"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

PRECISAMOS FALAR SOBRE O IMPEACHMENT


dilma-espadada

Há um muxoxo recente sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, devido sobretudo aos desmandos na Petrobras, no que já é chamado de “petrolão”.
Será que é algo sério, ou apenas modismo que esqueceremos em alguns dias?
Procurando no Google Trends pelas pesquisas recentes feitas no Brasil através do Google pela palavra “impeachment”, deparamo-nos com o seguinte quadro:
quadro-ilpeachment
Quando ao menos 10% das buscas feitas no Google envolvem uma palavra, como “pizza”, o quadro do Google Trends considera esta palavra como de valor 100. Seria aquela palavra de ouro para se determinar o que está interessando as pessoas. Um publicitário que tenha uma campanha envolvendo uma palavra dessas já pode ir adiantando a compra de um Porsche.
No quadro, vemos que o primeiro pico de pesquisa da palavra é no auge do escândalo do mensalão, em 2005, aquele ano que o PT “pulou” quando fez um retrospecto de seus 10 anos no poder.
Lula, ainda encarado como “o presidente dos pobres”, resolveu se distanciar de seu então futuro sucessor, José Dirceu, garantiu que havia sido traído e pediu desculpas à nação em agosto. Ou seja: afirmou que o dinheiro que favoreceu o PT foi posto em seu bolso sem o seu conhecimento.
Já fora do governo, Lula garantiria que iria provar que o mensalão foi uma ”farsa” inventada pela “mídia”. Essa mídia, chamada de “golpista” por Marilena Chaui, eternizando o termo, nunca cobrou de Lula se ele crê que Dirceu na verdade é inocente, e se deveria mesmo ser nosso presidente no lugar de Dilma Rousseff.
Outro pico da palavra “impeachment” sendo pesquisada acontece em junho de 2013. Ali, não se trata apenas de pedidos de impeachment, mas de dúvidas da população. O país passava por um momento que não foi compreendido por quase nenhum analista palpiteiro no país, com “diagnósticos” que acertavam cada vez mais para longe do alvo.
Livros ainda precisam ser lançados sobre o tema. Contudo, Como se vê, o interesse não durou um mês.
Mas o primeiro grande momento de busca pelo termo impeachment aparece em outubro de 2014. Em plena reta final das eleições, vêm à tona o escândalo do petrolão, para quem ainda não tinha percebido que a Petrobras conseguiu ser a única petrolífera do globo a conseguir dar prejuízo e valer menos ainda em 2010.
Dilma Rousseff, quando ministra, cuidava justamente dessa área. E deu aval para a desastrosa compra da refinaria de Pasadena, numa negociata feita para tirar dinheiro do pagador de impostos brasileiro “legalmente” e mandar para a Bélgica. E o doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, ou seja, tendo a pena diminuída a cada vez que conta uma verdade sobre os crimes que possa ser posteriormente comprovada, diz que Lula e Dilma sabiam de tudo.
O escândalo piorou justamente na última semana antes do pleito, o que fez com que o PT invadisse a sede da editora Abril e vandalizasse o prédio, num ato ditatorial comparável à queima de livros pela Inquisição ou pelos comunistas e nazistas. As chances de reeleição de Dilma diminuíam dia após dia. Com uma contagem secreta, Dilma Rousseff foi reeleita com uma vantagem tão ínfima que é comparável ao pequeno colégio eleitoral de Pernambuco, do ex-governador Eduardo Campos, morto antes do primeiro turno.
Apesar do aumento de menções ao impeachment, naquele mês, apenas notícias buscadas por especialistas e pessoas que consomem o noticiário e as análises políticas cicladianamente estavam interessadas no processo de impeachment que se avizinhava com cada vez mais clareza. Não era um tema a adquirir clamor popular. Os petistas, que hoje forçam isso para fora de suas memórias, tentavam encontrar honradez e lisura em Graça Foster e Nestor 
Cerveró. Hoje, lulamente, dilmamente, fingem que não têm nada a ver com isso.
Mas o surpreendente vem na parte final do gráfico. Com Dilma já reeleita, o interesse pela palavra cai de 68 em outubro para 26 em novembro e apenas 7 em dezembro. A nota aumenta um ponto em janeiro e… de 8, passa para 100 em fevereiro. Quase uma ascensão vertical.
100. Um décimo das pesquisas feitas envolve tal palavra. Textos que tratem de impeachment pontuam melhor no Google. Pessoas que entendem nada de ciência política (apesar de trabalharem com isso), mas muito de comunicação, como a blogosfera progressista ou as crianças de Antonio Negri do Fora do Eixo, já cuidam de falar de impeachment e tentar proteger a presidente antes do assunto ser dominado por alguém que não eles, que dominaram o vocabulário e a narrativa histórica em sua inteireza nas últimas décadas.
related-searchesA busca por impeachment diz respeito mesmo a Dilma, não a pesquisas históricas sobre Collor – na maior parte das vezes, simplesmente colocado em contrapelo ao caso atual. Temas relativos, como a busca por Michel Temer, o vice-presidente que só foi assunto quando o país foi apresentado à sua bela esposa na posse de Dilma, também crescem.
Para se ter uma idéia olhando para o globo, no cômputo total de 2014, a palavra “impeachment” só foi mais buscada nas Filipinas, onde o presidente Benigno Aquino III sobreviveu a um impeachment, e na Nigéria, atormentada pelo segundo pior grupo terrorista atual, o Boko Haram (desconfia-se que ajudado pelo próprio governo). Em terceiro lugar, aparece o Brasil.
regional-interest

