Apesar de terem participado de uma nova rodada de negociações da última semana com advogados de Palocci, o MPF em Curitiba reluta em assinar uma colaboração com o ex-ministro petista. Há 10 dias, o procurador Carlos Fernando dos Santos disse ao Globo que, se fosse possível dizer em que estágio se encontrava a negociação em uma escala de zero a dez (em que dez é o sucesso do acordo), a resposta seria três. Nesta sexta-feira (dia 15), uma fonte que acompanha as investigações disse que a resposta mais atualizada seria quatro, ou seja, o petista ainda está longe de ser contemplado com o acordo.
Apesar de ter afirmado em abril durante depoimento a Moro estar disposto a entregar “fatos com nomes, endereços e operações de interesse da Lava-Jato”, Palocci tem relutado, por exemplo, a apresentar informações confiáveis sobre instituições bancárias de seu relacionamento.
SONEGANDO PROVAS – Apenas dados sobre o BTG Pactual – que já é alvo da Lava-Jato – foram citados por Palocci nas negociações, o que os investigadores consideram insuficiente.
Outra fonte que acompanha as negociações informa que várias das declarações do ex-ministro ainda não vieram acompanhadas de provas materiais, o que dificulta o avanço do acordo. Advogados do petista têm relatado dificuldades para obter documentos relacionados aos casos citados pelo cliente pelo fato de ele estar preso.
Até mesmo a menção a pagamentos em dinheiro ao petista é vista com insuficiente pelo MPF para fechar acordo – pelos valores e por ser considerada informação que o Ministério Público já conhecia.
“AMIGO” – Pagamentos feitos ao ex-presidente pela Odebrecht, por meio de Palocci, foram registrados na planilha “Programa Especial Italiano”, do setor de Operações Estruturadas da empresa, responsável por pagamento de propina. O documento foi encontrado no e-mail de um ex-executivo da empresa e menciona pagamentos a um interlocutor citado como “amigo”, uma referência ao ex-presidente Lula, de acordo com os autores da planilha.
Em depoimento a Moro, na semana passada, Palocci disse que quantias mais elevadas eram entregues no Instituto Lula, por meio do ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, que também é identificado na planilha. Entregas em dinheiro de interesse da Odebrecht foram registradas nos sistemas “Drousys” e “My Web Day”, usados para operacionalizar propina e atualmente em posse do MPF.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A verdade é que está cada vez mais difícil fechar delações. Algumas delas serão revistas e até anuladas, como pode acontecer com a JBS e com Sérgio Machado, os primeiros na fila. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A verdade é que está cada vez mais difícil fechar delações. Algumas delas serão revistas e até anuladas, como pode acontecer com a JBS e com Sérgio Machado, os primeiros na fila. (C.N.)
17 de setembro de 2017
Deu em O Globo