"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O HUMOR DO SPONHOLZ...

17 de outubro de 2016

JUCÁ PROMETE "AMPLA DISCUSSÃO" DE PROJETO PARA INTIMIDAR INVESTIGAÇÃO

'ABUSO DE PODER'
INFORMOU QUE VAI COLOCAR A PROPOSTA EM DISCUSSÃO EM NOVEMBRO


NA OPINIÃO DE JUCÁ,'QUEM ABUSA DESAUTORIZA AS DEMAIS AUTORIDADES' FOTO: ANTÔNIO CRUZ

O relator do projeto de lei da nova Lei de Abuso de Autoridade, senador Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou hoje que a proposta não será votada "a toque de caixa", concordando assim com posição externada pelo presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, para quem também "o projeto não pode ser aprovado de afogadilho”.

O senador Romero Jucá, que também preside a Comissão Especial que analisa o projeto de lei, informou ainda que marcará para novembro uma série de audiências públicas com representantes do Ministério Público, da Polícia Federal, dos juízes e da sociedade civil, para conhecer a opinião desses segmentos sobre o texto. A manifestação do relator do projeto vai assim na mesma linha da Ajufe, que tem defendido a ampla discussão "com todos os envolvidos, como Ministério Público, Judiciário, Polícia etc", como tem cobrado o presidente da entidade.

“Existem dispositivos no projeto de lei que punem a atividade decisória do juiz na interpretação da Lei, como, por exemplo, a não concessão de liberdade provisória ou não relaxamento do flagrante. Isso é uma atividade diária do juiz e ele não pode ser punido criminalmente por cumprir a sua missão”, ressaltou Roberto Veloso. Juiz federal no Maranhão e professor de Direito Penal, o presidente da Ajufe criticou as medidas previstas no projeto da nova Lei do Abuso de Autoridade, afirmando que “elas, objetivamente, não podem causar temor na atividade do juiz na hora de decidir as causas criminais no país”.

Além das críticas da Ajufe, o projeto de lei é alvo de questionamentos de integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato e entidades representativas do Judiciário e do Ministério Público, que veem nas medidas uma forma de cercear as investigações. A proposta original, de 2009, foi desengavetada em junho deste ano pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Juízes e investigadores apontam nestes casos ameaça a delações premiadas e à ampla divulgação das apurações, características da operação que tem como origem a investigação de esquema de desvios na Petrobrás. O procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, por exemplo, disse ser “favorável à modernização da lei de abuso de autoridade”, mas fez ressalvas à proposta em discussão no Congresso.

O senador Romero Jucá, conforme notícias veiculadas último fim de semana, informou que vai colocar a proposta em discussão em novembro, logo após o segundo turno das eleições municipais. Na opinião dele,“quem abusa desautoriza as demais autoridades", disse. "Queremos um país com as autoridades preservadas; não queremos pautar o abuso, mas sim a postura das autoridades.”
17 de outubro de 2016


postado por m.americo
 

SOBRE A FÉ CEGA NA CRENÇA: SERIA UM ANESTÉSICO PARA OBTER SENSAÇÃO DE CONFORTO DIANTE DOMAL?



Eu não tinha nem 10 anos de idade quando, após assistir um programa na TV noticiando um crime bárbaro, praguejei e desejei a punição dos malfeitores. Reação mais do que normal. No crime, uma mulher havia sido estuprada e mutilada. Foi quando ouvi uma palavra de conforto “adulta”: “Ei, não pense isso dos sujeitos que fizeram esse crime. No fundo, eles também sofrem. Com certeza, eles não tinham oportunidades. No fundo eles são pessoas boas que foram obrigadas pela sua situação a fazerem isso. Eles no fundo tinham boas intenções”.

