocado pelo desabastecimento de álcool obrigou o Brasil a importar 200 milhões de litros de etanol justamente dos norte-americanos.
19 de outubro de 2013
DESMENTINDO BOATOS DE AFASTAMENTO, O PM DO CASO HORNET FOI NA VERDADE CONDECORADO
A secretaria de segurança não só desmentiu o boato, como condecorou o oficial com uma Medalha de Mérito Pessoal em 1º Grau
No domingo passado, um vídeo não só viralizou na web, como pautou publicações nacionais e internacionais. Trata-se da tentativa de assalto a um proprietário de uma motocicleta Hornet, tentativa essa frustrada graça à ação imediata de um PM que passava pelo local. Até o momento, já são mais de 2 milhões de visitas ao registro feito por uma câmera instalada no capacete da vítima:
O problema é que, dias depois, correu um boato na mesma rede de que a secretaria de segurança teria afastado o policial envolvido no caso. A versão equivocada ganhou força quando o vereador Coronel Telhada fez um duro pronunciamento na câmara se indignando com o afastamento. A secretaria não tardou a soltar uma nota desmentido o boato:
A Polícia Militar esclarece que o oficial da corporação envolvido em uma ocorrência de tentativa de assalto ao proprietário de uma motocicleta no sábado (12/10) não foi afastado de suas funções.Reafirmamos que a ação do policial foi legítima e correta, com a observância das técnicas policiais, não estando relacionada nos casos que determinem avaliação psicológica para inclusão no Programa de Acompanhamento e Apoio ao Policial Militar (PAAPM).(grifos nossos)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), confirmou nesta segunda-feira, 14, a versão divulgada pela Polícia Militar (PM) e afirmou que a ação do policial que foi filmado atirando num criminoso “foi legítima”. “A minha opinião é que a atitude do policial foi legítima e correta”, comentou.(grifos nossos)
A rádio Bandeirantes conseguiu uma entrevista exclusiva com o oficial, que segue, por motivos óbvios de segurança, preferindo preservar o nome. O áudio pode ser conferido aqui. Abaixo, segue um trecho da de sua fala:
“Observei a chegada das duas motocicletas e percebi que a motocicleta que vinha atrás vinha com dois indivíduos. Um deles apontou a arma e anunciou o roubo. Tinha muita gente ali, muitos veículos passando e eu fiquei aguardando o melhor momento para agir e se houvesse esse melhor momento, né? Eis que, de repente, houve um bom momento para agir, que eu reduzi a possibilidade de resistência do infrator. Me aproximei dele, pedi para ele levantar as mãos, infelizmente ele não obedeceu, tentou tirar a arma da cintura e foi o momento em que a gente infelizmente teve que efetuar os dois disparos, mas que não foram mortais. Então, graças a Deus, deu tudo certo na ocorrência.”(grifos nossos)
Na continuação da entrevista, o PM ressalta ser esta uma situação rotineira do seu trabalho e que só repercutiu graças à filmagem que veio cair na web. Pelo episódio e por todo o trabalho desempenhado na região onde atua, o oficial foi condecorado na sexta-feira com uma Medalha de Mérito Pessoal em 1º Grau.
19 de outubro de 2013
Implicante
DILMA R$ 331 BILHÕES JOGADOS FORA COM LEILÃO DO PRÉ-SAL
Dilma dá um prejuízo desse tamanhão para o Brasil: mais de R$ 300 bilhões.
O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás Ildo Sauer disse que a ação protocolada por ele e pelo advogado Fábio Konder Comparato mostra que há ilegalidades técnicas e ameaça à soberania nacional na realização do leilão de Libra, marcado para segunda-feira, 21. De acordo com ele, o modelo de partilha pode levar o governo a deixar de ganhar de R$ 176,8 bilhões a R$ 331,3 bilhões. Os cálculos estão no processo que pede a suspensão da disputa e leva em conta diferentes cenários com o preço do barril de petróleo entre US$ 60 e US$ 160.
Sauer afirmou que o modelo de Libra atende ao interesse da China de baratear o preço do petróleo no mercado internacional ao aumentar suas fontes do produto. O país asiático está muito próximo de se tornar o maior importador mundial de petróleo.
Para Sauer, o Brasil deveria adotar um modelo em que a Petrobrás seja a única sócia da exploração do pré-sal e, com isso, possa controlar a produção com o objetivo de manter o preço em patamares desejados. "É uma defesa de cartel mesmo, mas cartel de interesse do povo brasileiro", disse Sauer, ao ser questionado se o seu modelo não se assemelha às ações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). "Não há nada de ilegítimo nisso, só não pode haver cartel dentro do País", completou.
Ele defende um modelo em que a Petrobrás seja a única sócia mas que possa adotar parceiros estrangeiros para exploração, a quem caberia o financiamento da operação. "Converter o petróleo em dinheiro agora significa risco de ver o preço do produto diminuir, além do risco financeiro ao converter o petróleo em moeda estrangeira", declarou. "Me sinto mais seguro com o petróleo embaixo do mar", finalizou.
O ex-diretor, professor titular de energia e atual diretor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), afirmou também que é ilegal a realização do leilão em um momento em que a Petrobrás está "fragilizada" pela política do governo para combustíveis e "presa" ao seu plano de investimentos. "A Petrobrás tem capacidade técnica e demonstrou interesse em extrair o petróleo do pré-sal."
Ele disse estar confiante de que a Justiça vá aceitar o seu pedido e o de outras ações semelhantes. Sauer contou que ações estão sendo protocoladas em várias partes do País, entre eles os Estados de Paraná, Distrito Federal, Amapá e Rio de Janeiro. Sauer protocolou a ação na quinta-feira, 17, e falou com a imprensa na tarde desta sexta, 18.
(Estadão)
19 de outubro de 2013
in coroneLeaks
PT ABANDONA CABRAL À BEIRA DO CAMINHO. CANDIDATURA DE LINDBERGH É "IRREVOGÁVEL"
Ao rejeitar o pedido do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e do vice-governador Luiz Fernando Pezão, provável candidato do PMDB à sucessão estadual, para que os petistas desistam da candidatura própria no Estado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, alegou que a postulação do senador Lindbergh Farias é "irrevogável".
