"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 3 de maio de 2015

O HUMOR DO DUKE...

Charge Super 02/05


03 DE MAIO DE 2015

UMA ROTINA BRASILEIRA, PERPETUADA ATRAVÉS DOS TEMPOS



 
Um homem negro, forte, aparentando 30 anos, chega à Central de Certidões do Rio, máquina motriz da burocracia brasileira. Busca um atestado de “nada consta” em seus antecedentes criminais para poder se candidatar a uma vaga de trabalho na construção civil. Em tempos difíceis, com desemprego em alta, qualquer possibilidade vale o esforço da espera na fila que se espraia na sobreloja escura, barulhenta e caótica.
 
A primeira barreira é o preço. A central cobra quase R$ 300 para a pesquisa nos vários ofícios. O valor tem de ser pago à vista, em espécie. Teria de trabalhar mais de dez dias para pagar a taxa, caso venha a receber um salário mínimo. Sem dinheiro, é necessário preencher uma declaração postulando a gratuidade por fragilidade econômica, explica o balcão de informações. Atribulado, a vítima pede ajuda ao colega que o acompanha: “Você escreve para mim e eu assino?”
 
Findo o périplo, a central de certidões informa que a busca só estará concluída em cinco dias úteis. Ou seja, a vaga pretendida pode ser preenchida por outro desempregado.
 
COMO NAS SESMARIAS
 
A perpetuação de situações absurdas como essa é desalentadora. Serviços obrigatórios, ineficientes e caros, como o dos cartórios, enriquecem famílias e políticos, que dividem espaço público em sesmarias.
 
Como já ensinou Hélio Schwartsman, na Folha, os cartórios não são criação dos portugueses nem exclusividade brasileira. Criados pelos sumérios no 4º milênio a.C., existem em vários países europeus e em muitas de suas ex-colônias, mas sem tantos poderes e abusos.
 
Exigências absurdas de certificados que comprovam a veracidade de documentos oficiais por taxas exorbitantes são uma pequena amostra do que passa o cidadão brasileiro. O “burocrossauro” cresceu aqui por não ter predadores. Conheceu o paraíso e tem certeza da vida eterna.

(artigo enviado por Sandro Couto)

03 de maio de 2015

INVESTIGAÇÃO DA FORÇA-TAREFA DA LAVA JATO CHEGA AO CORAÇÃO DO PT


 

Com a prisão de João Vaccari Neto, a investigação da força-tarefa da Lava Jato chega ao coração do PT. Não só pelo envolvimento do até então tesoureiro do PT, mas pela descoberta de que Vaccari usava a Editora Gráfica Atitude para receber propinas desviadas de contratos da Petrobras.
Assim como o site “Rede Brasil Atual”, a gráfica funciona como órgão de comunicação da CUT. Segundo registro na Junta Comercial de São Paulo, tem como sócios o Sindicato dos Bancários de São Paulo e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, duas entidades que estão na base de sustentação do próprio PT.
De acordo com as investigações, a Editora Gráfica Atitude, que publica a Revista do Brasil, recebeu ao menos R$ 1,5 milhão do esquema. O valor, porém, pode ser maior.
DEPÓSITOS NA CONTA
Em novo depoimento à PF, o executivo Augusto Mendonça, da Setal Óleo e Gás (SOG), também envolvida no petrolão, disse que Vaccari lhe pediu R$ 2,5 milhões para cobrir propagandas na Revista do Brasil. A PF identificou até agora 14 depósitos feitos na conta da Gráfica Atitude pelas empresas Tipuana e Projetec, usadas como fachada pela quadrilha do petrolão.
IstoÉ identificou também que a Editora Gráfica Atitude obteve recursos de contratos de agências de publicidade com a própria Petrobras, além de Banco do Brasil e Correios. Não foi possível obter os valores, o que deve acontecer em breve com a decisão de Moro de autorizar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da gráfica. A medida também poderá ser estendida aos sindicatos dos Bancários de São Paulo e dos Metalúrgicos do ABC.
REVISTA GOVERNISTA
Comandada por dirigentes das duas entidades sindicais, a Editora Gráfica Atitude tinha como objeto social em sua origem a “fabricação de produtos de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado para uso comercial e de escritório, exceto formulário contínuo”.
A partir de 2008, passou a editar “livros, jornais e revistas”. Em 2010, o TSE puniu a gráfica por propaganda ilegal de apoio à candidata Dilma Rousseff.
A Revista do Brasil tem linha pró-PT e defende regularmente o controle da mídia e o fim do monopólio, conhecidas bandeiras petistas.

03 de maio de 2015
Claudio Dantas Sequeira
IstoÉ

RAPINA

Como funciona o Brasil - Impostos - YouTube

www.youtube.com/watch?v=c_z3-0csoLw

A REVOLUÇÃO SILENCIOSA


Não espere tanques, fuzis e estado de sítio.

Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevês e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades.

Não espere tanques nas ruas.

Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades.

Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.

Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.
A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar. Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valorização do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem.

Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática.
Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos, não serve.
Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações.
Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser "humano" e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros.

Ter é incompatível com o ser. Esse é o princípio que estamos presenciando.
Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por consequência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente.
Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem. 

A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara.

A constatação que faço é simples.
Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental - que é óbvio faz parte da revolução silenciosa - as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário.
Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos.
No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo..