De imediato, senti uma sensação de conforto. Eu não precisava mais sentir indignação. Ver o mal de uma maneira compassiva pode ser uma forma de adquirir um anestésico em relação ao mundo. Não existe mais o “mal”, mas apenas um conjunto de “boas intenções que deram errado”. Trocamos a percepção do mundo como ele é para uma fantasia reconfortante. Nos tornamos absolutamente vulneráveis em troca de alguns segundos de conforto e prazer psicológico, provavelmente pela liberação de hormônios como endorfina, serotonina, dopamina e ocitonina pelo nosso cérebro. Praticamente um substituto para o Prozac, só que com muitos efeitos colaterais.

Por sorte, sempre gostei de ler sobre a natureza humana. Peguei apreço por Nietzsche quando não tinha nem 14 anos. Fui conhecer o material de Schopenhauer dois anos depois. A partir daí, se eu buscasse liberações de endorfina, serotonina, dopamina ou ocitonina pelo meu cérebro, o faria a partir de outros meios, não a partir de criação de percepções fantasiosas sobre os propagadores de atrocidades no mundo.

Um dos fenômenos mais recorrentes em boa parte da direita brasileira – podemos dizer que talvez metade dos liberais caiam nesse distúrbio – é a fé cega na crença. O fenômeno, que estudo há uns 2 ou 3 anos de modo mais detalhado, se manifesta em uma pessoa que não acredita no socialismo, por exemplo. Porém, mesmo não acreditando no socialismo, ela acredita na alegação de crença que o socialista diz ter. Isto é, ela se recusa a compreender a má intenção do socialista que, como todos sabem, quer ver as pessoas lançadas debaixo de um totalitarismo, com o único fito de atender ao interesse de seus líderes que adquirirão o poder tirânico. Mas a fé cega na crença faz com que o infeliz veja seu oponente de modo oposto: ele passa a ser visualizado como alguém que “tem boas intenções que dão errado” ou que “vive eternamente na busca pela perfeição”. É ridículo.

Algumas frases clássicas de quem está acometido pela fé cega na crença:
“Quando será que eles [os socialistas] vão aprender que o socialismo não funciona?”
“Boas intenções não são suficientes”
“Eles continuam não aprendendo que estatização dá errado”
“O socialista no fundo é um crente em projetos de ‘aperfeiçoamento do ser humano’ pela via do estado”
“Essa mania de controlar tudo para ‘fazer o bem’ nunca dá certo”
“O sistema (x) já fracassou na Venezuela. Por que tentam por aqui também?”

O termo fé cega na crença é adequado pois não há uma nesga de evidência que o socialismo seja “um conjunto de boas intenções que deu errado”. Logo, aquele com o distúrbio acredita na alegação de crença do oponente por um único motivo: fé cega. A pergunta que fica é: será que em troca de liberação de hormônios para conseguir sensação de prazer, vale criar uma vulnerabilidade diante do mal? Hoje em dia a ciência já mostrou que bons hábitos de vida, uma alimentação regrada e até um pouco de meditação podem ser úteis nesse sentido. As mesmas sensações de conforto e prazer psicológico também podem ser obtidas por diversos outros meios.

Em suma, não precisamos crer que os estupradores são “pessoas que querem fazer o bem, mas descuidam”, nem que o fraudador que vende bilhetes falsos “luta para ver você premiado”, nem que o hacker que invade redes “no fundo quer te ajudar a usar melhor sua conexão de Internet” e nem que o socialista “é apenas alguém querendo corrigir o mundo, mas se equivoca”. Podemos ver o ser humano como ele é. Se quisermos que nosso cérebro libere mais hormônios de prazer podemos buscar isso em outras fontes sem buscar criar vulnerabilidades patéticas em nossa mente e que só tendem a nos destruir.

Em suma, não precisamos da fé cega na crença. Não vá chorar agora, por favor.
17 de outubro de 2016
ceticismo político

O PROFESSOR DOUTRINADOR E BIRRENTO É O MAIOR DOS COVARDES


Alguns discursos emitidos no espaço de debates chegam a surpreender pelo nível de desaforo e desrespeito à cidadania. Nessa categoria de afronta, um dos mais acintosos é o discurso do professor doutrinador defendendo o direito de doutrinar em sala de aula.