Os peemedebistas alegaram no encontro de anteontem, no Palácio Guanabara, que a aliança entre os partidos é forte no Rio de Janeiro. Disseram também que o rompimento seria ruim para a presidente Dilma Rousseff, que irá disputar a reeleição. Falcão, contudo, não aceitou os argumentos e respondeu à proposta com a expressão forte: "A candidatura de Lindbergh é irrevogável", afirmou Falcão, observando que o PT fluminense está unificado em torno da postulação do senador.
No tenso almoço que reuniu os três no gabinete de Cabral, Falcão também rejeitou outro pedido do PMDB, para que o PT empurre até o meio do ano que vem a decisão de deixar o governo. O presidente nacional petista retrucou que a decisão de deixar o governo já está tomada. O partido marcou para 25 de novembro a reunião do diretório regional em que oficializará o desembarque dos petistas da administração estadual, onde ocupa duas secretarias (Direitos Humanos e Ambiente) e cerca de 150 cargos.
O fracasso de Cabral em conseguir apoio do comando nacional petista para a retirada de Lindbergh e para o adiamento da saída do governo ficou claro nas entrevistas posteriores ao encontro. Aparentando serenidade, Falcão disse que Cabral não fizera nenhum apelo em relação à candidatura Lindbergh. Já Pezão trocou a descontração habitual por uma expressão grave, com a qual reafirmou que o PMDB terá candidato a governador. Ele disse ainda que seu partido fará "todos os esforços possíveis" para manter a aliança com os petistas.
(Estadão)
19 de outubro de 2013
in coroneLeaks
TEMER EXPÕE A LULA RISCOS QUE RONDAM ALIANÇA
Lula retomou as rédeas da articulação do conglomerado partidário pró-reeleição de Dilma Rousseff. Nesta sexta-feira (18), chamou o vice-presidente Michel Temer para uma conversa no instituto que leva o seu nome, em São Paulo. Ouviu dele um relato pouco tranquilizador sobre as ameaças à solidez da coligação governista. O PMDB de Temer antevê um final de ano turbulento.
Deve-se a inquietação ao entroncamento de duas encrencas. Juntaram-se no calendário a troca de 12 ministros em dezembro e a deflagração do processo de formação dos palanques estaduais. Na avaliação de Temer e seu grupo, há ruídos demais em torno desses dois assuntos. Avalia-se que, se não forem silenciados, esses rumores podem ameaçar a higidez do projeto.
Quanto à reforma da Esplanada, o que tira o sossego do PMDB é a suposta intenção de Dilma de substituir por técnicos os ministros que deixarão os cargos para pedir votos em 2014. No quadro esboçado por Temer, o desassossego não se restringe ao PMDB. Espraia-se por todo o condomínio.
Em relação às composições estaduais, o PMDB se queixa da falta de generosidade do PT. Um integrante do grupo de Temer resumiu a cena: “O PT não pode querer eleger a presidente da República, continuar controlando 19 ministérios e ainda querer brigar com os partidos aliados nos Estados.”
Para o PMDB, a encrenca é maior e mais explosiva no Rio de Janeiro. Em português claro, o partido de Temer deseja que Lula retire da raia a candidatura petista do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado, e obrigue o PT a apoiar o candidato do governador Sérgio Cabral (PMDB), o vice Luiz Pezão.
De passagem pelo Rio, Lula reunira-se com Cabral e Pezão na noite de quinta. Na conversa com Temer, recobriu a dupla de elogios. Porém, segundo o relato do vice-presidente aos seus correligionários, Lula não assumiu senão o compromisso de acionar o presidente do PT, Rui Falcão, para manter vivo o diálogo.
Para Temer e seus partidários, o Rio é simbólico porque se o PT não for capaz de reconhecer a primazia do PMDB no Estado que é o terceiro maior colégio eleitoral do país, ficará entendido que tudo pode suceder noutras praças problemáticas. Há dificuldades, por exemplo, na Bahia, em Pernambuco, no Ceará, no Mato Grosso do Sul, no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
O PMDB não perde oportunidade de recordar que a renovação da aliança com o PT terá de ser aprovada em convenção. Os convencionais virão dos Estados. E o acúmulo de passivos põe em risco a maioria de votos a favor da presença de Temer na chapa de 2014. Tudo isso num instante em que há na praça uma opção nova e ascendente: Eduardo Campos, o presidenciável do PSB.
Contra esse pano de fundo que inclui um ex-azarão vitaminado pela ex-candidata Marina Silva, o PMDB e os demais aliados de Dilma retardam para o início de abril o fechamento dos acordos em que cederão os respectivos tempos de propaganda no rádio e na tevê a um dos presidenciáveis. Em entrevista ao blog no dia 8 de outubro, Marina discorrera sobre o que chamou de “chantagem” dos aliados de Dilma (assista ao trecho abaixo).
19 de outubro de 2013
Josias de Souza - UOL
"PIOR QUE OS NÚMEROS SÓ O OTIMISMO DE DONA DILMA"
A economia americana continuou em recuperação, com mais investimentos e mais exportações, a União Europeia começou a sair da recessão, o Japão continuou avançando e a maior parte dos emergentes, embora perdendo impulso, continuou crescendo mais que o Brasil. A economia brasileira, disse nesta semana o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, será uma das poucas, neste ano, com crescimento superior ao de 2012. Ora, alvíssaras! E quantas terão crescido 0,9% no ano passado, depois de alcançar o ritmo quase alucinante de 2,7% em 2011?
Se a presidente e seus ministros levam a sério o próprio discurso, ninguém deve esperar medidas mais produtivas nos próximos meses, até porque a campanha para a reeleição é o primeiro item da agenda presidencial. A inflação e as contas públicas estão absolutamente sob controle, disse a presidente em Salvador, na terça-feira.Pelos dados oficiais, essa inflação "controlada" continua em alta. O IPCA-15, prévia do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, subiu 0,27% em setembro e 0,48% em outubro, continuando a ascensão iniciada em agosto. Em julho havia ficado em 0,07%, mas no mês seguinte já avançou 0,16%.
Acabado o efeito dos truques com tarifas de ônibus e de eletricidade, o conjunto dos preços voltou ao curso normal numa economia com muita gastança pública, muita demanda privada de consumo e capacidade produtiva defasada. Além disso, a difusão dos aumentos de preços passou de 59,5% em setembro para 65,8% em outubro, no IPCA-15, segundo cálculo da Votorantim Corretora.