São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa.

Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos.
Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que "tem" e é "dono" de algo, enquanto outros nada têm.

Como se houvesse relação de causa e efeito.
Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro "Geografia",obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro.

O Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade.

Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de "alguns" e que assentamentos e pequenas propriedades familiares "são de todos".
Aprendem que "trabalhar livre, sem patrão" é "benefício de toda a comunidade". Aprendem que assentamentos são "uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais".

E também aprendem a ler um enorme texto de... adivinhe quem? João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros.
O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que "meninos e meninas, a nova geração de assentados...formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST".


Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas.
Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazifascista.


Tristes são as consequências.
Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio.

Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim.
A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles.

O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar,
DIVULGAR, fazer pensar, incomodar os agentes da "Stazi" silenciosa.

É o que faço.
Não há silêncio que resista ao barulho!



03 de maio de 2015
Diego Casagrande

INDICAÇÃO INFELLIZ

As duas precondições essenciais estabelecidas pela Constituição Federal para a escolha de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) são o notável saber jurídico e a reputação ilibada. É o mínimo que se pode esperar de um juiz sobre cujos ombros pesa, em última instância, a responsabilidade de ser o "guardião da Constituição". A indicação do nome a ser aprovado, por maioria absoluta, pelo Senado Federal, é atribuição do presidente da República. O País vive neste momento o processo de escolha do nome que vai substituir no STF o ministro Joaquim Barbosa, aposentado há nove meses. E o indicado pela presidente Dilma Rousseff é o advogado Luiz Edson Fachin, gaúcho que fez carreira no Paraná e é descrito como "homem de esquerda", muito chegado ao movimento sindical, como a CUT, e a organizações sociais, como o MST.

Embora seja natural que a visão de mundo de um magistrado, necessariamente conformada por suas inclinações ideológicas, influa de alguma forma em seu julgamento - e isso faz parte da condição humana, constituindo, portanto, um elemento subjetivo inevitável -, o que é lícito esperar de um candidato a integrar o colégio da Suprema Corte é, por óbvio, que sua carreira profissional seja um testemunho claro de compromisso com o respeito à lei. Luiz Edson Fachin está envolvido, porém, num episódio, no mínimo, controvertido do ponto de vista legal, o que lança sobre sua reputação uma nódoa difícil, se não impossível de ignorar: na década de 90, quando era procurador do Paraná, violou a Constituição estadual ao atuar simultaneamente à frente de seu escritório de advocacia.

A Constituição paranaense, promulgada em 1989, foi revisada em 1999, mas até então seu artigo 125, parágrafo 3.º, inciso I, dispunha claramente: "É vedado aos procuradores do Estado exercer advocacia fora das funções institucionais". Procurador desde 1990, Fachin advogou. Infringiu a lei, portanto.

Como sempre acontece, há divergências quanto à legalidade ou não do comportamento do indicado por Dilma para preencher vaga na Suprema Corte. De acordo com matéria publicada quarta-feira no Estado, um diretor da Associação dos Procuradores do Estado do Paraná, (Apep), Eroulths Cortiano Junior, manifesta a opinião gratuita, porque sem nenhum respaldo legal, de que só haveria impedimento do exercício da dupla atividade "se um procurador advogar em causa contra a administração pública". 

Na mesma matéria, um professor de Direito Constitucional da FGV, Rubens Glezer, manifesta a opinião de que, como ocorreu no Paraná com a reforma da Constituição estadual, "uma mudança na legislação pode restringir ou modificar a concessão de auxílios e ou certas formas de exercer uma dada função no serviço público" (a de procurador, por exemplo), o que significa o seguinte: 
"Realizar o exame sobre a boa-fé do candidato nessa situação é o que me parece central para fazer a avaliação moral sobre a qualificação de Fachin para exercer a função de ministro da instância superior do Judiciário brasileiro". Quer dizer: infringir a lei de boa-fé, pode. Mas a boa-fé é tão boa assim, que comporta infringir a lei durante 10 anos?

A indicação do advogado Luiz Edson Fachin para o STF revela, de novo, a insensibilidade e a inabilidade políticas de Dilma Rousseff. Uma das razões alegadas pelo Palácio do Planalto para a demora sem precedentes na indicação do substituto de Joaquim Barbosa era uma conjuntura política complicada pela fragilização da figura da presidente da República que tornava necessário, mais do que nunca, que fosse escolhido um nome acima de qualquer suspeita. Pois Dilma foi buscar exatamente um apoiador declarado de sua candidatura presidencial, com um histórico de intimidade com a CUT e o MST do carbonário Stédile e, pior ainda, sujeito de um caso que pode tisnar reputações.

A primeira consequência concreta de mais essa trapalhada presidencial foi o adiamento por uma semana da sabatina a que Fachin precisa se submeter perante a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que vai avaliar seu notório saber jurídico e sua reputação ilibada. A nova data é 13 de maio, se até lá não ocorrer nenhuma novidade.


03 de maio de 2015
Estadão

A PROFÉTICA CARTA CAPITAL 2

Outra capa da revista séria mais engraçada do país. Esta é de 2002, antes de Lula assumir o comando do país.

SERIA TRÁGICO, SE NÃO FOSSE CÔMICO...