Como podemos interpretar tais dados?
Em primeiro lugar, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do sempre inquieto PMDB, mas que foi aliado fiel do PT até agora, foi um claro recado do “meião” para o PT: o Partido vermelho não possui mais base aliada. Agora, terá de encarar um neopentecostal como presidente da Câmara: e primeiro na sucessão caso um impeachment que envolva o processo eleitoral aconteça, derrubando também o vice – o que as investigações da Operação Lava-Jato da Polícia Federal cada vez mais se aproximam de comprovar. O PMDB já mira se livrar do esgoto de política que é o PT – esgoto que agora veio a público.
Todavia, Cunha deixou claro que não é a favor de impeachment. Claro que Eduardo Cunha não está declarando do posto de um filósofo político delimitando suas mais profundas convicções, mas sim agindo como um político: se até agora não se viu nas ruas muitas manifestações favoráveis a um impeachment, por que ele as defenderia sozinho?
O recado também precisa ser decifrado: assim como Aécio disse reconhecer o resultado das urnas, para não protestar sozinho, Cunha quer o apoio da população. Impeachment é um procedimento político, em que se recusa os desmandos de um político no poder com uma nova votação. Não se inicia tal votação sem apoio popular, ao contrário da cassação do mandato (que também mandaria o vice Temer para o brejo junto), outra realidade que Dilma pode ter de encarar, conforme avança a Lava-Jato.
Entretanto, as próprias pesquisas no Google, os professores de humanidades petistas desesperados em explicar para seus alunos que Temer é pior do que Dilma (ora, quem votou em Temer foi quem votou na Dilma, até aparecia a fotinho dele para se confirmar) e que a oposição é canalha e tudo é culpa de FHC e dos militares (não se culpa Sarney e Collor, por serem apaniguados petistas), que “impeachment é golpe”, que a “democracia” não se sustenta tirando políticos ruins do poder – tudo isto mostra que o clamor pelo impeachment agora existe.