O indicador de difusão - porcentagem de itens com majoração de preços - é rotineiramente calculado pelas instituições do mercado financeiro. É um importante sintoma da vulnerabilidade dos vários segmentos do mercado às pressões inflacionárias. Quando a alta se espalha por quase dois terços dos preços e a alta geral acumulada em 12 meses, 5,75%, continua longe da meta, discutir se a inflação está controlada ou descontrolada é um exercício de escassa utilidade. Além disso, o resultado em 12 meses deve continuar acima da meta de 4,5% nos próximos dois anos, até o terceiro trimestre de 2015, segundo projeção do Banco Central (BC) repetida na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária.
Além dessa ata, o BC divulgou também, nesta semana, seu índice de atividade econômica, o IBC-Br, uma espécie de prévia do produto interno bruto (PIB). Esse indicador subiu apenas 0,08% em agosto, depois de ter caído 0,33% em julho. Mesmo com um resultado melhor em setembro, a comparação do terceiro com o segundo trimestre deverá apresentar uma variação muito próxima de zero, talvez negativa, segundo a maior parte das projeções do mercado.
Esse e outros números parecem apontar, passados três quartos do ano, um crescimento pífio em 2013, embora maior que o do ano passado. O ministro da Fazenda já declarou aceitar a projeção de 2,5%, formulada pelo BC e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mas o FMI, ao contrário do governo brasileiro, projeta a mesma taxa também para 2014 e uma expansão anual média, nos próximos cinco anos, de 3,5%, se os investimentos em infraestrutura começarem a deslanchar. As previsões são melhores para a maior parte dos emergentes da Ásia, da Europa ex-socialista e da América Latina. Quase todos, além disso, continuarão com inflação menor que a do Brasil.
O crescimento brasileiro, garante o ministro da Fazenda, será puxado, a partir deste ano, principalmente pelos investimentos. Mas, como ele mesmo reconhece, o valor investido em equipamentos produtivos, em instalações e em infraestrutura tem continuado próximo de 18% do PIB, poderá subir um pouco este ano e caminhar - esta é a meta oficial - para 24% dentro de alguns anos. Ninguém sabe quando essa proporção será alcançada, Quando isso ocorrer, o Brasil ainda investirá menos, proporcionalmente, do que investem hoje as economias mais dinâmicas da América do Sul.
Se esse avanço depender do governo, o caminho será muito longo, Até setembro o Tesouro investiu 35,7% dos R$ 91,2 bilhões previstos no Orçamento federal, valor menor que o do ano passado, descontada a inflação. A infraestrutura continua muito deficiente e o setor privado, por muitas razões, também tem investido menos que o necessário.
A piora da balança comercial é uma das consequências. O saldo oficial de 2013 até a segunda semana de outubro foi um superávit de US$ 964 milhões. Na semana anterior, a exportação fictícia de uma plataforma de petróleo havia adicionado US$ 1,9 bilhão à receita. Essa e outras plataformas contabilizadas neste ano jamais foram embarcadas. A operação tem finalidade tributária, mas é contada como receita.
A presidente e seus auxiliares costumam insistir, também, no discurso da boa gestão fiscal. Podem convencer quem ignora a contabilidade criativa e as ligações perigosas do Tesouro com os bancos federais - dados conhecidos internacionalmente e objetos de gozação dentro e fora do País. Pelo menos isto se pode dizer a favor da retórica e dos truques oficiais: são divertidos.
19 de outubro de 2013
Rolf Kuntz, O Estado de São Paulo
"UM PAÍS ATRASADO"
Sou a favor da liberdade de expressão. Considero uma regressão civilizatória a retirada de um livro do mercado só porque um biografado se sentiu ofendido. Um cidadão incomodado deve ir à Justiça e ser ressarcido pelo dano causado. Mas quem vive e ganha dinheiro se expondo na mídia não tem como reclamar quando seus hábitos no café da manhã são revelados.
Apesar de pensar assim, acredito que Caetano Veloso, Chico Buarque e Djavan, entre outros, prestam um serviço ao ficarem do outro lado do muro. Eles nos ajudam a enxergar o óbvio: o Brasil é um país atrasado. Não estão disseminados por aqui os valores republicanos clássicos. Liberdade de expressão é uma abstração que não faz parte da vida real da imensa maioria dos brasileiros.
Caetano, Chico e Djavan compõem essa paisagem. Chocam parte dos leitores da Folha, mas será que a reação seria a mesma na maioria da população? Não somos o Brasil potência dos anúncios do governo na TV, em que os pobres estão sempre sorrindo e os direitos parecem plenos para todos.
O Brasil real é o das ruas com calçadas esburacadas e ônibus sujos e lotados. Da Justiça lenta e improdutiva. O Brasil é conservador. Seu conjunto de valores está em formação. A democracia só tem 25 anos.
Talvez o Datafolha pudesse perguntar a brasileiros que circulam no viaduto do Chá, em São Paulo, ou na Cinelândia, no Rio: "Você é a favor ou contra retirar do mercado um livro que exponha a vida de Roberto Carlos, incluindo a intimidade do cantor, dramas pessoais na infância sobre os quais ele não fala em público, casamentos malsucedidos e um lado menos conhecido da vida desse artista? Está certo publicar um livro que seja verdadeiro, porém constrangedor para Roberto Carlos?".
Suspeito que muitos aprovariam a censura prévia. O Brasil profundo é assim. Continua refém daquela velha profecia: corre o risco de ficar obsoleto antes de ficar pronto.
19 de outubro de 2013
Fernando Rodrigues, Folha de São Paulo
"NOSSOS ÍDOLOS NÃO SÃO MAIS OS MESMOS"
Chico, Caetano, Gil expõem a face da censura... A saudade da ditadura mobiliza ex contestadores do regime militar, que os fez milionários
19 de outubro de 2013
ESTATAIS CHINESAS DISPUTAM ÁREA DE LIBRA NO PRÉ-SAL
Das 11 empresas habilitadas, apenas duas são privadas. Especialistas fazem alerta
O leilão da área de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, marcado para segunda-feira, contará com a participação maciça de estatais. Das onze companhias habilitadas, nove pertencem ao governo, incluindo a Petrobras. Por isso, de acordo com especialistas do setor, o certame é visto com preocupação. Segundo eles, o fato dessas dez companhias estrangeiras serem controladas por governos pode trazer riscos ao desenvolvimento do megacampo de petróleo e para a Petrobras, que terá uma participação mínima obrigatória de 30% no consórcio vencedor. Os especialistas destacam ainda riscos de não cumprimento da regra de conteúdo local mínimo (que favorece a produção nacional) e de contratação de mão de obra estrangeira.