Infelizmente o site da revista não disponibiliza uma versão mais clara desta grande reportagem, que tinha como subtítulo

“Os homens certos: José Dirceu, Luiz Guishiken, Antonio Palocci. E alguns mais. O governo Lula está saindo do forno.”



03 de maio de 2015
in reaça blog

A PROFÉTICA CARTA CAPITAL - SERIA CÔMICO, SE NÃO FOSSE TRÁGICO...

CLIQUE PARA AMPLIAR
                                                                 
                              A profética Carta Capital


Agora que o Ministério Público Federal está investigando Lula por tráfico de influência internacional, é hora de relembrar uma capa premonitória da revista séria mais engraçada do país, a Carta Capital:


03 de maio de 2015
in Reaça blog

POR LINHAS TORTAS

ARTIGOS - CULTURA

“Gramscismo sob pretextos faorianos” é uma expressão que resume perfeitamente bem a política do PT ao longo de toda a sua existência.

Na vasta bibliografia sobre temas nacionais, especialmente a assinada por autores de esquerda, não há tópico mais abundantemente estudado, explorado, revirado de alto a baixo, do que “a revolução brasileira”. Perdão. É com maiúsculas: Revolução Brasileira.
Livros com esse título, ou com essa expressão no título, foram produzidos por Nelson Werneck Sodré, Franklin de Oliveira, Octávio Malta, Celso Furtado, Pessoa de Moraes, Guerreiro Ramos, Azevedo do Amaral, Jamil Almansur Haddad, Florestan Fernandes, Moisés Vinhas, Danton Jobim, Hélio Silva, José Maria Crispim, Celso Brant e uma infinidade de outros, sem contar aqueles, muito mais numerosos, que trataram do mesmo assunto sem ostentá-lo no título.
Pode parecer estranho o interesse quase obsessivo por esse fenômeno num país que não atravessou nenhuma experiência comparável às revoluções da França, da América, da Rússia, da Espanha ou mesmo do México, limitando-se, a nossa sanha revolucionária, a escaramuças locais com derramamento de sangue relativamente modesto no ranking internacional.
No entanto, a referência naqueles títulos não é a nenhum episódio histórico em particular, grande ou pequeno. “Revolução brasileira”, na acepção geral que o termo assumiu numa longa tradição de “interpretações do Brasil”, designa algo como um rio que flui, uma história inteira, um processo intermitente na superfície, contínuo no fundo. Na verdade, não houve um único grande acontecimento histórico que se pudesse chamar “Revolução Brasileira”. É a série inteira dos pequenos que leva esse nome, designando uma intenção, uma teleologia simbólica subjacente a todos eles: o processo pelo qual o povo, inicialmente um bando de desgarrados e escravos mantidos em obediência estrita sob o peso de uma claque de altos funcionários e senhores de terras (mais tarde banqueiros e capitães de indústria), vai aos poucos emergindo de um estado de passividade abjeta para tentar se tornar o senhor e autor da sua própria História, sempre com sucesso inferior às suas mais ambiciosas expectativas, e por isso mesmo fadado a repetir a tentativa de novo e de novo, em escala um pouco maior.    
Contra quem se volta precisamente esse processo? Qual a “classe dominante” que se tenta remover de cima para dar espaço à iniciativa popular? As tentativas de defini-la em termos do marxismo ortodoxo, como “burguesia capitalista exploradora do proletariado”, falharam miseravelmente, tal a míngua de proletários e burgueses num país de poucas indústrias, onde a burguesia industrial só conseguiu ela própria algum espaço quando carregada no colo pela ditadura estatista, semifascista, de Getúlio Vargas.
Na verdade os autores marxistas não conseguiram sequer entrar num acordo quanto às etapas iniciais e mais remotas do processo, anteriores à Independência, uns falando de “feudalismo”, outros de “capitalismo rural”, outros, ainda, propondo a teoria de uma formação sócio-econômica sui generis, alheia às categorias usuais do marxismo, o “escravismo colonial”.
Quem melhor definiu o vilão da história, a meu ver, foi Raymundo Faoro, no clássico Os Donos do Poder.Formação do Patronato Político Brasileiro (Globo, 1958; ainda prefiro a primeira edição à versão reescrita de 1974, mais volumosa). Partindo de noções obtidas em Max Weber, Faoro redefinia a índole e os objetivos da Revolução Brasileira em termos mais adequados à realidade do que qualquer marxista teria podido fazer no lugar dele. E eu não conseguiria resumir sua tese com mais exatidão do que o fez Fábio Konder Comparato (v. (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142003000200024&script=sci_arttext):
Para Raymundo Faoro, a sociedade brasileira – tal como a portuguesa, de resto – foi tradicionalmente moldada por um estamento patrimonialista, formado, primeiro, pelos altos funcionários da Coroa, e depois pelo grupo funcional que sempre cercou o Chefe de Estado, no período republicano. Ao contrário do que se disse erroneamente em crítica a essa interpretação, o estamento funcional governante, posto em evidência por Faoro, nunca correspondeu àquela burocracia moderna, organizada em carreira administrativa, e cujos integrantes agem segundo padrões bem assentados de legalidade e racionalidade. Não se trata, pois, daquele estamento de funcionários públicos encontrável nas situações de ‘poderio legal com quadro administrativo burocrático’ da classificação weberiana, mas de um grupo estamental correspondente ao tipo tradicional de dominação política, em que o poder não é uma função pública, mas sim objeto de apropriação privada.”
