"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

MERECÍAMOS ALGO MELHOR


Que modo mais sinistro, esse do PT, de despedir-se de longos 13 anos de poder. Voltará à oposição depois do fracasso de Dilma, o último presidente que elegeu e reelegeu; da decadência do primeiro, Lula, sob o risco de ser preso por corrupção a qualquer momento; e de ter despencado no ranking dos partidos mais admirados pelos brasileiros. O PT nunca deu nada de barato. Não daria agora.

DILMA FOI ABANDONADA por Lula no palanque do 1º de Maio, em São Paulo. De lá, telefonou para ele três vezes. E ouviu de Marisa que o marido estava afônico e febril. Não podia atendê-la, muito menos comparecer ao ato convocado pela Central Única dos Trabalhadores. Dilma telefonou para o médico de Lula perguntando se ele estava de fato doente. O médico respondeu que não sabia. Que triste, não?

QUEIXA-SE LULA DE DILMA tê-lo abandonado quando a Lava-Jato começou a aproximar-se dos dois. Mais que nunca, era preciso que eles tocassem de ouvido para tentar escapar do juiz Sérgio Moro. Mas Dilma não estava sujeita a Moro, e, sim, ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tem amigos. Pouco fez para salvar a face de Lula. E o que acabou fazendo produziu um monumental desastre.

COM A DIVULGAÇÃO DE uma série de conversas de Lula grampeadas, Moro deixou-o nu na frente do distinto público. E Lula, despido das fantasias concebidas pelo marketing, é muito feio. Sempre foi. Uma das conversas, a de Dilma com Lula, flagrou a presidente da República avisando ao ex-presidente que um portador lhe entregaria cópia do ato de sua nomeação para ministro-chefe da Casa Civil.

ASSIM, SE MORO MANDASSE prender Lula antes de ele tomar posse como ministro, Lula alegaria que sua nomeação já fora assinada por Dilma, e que, portanto, ele só poderia ser preso por ordem do STF. Manobra escandalosa para obstruir a Justiça! Que custou a Lula a suspensão de sua posse. E a ele e a Dilma, um pedido do procurador-geral da República para que sejam investigados por isso.

O SENADO, DEPOIS DE AMANHÃ, aceitará a instalação de processo para julgar Dilma por despesas feitas sem autorização do Congresso. De imediato, ela será afastada do cargo e se recolherá à solidão do Palácio da Alvorada à espera do julgamento. Assumirá o vice Michel Temer. E Lula seguirá vivendo o tormento diário de ser acordado por agentes da Polícia Federal. Que triste, não? Mas merecido.

O PAÍS MERECE LÍDERES e governos melhores. O desafio de Temer é esse. E ele não terá muito tempo para vencê-lo. Infelizmente, e com razão de sobra, ganha corpo dentro e fora do Congresso a impressão de que nada deverá ser mais parecido com o governo Dilma do que o governo Temer. Haverá maior racionalidade econômica, ninguém duvida. Mas isso só não basta.

A BASE DE APOIO DE Temer no Congresso será praticamente a mesma que subtraiu a Dilma tudo o que pôde para depois largá-la de mão. O governo que está no fim tem nomes citados na Lava-Jato. O governo ainda em fase de montagem também terá. Temer nada vê de negativo nisso. Parece não ter tirado lição alguma da decisão do STF de suspender o mandato de Eduardo Cunha.

TEMER COGITOU ATRAIR nomes “notáveis” para seu governo. Desistiu, ao que tudo indica. No momento, troca ministérios por votos no Senado para impedir a improvável volta de Dilma ao cargo em um prazo de até 180 dias. Que triste, não? Merecíamos algo melhor.



09 de maio de 2016
Ricardo Noblat, O Globo

UMA GERAÇÃO INTEIRA SACRIFICADA POR SUSTENTAR O PROJETO POLÍTICO DO PT



Charge do Cazo, reprodução da Charge Online
O cenário do Brasil pós-PT é de terra arrasada. Serão, no mínimo, de dez a quinze anos perdidos no esforço de retomada da economia. As desonerações fiscais e o crescimento das despesas correntes do governo criaram uma progressão negativa criminosa no resultado fiscal do governo. O PT destruiu as finanças do governo, destruiu a economia nacional e destruiu o futuro de curto e médio prazos do país. Uma geração inteira será sacrificada por ter o Brasil sustentado o projeto político desse partido.
Não há como reequilibrar o orçamento da União sem recomposição tributária. Segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), o brasileiro está trabalhando 151 dias (cinco meses e um dia) para pagar tributos. E ao que parece essa carga vai aumentar, miseravelmente.
O dólar não poderá cair até o patamar que estava em 2014 porque vai expor novamente a nossa indústria que já está duramente nocauteada por falta de produtividade e competitividade.
DÓLAR E TJLP
O dólar tem de permanecer acima dos três reais. A TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) não pode cair muito, porque é uma faca de dois gumes, também. Haja vista o Tesouro ter que bancar a diferença entre essa taxa e a taxa Selic. Nós é que pagamos essa diferença, portanto.
Não dá para continuar operando o BNDES como o PT vinha operando – meio trilhão de reais para fomentar artificialmente uma economia, estimulando-a de maneira a causar desequilíbrios mercadológicos (com o fortalecimento das empresas campeãs nacionais) e deixando um rombo no Tesouro que levará anos para ser preenchido.
Muito cuidado com a TJLP, portanto, e com a retomada da política de empréstimos de longo prazo com o BNDES.
ENXUGAR DESPESAS
A ordem, agora, é enxugar as despesas correntes do governo e abrir caminho para a queda de juros no mercado.
As maiores empresas públicas, as de maior atratividade para o mercado já foram privatizadas. Os recursos gerados com a privatização são estanques, isto é, entram para o caixa do Tesouro uma só vez e pronto. Enquanto isso, o orçamento é cíclico e ocorre todos os anos, dando sustentação à existência da máquina pública. Portanto, as soluções precisam acompanhar a perenidade cíclica do orçamento.
A Petrobras é uma incógnita, com uma dívida que beira a meio trilhão de reais (R$ 493,0 bilhões).
A elevação da carga tributária é inexorável.
09 de maio de 2016
Wagner Pires

FORO PRIVILEGIADO SIGNIFICA QUE O BRASIL TEM UMA JUSTIÇA MEDIEVAL





      Charge do Benett, reprodução da Folha

Por que existe toda essa fissura de criminosos em torno de “manter o processo no Supremo Tribunal Federal”? 