Segundo estimativas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Libra tem reservas de óleo recuperável entre oito e 12 bilhões de barris e deve produzir, quinze anos após a assinatura do contrato, quando estiver a plena carga, cerca de 1,4 milhão de barris por dia.
O governo chinês estará “presente” no leilão do megacampo por meio das estatais CNOOC e CNPC. Além disso, tem participação na Repsol/Sinopec - em 2010, a chinesa Sinopec comprou 40% de participação da espanhola - e na portuguesa Petrogral, com 30% das ações. Na lista das estatais estão ainda a indiana ONGC, a colombiana Ecopetrol, a japonesa Mitsui e a malaia Petronas. Entre as empresas privadas, apenas a francesa Total e anglo-holandesa Shell.
David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), diz que essas empresas estatais, sem muita relação com o Brasil, dependem do dinheiro de seus governos para fazer investimentos. Daí, a possibilidade de risco.
- Veja o que ocorreu com a PDVSA (venezuelana) e a Petrobras no caso da refinaria no Nordeste. O governo da Venezuela não colocou o dinheiro no empreendimento. Não sei se esse tipo de coisa pode ocorrer agora (com Libra), mas é um risco. O fato de as empresas multinacionais privadas não participarem do leilão de Libra indica que, em vez do risco de mercado, há um risco de governo, pois vai ocorrer muita intervenção do governo brasileiro - explica Zylbersztajn, referindo-se à estatal PPSA criada para fazer a gestão da exploração na partilha.
O advogado especializado em petróleo Claudio Pinho lembra que a ANP endossou a participação de várias empresas chinesas, ao permitir que Repsol/Sinopec e Petrogal participem do leilão, além das outras duas estatais chinesas. Segundo ele, há um risco de o governo chinês influenciar no resultado do leilão:
- Na prática, as empresas são controladas pelo governo chinês. Assim, o governo de lá sabe quanto cada uma vai poder oferecer. E isso pode até ser contestado futuramente. Os países da Ásia enfrentam hoje uma crise energética e precisam urgentemente de petróleo - afirmou.
As críticas relacionadas à participação dos chineses na licitação de Libra não incomodam o governo brasileiro que, há algumas semanas, enviou emissários de peso ao país asiático para promover o evento de petróleo: os ministros da Casa Civil e do Desenvolvimento, Gleisi Hoffmann e Fernando Pimentel. O fato de só duas companhias serem privadas no certame é visto com naturalidade pelo governo, já que em quase todo o mundo o setor petrolífero é estatizado.
Segundo fontes, as estatais chinesas CNOOC e CNPC vão participar do leilão com a apoio do China Development Bank, o banco de fomento do governo.
Aloisio Araújo, economista da EPGE/FGV, ressalta que as empresas dos países asiáticos, por demandaram cada vez mais energia e não terem reservas na mesma proporção, podem oferecer uma quantidade elevada de lucro óleo para o governo. Desta forma, o lucro das empresas fica menor. Segundo o edital, o percentual mínimo a ser ofertado é de 41,65%.
- Num leilão desses, as empresas estatais colocam questões estratégicas acima da questão de preço. Veja o Japão, que está abandonando a energia nuclear. Assim, podemos ver até uma parcela muito alta de óleo em lucro, o que pode ser prejudicial para a Petrobras. Recentemente, me chamou a atenção o preço elevado dado pela Sinopec em uma participação de uma área no Brasil - disse Araújo, lembrando que o modo como foi feito o edital pode obrigar a Petrobras a se unir com empresas que não têm o mesmo nível de excelência.
Segundo técnicos da ANP ouvidos pelo GLOBO, há o temor de que uma oferta feita por alguma estatal, preocupada em ter acesso estratégico ao petróleo, possa prejudicar o caixa da Petrobras.
O ex-diretor da Petrobras Wagner Freire lembra que, mesmo sendo estatais, as chinesas e a indiana sofrem menos ingerência política que a Petrobras - obrigada pelo governo a, por exemplo, segurar o reajuste dos preços dos combustíveis.
19 de outubro de 2013
BRUNO ROSA - O Globo
LOBÃO DE DILMA ACHA NORMAL DESINTERESSE DAS PETROLEIRAS NO PRÉ-SAL
“Não podemos aceitar o pessimismo”, diz Lobão, sobre o baixo interesse das petroleiras no pré-sal
Ministro afirma que o pregão não significa a privatização do petróleo. Declaração é resposta aos petroleiros que entraram em greve alegando a entrega do campo de Libra a empresas estrangeiras
Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (ABR)
A dois dias do primeiro leilão do pré-sal no país, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, saiu em defesa do pregão do campo de Libra em entrevista concedida neste sábado. “Não podemos aceitar o pessimismo e as críticas infundadas”, disse o ministro. Na segunda-feira, será conhecida a empresa vencedora do pregão. Em setembro, apenas 11 petroleiras se credenciaram a dar lances. Por causa das exigências brasileiras, ficaram de fora as quatro grandes empresas privadas internacionais (as americanas Exxon e Chevron e as britânicas British Petroleum e British Gás). A estimativa atual é ainda menor do que há um mês: provavelmente apenas um consórcio participará do leilão.
Leilão de Libra pode ter participação de só um consórcio
“Não sabemos dizer quantos consórcios participarão. Isso importa, mas pouco. O principal é que haja participante”, disse Lobão. O consórcio vencedor terá de investir 220 bilhões de reais e não terá poder de determinar como será a exploração. A incumbência ficará a cargo da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo, antes chamada de Petrosal (estatal criada para administrar o pré-sal). Segundo Lobão, no pico da exploração de Libra, o que deve acontecer daqui a 15 anos, serão produzido 1,4 bilhão de barris por dia. “São recursos monumentais que serão destinados à educação e à saúde do país”, afirmou. Segundo o ministro Lobão, a produção de barris de petróleo do bloco de Libra vai permitir ao país cobrir o consumo doméstico de combustíveis e também exportar o excedente. "O passo seguinte é justamente este, o de promover a exportação."