Revoltado com aquilo que desonestamente define como “lei da mordaça”, o professor doutrinador tem a pachorra de aparecer em público para defender o direito de – mesmo recebendo um salário pago com o dinheiro suado do pagador de impostos – usar seu tempo de aula para falar o que quiser. Se alguém reclamar, “então estamos diante do fim da liberdade de expressão do professor”.

Ou seja, qualquer profissional deve atender a um objetivo. Menos um: o professor doutrinado. Em sua visão, ele é o único profissional da face da Terra que pode fazer exatamente o que lhe der na telha. Basta ele dizer o que tiver vontade. E ainda ganha para isso.

Mas não é só: os professores doutrinadores não apenas são arrogantes o suficiente para defender em público o direito de fazer o que quiser em uma sala de aula, como também querem proibir os alunos de reclamarem caso forem vítimas de bullying e abuso na ocasião de discordarem da doutrinação.

Um aluno poderia filmar essas aulas para denunciar o doutrinador, ao menos para a opinião pública? Não na visão do professor doutrinador, que precisa ter o poder total para fazer o que quiser. De novo, foque nisso: o que quiser. Se é ele que manda em um ambiente onde pode ficar em uma sala de aula fechada com alunos, não pode ser atrapalhado em nenhuma de suas intenções, mesmo que sejam as piores possíveis.

Para fazer tudo isso, o professor doutrinador depende, então, de marcar terreno em uma sala de aula fechada, recinto onde pode se aproveitar da vulnerabilidade psicológica de seus alunos diante dele.

Na luta contra a doutrinação escolar, fica óbvio para qualquer pessoa com um olhar mais crítico de que a luta é contra o cúmulo da covardia. Só muito cinismo para que um professor doutrinador consiga defender tamanha afronta em público. E só muita apatia para que não tenhamos nos rebelado quanto a isso no tom adequado ainda.


17 de outubro de 2016
ceticismo político

GLOBO USA 5 MENTIRAS INACREDITÁVEIS PARA TENTAR ESCONDER DITADURA NA VENEZUELA


O site da Globo publicou uma matéria inacreditável – feita por Issaac Mumena, da BBC Africa, Kampala – que serve como um dos maiores exercícios de sadismo falacioso em nome do totalitarismo em muito tempo. Intitulado Cinco mitos sobre a crise na Venezuela (e o que acontece de verdade), o texto é uma compilação de falácias na tentativa de negar o que não pode ser negado.

O truque de Mumena é apontar a citação dos fatos (feitas por adversários da ditadura), chamá-las de mitos a partir de instâncias da falácia do espantalho (com técnicas de distorção, generalização apressada e exageros) para esconder a ditadura de Maduro. Segundo o narrador, “em meio à polarização da sociedade e à forte politização de relatos da mídia, muito do que está sendo dito é baseado em impressões exageradas.”

Vamos ao circo da matéria, onde o autor, cinicamente, aponta todos os itens como “mitos” sobre a Venezuela:


1. Os críticos estão dizendo que “na Venezuela há fome”, mas isso não é verdade

“Em algumas regiões da Venezuela se passa fome, mas não a maioria da população.”

“90% dos venezuelanos disse em 2015 ao levantamento Encovi que está comendo menos e com menor qualidade. De fato, a crise alimentar se aprofundou em 2016; se veem mais filas e são relatados mais casos de subnutrição, com mais pessoas que comem duas ou menos vezes por dia.”

“E por mais caros que sejam, os venezuelanos têm frutas e verduras disponíveis em cada esquina. De acordo com a Fundación Bengoa, especialista nesta área, a desnutrição está entre 20% e 25%.”

“Especialistas venezuelanos concordam que o que acontece no país não é o mesmo que na Etiópia nos anos 80 ou na Coreia do Norte em 1990. Mas muita gente tem alertado: “estamos à beira da fome.”