O livro demorou para atrair a atenção pública, mas a segunda edição apareceu como uma balsa para os náufragos numa época em que, esfaceladas as guerrilhas, a esquerda brasileira buscava caminhos para a redemocratização do país e ansiava por um discurso que não soasse demasiado comunista aos ouvidos do governo militar – um esforço cujo primeiro resultado objetivo veio com a fundação do PT em 1980. Faoro tornou-se quase espontaneamente o santo padroeiro do novo partido. Sua casa era freqüentada assiduamente pelo sr. Luís Inácio Lula da Silva, que em 1989 chegou a convidá-lo, em vão, para ser candidato à vice-presidência.
Vestindo a camiseta faoriana de inimigo primordial da apropriação privada dos poderes públicos, o PT fez um sucesso tremendo nos anos 90, como denunciador-mor da corrupção nas altas esferas federais e promotor de uma vasta campanha pela “ética na política”, que resultou na quase beatificação do seu líder principal (quando Lula viajava pelas áreas mais pobres do Nordeste, doentes vinham lhe pedir que os curasse por imposição de mãos, como os reis da França).
Àquela altura, o partido parecia mesmo resumir e encarnar o espírito da “Revolução Brasileira”, com toda a expectativa messiânica embutida nesse símbolo. Daí a vitória espetacular de Lula na eleição de 2002.
Aconteceu – sempre acontece alguma coisa – que a liderança esquerdista em geral, e a petista em especial, não lia nem seguia só Raymundo Faoro. Desde os anos 60-70 lia com deleitação crescente os Cadernos do Cárcere e as Cartas de Antonio Gramsci, o fundador do Partido Comunista Italiano e criador da estratégia comunista mais sutil e mais calhorda de todos os tempos: a “revolução cultural” a ser implementada mediante a “ocupação de espaços” em todos os órgãos da administração pública, da mídia, do ensino etc., para culminar no momento em que todo o povo seria socialista sem saber e o partido se tornaria “um poder onipresente e invisível”.
Se Faoro forneceu ao PT a sua identidade aparente e a base do seu discurso “ético”, foi Gramsci quem deu à agremiação a sua estratégia e as suas táticas substantivas. “Gramscismo sob pretextos faorianos” é uma expressão que resume perfeitamente bem a política do PT ao longo de toda a sua existência. Nunca um partido teve tão bela oportunidade de colocar em prática uma estratégia estritamente comunista sob uma camuflagem weberiana tão insuspeita.
Tudo parecia perfeito. Diante de uma platéia sonsa, a quem a sugestão de que houvesse algum comunismo nisso soava como delírio de “saudosistas da Guerra Fria”, o partido foi “ocupando espaços” e concentrando poder até fazer da administração federal inteira – sem contar o sistema de ensino e a mídia – o instrumento servil dos seus objetivos privados.
Nenhum, nenhum dos seus guias iluminados notou que era impossível fazer isso sem que o partido se transformasse, ele próprio, no odioso e odiado “estamento burocrático”, com o formidável agravante de que, na ânsia de concentrar todo o poder em suas mãos, e sempre enleado na boa consciência de servir à causa da Revolução Brasileira, passou a roubar, trapacear e explorar o povo incomparavelmente mais do que todos os estamentos anteriores.
Faoro morreu em maio de 2003, quatro meses depois de Lula tomar posse no seu primeiro mandato, e não teve tempo de meditar, nem muito menos de alertar o PT, quanto ao desastre que a síntese artificiosa e perversa, o “faorogramscismo”, anunciava como desenvolvimento fatal do processo.
Inevitavelmente, os papéis se inverteram: transmutado por obra do gramscismo na encarnação máxima e mais cínica do “tipo tradicional de dominação política, em que o poder não é uma função pública, mas sim objeto de apropriação privada”, o PT, quando por fim a população em massa se voltou contra ele, revoltada ante os maiores escândalos financeiros de todos os tempos, no fundo dos quais ela enxergava ainda que vagamente a premeditação gramsciana, viu-se perdido, desorientado, atônito, seus líderes ora escondendo-se no palácio como aristocratas assustados na Paris de 1789, ora tentando camuflar o medo mediante bravatas truculentas de um ridículo sem par.
Sim, a Revolução Brasileira está nas ruas. É ela, e não outro personagem qualquer. E veio com mais força do que nunca, brotando da pura espontaneidade popular, quase sem líderes (ou com tantos que se diluem uns aos outros), sem dinheiro, sem respaldo em partidos – o povo contra o “estamento burocrático”. Como diria o próprio alvo supremo da ira popular, “nunca ânftef na iftória dêfte paíf” esse povo demonstrou vontade tão firme e inabalável de ser seu próprio mentor e guia, de criar sua própria História, de mandar às favas todos os importantões e de calar de vez as bocas dos mentirosos. A começar pelas da sra. Rousseff e do sr. Lula.
Quem mandou o PT confiar nas falsas espertezas do gramscismo? Deus realmente escreve direito por linhas tortas. 
03 de maio de 2015
Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO E AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL




EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO  E AO  SUPREMO  TRIBUNAL FEDERAL

Ministro Teori Zavascki 
CARTA ABERTA


                Sempre fui defensor ardoroso do PODER JUDICIÁRIO. Aprendi com meu professor de direito, na ESCOLA MILITAR DE RESENDE, que, qualquer sociedade organizada tem seu pilar principal, no CUMPRIMENTO DA LEI. Sem lei ou a não existência de quem a defenda sofrerá a influência da demagogia, do populismo, que são formadores do caos.