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Falta agora transformar em ação. Assim como o impeachment parecia uma realidade próxima em junho de 2013, mesmo sem alguma concretude, agora ele pode aparecer de forma clara para quem não entende o subterrâneo da política (como o fato de o mensalão significar totalitarismo, e não apenas corrupção), e a substancialidade dos motivos para o impeachment são deslindados ao povo e aos incultos que escrevem sobre política sem entender seu próprio objeto de estudo.
Além da base rachada e das denúncias virem à tona, há algo pior para Dilma: sua popularidade foi caindo continuamente. Pode-se dizer que Aécio apenas não estava disparado em primeiro lugar já no primeiro turno graças à população conhecê-lo pouco e a campanha de difamações e calúnias que os petistas, dominantes na mídia e nas escolas, fizeram à sua imagem, sem ninguém responder por ele (mas mesmo assim, as mentiras não pegaram bem, nem mesmo na camada da população menos informada). Mas tão logo se conhecia melhor Aécio e o PT, a popularidade deste último minou.
Ora, Dilma se sustentou com base em mentiras, embora sua popularidade foi se evaporando. Com ela, os votos do próprio PT. Foi de 61,27% em 2002 para 60,83% em 2006, caindo para 56,05% em 2010 e 51,64% em 2014. Os números ainda são bem enganosos: em nenhum momento Dilma se elegeu com a maioria dos votos: foram 38% dos votos totais.
Para coroar o bolo cerejosamente, há o golpe fatal: o PT sempre soube fazer política de ruas, com “movimentos sociais” como MST e CUT quebrando tudo com os velhos “Fora FHC e o FMI” para fazer propaganda de massa voltada ao povo.
Seu poder de mobilização popular simplesmente SUMIU. Isto não é uma opinião, é um fato. Um ato de rua a favor da presidente reeleita Dilma Rousseff em São Paulo, em pleno MASP na Avenida Paulista com o seu “protestódromo” que sempre pára a avenida, reuniu apenas70 pessoas, contando membros da direção do PT.
Vivemos numa era de informação em rede, não apenas de mídia de difusão em massa. O PT soube cooptar bem as duas mídias, não tendo mais nenhum risco de haver uma grande “infiltração” de jornalistas e opinantes anti-progressistas nos grandes jornais por muitos e muitos anos.
Contudo, a mídia social é inquieta. E não consegue encobrir rapidamente todas as notícias com as mentiras oficiais do partido (por isso Dilma, quando em crise, chama o marqueteiro João Santana, e não alguém para punir ladrões – do contrário, Dilma correria o risco de praticar uma auto-punição).
palavra-1

Trabalhar os ânimos do povo em rede, sem um canal de direção geral, nem sempre favorece o PT. E não há mais chance de ignorar que “a palavra I” entrou na discussão nacional.

Com agravantes: a população inculta e sem contato com a realidade, que é a base eleitoral petista par excellence, fica alheia a tais debates, deixando o grosso da questão diante de pessoas que estudam mais o assunto e… não são engabelados pelas mentiras do PT, como a maioria da população.
Os tempos nunca foram tão negros (e não apenas por causa do petrolão) para o PT. É hora de tomar as ruas, mostrar aos deputados que a população, sim, quer o impeachment e que eles, que querem nos representar em nome da reeleição, devem ouvir tal clamor.

O PT continuará tendo os seus fiéis acólitos bem alimentados com verbas públicas (é “publicidade” da Petrobras! da Caixa! do Banco do Brasil! do BNDES! é Lei Rouanet!) e serão apenas os fanáticos radicais que sempre foram.
Para retomar a racionalidade no país, antes é preciso mobilizar textos, artigos, campanhas virtuais, Trending Topics do Twitter, posts no Facebook, fazer manifestações ruas e falar a palavra que os controladores das palavras brasileiros não querem que nós falemos. É a palavra I. Precisamos ter uma conversa séria. O impeachment é uma realidade próxima.

16 de fevereiro de 2015
Flavio Morgenstern
in instituto liberal

APOSTA NO APERFEIÇOAMENTO DAS INSTITUIÇÕES? ENTÃO CARDOZO PRECISA SAIR!