Será que as escrivaninhas dessa alta corte são discretamente providas daquele “relaxante” exibido no filme “Loucademia de Polícia”, reservado para os clientes? 
Será que os magistrados das demais instâncias são tão incompetentes assim na área do Direito, a ponto de assustar e repelir quem tem condições financeiras e um mínimo de conhecimento jurídico?
Diante dessa situação, não seria um ato criminosos e covarde deixar para esses juízes despreparados das instâncias inferiores (que apavoram os ricos da mesma forma que a cruz afugenta os vampiros) apenas os indefesos e miseráveis bandidos comuns, ao invés de também mandá-los para o Supremo, para serem julgados com o uso da a verdadeira Justiça?
Dessa forma, cabem duas conclusões: 

1) ou todos os magistrados brasileiros são incompetentes e só restaram juízes no Supremo Tribunal Federal; 

2) ou que esta alta corte é composta por comparsas dos criminosos ricos, que vão ali apenas para papar um mamão com açúcar e trocar piscadas de olhos.
JUSTIÇA VIRTUAL
O fato é que estamos em pleno Século 21 sem sabermos o que é Justiça verdadeira e o que significa a Constituição. Seguimos discutindo se bandido deve ser preso ou aposentado com os proventos integrais, pagos com nossos impostos, e se a divulgação de um homicídio é mais importante do que o próprio cadáver…
Neste planeta, portanto, o Brasil ainda é um país amoral e imoral.

09 de maio de 2016
Francisco Vieira

GILMAR MENDES, SOBRE DECISÃO DE MARANHÃO: "SERIA CRIMINOSO, NÃO FOSSE UM ATO CIRCENSE"


Gilmar Mendes, sobre decisão de Maranhão: 'Seria criminoso, não fosse um ato circense'
Ministro do STF ainda se referiu à tentativa de anular o impeachment como 'Operação Tabajara'


Ministro Gilmar Mendes é eleito presidente do TSE. Brasília - DF 07/04/2016(José Cruz/Agência Brasil)

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a tentativa do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "É mais uma 'Operação Tabajara'. Se não fosse um ato circense, seria realmente um ato criminoso, de tentativa de fraude", afirmou.

Para o ministro, "não faz nenhum sentido" um presidente da Câmara revogar a decisão tomada pelo plenário da Casa. Ele também criticou o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que articulou com Maranhão que ele aceitasse o pedido feito pela AGU. "A gente fica com vergonha do nível jurídico, inclusive do advogado-geral da União", disse o ministro.

A expectativa no início do dia era que a oposição entrasse no Supremo contra a decisão de Maranhão, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu ignorar a decisão do deputado e dar continuidade ao processo de impeachment na Casa.


(Com Estadão Conteúdo)

09 de maio de 2016
Veja

FUNCIONÁRIO FANTASMA. TRIBUNAL DE CONTAS DO MARANHÃO EXONERA FILHO DE WALDIR MARANHÃO.

THIAGO É MÉDICO, MORA EM SÃO PAULO E RECEBIA R$ 7,5 MIL POR MÊS

O Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA), por meio do presidente, conselheiro Jorge Pavão, exonerou na tarde desta segunda (9), o filho do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP). Thiago Augusto Maranhão, médico que mora em São Paulo, recebia R$ 6,5 mil, líquido, por mês.

De acordo com o portal da Transparência do TCE-MA, Thiago Maranhão, estava nomeado como assessor de conselheiro (TC-04), o que garantia uma remuneração de R$ 7,5 mil bruto e R$ 6.529,85 líquido. 
O filho do deputado era lotado no gabinete do ex-presidente do órgão Edmar Cutrim, histórico aliado da família Sarney.

O TCE não informou desde quando o médico está nomeado, mas informações constantes no currículo de Thiago apontam que ele já era funcionário do TCE-MA quando ainda fazia residência médica no Rio de Janeiro.




Jorge Pavão foi procurado para comentar o caso, mas por meio de sua assessoria, disse que a exoneração foi a pedido de Edmar Cutrim, que sustenta a informação de que Thiago "aparecia todo mês" no tribunal. 
O filho do presidente interino da Câmara foi condenado pela Justiça Eleitoral a pagar multa por ter doado ao pai mais que o permitido durante as eleições de 2010.

A assessoria de Waldir Maranhão disse não ter um posicionamento no momento, mas que o parlamentar vai se manifestar sobre o caso amanhã.



09 de maio de 2016
diário do poder

RENAN IGNORA MARANHÃO E CHAMA DECISÃO DE "BRINCADEIRA COM A DEMOCRACIA"

PARA RENAN, ATO DE MARANHÃO É BRINCADEIRA COM A DEMOCRACIA




RENAN FOI ACONSELHADO POR ALIADOS A PROSSEGUIR COM O PROCESSO DE IMPEACHMENT NA CASA E "IGNORAR" A DECISÃO TOMADA POR MARANHÃO (FOTO: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO)


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu ignorar a decisão do presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), e manteve a tramitação do pedido de impeachment da presidente Dilma na Casa.