O truque aqui é o seguinte: dizer que “não há fome, pois nem todos passam fome”. O que é o mesmo que dizer que não aconteceu um Holocausto pelas mãos de Hitler, pois nem todos os judeus morreram, ou que não ocorre um surto do vírus zika pois nem todas as pessoas estão doentes. Isso é de uma canalhice sem igual, além de uma desumanidade ímpar. O sujeito que escreveu a matéria claramente deve ser um psicopata.


2. Os críticos estão dizendo que “Venezuela é igual a Cuba”, mas não é

“Em geral, três elementos permitem argumentar que “a Venezuela se cubanizou”, como alguns dizem: as filas para comprar produtos racionados, a dualidade da economia e da militarização do governo (onde a inteligência e o governo cubano têm influência).”

“Mas essa comparação só pode ser feita até aí.”

“A Venezuela é um país capitalista onde o setor privado tem certa atividade, apesar das restrições e expropriações do Estado – que adquire cada vez mais controle sobre a economia. Em Cuba, o setor privado é mínimo.”

[o autor ainda diz que na Venezuela tem Internet, Netflix, McDonald’s e em Cuba não]

Schopenhauer mapeou um tipo específico de falácia do espantalho: a ampliação indevida. Nesta artimanha, alguém exagera a afirmação do oponente, refuta a versão exagerada e finge ter refutado a versão original. Por isso, a matéria inventa a mentira de que alguém teria dito que “Venezuela é igual a Cuba”, quando na verdade o que se diz é que a Venezuela é o país no qual o bolivarianismo mais avançou na América do Sul e, exatamente por isso, é aquele que mais se aproxima do horror cubano.

Mas é uma verdade que a Venezuela está se cubanizando rapidamente, embora não se torne igual a Cuba, pois seria uma burrice. E isso nos leva à próxima falácia…


3. Os críticos afirmam que “a Venezuela é uma ditadura”, mas ela é uma democracia

“É um debate acadêmico que leva alguns anos: se na Venezuela há uma “ditadura moderna” ou um “regime híbrido”.”

“Mas são poucos os especialistas, no país e no exterior, que falam de uma ditadura tradicional.”

“Primeiro, eles dizem, porque há oposição, por mais que não tenha acesso a recursos que o partido governista tem – e apesar das prisões e restrições a que representantes seus tenham sido sujeitados.”

“E há eleições, embora tenham removido alguns poderes da Assembleia Nacional – eleita com votos – quando ela passou a ser controlada pela oposição.”

“Em segundo lugar, a imprensa independente na Venezuela, apesar dos problemas – falta de papel, pressão do governo e com muitos de seus jornalistas em julgamento ou na prisão – existe.”

A ampliação indevida está de volta, além de vir acompanhada de uma manipulação semântica clara. Nota-se que o autor deve ser um especialista em mentir conforme as regras da dialética erística. Para início de conversa, as ditaduras modernas não são baseadas no modelo de ditadura tradicional (como em Cuba), mas no modelo de tirania moderna, abordado muito bem no livro “Escola de Ditadores”, de William J. Dobson.

O comportamento cínico do autor da matéria da BBC mostra o motivo pelo qual as tiranias modernas (como a que ocorre na Venezuela e agora na Turquia) se estabeleceram: são ditaduras plenas, que simulam um sistema eleitoral vigente e até uma suposta liberdade de imprensa, mas tudo é fraudado pelo controle de verbas e meios de mídia pelo governo, pelo aparelhamento do Judiciário e pela falta de separação entre os poderes. Ou seja, o próprio autor do texto reconhece que a Venezuela é uma ditadura, mas executa a manipulação semântica para fingir que “se não é uma ditadura tradicional, não é ditadura”, quando na verdade os modelos de tirania moderna, como aquele de Maduro, são muito mais perigosos.


4. Os críticos dizem que “todo mundo odeia Maduro”, mas tem gente que gosta dele

“Muitos fora do país perguntam como é possível que Maduro ainda esteja no poder.”

“De acordo com várias pesquisas, ele tem entre 20% e 30% de apoio.”