Cardozo: receber advogados de empreiteiras investigadas é inaceitável para padrões republicanos
Sei que todos estão em clima carnavalesco, mais atentos ao “fogo” da Mocidade do que aos rumos de nossa política. Faz parte essa fuga. O que me preocupa não é a alienação voluntária desses cinco dias, mas a dos demais 360 dias do ano. E sabe quem mais adora o carnaval para jogar para baixo do tapete a política? Os políticos no poder!
Vejam o caso do ministro da Justiça, por exemplo. José Eduardo Cardozo recebeu em audiência os advogados da empreiteira Odebrecht, citada nas investigações da Operação Lava-Jato (ainda lembra dela?). Trata-se de um caso claro e espantoso de perigosa mistura entre estado e governo. O ministro está ali para defender os interesses nacionais, não partidários. A confusão entre estado, governo e partido é grande no Brasil, e o PT é o mestre dela.
O ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, encontrou tempo para comentar o caso, deixando de lado a folia e se mostrando mais preocupado com o país a longo prazo. Em seu Twitter, Barbosa pediu a demissão de Cardozo. “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça. Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à Política?”, questionou Barbosa.
A revista Veja desta semana mostrou as conversas impróprias de Cardozo, que se reuniu também com Sérgio Renault, sócio de um escritório que defende a UTC Engenharia. Cardozo disse que o encontro com Renault foi apenas na antessala de seu gabinete, sem uma reunião de fato. O ministro negou também ter tranquilizado as empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. A UTC limitou-se a dizer que Renault não é advogado da empresa, apesar do sócio dele, Sebastião Tojal, defender a construtora. Diz a reportagem:
Procurados por VEJA, Cardozo, Renault e Sigmaringa tropeçaram nas próprias contradições ao tentar esclarecer a reunião no Ministério da Justiça, classificada por eles como um mero bate-papo entre amigos sobre assuntos banais. Cardozo disse inicialmente que não se reuniu com Renault. Depois, admitiu o encontro. A primeira reação de Sigmaringa também foi negar a audiência com Renault no gabinete do ministro, para, em seguida, recuar. Os amigos compartilham, como se vê, do mesmo problema de memória. Na versão de Cardozo, a reunião teria sido obra do acaso. Sigmaringa, um “amigo de longa data”, teria ido visitá-lo. Renault, que estava em Brasília e tinha um almoço marcado com o ex-deputado, decidiu se encontrar com Sigmaringa também no ministério. Pimba! Por uma conjunção cósmica, o advogado da UTC, empresa investigada pela Polícia Federal, acabou no gabinete de José Eduardo Cardozo.
Não é preciso ter lido o Nobel de Economia Douglass North (mas ajuda) para saber do peso das instituições no progresso de um país. Países desenvolvidos são aqueles que conseguiram criar instituições sólidas e republicanas, ou seja, blindadas contra a invasão politiqueira. Paulo Guedes tem dedicado várias de suas colunas no GLOBO para tocar nesse ponto, defendendo a migração do Antigo Regime para a Nova República brasileira. Chegou a questionar se estávamos observando atos isolados de alguns heróis, como o próprio Barbosa e Sergio Moro, ou se era uma mudança institucional importante em curso.
Na coluna de hoje, tende a uma resposta mais otimista, citando inclusive a maior independência do Congresso sob o comando de Eduardo Cunha, desafeto da presidente Dilma. E procura demonstrar alguma esperança em nosso futuro:
Apostar no aperfeiçoamento das instituições é o único caminho seguro para a prosperidade. Para reequilibrar a economia e regenerar a política, teremos de apostar nas instituições. A “independência” do Banco Central, inaugurada no Plano Real e institucionalizada no sistema de metas de inflação, trouxe aos brasileiros uma moeda decente. Do mesmo modo, a independência do Poder Judiciário exibida nas admiráveis atuações de Joaquim Barbosa e Sergio Moro aumentou as chances de que nossos filhos e netos possam viver num país melhor.
Ao contrário, a degeneração das instituições é uma conhecida rota para o caos. Os socialistas bolivarianos e peronistas do século XXI, que nos últimos anos apostaram cada vez mais no controle do Legislativo e do Judiciário, atacando o Estado de Direito e a liberdade de imprensa e aprofundando suas intervenções nos mercados, levaram finalmente seus países à ruína econômica e à violência política.

Essa aposta no aperfeiçoamento institucional também se aplica aos primeiros movimentos da Câmara de Deputados sob a presidência de Eduardo Cunha. No momento em que se revela à Justiça um mercado político “paralelo”, onde se compra governabilidade “por fora” dos fóruns republicanos e dos orçamentos públicos, a declaração de independência do Legislativo por Cunha e sua proposta de levar adiante uma reforma política são bastante desejáveis. Seriam portanto precipitadas as críticas de que o PMDB estaria apenas renegociando novos termos de adesão à “velha política”, aumentando o preço de fisiológica sustentação parlamentar ou vendendo caro um seguro presidencial contra o Impeachment .
Penso que está tudo em aberto, que seguimos em uma transição incompleta do Antigo Regime para uma Nova República, que os inimigos da sociedade aberta foram flagrados e estão em fuga à luz das informações em livre fluxo e que estaremos já em 2015 regenerando nossas práticas políticas e aperfeiçoando nossas instituições.