Ao ignorar o presidente interino da Câmara, Renan disse que não poderia "aceitar essa brincadeira com a democracia" e lembrou que a notificação da autorização da Câmara no caso Collor também foi por meio de ofício, não havendo necessidade de uma resolução, como embasado na decisão de Maranhão.

Outro ponto ressaltado pelo presidente do Senado foi a "extemporariedade" da manifestação da Câmara, uma vez que a tramitação naquela Casa terminou.



09 de maio de 2016
diário do poder

A GRAVE ADVERTÊNCIA DO COPOM


Não há condições neste momento para se pensar numa redução de juros, porque a inflação continua elevada, apesar da queda recente, e as contas públicas permanecem muito desajustadas e sem perspectiva clara de melhora. Esta é a principal mensagem contida na ata da última reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC). Em sua próxima reunião, marcada para os dias 7 e 8 de junho, o comitê quase certamente ainda será formado pelos mesmos diretores do BC, mesmo no caso de substituição da presidente Dilma Rousseff pelo vice Michel Temer. Será uma surpresa se decidirem afrouxar as condições de crédito, porque até lá qualquer mudança do cenário fiscal provavelmente será para pior. O afastamento da presidente poderá tornar o mercado mais otimista, mas o novo governo ainda terá de mostrar como iniciará o conserto das finanças públicas.

É possível, com base na ata divulgada na quinta-feira passada, avaliar com maior segurança a decisão do Copom, anunciada na semana anterior, de manter os juros básicos em 14,25%. A avaliação imediata indicou uma atitude prudente. Diante da provável mudança na cúpula do Executivo, e no próprio BC, seria razoável manter as condições da política monetária e deixar qualquer mudança importante para a próxima equipe. Seria uma atitude civilizada, muito diferente daquela escolhida pela presidente Dilma Rousseff quando resolveu deixar uma coleção de bombas no caminho de seu substituto. Não há por que duvidar da atitude civilizada, mas o relatório recém-divulgado mostra algo mais que isso.

Mesmo diante de uma provável mudança de governo e de equipe econômica, os membros do Copom exerceram plenamente sua função, tomando uma decisão tecnicamente fundamentada e apresentando razões e advertências de enorme importância. Para começar, mostraram-se muito mais cautelosos diante do recente recuo da inflação do que muitos analistas do setor financeiro.

A rejeição da hipótese de redução de juros, nas atuais condições da economia, aparece duas vezes no documento. Não há espaço para “flexibilização da política monetária”, indicam os autores da ata, porque a inflação em 12 meses permanece elevada e as expectativas continuam distantes “dos objetivos do regime de metas”. Essa é a primeira menção ao tema. Na segunda, três parágrafos adiante, o “cenário central” impede “trabalhar com a hipótese de flexibilização”. O mais prudente, nesta altura, é levar a sério essa insistência.

Não há ilusões quanto às causas do recuo da inflação. O documento menciona a contenção do crédito e o baixo nível da atividade, apontando tanto a queda do investimento quanto a redução do consumo, “em linha com os dados de crédito, emprego e renda”. Em suma, a inflação tem caído por causa da recessão e dos juros altos, num processo “especialmente intensificado pelas incertezas oriundas do efeito de eventos não econômicos”. Em português corrente: a crise política tem tornado o cenário mais incerto, aumentando o temor de empresários e consumidores e agravando a recessão.

Mas bastam esses fatores para derrubar a inflação de forma duradoura? Esta é uma pergunta importante e a resposta contida na ata é negativa. Não pode haver segurança enquanto as contas públicas permanecerem seriamente desajustadas. O balanço do setor público, segundo o documento, “encontra-se em zona expansionista”. O texto acentua os maus efeitos das “indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários, bem como na sua composição”.

Isso é um resumo, em linguagem de banco central, dos tropeços da política orçamentária, marcada pela insegurança, pelas frequentes mudanças da meta e pela piora das expectativas em relação aos resultados. Nesta altura, mesmo a hipótese de um déficit primário de R$ 96,65 bilhões, admitida pelo governo, parece otimista. Não há referência explícita a esse número, mas a crítica é muito clara. A advertência vale com ou sem impeachment.



09 de maio de 2016
Editorial O Estadão

CAÇA AOS PRIVILÉGIOS

Superar a atual crise econômica não será fácil. Uma das condições para que isso ocorra é que todo o mundo dê a sua contribuição.

Isso significa repensar uma sociedade que ficou viciada em privilégios oferecidos pelo Estado. A rede de proteção, que já não era pequena, ficou ainda maior nos últimos anos.

Começa no empresário que pega empréstimos a juros camaradas e tem facilidades tributárias e chega ao profissional liberal que paga menos imposto.

Vai do estudante que ganha meia-entrada ao servidor público que não pode ser demitido e cujo salário está garantido mesmo que tenha um mau desempenho.

Envolve o trabalhador estimulado a aposentar-se relativamente jovem e o artista famoso que se garante com dinheiro que o governo abre mão de receber.

Até mesmo o Bolsa Família, tão importante para o Brasil, tem gordura para cortar, dizem os especialistas. Poderia dar mais dinheiro a quem mais precisa se deixasse uma fatia de beneficiários caminhar com as próprias pernas.

Consolidou-se a ideia de que o Estado precisa dar tudo. Mas, quando alguém rece- be um direito (ou um privilégio), outros têm de bancar isso. O cobertor é curto.

Não tem jeito, o país precisa de uma caça geral aos privilégios. Todos, na medida de suas possibilidades, deveriam perder um pouco. Fariam isso em nome do bem coletivo, que é a recuperação do crescimento e dos empregos.