O leilão motivou a greve de petroleiros em alguns estados do Brasil. Os trabalhadores de plataformas e refinarias contestam a candidatura de empresas estrangeiras para disputar a exploração do pré-sal. Em alguns locais, a Petrobras está tendo que atuar com a equipe de contingência. "Não estamos privatizando o petróleo do pré-sal", reiterou.
Petroleiros paulistas fazem greve contra leilão de Libra
Segurança do leilão do pré-sal fechará parte da praia da Barra da Tijuca
Lobão reafirmou a impossibilidade de adiar ou cancelar o pregão, que acontecerá em um hotel, na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Há um protesto marcado para o mesmo dia e local, motivo pelo qual foram acionado Exército, Força Nacional de Segurança, guarda municipal e policiais militar e civil. “Hoje, em relação ao petróleo brasileiro, estamos convivendo com os regimes de concessão e partilha. Nenhum significa entrega de nosso patrimônio a nenhuma empresa nacional ou estrangeira. E nada temos contra as internacionais, que vem nos ajudar. Esse é o modelo de capitalismo que temos e que vigora em todo mundo. A vinda delas em todos os casos é positiva e não negativa”, afirmou o ministro.
19 de outubro de 2013
Veja
REPORTAGEM-BOMBA DE "VEJA". O BALCÃO DE NEGÓCIOS DO MINISTRO DA SAÚDE DE LULA
Para ouvir a gravação ---> clique aqui. |
O texto que segue é um resumo da reportagem-bomba da revista Veja que foi às bancas neste sábado.
Leiam:
O deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG) foi ministro da Saúde de Lula entre 2005 e 2006. Nenhuma realização significativa marcou sua passagem pelo cargo. Para Saraiva, no entanto, não foi um tempo perdido. Incorporou contatos valiosos que fez na burocracia -- e os tornou rentáveis, segundo ele mesmo diz. Presidente do PMDB mineiro, Saraiva transformou seu quinto mandato num dos mais chocantes balcões de negócios de que se tem notícia. Seu foco de atuação é a indústria farmacêutica.
VEJA teve acesso a uma gravação em que Saraiva, com toda a sem-cerimônia possível, abre o jogo a um interlocutor que o procurou, supostamente, para que ele ajudasse um laboratório que queria fornecer medicamentos para o Programa Farmácia Popular: “Tem dois tipos (de trabalho): ‘Você me ajuda e, se der certo, eu te dou não sei o quê; e a outra forma é como eu trabalho para a Interfarma e a Hypermarcas: ‘Nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, encaminha aqui e ali ”. Numa palavra, Saraiva assume sem meias palavras que topa um mensalão.
A gravação, feita em Belo Horizonte, é de fevereiro deste ano. Nela, Saraiva promete ao interlocutor, que se apresentou como emissário de um grande laboratório, abrir as portas do Ministério da Saúde e da Anvisa.
O deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG) foi ministro da Saúde de Lula entre 2005 e 2006. Nenhuma realização significativa marcou sua passagem pelo cargo. Para Saraiva, no entanto, não foi um tempo perdido. Incorporou contatos valiosos que fez na burocracia -- e os tornou rentáveis, segundo ele mesmo diz. Presidente do PMDB mineiro, Saraiva transformou seu quinto mandato num dos mais chocantes balcões de negócios de que se tem notícia. Seu foco de atuação é a indústria farmacêutica.
VEJA teve acesso a uma gravação em que Saraiva, com toda a sem-cerimônia possível, abre o jogo a um interlocutor que o procurou, supostamente, para que ele ajudasse um laboratório que queria fornecer medicamentos para o Programa Farmácia Popular: “Tem dois tipos (de trabalho): ‘Você me ajuda e, se der certo, eu te dou não sei o quê; e a outra forma é como eu trabalho para a Interfarma e a Hypermarcas: ‘Nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, encaminha aqui e ali ”. Numa palavra, Saraiva assume sem meias palavras que topa um mensalão.
A gravação, feita em Belo Horizonte, é de fevereiro deste ano. Nela, Saraiva promete ao interlocutor, que se apresentou como emissário de um grande laboratório, abrir as portas do Ministério da Saúde e da Anvisa.
19 de outubro de 2013
in aluizio amorim
RENAN CALHEIROS E A FARRA GASTRONÔMICA SUPERFATURADA
SOU SÓ EU?!? CADÊ OS OUTROS?!?
Depois de detectada irregularidades pela imprensa, a licitação superfaturada para a casa do presidente do Senado, foi suspensa. Segundo assessoria, o presidente do Senado e família está comendo em restaurantes desde o início da semana. Para seis meses a compra estava licitada em R$ 98 mil e previa, entre outras coisas, 25 quilos de camarão vermelho grande, 20 quilos de frutos do mar, 1,7 tonelada de 33 tipos diferentes de carnes.
in Toinho de Passira
Fontes: O Globo, Terra, Último Segundo
Depois de detectada irregularidades pela imprensa, a licitação superfaturada para a casa do presidente do Senado, foi suspensa. Segundo assessoria, o presidente do Senado e família está comendo em restaurantes desde o início da semana. Para seis meses a compra estava licitada em R$ 98 mil e previa, entre outras coisas, 25 quilos de camarão vermelho grande, 20 quilos de frutos do mar, 1,7 tonelada de 33 tipos diferentes de carnes.
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Renan Calheiros, presidente do senado, fartura e superfaturamento
19 de outubro de 2013Renan Calheiros, presidente do senado, fartura e superfaturamento
A suspenção da licitação superfaturada para abastecer a residência oficial do presidente do Senado, com uma quantidade de comida suficiente para alimentar um batalhão de nobres, vem obrigando Renan, segundo a assessoria, a mulher Verônica Calheiros e os dois filhos a comer fora ou de favor na casa de amigos e parentes, desde o início da semana.
Assim, de surpresa, após ter sido questionado pela imprensa sobre a licitação, o novo diretor-geral do Senado, Helder Rebouças, informou, por meio da assessoria de imprensa da Casa, que decidiu suspender o pregão e reavaliar todo o processo.