Amém! É o que todos os brasileiros decentes esperam. Mas para que possa haver alguma esperança de fato, será preciso que o povo faça sua parte. E isso inclui abandonar um pouco a euforia carnavalesca para se dedicar aos rumos de nossa política, inclusive fazendo coro ao ex-ministro do STF e pedindo a demissão do ministro José Eduardo Cardozo. Uma Nova República não comporta esse tipo de atitude daquele que deveria zelar pela Justiça imparcial e isonômica do país.

16 de fevereiro de 2015
Rodrigo Constantino

O PREÇO QUE VAMOS PAGAR PARA LIVRAR LULA E DILMA

O Antagonista teve acesso à parte da moldura legal que o governo do PT criou para legitimar os acordos de leniência entre a Controladoria-Geral da União e as empreiteiras do Petrolão. É um escândalo dentro de outro escândalo.
Nela, há um dispositivo que impede a Justiça de proibir empréstimos subsidiados pelo BNDES. Isso quer dizer que, além de continuar a celebrar contratos com o governo, as empreiteiras do Petrolão poderão ter acesso a um crédito barato que é financiado pelo Tesouro Nacional.Traduzindo: financiado por você e pela torcida do Flamengo. É isso mesmo: as empreiteiras que ajudaram a depenar a Petrobras ainda contarão com dinheiro a juros baixíssimos porque a diferença sai do bolso dos contribuintes.
Para se ter um ideia, nos últimos seis anos, o total dos repasses do Tesouro ao BNDES saltou de 10,7 bilhões de reais para 514,6 bilhões. E boa parte das circunstâncias dos empréstimos concedidos com esse dinheiro -- o seu dinheiro -- permanece sob sigilo do BNDES. É o caso dos empréstimos dados ao grupo JBS/Friboi, o maior financiador da campanha de Dilma Rousseff, que auditores do Tribunal de Contas da União querem esquadrinhar e o BNDES -- não a JBS/ -- não quer deixar.
Em resumo, esse foi o preço fixado pela empreita para, por meios dos acordos de leniência, afastar Lula e Dilma da sujeira do Petrolão.
Dança, Brasil.
16 de fevereiro de 2015
o antagonista

UMA LIÇÃO POLÍTICA PARA OS DESAVISADOS...

DESABASTECIMENTO DE ÁGUA E LUZ É UM TAPA NA CARA DO POVO. RACIONAMENTO E MULTA, TAMBÉM.