Ao assumir em breve o governo, Michel Temer (PMDB) precisa transmitir ao país a mensagem dura, mas verdadeira, de que os sacrifícios necessários para essa transição serão repartidos entre todos de forma democrática.



09 de maio de 2016
Editorial Folha de SP

TEORI (INDIANA JONES) ZAVASCKI

Dizer que existe qualquer semelhança entre a figura publicamente sorumbática do ministro Teori Zavascki e Indiana Jones (Harrison Ford no filme) é coisa tão surpreendente quanto a notícia da manhã de quinta-feira de que ele suspendera o mandato de deputado do poderoso Eduardo Cunha.

Quem quiser usufruir 14 segundos de alegria poderá captar a essência do que aconteceu no Supremo Tribunal e na política brasileira. Basta ir à rede para ver (ou rever) a cena do confronto de Indiana Jones com o beduíno de roupas pretas. Pelo roteiro de George Lucas, Indiana Jones e o gigante duelariam. Um com seu chicote e o outro com uma adaga. Antes da filmagem, Harrison Ford propôs: "Vamos dar um tiro no otário". E assim produziu uma das melhores cenas da História do cinema.

Pelo roteiro de Brasília, o STF deveria dizer se Cunha, como presidente da Câmara, estava ou não na linha sucessória. Seria um duelo do chicote com a adaga. Para surpresa do país e até mesmo de alguns ministros do Supremo, Teori Zavascki sacou o revólver e suspendeu o mandato de Eduardo Cunha.

O voto de Teori teve 79 páginas e nele listou uma dezena de malfeitos de Cunha. Desde tramas complexas a episódios comezinhos. Por exemplo, a polícia achou no bolso de seu paletó cópias de boletins de ocorrências relacionados com o deputado que relatava seu processo na Comissão de Ética da Câmara. Essas minúcias apenas confirmam o que todo mundo sabe, mas dezenas de maganos fingem desconhecer: o relator da Lava Jato sabe muito, sabe coisas que o segredo de Justiça ainda protege. Teori construiu o cadafalso com paciência e método. Na hora certa, sacou e atirou. Se a bancada de Cunha na Câmara fosse menos audaciosa, teria apressado o seu julgamento no plenário. Agora marchará heroicamente para um vexame.

O beduíno da cena do filme podia ver que Indiana Jones tinha um revólver no coldre, mas acreditou na própria invencibilidade. No caso da turma de Cunha, acreditaram que em filme de Brasília ninguém mexe no roteiro.

Os dois mundos de Michel Temer


Na noite de quarta-feira o presidente da Câmara dos Deputado, Eduardo Cunha, estava na casa do Jaburu, onde o vice-presidente Michel Temer vivia o esplendor da expectativa do poder. Na manhã seguinte Temer soube que o condestável do PMDB fora mandado para o estaleiro. À tarde, por unanimidade, o STF confirmou o relatório do ministro Teori Zavascki.

Em menos de 24 horas Temer viu a diferença dos dois países em que vive. Num, é o príncipe de uma oligarquia política e empresarial. Noutro, chegará à Presidência levado por dois fatores estranhos e hostis aos marqueses. Nele estão a rua e a Operação Lava Jato.

No mundo das armações de Brasília, Temer poderá entregar o ministério da Ciência e Tecnologia ao pastor Marcos Pereira, presidente do PRB (a sigla significa Partido da República Brasileira). No Brasil real, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ, vai-se embora para a Universidade Vanderbilt levando o que sabe e seus cachorros. No mundo real, Temer assumirá um país com três epidemias (dengue, zika e H1N1). No das tramas, não conseguiu colocar o cirurgião Raul Cutait no Ministério da Saúde porque a pasta pertence ao Partido Popular, que não gostou da ideia. Ganha uma viagem a Porto Seguro quem achar o trecho da carta de Caminha em que ele diz que a saúde pertence ao PP.

Há uma mudança em curso no Brasil, e o ministro Teori Zavasckimostrou isso. Há pessoas que não percebem os tempos em que vivem. D. Pedro II foi banido, Washington Luiz, deposto, e João Batista Figueiredo, esquecido.

Erundina

Num dia em que aconteceram coisas inesperadas para a métrica da república de bananas, Eduardo Cunha foi afastado da Câmara e seu sucessor, Waldir Maranhão (PP-MA), decidiu suspender a sessão da Câmara dos Deputados. O doutor, ilustre freguês da Lava Jato, transformou o plenário no único lugar onde não se deveria discutir a decisão de Teori Zavascki.

A deputada Luiza Erundina, de 81 anos, sentou-se na cadeira de Eduardo Cunha e conduziu uma sessão que poderia ser chamada de informal.

Erundina tem estrela. Em 1988 ela disputava a Prefeitura de São Paulo. Paulo Maluf era favorito e o eleitorado descontente estava sem rumo. Uma semana antes da eleição ela estava em terceiro lugar na pesquisas. Na noite do dia 9 de novembro uma tropa do Exército invadiu a usina de Volta Redonda, matando três trabalhadores. No dia 15 Erundina foi eleita.

A senhora deverá ser candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL.

Brasil na boa

Nem tudo é má notícia a respeito do Brasil. O museu Metropolitan de Nova York abriu uma exposição de 60 porcelanas chinesas da coleção do empresário brasileiro Renato Albuquerque. São peças dos séculos XVI ao XVIII, uma pequena porção do tesouro de 1.600 itens do fundador da construtora Albuquerque Takaoka. Ela criou Alphaville, o primeiro grande condomínio para a classe média-alta nacional.

Colecionando por prazer, Albuquerque fica longe dos holofotes.

Até essa exposição falava-se apenas na "Coleção RA".

A exposição do Met vai até agosto.

Cuidado

O doutor Alexandre Tombini ou quem quer que venha a ser o novo presidente do Banco Central devem tomar todo cuidado com possíveis movimentos da instituição na área do câmbio.