“Há venezuelanos que se consideram chavistas, que dizem apoiar Maduro nas pesquisas, mas que, quando falam à imprensa, soltam uma série de insultos contra o presidente.”

De novo uma falácia da ampliação indevida? Isso mostra que a tática é um padrão dessa gente. Não há nenhum regime no mundo onde “todo mundo odeie o ditador”. Ao contrário: em ditaduras, você encontrará parcelas consideráveis de apoio ao ditador, exatamente em razão da censura. Porém, na Venezuela, onde o modelo de tirania moderna está implementado, não é tão fácil encontrar pessoas de joelhos para o ditador tanto como acontece na Coréia do Norte. Ainda assim, surpreende o alto nível de rejeição a Nicolas Maduro, mesmo que a imprensa tenha sido controlada. Isto é sinal de que ele destruiu seu país com muita rapidez, pois, com tanta censura, era de se esperar que ele fosse mais “adorado”, ainda que de maneira artificial.

Ou seja, a matéria da Globo (BBC) mentiu mais uma vez.

E para não perder o jeitão da coisa, eles concluem com a quinta mentira:


5. Os críticos dizem que “você não pode sair de casa” (na Venezuela), mas tem gente que sai de casa sim

“A criminalidade desenfreada e o medo levou alguns a preferirem assistir a um filme em casa do que ir a um bar à noite.”

“Mas ainda há muitos, não só em Caracas, mas em todo o país, que vão a discotecas, bares e restaurantes.”

“Paradoxalmente, no lugar onde há mais assassinatos, nos bairros populares, a noite é tão ativa como em qualquer cidade, mas nas áreas de classe média e alta as ruas ficam desertas após as 21h.”

“Na Venezuela deve-se ter um perfil discreto, não falar no celular nem mostrar uma câmera na rua. Quanto mais velho for o carro e as roupas que se veste, melhor.”

“Ter guarda-costas ou carro blindado às vezes pode ser contraproducente. Apesar disso, os centros das cidades e vilarejos são durante o dia são tão ou mais agitados do que em qualquer outro lugar na América Latina.”

Lá vamos nós de novo com a ampliação indevida. Não há nenhuma região do mundo onde “ninguém pode sair de casa”. Até no Iraque você pode sair de casa. Até onde o Estado Islâmico mais faz vítimas você pode sair de casa. Talvez a Venezuela fosse a primeira região do mundo onde não poderíamos sair de casa, não é? Mas aí é que vemos o cinismo do autor. O fato é que Caracas é a capital mais violenta do mundo e os índices são aterradores. Não adianta inventar a historinha dizendo que “ah, tem gente que sai de casa sim” que isso não mudará o fato: a Venezuela se tornou perigosíssima em termos de segurança pública por causa do bolivarianismo.

Em resumo, quem cair no joguinho da matéria monstruosa, vai acabar achando que:
Na Venezuela não há fome
A Venezuela não está se aproximando do sistema cubano
Que a Venezuela é uma democracia
Que Maduro tem alta aprovação
Que a Venezuela é um local seguro para se viver

Na época em que o marqueteiro (hoje preso) João Santana fazia suas propagandas mentirosas para o partido bolivariano, dizíamos: “Eu quero morar no Brasil da propaganda do PT”. Era uma sátira às mentiras ditas por Santana e sua equipe de marketing. Da mesma forma, eu quero morar na Venezuela da propaganda contida nessa matéria desonesta da BBC (tanto endossada como publicada pela Globo).

Só um recadinho, pessoal da Globo: enquanto as pessoas sofrem na Venezuela, vocês estão mentindo para beneficiar um ditador psicopata. Isso não será esquecido…


17 de outubro de 2016
ceticismo político
(artigo de julho/2016)

AGÊNCIA AMERICANA DE INTELIGÂNCIA DE DEFESA CONFIRMA: OBAMA CRIOU O ESTADO ISLÂMICO

A grande imprensa brasileira noticiou há poucos dias a afirmação feita por Donald Trump de que Barack Obama e Hillary Clinton seriam respectivamente o fundador e a cofundadora do Estado Islâmico. O tom adotado pela cobertura da imprensa nacional, como nessa matéria de O Globo por exemplo, misturou a hostilidade costumeira a Donald Trump com a já sabida ignorância de grande parte dos profissionais de nossa imprensa em relação à realidade geopolítica contemporânea. Ignorância esta que advém em grande parte da adesão desses profissionais à agenda ideológica da esquerda, o que os leva a produzir unicamente conteúdos jornalísticos que estejam em conformidade com essa agenda, sem qualquer compromisso com a verdade ou objetividade factual dos temas tratados.