Chega. Se vocês, governantes, souberem o que é ter vergonha, sintam-na e parem de iludir e desinformar o povo brasileiro. 
Assumam suas responsabilidades. Não enganem. Não mintam. Não nos engabelem. Isto porque nós, o povo, não temos o menor dever, não temos a mínima obrigação de economizar água e energia elétrica. Ao contrário, temos o direito pleno e absoluto de recebê-los em nossas casas, fartamente, com excelente qualidade e sem interrupção. Quem gasta mais, paga mais. Quem gasta menos, ou não gasta, paga menos ou nada paga. Suprir, sempre. Suprimi-los, jamais.
Estabelecer cota  de abastecimento (de água e/ou de luz) e impor multa a quem a ultrapasse é ultraje ao devido respeito à população. É obtenção de vantagem ilícita. É coação. É covardia. É crueldade. Cheira a estelionato. É odioso e desumano ardil. Por favor, senhores governantes, o povo tem a natural garantia de viver vida saudável. Bastam os percalços da própria vida, que a todos apanham, sem exceção. O povo tem o sagrado direito à felicidade.
PREÇO CARO
Mas, desgraçadamente, o desastre está acontecendo e a população pagará caro, quiçá com o sacrifício da saúde e da vida, caso não se submeta ao ultraje, ao ardil, ao estelionato que lhe estão sendo impostos. As falas e campanhas governamentais pedem que a população economize água e energia elétrica. Aqui no Rio começou na TV campanha da “Nova Cedae” (nova por quê?, se a empresa continua a mesma e velha?), em que conhecido ator aparece pedindo que a população economize água.
Em São Paulo, quem gasta além do limite que o governo fixou, paga multa — punição odiosa, sem prévio direito de defesa e sem a possibilidade até mesmo de provar que nenhuma gota d’água pingou da torneira. É ato unilateral, potestativo, ditatorial e tirânico. São barbaridades cometidas contra o povo, sem base legal, desrespeitosas, com extraordinária prepotência de poder.
DIREITO DE CIDADANIA
O moderno conceito de cidadania, que abrange o direito à saúde, educação, moradia, segurança pública e  outros mais, inclui o direito ao abastecimento de água potável e energia elétrica, de forma contínua, sem interrupção e de excelente qualidade. Por se tratar de um Direito Natural, que é aquele eterno, imutável, universal e anterior a qualquer outro, nem precisaria estar escrito no artigo 1º, II e III, da Constituição Federal de 1988, que cuida dos Direitos Humanos e dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana. Ninguém vive sem água, nem sem energia elétrica. E o dever do seu fornecimento cabe ao Poder Público desempenhá-lo, da maneira mais segura e eficaz.
Pedir ao povo que economize água e luz — ou racioná-las ou deixar de fornecê-las — é o mesmo que pedir à população que não adoeça, que não se acidente, que não saia à ruas e esteja fortemente armada em suas casas, ante à falta de hospitais públicos para socorrê-la e ante à falta ou insuficiência do policiamento público estatal para protegê-la.
Ou que não tenha filho para não alimentar a esperança dele, no futuro, quando crescer, esteja suficientemente preparado para vencer na vida, ante à falta de escolas para educá-los, quando pequenos e adolescentes. Não faz diferença. São negações, da parte da Administração Pública, do cumprimento de deveres que lhe são próprios, inerentes e indesculpáveis, quando não cumpridos.
NÃO TEM DESCULPA
Sim, indesculpáveis. Se os reservatórios baixaram o nível, se os rios perderam o volume de suas águas, a culpa não é da população. Também não é do calor nem da falta de chuva. Todos os anos é sempre assim. Mas ainda que fossem, culpadas são as Administrações Públicas (federal, estadual e municipal) que nada proveram quando deveriam prover. Quedaram-se inertes, quando deveriam estar preventivamente atentas e operosas.
Apenas um exemplo: por esse Brasil inteiro, de longa e longa data, as inúmeras mineradoras espalhadas pelo país tiram água do subsolo. Tiram sem parar. Todos os dias, meses e anos. São minerodutos que se servem de bilhões de litros de água por dia, a atravessar enormes dutos de 100, 200, 300…quilômetros de extensão, para ir abastecer outras localidades onde têm seus outros terminais. De graça. Sem fiscalização. Sem a intervenção do poder público. Mas nem isso a Administração Pública pode invocar como “desculpa”, como “justificativa” para racionamentos e desabastecimentos de água e energia elétrica. A responsabilidade que recai sobre si é objetiva. Não admite defesa. Muito menos mentira e engabelamento do povo.

16 de fevereiro de 2015
Jorge Béja

TAMBÉM QUERO BOLSA-ALUGUEL, IGUAL AOS DEPUTADOS



Essa foi a escora racional do discurso. Claro que o que se queria era fazer bonito para a plateia. O então presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PR), concorreria no ano seguinte a vice-governador e, em 2013, ainda era cotado como pré-candidato a governador e senador. Ficaria bem para ele colar à própria imagem o papel de gestor moralizador atento às tais “vozes das ruas”. Pois chegou 2015, as vozes se calaram, e a eleição passou.
O peemedebista Adalclever Lopes foi candidato único para o comando da Mesa nesta nova Assembleia. Foi ungido por um consenso surpreendente para um plenário que promete sediar debates quentes. Agradou de petistas a tucanos, de pastores a representantes de movimentos sociais, de delegados a réus.
Já na primeira sessão, após a instalação da legislatura, no domingo, 1º de fevereiro, Adalclever e seus colegas de diretoria decidiram abrir a “caixa de Pandora” da história. Ressuscitaram o auxílio-moradia e outra atrocidade a ser descrita abaixo. Ora, está claro de onde nasceu o consenso em torno da chapa única, afinal, a imoralidade segue como denominador comum mesmo nos ambientes mais ecléticos.
SÓ QUATRO FORAM CONTRA
Justiça seja feita a Ione Pinheiro (DEM, irmã de Dinis), Jean Freire (PT), João Leite (PSDB) e Marília Campos (PT), que votaram contra a medida de flagrante retrocesso, em primeiro turno. O segundo turno pode ocorrer hoje, e a pressão existe, ainda que tímida. Na plataforma Avaaz foi criado um abaixo-assinado pelo não retorno da bolsa-aluguel, que seria mensal, de R$ 2.850 por deputado.
Na mesma sessão, na semana passada, foi aprovado outro absurdo: o deputado que se licenciar da cadeira para assumir, por exemplo, uma secretaria de Estado, pode continuar a receber os R$ 20 mil mensais a que cada gabinete tem direito para sua manutenção, a chamada verba indenizatória. Essa mamata é tanto ou mais injustificável do que a primeira. O auxílio-moradia e o recebimento da verba de gabinete para o licenciado são facultativos. Mas quem teria a coragem de dizer não?
Cidadão mineiro, cuide de limpar o seu quintal com o mesmo ímpeto com que se interessa pelos desmandos de Brasília. Que tal mandar agora um e-mail desaforado para seu deputado estadual?