A conta é simples. Se uma empresa jogou com a alta do dólar, por mais que a queda de sua cotação não interesse ao BC, a intervenção, por melhor intencionada no aspecto geral, acaba beneficiando especificamente quem apostou no dólar caro.

Grosseiramente, em 1998 o notório banqueiro Salvatore Cacciola estava nesse tipo de jogo, apostando no dólar barato. A ação do BC acabou dando-lhe um refresco e diretores de impecável honradez comeram o pão que Asmodeu amassou.

O passado ensina, o presente inquieta e o futuro frita.

Blindagem

Henrique Meirelles blindou sua posição no Ministério da Fazenda.

Se a escolha do doutor dará certo ou errado, não se pode dizer, mas é garantido que sem a blindagem ele não teria chance de êxito.

Teste

Saber o que vai acontecer é coisa de cartomante. Apesar disso, sempre pode-se medir a capacidade de uma pessoa de pensar o impensável.

Aqui vai um teste primitivo. Tem cinco afirmações. Quem previu uma delas, é ousado. Quem previu duas é um temerário. Quem previu todas pode abrir uma tenda de cartomante:

1- Dilma Rousseff não terminaria o mandato.

2- Eduardo Cunha perderia a cadeira.

3- Marcelo Odebrecht iria para a cadeia.

4- Leo Pinheiro da OAS colaboraria com a Lava Jato.

5- Alemanha 7, Brasil 1.

Quem foi surpreendido em todos os casos é apenas um brasileiro normal. Os tempos é que estão emocionantes.



09 de maio de 2016
Elio Gaspari, O Globo

MULHER HONRADA

A honestidade da presidente Dilma é o argumento mais usado contra o impeachment, e tornou-se comum a imagem de uma mulher honesta sendo sacrificada por um bando de políticos corruptos, a começar por Eduardo Cunha. Essa tese equivocada é apenas aparentemente correta, pois o impeachment não é um instrumento para punir apenas quem roubou dinheiro público em benefício próprio, mas uma penalidade administrativa para o dirigente que descumpriu a lei brasileira, no caso de Dilma a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Considerar “pedaladas” e decretos emitidos sem aprovação do Congresso que causaram rombo nas contas públicas crimes desimportantes, a não merecerem a aplicação da pena máxima da cassação do mandato, apenas evidencia a desimportância que os petistas e seus aliados dão ao equilíbrio fiscal, como se fosse tecnicalidade dispensável, ou simples pretexto para tirar Dilma do poder, uma mulher “que não roubou nem mesmo um grampeador”.

Mas a fama de “mulher honrada” que Dilma continua ostentando, avalizada até pelo principal líder oposicionista do país, o ex-presidente Fernando Henrique, precisa ser analisada com mais profundidade.

Pelas relações pessoais de Dilma, e sua participação direta ou indireta em fatos controversos, nos quais tinha poder de mando, fica difícil manter a afirmação com tanta segurança. Além das “pedaladas” e a burla à LRF que a estão levando ao impeachment, há denúncias de diversas fontes na Lava-Jato de que seus principais assessores, como Giles Azevedo e Edinho Silva, achacavam empreiteiras para financiar as campanhas de 2010 e 2014 com dinheiro desviado da Petrobras.

Seu marqueteiro João Santana, preso, recebeu milhões de dólares em esquemas paralelos, segundo delação de sua mulher Monica Moura. Acusados na Lava-Jato de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido, Paulo Bernardo, ambos ex-ministros de Dilma, foram denunciados ontem ao Supremo pela Procuradoria-Geral da República, acusados de corrupção na Lava-Jato.

Dias antes, a Procuradoria-Geral da República denunciara ao Superior Tribunal de Justiça o governador petista de MG, Fernando Pimentel, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na Operação Acrônimo, que apura fatos sobre benefícios concedidos a empresas quando Pimentel era ministro no 1º governo Dilma.

Pimentel é ligado a Dilma desde os tempos em que participavam da luta armada contra a ditadura, na mesma organização. Outra amiga íntima de Dilma, Erenice Guerra, que a substituiu na Casa Civil quando se candidatou a presidente em 2010, teve de deixar o ministério para não atrapalhar a campanha de Dilma, acusada na ocasião de tráfico de influência com dois filhos.

Hoje, está novamente acusada de envolvimento na Zelotes, que apura venda de MPs para favorecer empresas, no caso a Caoa, representante da Hyunday. No dia da posse de Dilma, Erenice estava entre as primeiras da fila de cumprimentos, e nunca deixou de estar ligada à presidente.

O senador Delcídio do Amaral, líder do governo Dilma no Senado, em sua delação premiada, acusou a presidente de ter tramado a soltura dos donos das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, nomeando para isso o ministro Marcelo Navarro para o STJ.

Essa denúncia, mais a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, estão sendo investigadas num processo sobre obstrução da Justiça de que Dilma foi acusada pelo procurador-geral. Delcídio disse também que Dilma, à época presidente do Conselho de Administração da Petrobras, estava a par da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, operação superfaturada que deu enormes prejuízos à estatal, mas essa denúncia não será apurada no momento porque o fato aconteceu antes de Dilma assumir a Presidência.

Por fim, “O Estado de S. Paulo” informa que o ex-senador Gim Argello, preso, de estreita relação com Dilma a ponto de passearem juntos com cachorros pelas cercanias do Alvorada, tentou convencer o químico Gilberto Chierice a montar sociedade para fabricar a chamada “pílula do câncer”. Apesar do protesto da comunidade científica, pois a pílula não é aprovada cientificamente, Dilma sancionou sem vetos a produção.