       Estamos vivendo o caos e a falência do Poder Judiciário. Há Poder Judiciário para defender poderosos e, não, para defender a sociedade brasileira. Diariamente, estamos assistindo a assaltos aos Cofres da União, dos Estados e dos Municípios. Não são quantidades pequenas, chegando aos bilhões de reais ou mesmo de dólares. Este dinheiro falta na saúde e os ladrões estão soltos, quando cometeram um crime hediondo. Roubaram o seu povo.

       Estamos assistindo à desgraça da mentira prevalecer nos processos, derrotando a verdade. A MENTIRA é o maior câncer de uma sociedade. Como pode uma pessoa ir depor no SENADO FEDERAL e ter garantido o direito de ficar calado? Ela pode ficar calada de livre e espontânea vontade e não ser garantida pelo STF. O STF, defensor da JUSTIÇA, deveria dizer que o depoente não pode MENTIR e se mentir, deveria ser preso. O STF é defensor da VERDADE.

       Magistrado, a manchete da folha de São Paulo, de 29 de abril de 2015, diz bem o que pensa o brasileiro: “SUPREMO LIVRA DA CADEIA EMPREITEIROS DA LAVA JATO.”  É bendito: SUPREMO DEFENDE LADRÃO. É isso que o povo passa a pensar. O BOM DIA BRASIL, de 30 de janeiro 2015, foi direto e disse verdades que mostram a decepção com a Justiça. Será que os milhares de presos não poderiam estar presos em casa, com tornozeleira eletrônica. Perguntaram? “são todos iguais”?

       No mesmo dia, 29 de abril de 2015, no Estado do Ceará, vamos encontrar, no jornal Diário do Nordeste, a SEGUINTE NOTÍCIA: “Quatro presos por fraudes na Caixa Econômica são liberados”. São ladrões de mais de 20 milhões reais.

       Excelentíssimo Senhor Ministro, por que soltar quem não presta? Quem rouba bilhões não é pior do que ladrão de galinha? E por que quem rouba pouco é preso e quem rouba muito é solto? É por essas coisas que há um ditado que diz: ”se vai roubar, roube muito, que não vai ser preso”.

       Antigamente, todos tinham o respeito sagrado pela Justiça. Este respeito está indo para a lata do lixo, Exmo. Senhor Ministro. Um dos juízes que votou não poderia fazê-lo. Deveria se julgar impedido. 

       Estou enviando esta carta para STF, para Vossa Excelência e amigos.  É uma carta aberta.

É uma carta de revolta.

Sabe  por que  desta  revolta,  Senhor Ministro? Por ter sido PROVEDOR DA SANTA CASA DE FORTALEZA e vivi a pobreza de perto e falta de apoio dos governos.

Sabe  por que  desta  revolta,  Senhor Ministro? Por ter sido dirigente de uma Casa de apoio ao Idoso. Ser idoso neste país é merecer o desprezo dos órgãos públicos. Velho não vota é o que falam os politiqueiros.

 

Sabe por  que  desta  revolta,  Senhor Ministro? Por ter enterrado três crianças, em TERSINA, mortos pela fome, quando comandante da Polícia Militar do Piauí.

Sabe por   que    desta    revolta,  Senhor Ministro? Porque quase todo dia alguém bate à minha porta, pedindo socorro e eu vou ajudá-lo . Alguém pobre bate à sua porta?

Sabe por que     desta     revolta,  Senhor Ministro? Porque assisto aos noticiários, às Sessões do Judiciário, às Sessões da Câmara e do Senado e fico comparando com outros países, onde ladrão vai para a cadeia ou é fuzilado por ser traficante de droga. Primeiro Ministro Inglês vai para o Parlamento de Metrô e milhares de carros oficiais servem aos poderosos desta desgraçada República.

Estou  perguntando a  Vossa  Excelência se já viu jovens destruídos pela droga.

Estou  perguntando a Vossa Excelência se já viu lágrimas de mãe por ver o filho destruído pela droga.

Estou  perguntando a  Vossa  Excelência  se teve que segurar um pobre homem que desejava matar o filho por ser traficante de droga.

Eu já vi tudo isso quando comandei, também, a Polícia Militar de São Paulo.

Termino perguntando a Vossa Excelência se já ouviu o soluço profundo de uma mãe e o grito desesperado, afirmando que seu filho era ladrão e que roubava para não ser preso.

Eu vi. Ainda sinto o olhar profundo daquela mãe que procurava Justiça.

Excelentíssimo Senhor Ministro, procuro Justiça, apenas Justiça.

Vossa Excelência e os dois outros Juízes, ao soltarem os criminosos empreiteiros, que cometeram crime HEDIONDO, DEPRAVADO, VICIOSO, SÓRDIDO, IMUNDO, REPELENTE, REPULSIVO, HORRENDO, SINISTRO, PAVOROSO, MEDONHO, contribuíram para o desprestígio do SAGRADO PODER JUDICIÁRIO.      