A escandalosa compra programada previa, entre outros itens da boa gastronomia, 25 quilos de camarão vermelho grande, 20 quilos de frutos do mar, 20 quilos de salmão, 1,7 tonelada de 33 tipos diferentes de carnes, sendo 100 quilos de filé mignon, 50 quilos de picanha (de dois tipos diferentes), 54 quilos de linguiça para churrasco, nectarina importada além do trivial arroz e feijão, 30 quilos de carvão, 55 quilos de queijo de cinco tipos diferentes e 160 quilos de pão francês – uma estimativa de consumo de aproximadamente um quilo de pão diariamente. Ao todo, a lista de compras do senado, incluía 270 itens.
Assim, de surpresa, após ter sido questionado pela imprensa sobre a licitação, o novo diretor-geral do Senado, Helder Rebouças, informou, por meio da assessoria de imprensa da Casa, que decidiu suspender o pregão e reavaliar todo o processo.
A escandalosa compra programada previa, entre outros itens da boa gastronomia, 25 quilos de camarão vermelho grande, 20 quilos de frutos do mar, 20 quilos de salmão, 1,7 tonelada de 33 tipos diferentes de carnes, sendo 100 quilos de filé mignon, 50 quilos de picanha (de dois tipos diferentes), 54 quilos de linguiça para churrasco, nectarina importada além do trivial arroz e feijão, 30 quilos de carvão, 55 quilos de queijo de cinco tipos diferentes e 160 quilos de pão francês – uma estimativa de consumo de aproximadamente um quilo de pão diariamente. Ao todo, a lista de compras do senado, incluía 270 itens.
José Sarney, mais caro que Renan |
O Senado pretendia gastar em seis meses, só com as despesas da alimentares da residência da presidente do Senado, algo em torno dos R$ 98 mil. Um custo médio de R$ 16,3 mil ao mês.
Ressalte-se que a licitação foi suspensa, momentaneamente, não pelo volume e exagero da compra, mas porque se percebeu que a compra estava superfaturada, os preços dos produtos tinham preços bem acima do mercado.
A reportagem do O Globo, lembrou que por estranho que pareça Renan pode ser considerado um presidente barato, pois durante os dois anos da presidência do seu antecessor, José Sarney, o custo médio pelos mesmos seis meses de despesas não ficava abaixo dos R$ 290 mil, quase três vezes a mais do que Renan pretendia gastar agora.
Um detalhe é que, como tinha residência própria em Brasília, Sarney nem ocupava permanentemente a residência oficial, que servia de albergue de luxo para os parentes e correligionários que visitava a Capital Federal.
Essa não é a primeira vez que os custos residenciais de Renan merecem atenção da imprensa, em maio desse ano o jornalista Vinicius Sassine, num reportagem no O Globo, denunciou que Renan tem à sua disposição na residência oficial um mordomo e dois garçons nomeados por atos secretos, nos mesmos moldes dos servidores que atuam no plenário.
Ressalte-se que a licitação foi suspensa, momentaneamente, não pelo volume e exagero da compra, mas porque se percebeu que a compra estava superfaturada, os preços dos produtos tinham preços bem acima do mercado.
A reportagem do O Globo, lembrou que por estranho que pareça Renan pode ser considerado um presidente barato, pois durante os dois anos da presidência do seu antecessor, José Sarney, o custo médio pelos mesmos seis meses de despesas não ficava abaixo dos R$ 290 mil, quase três vezes a mais do que Renan pretendia gastar agora.
Um detalhe é que, como tinha residência própria em Brasília, Sarney nem ocupava permanentemente a residência oficial, que servia de albergue de luxo para os parentes e correligionários que visitava a Capital Federal.
Essa não é a primeira vez que os custos residenciais de Renan merecem atenção da imprensa, em maio desse ano o jornalista Vinicius Sassine, num reportagem no O Globo, denunciou que Renan tem à sua disposição na residência oficial um mordomo e dois garçons nomeados por atos secretos, nos mesmos moldes dos servidores que atuam no plenário.
Em mordomia e superfaturamento, ninguém ganha para Cid Gomes, o dispendioso
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O mordomo é Francisco Joarez Cordeiro Gomes, que, em março (2013), recebeu R$ 18,2 mil brutos, dos quais R$ 2,7 mil somente em horas extras. Para servir cafezinho, água e comida na casa, os garçons Francisco Hermínio de Andrade e Djalma da Silva Lima receberam em março remunerações brutas de R$ 10,7 mil e R$ 11,6 mil, respectivamente, disse a reportagem.
Embora reconhecidamente superfaturados, os gastos para abastecimento da residência oficial de Renan, também são modestos se comparados com os gastos contratados pelo governador do Ceará, Cid Gomes, para esse ano.
De acordo com matéria publicada pelo GLOBO, o chamado “caviargate” de Cid foi mantido e prevê a contratação de um buffet, no valor de R$ 3,4 milhões, para abastecer a cozinha da residência oficial e o gabinete do governador com iguarias que incluem centenas de quilos do que há de mais fino na culinária internacional.
O edital que prevê até 495 pratos diferentes, e se apresenta com uma variação de receitas preparadas com caviar, escargots, bacalhau, salmão, presunto de Parma, funghi, vieiras, frutos do mar, pães exóticos, croissants, toucinho do céu ou trufas.
Os itens decoração e serviços não foram esquecidos: os vinhos finos devem ser servidos em taças de cristal, o ambiente ornado com arranjos com orquídeas. Um batalhão de 700 garçons, 500 garçonetes e 15 chefs de cozinha estarão a disposição do governador, sempre que ele achar necessário.
Por que os chefes de poderes, governadores, prefeitos, que recebem polpudos salários, não podem pagar as despesas alimentares de suas residências como fazem todos os trabalhadores brasileiros?
Embora reconhecidamente superfaturados, os gastos para abastecimento da residência oficial de Renan, também são modestos se comparados com os gastos contratados pelo governador do Ceará, Cid Gomes, para esse ano.
De acordo com matéria publicada pelo GLOBO, o chamado “caviargate” de Cid foi mantido e prevê a contratação de um buffet, no valor de R$ 3,4 milhões, para abastecer a cozinha da residência oficial e o gabinete do governador com iguarias que incluem centenas de quilos do que há de mais fino na culinária internacional.