16 de fevereiro de 2015
João Gualberto Jr.
O Tempo

DEPUTADO E CAPITÃO, AUGUSTO VAI CRIAR O PARTIDO MILITAR BRASILEIRO




Augusto chegou fardado no Congresso
O deputado federal Capitão Augusto (PR-SP) conseguiu, em apenas duas semanas de mandato, atrair a atenção de todos com quem cruzou na Câmara. Policial militar da reserva, José Augusto Rosa não despertou os olhares apenas por só vestir a farda carregada de condecorações, mas também pelo desejo de dar à legenda que pretende criar em abril — o Partido Militar Brasileiro (PMB) — números polêmicos, entre os quais, o 38, em alusão ao calibre de um revólver, e o 64, em referência ao golpe de 1964.
Munido de 500 mil assinaturas de apoio à legenda, o parlamentar de primeiro mandato pretende ingressar, daqui a dois meses, com a formalização do PMB na Justiça Eleitoral. 

“Só não escolhemos o número ainda, mas já fizemos uma convenção nacional, recolhemos 500 mil fichas e, inclusive, já tivemos audiência com o ministro Dias Toffolli (presidente do Tribunal Superior Eleitoral). 
Explicamos a ele que, apesar do nome, não se trata de um partido só para militares, porque não somos preconceituosos, mas uma legenda que tem a alma militar, um partido da direita de verdade”, justificou Capitão Augusto.
NUMERAÇÃO DO PARTIDO
O deputado explica cada um dos números sugeridos na convenção nacional para representar a sigla militar nas urnas. “O 18 é importante para nós por ser a idade do alistamento militar e também por significar a maioridade penal que vamos lutar para derrubar. O 38 porque se refere à arma de fogo mais usada pela corporação militar. Já o 64, que causou tanta polêmica, refere-se à revolução democrática. O 99, que hoje pertence ao TSE para testes em urnas, é para demostrar que estamos à direita de tudo que aqui está, já que os outros partidos se concentram entre os números 10 e 45”, diz.
Capitão Augusto pretende definir, em breve, qual será a numeração que levará a 33ª legenda às urnas caso receba o aval do TSE. 
São necessárias cerca de 478 mil assinaturas para o registro. 
“Mas a quantidade de assinaturas não é importante. O PMB é um partido que nasce grande porque a corporação militar é considerada a instituição mais respeitada do Brasil . 
Já estamos em todos os estados, com mais de 1.250 diretórios municipais”, enfatizou o parlamentar.

16 de fevereiro de 2015
Naira Trindade
Correio Braziliense

O HUMOR DO DUKE...