 

GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO

FRANCISCO BATISTA TORRES DE MELO

COORDENADOR DO GRUPO GUARARAPES

03 de maio de 2015

IMPRENSA ESTRANGEIRA REPERCUTE REPORTAGEM DE ÉPOCA SOBRE LULA


New York Times, El País, Reuters e Barron's publicaram notícias sobre suspeitas do MPF de que ex-presidente facilitou contratos do BNDES para empreiteiras.


REDAÇÃO ÉPOCA



Ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva durante evento em comemoração ao Dia do Trabalho em São Paulo (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

A suspeita do Ministério Público Federal (MPF) de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva facilitou negócios para empreiteiras como a Odebrecht, com ao menos US$ 4,1 bilhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme publicou ÉPOCA na reportagem de capa desta semana, repercutiu entre principais veículos do mundo neste sábado (2).

The New York Times, dos Estados Unidos, publicou que “o ambiente político do Brasil estremeceu na sexta” com a publicação de ÉPOCA. “A notícia vem num período difícil para o governo do PT, com o senhor Da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, lutando contra pedidos de impeachment por causa do escândalo de propinas na companhias nacional de petróleo”.

El País, da Espanha, também lembrou do péssimo momento vivido pela presidente. “Essa guerra de denúncias deixa claro que o governo Dilma pode enfrentar uma batalha similar à Lava Jato, para desgastar ainda mais sua desgastada governabilidade”, escreveu.

reportagem de ÉPOCA foi repercutida também pelo Barron’s, revista econômica americana que pertence ao grupo do The Wall Street Journal. “Ainda não sai fumaça da arma, mas a investigação expõe a presidente Dilma Rousseff a mais problemas políticos e econômicos”.

agência de notícias britânica Reuters ressaltou que uma porta-voz do MPF confirmou uma investigação preliminar sobre Lula, cujo prazo é de 90 dias para decidir se o ex-presidente cometeu algum crime de tráfico de influência e para abrir uma investigação formal.

03 de maio de 2015
in blog do beto

EMPREITEIROS CORRUPTOS DO PETROLÃO SERÃO JULGADOS, CONDENADOS E VOLTARÃO À CADEIA


Carlos Fernando do Santos Lima (MPF), juiz Sérgio Moro e Deltan Dallagnol(MPF): cerco aos corruptos.

Segundo o Estadão, a decisão do Supremo Tribunal Federal de tirar os empreiteiros do Petrolão da cadeia e transferir para prisão domiciliar  não vai criar obstáculos ao ritmo dos processos da Lava Jato conduzidos pelo juiz federal Sérgio Moro. Esta é a avaliação da força-tarefa responsável pelas investigações. Pelo cronograma, a partir de junho começam a ser expedidas as primeiras sentenças nas cinco ações penais que têm os executivos como réus.

Esta semana a Justiça Federal em Curitiba dará início aos interrogatórios dos 25 dirigentes e funcionários de seis empreiteiras - Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC - das 16 apontadas como integrantes de um cartel nos contratos da Petrobrás dentro desse primeiro pacote de processos criminais.

Na opinião dos investigadores, os executivos das empreiteiras têm pouca chance de escapar da condenação pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro em primeira instância. Alguns respondem ainda por formação de organização criminosa e por uso de documentos falsos.

As acusações tratam da corrupção e dos desvios comprovados pela força-tarefa em contratos apenas da Diretoria de Abastecimento - que era a cota do PP no esquema. Contra eles, foi reunida farta documentação de prova material e técnica, como quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico, que somadas às confissões de delatores e às provas produzidas pela própria Petrobrás - dentro de suas apurações administrativas - servirão como base para o julgamento de Moro.

O coordenador da força-tarefa, procurador Deltan Dallagnol, sustenta que há “uma guerra contra a corrupção” em curso. “Esse é apenas um pacote das várias denúncias que virão. Estamos em uma guerra contra a impunidade e a corrupção.”

Os executivos e as empresas serão acusados formalmente ainda por formação de cartel, fraudes em processo licitatório, itens ainda não inclusos nesse primeiro pacote. “As empresas simulavam um ambiente de competição, fraudavam esse ambiente e em reuniões secretas definiam quem iria ganhar a licitação e quais empresas participavam de qual licitação. Temos aí um ambiente fraudado com cartas marcadas”, afirma Dallagnol.

A Petrobrás - tratada como vítima do esquema - reforçou os trabalhos de investigação no mês passado, quando oficialmente passou a integrar o polo ativo dos processos. Com isso, ela virou acusadora formal dos réus, ao lado do Ministério Público Federal.

03 de maio de 2015
in coroneLeaks

O SILÊNCIO DE UMA GERAÇÃO

Martin Luther King costumava dizer que "nossa vida começa a acabar quando nos calamos frente às coisas que realmente importam".

Pois bem: nossa geração está a um passo de ver o crescimento real do Brasil - mas no entanto dele está abrindo mão por conta de um silêncio daqueles que doem na alma.