O edital que prevê até 495 pratos diferentes, e se apresenta com uma variação de receitas preparadas com caviar, escargots, bacalhau, salmão, presunto de Parma, funghi, vieiras, frutos do mar, pães exóticos, croissants, toucinho do céu ou trufas.
Os itens decoração e serviços não foram esquecidos: os vinhos finos devem ser servidos em taças de cristal, o ambiente ornado com arranjos com orquídeas. Um batalhão de 700 garçons, 500 garçonetes e 15 chefs de cozinha estarão a disposição do governador, sempre que ele achar necessário.
Por que os chefes de poderes, governadores, prefeitos, que recebem polpudos salários, não podem pagar as despesas alimentares de suas residências como fazem todos os trabalhadores brasileiros?
in Toinho de Passira
Fontes: O Globo, Terra, Último Segundo
CÚPULA DO CRIME ORGANIZADO, O PCC, DIZ PLANEJAR ATENTADOS CONTRA TURISTAS DURANTE A COPA DO MUNDO
Em escutas de conversas telefônicas interceptadas, presos diziam que a Copa só aconteceria se o PCC a autorizasse e que os ataques fariam o mundo "esquecer o 11 de Setembro". Especialista internacional em segurança diz que é hora de polícia brasileira trabalhar com a hipótese de que extremistas internacionais como a Al-Qaeda possam se associar ao PCC.
Foto: Reuters
Onibus incendiado, em São Paulo, numa das ondas de atentados do PCC, em 2012
Onibus incendiado, em São Paulo, numa das ondas de atentados do PCC, em 2012
Segundo o site da BBC Brasil lideranças da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que cumprem pena em presídios no interior de São Paulo estão enviando ordens para que seus subordinados em liberdade planejem atentados contra turistas durante a Copa do Mundo de 2014, segundo uma investigação do Ministério Público.
As mensagens dizem que os ataques devem ocorrer se as lideranças da facção forem transferidas para prisões mais rígidas, onde podem ficar praticamente sem comunicação com seus subordinados.
Analistas e a própria Polícia Militar do Estado afirmaram que, embora a facção tenha capacidade para realizar tais ataques, há indícios de que as ameaças não sejam reais, mas, sim, uma forma de pressionar a Justiça e o governo. O objetivo seria evitar a transferência dos 35 membros da cúpula da facção para o chamado RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
Um promotor envolvido nas investigações sobre o PCC disse que a estratégia da facção é organizar atentados direcionados aos torcedores da Copa — como sequestros de grupos de turistas estrangeiros e a detonação de explosivos no metrô de São Paulo.
'SALVES'
As ordens para a elaboração dos planos de ataque começaram a ser dadas pelas lideranças da facção dentro de presídios para seus subordinados em liberdade desde o último dia 10.
A propagação das mensagens (conhecidas como "salves") teria tido início depois que a facção tomou conhecimento dos resultados de uma investigação realizada pelo Ministério Público sobre o grupo por três anos e meio.
A investigação revelou que a facção tem cerca de seis mil membros presos e outros 1,8 mil em liberdade, e que está presente em 22 Estados brasileiros, na Bolívia e no Paraguai. Foram descobertos também planos para resgate de presos e até a intenção de assassinar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Com base nessa investigação, a Promotoria denunciou 175 líderes do grupo e solicitou à Justiça que toda a cúpula da facção fosse enviada para o RDD por um ano. Nesse regime disciplinar, os presos ficam praticamente sem comunicação e enfrentam dificuldades para dirigir a facção.
Até agora a Justiça não acatou o pedido, mas a decisão ainda pode ser rediscutida. A ideia da Promotoria era a de que as lideranças ficassem isoladas durante todo o período da Copa e na maior parte da campanha eleitoral de 2014.
De acordo com um promotor, os líderes do PCC autorizaram que seus membros tratassem dos planos para os atentados usando telefones celulares. Isso seria um indício de que as ordens possam vir a ser apenas ameaças ao poder público. Isso porque boa parte dos celulares usados pelo bando são monitorados em escutas telefônicas monitoradas pelas autoridades (e os membros do PCC sabem disso).
Planos considerados secretos são discutidos pela facção por meio de mensagens enviadas por advogados ou mulheres de detentos que visitam presídios transportando bilhetes dos criminosos.
Na avaliação de um promotor, "o PCC tem capacidade (para realizar os atentados), mas, por enquanto, é um jogo".
'ALARMISMO'
As ameaças de ações criminosas por presos do PCC durante a Copa do Mundo já haviam sido interceptadas no ano passado, quando o sentenciado Roberto Soriano, da cúpula da organização, foi transferido para o RDD por ordenar a morte de policiais militares.
Em escutas de conversas telefônicas interceptadas, presos diziam que a Copa só aconteceria se o PCC a autorizasse e que os ataques fariam o mundo "esquecer o 11 de Setembro".
O coronel Benedito Roberto Meira, comandante da Polícia Militar de São Paulo, disse que a divulgação das investigações do Ministério Público na mídia o levou a dar um alerta geral aos policiais para redobrarem os cuidados tanto durante o período de serviço quanto fora dele.
"Não temos nenhuma informação de inteligência de que (a ordem para realizar os atentados) seja uma real ameaça. Logicamente, estamos atentos, mas não é hora de alarmismo", disse.
Ele afirmou que a Polícia Militar ainda tem de "ouvir, identificar e contextualizar" os grampos obtidos pelo Ministério Público. Mas, até lá, o alerta permanece "por via das dúvidas". O comandante quer que a onda de ataques do PCC a forças de segurança ocorrida em 2006 não se repita.
AL-QAEDA
Para a pesquisadora Camila Nunes Dias, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do ABC, esses episódios (as ameaças dos criminosos e a possibilidade de enviar os líderes do PCC para o RDD) voltaram a elevar muito a tensão entre a PM e o PCC.
Porém, diz ela, essa guinada ocorreu sem que nenhum evento novo mudasse o panorama da segurança.
"Se a investigação ocorre há três anos, por que essa urgência agora? O RDD nunca foi uma prioridade dessa administração."
Na opinião dela, tanto as autoridades quanto o PCC aparentam ter suas próprias estratégias, cujos objetivos políticos ainda não estão claros.
"Não acho que as ameaças (do PCC) sejam impossíveis", disse. "A ameaça do RDD pode detonar uma crise".