A frase atribuída ao imperador romano Julio Cesar vem a calhar: “À mulher de Cesar não basta ser honesta, tem que parecer honesta”.



09 de maio de 2016
merval pereira, O Globo

PEDE PARA SAIR, DILMA!


Dilma Rousseff corre o risco de perder o mandato e os direitos políticos, além do foro especial que proíbe qualquer investigação sobre fatos estranhos ao exercício do seu atual mandato

Na próxima quarta-feira o Senado começa a votar a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O processo parece um trem britânico rigorosamente no horário. 
Na segunda e na terça, ouviremos mais uma vez a catilinária sobre a suposta existência de um golpe de Estado, de parte dos governistas. Repeteco do que já assistimos na Câmara e na comissão especial de senadores que aprovou na sexta-feira o parecer do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), por 15 votos a favor e cinco contrários. 
O que acontecerá na próxima estação é pedra cantada: o governo conta somente com 20 votos em plenário; são necessários apenas 41 para afastar Dilma do cargo, de um total de 81 senadores.

A presidente da República é dura na queda, pretende sobreviver a mais um atropelamento ferroviário. Já são três: na comissão especial e no plenário da Câmara; e na comissão especial do Senado. "Sabemos quem é quem nesse processo e, por isso, queriam que eu renunciasse, porque sou muito incômoda. Sou a presidente eleita, não cometi nenhum crime e, se eu renuncio, eu enterro a prova viva de um golpe, sem base legal, que tem por objetivo ferir as conquistas dos últimos 13 anos. Resistirei até o último dia", declarou na sexta-feira, em Cabrobó (PE).

A "presidenta" já abandonou a palavra de ordem mobilizadora, que não teve a menor chance de sucesso: "Não vai ter golpe!". Admite que seu afastamento é inexorável: "Não vamos nos iludir. Todos aqueles que são beneficiários desse processo, como, por exemplo, aqueles que estão usurpando o poder, infelizmente o vice-presidente da República, são cúmplices de um processo extremamente grave", disse. Mira em Michel Temer e no deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi afastado do cargo e do mandato por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal(STF) na quinta-feira passada. Mas acerta também no Supremo, que até agora tem endossado os procedimentos do Congresso.

Dilma acusa de golpista todas as instituições de Estado envolvidas no processo. "Na América Latina, quando não se queria um certo típico de política, dava-se um golpe de Estado, usando as Forças Armadas. Isso foi superado", dispara. Ao falar isso, acusa também o STF, que exerce o papel de poder moderador sem tutelar o processo; e reconhece a neutralidade das Forças Armadas, que apenas observam a crise política. "Vivemos um impeachment golpista. Está em jogo uma eleição indireta travestida de impeachment, vão aplicar na cara de pau um programa não referendado nas urnas", denuncia.

Em desespero, admitiu que o Palácio do Planalto negociou com Eduardo Cunha um acordo para arquivar o pedido de impeachment de Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior: "O STF disse que o senhor Eduardo Cunha usava de práticas condenáveis. Uma delas foi a chantagem explicita com meu governo, quando entrou com um processo de impeachment e disse "se não derem três votos para que o Conselho da Ética não me condene, eu aceito o pedido"." Como se sabe, o acordo quase foi feito, mas bancada do PT refugou e o presidente da legenda, Rui Falcão, detonou as negociações com o governo, que estavam a cargo do então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e tinham o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma corre o risco de perder o mandato e os direitos políticos, além do foro especial, que proíbe qualquer investigação sobre fatos estranhos ao exercício do seu mandato. Na planície, será investigada por causa das negociatas da Petrobras e do dinheiro desviado da estatal, que foi parar nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Está escrito nas estrelas que será abandonada pelos aliados: o PT apostará todas as fichas na candidatura do ex-presidente Lula em 2018. Fará, digamos assim, um "corte epistemológico" entre a gestão do seu líder máximo e a de Dilma, que será responsabilizada pelo fracasso petista. Os demais aliados, PCdoB e PDT, camaleônicos, não farão muito diferente. Ou seja, seu futuro será o ostracismo político. Por essa razão, a melhor opção política para Dilma é a renúncia, antes de consumado o afastamento.

A outra aposta é um delírio político: reverter o processo de impeachment no julgamento pelo Senado, no qual serão necessários 54 votos para a aprovação. Dilma precisa ganhar o apoio de mais oito senadores. Parece fácil, mas não é. Não conta com isso agora, tendo o governo nas mãos. Com Temer no Palácio do Planalto, será uma missão impossível, a não ser que a situação política se desestabilize completamente. O que poderia provocar essa desestabilização: em primeiro lugar, a volta do povo às ruas, para protestar contra Temer; em segundo, uma improvável anulação do impeachment pelo Supremo Tribunal Federal, comandada pelo presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, que presidirá o julgamento no Senado.



09 de maio de 2016
Luiz Carlos Azedo, Nas entrelinhas
Correio Braziliense

MARCELO ODEBRECHT COMPLICA AINDA MAIS DILMA.

De acordo com o empresário, a presidente Dilma atuou pessoalmente para assegurar que ele fosse solto. Odebrecht foi preso em junho de 2015.

Empresário Marcelo Odebrecht


Em negociação de delação, empresário diz que foi pressionado por Mantega e pelo presidente do BNDES a doar para a campanha da presidente em 2014 e confirma que ministro foi nomeado ao STJ para soltá-lo

Em depoimento aos procuradores da Operação Lava Jato, o empresário Marcelo Odebrecht implicou a presidente Dilma Rousseff. Ao negociar sua delação, Odebrecht disse que empreiteiros foram pressionados pelo ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a doar recursos para a campanha de Dilma em 2014.