Vivemos em um país no qual morrem 20 crianças a cada dia só por conta de doenças causadas pela falta de um simples esgoto sanitário, que não chegou ainda a 60% dos nossos municípios. 20 crianças por dia são 600 por mês - ou o equivalente a uns quatro aviões Airbus lotados.

Calculou-se que com R$ 100 bilhões levaríamos saneamento básico completo para 86 milhões de brasileiros, eliminando de vez esta vergonhosa chacina mensal. Pois bem: só em 2007 pagamos, a título de juros da dívida pública, incríveis R$ 160 bilhões - 60% a mais! E nem falamos nisso - nossas elites preferem tratar de assuntos mais amenos.

Segundo a ONU, das crianças brasileiras que sobrevivem a este horror, quase seis milhões trabalham, a metade delas sem receber nada além de algum alimento. A jornada de trabalho destes escravos, digo, crianças, não é pequena - no mínimo 40 horas semanais. Claro, há também aquelas crianças, digo, escravos, que recebem remuneração - precisos 41,5% deles, que ganham no máximo meio salário mínimo. É assim que 22% dos 25 mil catadores de lixo brasileiros tem menos de 14 anos.

Enquanto isso, gastamos alegremente cerca de R$ 1 bilhão a cada ano só em propaganda institucional. Nossas elites preferem falar de assuntos mais agradáveis, e assim o tempo vai passando.

Será assim que 41% destas crianças sequer concluirão o ensino fundamental, juntando-se aos 68% de brasileiros entre 15 e 64 anos que nada conseguem ler além de um anúncio de cinco palavras.

Mas, pensando bem, é melhor mesmo que não leiam - assim, falarão menos, abrindo menos a boca e lembrando às nossas elites, de forma absolutamente incômoda, que três em cada quatro brasileiros são desdentados . Somente em São Paulo, 68% dos adultos já perderam todos os dentes, e 30 milhões de brasileiros nunca foram a um dentista. Sim, é melhor que eles fiquem mesmo de boca fechada...

Enquanto isso, segundo a Controladoria-Geral da União divulgou em 2008, a corrupção, o desperdício e a má-gestão desviam do dinheiro público investido na saúde R$ 426,4 milhões, que equivalem a 25,1% do repasse do Ministério da Saúde aos municípios.

O Brasil imenso e rico, que imaginamos já às portas do 1º Mundo, tem apenas 29.798 km de ferrovias - uma malha ferroviária do tamanho daquela do pequenino Japão. Para piorar, 10 mil km estão desativados - são linhas antigas, construídas pelo Imperador D. Pedro II. No pedaço que sobra, nossos trens andam a 20 km/h em média. O resultado disso: 70% das nossas cargas andam por aí no lombo de caminhões caríssimos adquiridos de empresas estrangeiras, um absurdo sem paralelo no planeta!

E este absurdo é ainda maior quando uma em cada dez estradas brasileiras não tem qualquer pavimentação, e 40% delas precisariam ser totalmente refeitas, pois nem reparos comportam mais.

Diante de uma tão grande como perigosa carência de infra-estrutura, tivemos a coragem de ficar em silêncio quando o TCU identificou recentemente 400 obras paralisadas no país, após terem consumido R$ 2 bilhões em recursos públicos.

A riqueza do Brasil bem que tenta compensar nossa histórica cegueira gerencial - haja extrativismo para a nossa economia. Mas até quando?

03 de maio de 2015
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo

PF INVESTIGA MARQUETEIRO DE LULA E DILMA POR LAVAGEM DE DINHEIRO


JOÃO SANTANA É SUSPEITO DE 'TRIANGULAÇÃO' NA LAVANDERIA DO PT


JOÃO SANTANA FEZ A CAMPANHA DE DILMA, LULA, HADDAD, DELCÍDIO...

O marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais da presidente Dilma Rousseff e do seu antecessor, Lula, é mais um petista enrolado em suspeita de corrupção e por isso mesmo virou alvo de investigação da Polícia Federal.

A PF investiga uma triangulação, artimanha comum em maracutaias envolvendo recursos ilegais. Duas empresas de Santana, inclusive a Pólis Propaganda e Marketing, são investigadas por receberem em 2012, de empreiteiras brasileiras que atuam na África, como a Odebrecht, US$ 16 milhões (cerca de R$ 55 milhões, em valores atuais) como pagamento pela campanha que Santana fez para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

A forma indireta de receber um dinheiro devido pelo PT constitui crime de lavagem de dinheiro, segundo suspeita a Polícia Federal.

João Santana - que já se declarou "militante" do PT - ganhou R$ 36 milhões pela campanha de Haddad, em valores corrigidos, mas só recebeu a maior parte depois da eleição. Ele nega as irregularidades e diz que foi “uma operação legal e totalmente transparente” e garante que “o PT e somente o PT” pagou pelo seu trabalho.

O inquérito sobre a Pólis, empresa do marqueteiro, foi aberto em 2015 pela PF depois que um órgão do governo que combate a lavagem de dinheiro considerou atípica a operação que trouxe os US$ 16 milhões.

Segundo a investigação, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, os recursos trazidos ao Brasil por Santana teriam sido lançados como pagamento pela campanha do presidente José Eduardo dos Santos, também em 2012.

