"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 19 de outubro de 2013

CHICO ERRA DE NOVO. AGORA DEVE DESCULPAS À FAMÍLIA DE SAMUEL WAINER

 
Chico Buarque rendeu-se aos fatos e pediu desculpas a Paulo César Araújo por ter afirmado que nunca vira de perto o biógrafo com quem conversou durante quatro horas. Mas aproveitou a retratação para deixar claro que continua decidido a combater o mau combate. O pretexto para o recomeço dos socos na verdade e pontapés na sensatez foi a inclusão num dos livros de Araújo do trecho de uma entrevista concedida por Chico ao jornal Última Hora. Confiram a versão do grande compositor:
 
“Eu não falaria  com a Última Hora de 1970, que era um jornal policial supostamente ligado a esquadrões da morte. Eu não daria entrevista a um jornal desses, muito menos para criticar a postura política de Caetano e Gil, que estavam no exílio. Mas o biógrafo não hesitou em reproduzi-la em seu livro, sem se dar ao trabalho de conferi-la comigo. (…) Não, Paulo Cesar Araújo, eu não falava com repórteres da Última Hora em 1970. Para sua informação, a entrevista que dei ao Mario Prata em 1974 foi para a Última Hora de Samuel Wainer, então diretor de redação, que evidentemente nada tinha a ver com a Última Hora de 1970″.
 
Tinha tudo a ver, acaba de corrigir Lauro Jardim. Se tivesse lido (ou não tivesse lido e esquecido) Minha Razão de Viver, a autobiografia de Samuel Wainer que tive o privilégio de organizar e editar, Chico saberia que, em 1970, ainda pertencia a Wainer o jornal que fundou nos anos 50 e da empresa que venderia em abril de 1972. “Entre maio de 1973 e janeiro de 1975, numa comovente demonstração de humildade, ele foi redator-chefe da Última Hora paulista, então sob o controle do grupo Folhas”, informa a página 365. No artigo que assinou no Globo, Chico também fez questão de registrar que só topou ser entrevistado em 1974 porque Wainer era o redator-chefe. Quatro anos antes, era mais que isso: era o dono da empresa e da marca Última Hora.
 
É possível que Araújo tenha confundido 1970 com 1974. Se é que errou a data, precisa corrigir um equívoco que não prejudica a reputação nem invade a privacidade de ninguém. Chico Buarque fez pior: confundiu a Última Hora com a Folha da Tarde, cuja direção manteve no começo dos anos 70 ligações promíscuas com torturadores a serviço do regime militar. Ao errar de jornal, acabou transformando um perseguido pela ditadura em comparsa de esquadrões da morte.
 
Chico Buarque deve mais que uma correção. Deve outro pedido de desculpas, agora endereçado aos familiares de Samuel Wainer. Talvez deva também prometer que jamais escreverá biografias.

19 de outubro de 2013
Augusto Nunes - Veja

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