O consultor internacional em segurança Peter Tarlow, que presta serviços para a Polícia do Rio de Janeiro, também destacou que é realista pensar que o PCC vá aproveitar a Copa do Mundo para tentar pressionar as autoridades.
“Se eu fosse parte do PCC, eu pensaria em usar a Copa do Mundo como uma forma de fazer chantagem com o governo”, disse ele, durante um seminário na Escola Superior do Ministério Público, nesta quarta-feira.
Além disso, Tarlow afirmou que o fato de o Brasil estar em evidência em 2014 por causa do mundial de futebol o torna um possível alvo de ações terroristas.
Nesse contexto, segundo o consultor, a polícia brasileira tem que trabalhar com a hipótese de que extremistas internacionais como a Al-Qaeda possam se associar ao PCC.
As mensagens dizem que os ataques devem ocorrer se as lideranças da facção forem transferidas para prisões mais rígidas, onde podem ficar praticamente sem comunicação com seus subordinados.
Analistas e a própria Polícia Militar do Estado afirmaram que, embora a facção tenha capacidade para realizar tais ataques, há indícios de que as ameaças não sejam reais, mas, sim, uma forma de pressionar a Justiça e o governo. O objetivo seria evitar a transferência dos 35 membros da cúpula da facção para o chamado RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
Um promotor envolvido nas investigações sobre o PCC disse que a estratégia da facção é organizar atentados direcionados aos torcedores da Copa — como sequestros de grupos de turistas estrangeiros e a detonação de explosivos no metrô de São Paulo.
'SALVES'
As ordens para a elaboração dos planos de ataque começaram a ser dadas pelas lideranças da facção dentro de presídios para seus subordinados em liberdade desde o último dia 10.
A propagação das mensagens (conhecidas como "salves") teria tido início depois que a facção tomou conhecimento dos resultados de uma investigação realizada pelo Ministério Público sobre o grupo por três anos e meio.
A investigação revelou que a facção tem cerca de seis mil membros presos e outros 1,8 mil em liberdade, e que está presente em 22 Estados brasileiros, na Bolívia e no Paraguai. Foram descobertos também planos para resgate de presos e até a intenção de assassinar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Com base nessa investigação, a Promotoria denunciou 175 líderes do grupo e solicitou à Justiça que toda a cúpula da facção fosse enviada para o RDD por um ano. Nesse regime disciplinar, os presos ficam praticamente sem comunicação e enfrentam dificuldades para dirigir a facção.
Até agora a Justiça não acatou o pedido, mas a decisão ainda pode ser rediscutida. A ideia da Promotoria era a de que as lideranças ficassem isoladas durante todo o período da Copa e na maior parte da campanha eleitoral de 2014.
De acordo com um promotor, os líderes do PCC autorizaram que seus membros tratassem dos planos para os atentados usando telefones celulares. Isso seria um indício de que as ordens possam vir a ser apenas ameaças ao poder público. Isso porque boa parte dos celulares usados pelo bando são monitorados em escutas telefônicas monitoradas pelas autoridades (e os membros do PCC sabem disso).
Planos considerados secretos são discutidos pela facção por meio de mensagens enviadas por advogados ou mulheres de detentos que visitam presídios transportando bilhetes dos criminosos.
Na avaliação de um promotor, "o PCC tem capacidade (para realizar os atentados), mas, por enquanto, é um jogo".
'ALARMISMO'
As ameaças de ações criminosas por presos do PCC durante a Copa do Mundo já haviam sido interceptadas no ano passado, quando o sentenciado Roberto Soriano, da cúpula da organização, foi transferido para o RDD por ordenar a morte de policiais militares.
Em escutas de conversas telefônicas interceptadas, presos diziam que a Copa só aconteceria se o PCC a autorizasse e que os ataques fariam o mundo "esquecer o 11 de Setembro".
O coronel Benedito Roberto Meira, comandante da Polícia Militar de São Paulo, disse que a divulgação das investigações do Ministério Público na mídia o levou a dar um alerta geral aos policiais para redobrarem os cuidados tanto durante o período de serviço quanto fora dele.
"Não temos nenhuma informação de inteligência de que (a ordem para realizar os atentados) seja uma real ameaça. Logicamente, estamos atentos, mas não é hora de alarmismo", disse.
Ele afirmou que a Polícia Militar ainda tem de "ouvir, identificar e contextualizar" os grampos obtidos pelo Ministério Público. Mas, até lá, o alerta permanece "por via das dúvidas". O comandante quer que a onda de ataques do PCC a forças de segurança ocorrida em 2006 não se repita.
AL-QAEDA
Para a pesquisadora Camila Nunes Dias, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do ABC, esses episódios (as ameaças dos criminosos e a possibilidade de enviar os líderes do PCC para o RDD) voltaram a elevar muito a tensão entre a PM e o PCC.
Porém, diz ela, essa guinada ocorreu sem que nenhum evento novo mudasse o panorama da segurança.
"Se a investigação ocorre há três anos, por que essa urgência agora? O RDD nunca foi uma prioridade dessa administração."
Na opinião dela, tanto as autoridades quanto o PCC aparentam ter suas próprias estratégias, cujos objetivos políticos ainda não estão claros.
"Não acho que as ameaças (do PCC) sejam impossíveis", disse. "A ameaça do RDD pode detonar uma crise".
O consultor internacional em segurança Peter Tarlow, que presta serviços para a Polícia do Rio de Janeiro, também destacou que é realista pensar que o PCC vá aproveitar a Copa do Mundo para tentar pressionar as autoridades.
“Se eu fosse parte do PCC, eu pensaria em usar a Copa do Mundo como uma forma de fazer chantagem com o governo”, disse ele, durante um seminário na Escola Superior do Ministério Público, nesta quarta-feira.
Além disso, Tarlow afirmou que o fato de o Brasil estar em evidência em 2014 por causa do mundial de futebol o torna um possível alvo de ações terroristas.
Nesse contexto, segundo o consultor, a polícia brasileira tem que trabalhar com a hipótese de que extremistas internacionais como a Al-Qaeda possam se associar ao PCC.
19 de outubro de 2013
in Toinho de Passira
Baseado na reportagem de Luis Kawaguti
Fonte: BBC Brasil
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