A empresa de Santana e o próprio marqueteiro negaram as irregularidades. "O contrato com a campanha de Angola foi de U$ 20 milhões, pagos pelo partido MPLA (partido do presidente angolano), depositados numa conta da Pólis no Banco Sol, em Luanda, capital de Angola", explicou em nota .

"Desse total, US$ 16 milhões foram repatriados ao Brasil gerando uma guia de R$ 6,29 milhões em pagamentos de impostos", detalhou. Em vídeo, Santana garantiu:"Eu não pago nada aos meus clientes. Eles que pagam para mim", afirmou.


03 de maio de 2015
diário do poder

SALAS DE ESPERA EMUDECIDAS


          Quando os aviões não eram apenas máquinas de transportar passageiros, o gado humano que neles entrava recebia todas as atenções da equipe de bordo. A ponto de um incorrigível pessimista apontar tais gentilezas como recurso das companhias aéreas para os passageiros esquecerem os riscos de acidentes prováveis. Bastante curiosa, aliás, é a quase total ausência de conversa entre eles durante a viagem, mesmo sendo amigos e sentados um ao lado do outro. Estou à procura de quem me explique isso.

Tudo muda para pior, neste mundo doente de pessimofilia, e basta uma viagem aérea para perceber que o serviço de bordo vem piorando. Como os riscos diminuíram, as empresas aéreas reduzem as gentilezas e ganham um pouco mais.

Eu estava curioso em atualizar também minhas informações sobre as salas de espera de serviços médicos, mas minha boa saúde me tem mantido longe delas. Pude constatar recentemente que elas também mudaram.

          (Lá vem ele lamentar que pioraram).

          Pioraram sim, mas a piora que notei talvez não seja a mesma que você notou. Melhoraram o conforto, a limpeza, as instruções sucintas e maquinais das atendentes uniformizadas, a eficiência dos computadores do sistema, que agora pensam duas vezes antes de se declararem fora do ar. Nem vou lamentar que cada paciente seja apenas o segurado número tal, senha número tal, em lugar do Senhor ou Senhora Fulano de tal, pois o anonimato globalizado rebaixou todo mundo a isso.

Antes de contar o que apurei na minha incursão por salas de espera, lembro que elas funcionavam antigamente como pontos de encontro, onde pessoas conhecidas ou desconhecidas trocavam ideias, queixavam-se das mesmas dores ou problemas, ensinavam cataplasmas para alguma dor do filhinho, sugeriam remédios ótimos que tomaram, mesmo sendo outra a doença do outro. Pontos de expansão do calor humano, elaborados ao longo dos séculos, servindo também como correias de transmissão de informações. Em pontos desses, nas margens dos rios, lavadeiras trocavam informações sobre grandes bagatelas de interesse local, nas famosas conversas de lavadeira. Hoje elas são uma categoria extinta, cujo calor humano foi aniquilado pelo ruído monótono e impositivo da máquina de lavar.

          O meu exame exigia que eu esperasse duas horas depois do preparo, e na sala de espera pude observar dezenas de pessoas que entraram, permaneceram, saíram.

• Primeira mudança – O paciente chega com um papel na mão e entrega-o a uma recepcionista. Ela o lê e ordena: Entre neste corredor, vire no primeiro à direita, entre na sala tal e aguarde ser chamado. Ao seguinte, manda sentar ali mesmo e aguardar; e assim por diante. Surgindo alguma dúvida, outra informação se faz ouvir com o tom metálico de secretária eletrônica, e ambos se reduzem novamente ao silêncio.

Resultado: Mutismo empresarial, erigido em culto à eficiência. Substitui o calor humano por um sorriso gélido tipo StopNo trespassing.

          • Segunda mudança – Claro está que as pessoas poderiam conversar, se lhes interessasse. Mas não se interessavam. Por quê? Porque o direito de falar qualquer tolice era exclusivo de uma televisão colocada bem alto num canto da parede; e com as cadeiras voltadas para lá, a fim de ninguém deixar de vê-la e ouvi-la.

Resultado: Mutismo loquaz de quem fala sem pensar, dirigido a quem não fala porque não o deixam livre para pensar.

          • Terceira mudança – Meu absoluto e irredutível repúdio à televisão me levou a sentar-me ostensivamente de costas para o referido canto de parede. Fiquei assim de frente para todos, disponível para trocar ideias sobre bagatelas de interesse comum. Mas todos haviam inclinado a cabeça para trás, acintosamente indiferentes a este comunicativo escriba, e embevecidos com as tolices do energúmeno pendurado acima da minha cabeça. Não aprendi a conversar com pescoços, por isso limitei-me a observar as caras, tão vazias quanto aquele cofrinho esférico, cuja única utilidade é servir de tampa para o pescoço que o sustenta.

Resultado: Mutismo voluntário de quem não pensa e nada tem a dizer.

          • Quarta mudança – Ninguém conversava, ninguém comentava o que via ou sabia, ninguém reclamava. E na falta de contato humano, a única menina ali presente também não conversava, mas divertia-se com outras imagens aliciantes num instrumento moderninho chamado tablete.

Resultado: Mutismo informático, de quem olha tudo e não sabe nada.

          • Quinta mudança – Mutismo globalizado, imposto, modelando autômatos com déficit irremediável de massa cinzenta pensante.

          Ôps! A senha 528 vai ser examinada. Com licença.

03 de maio de 2015
Jacinto Flecha