Segundo Odebrecht, os empresários compelidos a fazerem as doações tinham em comum o fato de possuírem financiamentos no BNDES. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo a ser publicada neste domingo, Mantega e Coutinho pediram aos empreiteiros que se reunissem com o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, a fim de acertarem os repasses “caso eles quisessem continuar a serem ajudados pelo governo”. Os empreiteiros, segundo Odebrecht, encararam o pedido como uma forma de pressão.

Ainda na negociação de sua delação, prestes a ser fechada, Marcelo Odebrecht ratificou parte das revelações do senador Delcídio do Amaral à força-tarefa da Lava Jato, antecipadas com exclusividade por ISTOÉ em 3 de março. De acordo com o empresário, a presidente Dilma atuou pessoalmente para assegurar que ele fosse solto. Odebrecht foi preso em junho de 2015.

A maneira encontrada por Dilma para livrá-lo da cadeia foi nomear Marcelo Navarro para a vaga de ministro do STJ. Caberia ao indicado relatar o pedido de soltura dos presos. Em troca da nomeação, Navarro se comprometeu a emitir parecer favorável à libertação de Odebrecht e de outros empreiteiros presos.

O acordo foi honrado, mas Navarro acabou sendo voto vencido no tribunal. Com base nessa acusação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu semana passada ao Supremo abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma Rousseff. Com a confirmação de teor da delação de Delcídio por Odebrecht, dificilmente o STF não autorizará a investigação. As novas revelações complicam ainda mais a situação de Dilma, às vésperas da votação do seu afastamento pelo Senado Federal – dado como certo.



09 de maio de 2016
Da Redação
IstoÉ

PR. SILAS MALAFAIA SE POSICIONA SOBRE AFASTAMENTO DE EDUARDO CUNHA



MARCELO ODEBRECHT REFORÇA TESE PARA CASSAR DILMA E TEMER



Charge de Sid, reprodução da Charge Online.
Reportagem de Marina Dias e Valdo Cruz, manchete principal da edição de domingo da Folha de São Paulo, afirma que Marcelo Odebrecht revelou aos procuradores que investigam a Operação Lava Jato ter sofrido pressões diretas e indiretas do ex-ministro Guido Mantega e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para fazer doações, inclusive as ilegais à campanha da presidente Dilma Rousseff a reeleição em 2014.
Marcelo Odebrecht finalmente se dispôs a formalizar o acordo de delação premiada, visando reduzir a pena a que foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, relativa a um dos processos de corrupção ativa a que responde. Essa pena foi fixada em 19 anos de prisão. Mas existem outros processos em curso ainda a serem julgados pela Justiça Federal de Curitiba. Com isso o tempo de prisões poderá ainda ser elevado dos atuais 19 anos.
Marcelo Odebrecht, claro, rejeita tal perspectiva. E de forma direta as suas revelações, que se tornam mais confirmações do que descobertas certamente poderão influir na ação a ser julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral destinada a anular o resultado da última sucessão presidencial.
DESDOBRAMENTOS
O fato traz desdobramentos inevitáveis, se o julgamento terminar confirmando a hipótese. Isso porque, anulado o pleito, tal decisão atinge também o quase presidente Michel Temer e leva à convocação do eleitorado às urnas, se a anulação ocorrer ainda este ano. A delação de Marcelo Odebrecht, assim transforma-se em fonte de temor gera, estendendo-se ao novo governo que deve surgir na alvorada de 13 de maio, uma vez que a aceitação do julgamento de Dilma pelo Senado, segundo se calcula, poderá estender-se muito. Começa, portanto, a 11 de maio e termina dois dias depois.
As revelações de Marcelo Odebrecht são muito profundas quanto à participação direta de Guido Mantega e Luciano Coutinho, sobretudo porque eram acompanhadas de conselhos para que, depois dos encontros que se sucediam, Marcelo Odebrecht procurasse Edinho Silva, atual ministro da Comunicação de Dilma Rousseff e na época tesoureiro da campanha do PT.
CAIXA 2 CONFIRMADO
Os recursos arrecadados em tais condições assinalam a existência concreta da participação de fontes ilegais, absorvidos pelo sistema de caixa dois. O volume de dinheiro, portanto, destinava-se igualmente à chapa Dilma-Michel Temer, uma vez que é impossível separar as contas de Dilma da contabilidade do outro, já que foram eleitos através de um voto comum aos dois.
Não estou querendo dizer que vá ocorrer a anulação das eleições, estou apenas destacando que os argumentos favoráveis a tal hipótese foram substancialmente reforçados pelo presidente afastado da maior empreiteira do país. Há, contudo, uma questão delicada: a de prazo, porque, se o julgamento ocorrer em 2017, o pleito presidencial sairá das ruas e passará a decisão do Congresso Nacional.
É possível, no caso do TSE anular as eleições de 14, que Michel Temer recorrá ao Supremo para manter seu mandato. E, portanto, pode se prever um prazo mais longo à decisão final da questão. As revelações de Marcelo Odebrecht tornam impossível qualquer perspectiva de Dilma Rousseff retornar ao Planalto, através de julgamento final do Senado acontecer no prazo de seis meses.
09 de maio de 2016
Pedro do Coutto

GOLPE DE ESTADO DE MARANHÃO DO MARANHÃO


Mais um sacripanta pestilento do estado parasita do Maranhão tenta esculhambar e foder ainda mais a selva. O novo presidente da Câmara, imposto pelo golpe do careca comunista da Dilma do STF, Teori, dá um golpe tentando anular o processo de impeachment da presidanta, sua sócia em vários esquemas de corrupção inatos a sua natureza maranhense de ser.

09 de maio de 2016
in serlva brasilis

LONDONISTÃO VERMELHA


A morte anunciada da civilização inglesa: Novo prefeito muçulmano de Londres é o bastardo de 100 anos de socialismo Fabiano e 20 de fascismo e terrorismo muçulmano.