Charge O Tempo 15/02

16 DE FEVEREIRO DE 2015

PENHORA DO PRÉDIO DA PETROBRAS É MAIS UMA FAÇANHA DE DIRCEU



Todos sabem que, na véspera do Carnaval, surgiu mais um constrangimento para a Petrobras, com a divulgação da notícia de que a Justiça determinou que seja hipotecado o edifício-sede da estatal, no centro do Rio de Janeiro, para garantir uma dívida de R$ 935 milhões. O valor é referente a uma indenização devida à refinaria de Manguinhos por supostos prejuízos causados, entre 2002 e 2008, pela política de preços de combustíveis praticada pela estatal.
O processo de Manguinhos contra a estatal foi iniciado em 2013 e pode durar mais de uma década. Na primeira instância, a Petrobras foi condenada a pagar a indenização em dezembro do ano passado. Com as dificuldades financeiras enfrentadas por causa da Operação Lava Jato, a refinaria Manguinhos entrou em janeiro com o pedido de hipoteca judicial, mas somente será executado caso se esgotem os recursos da Petrobras em todas as instâncias e a estatal seja definitivamente condenada a pagar a indenização.
A longeva e sucateada refinaria de Manguinhos, que pertencia à petroleira espanhola Repsol , já estava há anos à beira da falência quando foi arrendada pelo grupo Andrade Magro, do qual fazem parte as empresas Grandiflorum e a Ampar.
EIS QUE SURGE SERENO…
Em 2008, a família Magro assumiu o controle de Manguinhos e entregou a presidência da refinaria ao jornalista Marcelo Sereno, que tinha sido chefe de gabinete do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil, era secretário nacional de Comunicação do PT e se tornara uma das principais testemunhas de defesa do deputado cassado no escândalo do mensalão. No PT, todos sabiam que Sereno era o braço-direito de Dirceu.
A família Magro era especialista em sonegação fiscal no setor de combustíveis e se aproximara de Sereno em 2002, quando ele era chefe de gabinete do governo da petista Benedita da Silva, uma gestão de apenas nove meses e que ficou conhecida por sua generosidade fiscal no trato com grandes sonegadores, digamos assim.
A quadrilha de Magro então passou a explorar uma modalidade de fraude possibilitada pelo uso, de forma irregular, de um regime especial de tributação concedido pela então governadora Benedita da Silva, que desobrigou as distribuidoras de recolher o imposto na origem (quando compravam o combustível na refinaria).
“PASSEIO DA NOTA FISCAL”
Para não pagar o ICMS também na venda aos postos, essas empresas trambiqueiras simulavam operações interestaduais de comércio de combustível. Era o golpe do chamado “passeio da nota”, no qual só as notas fiscais viajavam, enquanto o produto era vendido na rede de abastecimento do Rio de Janeiro.
Houve uma sucessão de liminares na Justiça do Rio, e a primeira empresa favorecida foi a Inca Combustíveis, de Hiroshi Abe Júnior, identificado pela Polícia como um dos “cabeças” da suposta quadrilha liderada por Magro.
Na Assembleia Legislativa do Rio, uma CPI apurou que, entre 2002 e 2006, o esquema teria produzido um rombo de pelo menos R$ 850 milhões na arrecadação. Embora o empresário Ricardo Magro insista em afirmar que só assumiu a refinaria em 2008, a Polícia e o Ministério Público estão convencidos de que, mesmo antes do negócio, empresas que já gravitavam em torno de Magro usavam a refinaria de Manguinhos como plataforma das ações de sonegação.
OUTRA COINCIDÊNCIA
Em 2010, sempre por coincidência, Marcelo Sereno assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo de Maricá, município da Região dos Lagos, no Rio. Sua missão era administrar os R$ 20 milhões de royalties que Maricá passaria a receber por mês, pela extração do pré-sal no campo de Tupi, na Bacia de Santos.
Em nota oficial sobre a posse de Sereno, disse em mau português o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que hoje é presidente regional do PT: “A expectativa é que o volume de recursos provenientes da exploração de petróleo possa ser ampliado, passando dos R$ 36 milhões atuais para R$ 240 milhões por ano e que Marcelo Sereno está pronto para assumir mais esse desafio e contribuir, trabalhando, pensando e executando para o desenvolvimento amplo de Maricá”.
É justamente essa quadrilha que conseguiu agora penhorar o edifício-sede da Petrobras, mostrando que o Brasil está de cabeça para baixo e por aqui o crime realmente compensa.
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PS – Este artigo foi escrito a pedido do comentarista Rubens Patule, que nos lembrou matéria publicada há tempos pela própria Tribuna da Internet sobre o envolvimento de Sereno e Dirceu na velha refinaria, que o então governador Sérgio Cabral ameaçou desapropriar, mas depois estranhamente voltou atrás. Quanto ao nosso assunto predileto (o impeachment de Dilma) a batata da presidenta/governanta continua assando e qualquer hora a gente volta ao assunto, sempre com absoluta exclusividade.

16 de fevereiro de 2015
Carlos Newton