09 de maio de 2016
in selva brasilis

O FACEIRO MINEIRINHO MATREIRO DE MINAS GERAIS

DEPUTADO DO PR DISSE A GAROTINHO QUE CUNHA AMEAÇA DESTRUIR TEMER E JUCÁ



Charge do Duke, reprodução de O Tempo
Em postagem em seu blog, feita neste domingo à tarde, o ex-governador Anthony Garotinho afirma ter sido informado de que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado da presidente da Câmara e do mandato por decisão do Supremo, está ameaçando o vice-presidente Michel Temer e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), dizendo que, se for abandonado, isso pode ser “o fim do início de um governo que nem começou”. Confiram o texto postado por Garotinho, que é do PR.
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EDUARDO CUNHA COM A FACA NOS DENTES
Anthony Garotinho
Ontem conversei por telefone com um deputado federal do PR amigo íntimo de Eduardo Cunha. Ele tinha estado com Cunha minutos antes em sua residência oficial. Fez algumas afirmações que são de arrepiar os cabelos. Talvez não seja próprio revelar todas, mas uma, com certeza, já deve ter chegado a Michel Temer. Eduardo Cunha disse em alto e bom som a seguinte frase: “Se eu for abandonado não vou sozinho para o sacrifício. É bom que alguém diga a Michel (Temer) e a (Romero) Jucá que eu posso ser o início do fim de um governo que nem começou”. O amigo de Cunha me revelou que nunca tinha visto Eduardo no estado que o encontrou nessa visita. Cunha estava abatido, ansioso e com espírito de vingança.
Em um certo momento da conversa ele deixou transparecer que, na sua opinião, o Supremo não tomaria a decisão que tomou sem uma sondagem prévia ao presidente do Senado, Renan Calheiros e ao próprio Michel Temer. Cunha desconfia de traição embora Temer tenha sido um dos primeiros a ligar para ele assim que o ministro Teori Zavascki concedeu a liminar para suspender o mandato e afastá-lo da presidência da Câmara. Uma das afirmações que chamou a atenção do deputado do PR amigo de Eduardo Cunha foi a seguinte: “Não sou bobo. Tem gente que manda matar e depois vai chorar no velório ao lado da viúva. Se estão pensando que vou aceitar solidariedade sem uma solução concreta estão enganados”.
Disse também que sabia que uma parte da assessoria próxima de Michel, referindo-se a Moreira Franco, estava dando graças a Deus pela sua situação. Demonstrou ainda grande irritação com Leonardo Picciani, que resistiu, segundo informações que chegaram a ele, a assinar uma nota de solidariedade pelo momento que estava vivendo. Eduardo também reafirmava que não renunciaria chegando a dizer que seu substituto, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) é uma espécie de Severino Cavacanti (ex-presidente da Câmara) melhorado e que não duraria nem 15 dias no cargo.
Foram feitas outras afirmações que prefiro não revelar porque, afinal de contas, são quase que uma chantagem a ministros do STF a quem Eduardo Cunha afirma categoricamente que lhe devem muitos favores.
Como a fonte é altamente confiável é bom Michel Temer se preparar para dias nervosos, afinal Eduardo Cunha como amigo é um perigo, e como inimigo é mais perigoso ainda. Imaginem na situação de ex-amigo. Eu não sei porque sou casado com Rosinha há 34 anos e nunca tive outra esposa. Mas dizem que os piores estragos que podem ser feitos na vida de um homem são por ex-mulheres e ex-amigos.

09 de maio de 2016
Sergio Caldieri

RENAN QUER CASSAR DELCÍDIO NESTA TERÇA-FEIRA, ANTES DO AFASTAMENTO DE DILMA



Delcídio será o primeiro parlamentar cassado na Lava Jato
A cassação do mandato do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) deve ser votada no plenário do Senado nesta terça-feira (dia 10), véspera da sessão que decidirá sobre a admissibilidade do impeachment e o consequente afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República. Como revelou a Folha de S.Paulo, a presidente tem pressionado Renan a pautar a votação da cassação de Delcídio antes da apreciação da admissibilidade do impeachment porque ela não quer ter entre seus algozes alguém que foi líder do seu governo no ano passado. Delcídio já declarou publicamente sua intenção de votar pelo impeachment.
A previsão de que a votação deve ocorrer na terça foi feita pelo próprio Renan. “A decisão da CCJ é meramente formal. Em decidindo nesta segunda-feira, vamos pautar para a terça-feira”, informou o senador.
NA COMISSÃO
Em reunião extraordinária presidida pelo senador José Maranhão (PMDB-PB) na manhã de quinta-feira, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania decidiu adiar para esta segunda-feira, às 16 horas, a votação do relatório sobre a cassação do mandato do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS).
Maranhão explicou que foi uma decisão quase unânime dos senadores, em nome do amplo direito de defesa. A Comissão de Justiça vai examinar o relatório apresentado quarta-feira pelo relator Ricardo Ferraço (PSDB/ES), estritamente relativo à constitucionalidade e juridicidade do processo em curso. O parecer de Ferraço é favorável à cassação.
Os senadores defenderam o adiamento da votação como forma de evitar a judicialização do processo, e para que não haja qualquer questionamento por parte da defesa.
DIREITO DE DEFESA
O senador José Maranhão destacou que Delcídio do Amaral não manifestou interesse de exercer seu direito de defesa perante o Conselho de Ética, mas poderá fazê-lo agora, na Comissão de Justiça, em questões que envolvam meramente aspectos legais e regimentais.
“Caberá ao plenário votar o mérito, como já o fez o Conselho de Ética do Senado, que decidiu favoravelmente à cassação”, explicou Maranhão.
09 de maio de 2016
Deu em O Tempo