O que a imprensa nacional está afirmando agora, com uma boa dose de má vontade e de desdém temperada com desinformação como na matéria linkada acima, não é novidade alguma para os leitores do Crítica Nacional, como por exemplo nesse artigo aqui. Há meses temos reafirmado sistematicamente que o surgimento do Estado Islâmico, bem como a emergência do Irã como potência nuclear regional, é consequência direta da política externa de Barack Hussein Obama.

O muçulmano socialista Barack Obama chegou ao poder na Casa Branca com o firme propósito de enfraquecer e de fragilizar internamente e externamente os Estados Unidos, tanto do ponto de vista econômico, quanto diplomático e militar. O surgimento do Estado Islâmico é uma consequência direta e esperada e desejada pelo governo americano e se insere nesse objetivo, não podendo de modo algum ser visto como erro ou equívoco de sua política externa, cuja executora durante o primeiro mandato de Obama foi justamente Hillary Clinton.

A afirmação feita por Donald Trump na semana passada não apenas está correta do ponto de vista de análise geopolítica, como está em ancorada em fatos, documentados pelos próprios órgãos de inteligência e de segurança do governo americano. Um relatório confidencial de agosto de 2012 produzido pela Agência de Inteligência de Defesa, DIA na sigla em inglês, e que veio a público somente no ano passado após decisão judicial, já afirmava claramente haver a “possibilidade de surgimento de uma entidade salafista declarada ou não declarada na região leste da Síria”, o que corresponderia às expectativas “das potências que apoiam os rebeldes e que estariam interessadas em isolar o regime sírio.” No relatório da DIA, as potências em questão dizem respeito aos Estados Unidos, aos Estados do Golfo (ou seja, teocracias muçulmanas tendo à frente a Arábia Saudita) e a Turquia.

O relatório dizia ainda claramente que se os Estados Unidos continuassem a apoiar e dar suporte militar a Al Qaeda e à Irmandade Muçulmana, o resultado seria a formação de um poder autônomo no leste da Síria, o que de fato ocorreu com o surgimento do Estado Islâmico, que o ocupa o leste sírio e a porção norte-noroeste do território iraquiano. Mesmo após sua formação, a administração Obama continuou dando suporte por meio de armas e recursos financeiros aos chamados rebeldes sírios, o que significa na prática municiar e sustentar o Estado Islâmico, uma vez que não há distinção alguma entre esses rebeldes e os jihadistas do suposto califado.

O General Michael Flynn, atualmente conselheiro de Donald Trump e que era chefe da DIA na época da emissão desse relatório, afirma claramente que o governo Obama tomou a decisão política e ideológica de ignorar o alerta do serviço de inteligência do país e seguir adiante com sua política externa no Oriente Médio, cujo resultado final foi o surgimento do Estado Islâmico. As ações de terror e de genocídio perpetradas pelo Estado Islâmico por sua vez criaram uma situação de instabilidade que deu origem a crise de refugiados, que serviram e servem de escudo humano para o afluxo de jihadistas em direção à Europa através da Turquia.

Não houve portanto erro ou equívoco nessa política, segundo Michael Flynn: a formação do Estado Islâmico, a crise de refugiados daí decorrente e o consequente aumento da pressão demográfica islâmica sobre a Europa, bem como o aumento da ameaça terrorista em solo europeu, se devem unicamente a uma ação pensada e deliberada de Barack Hussein Obama, o maior inimigo que a civilização ocidental já conheceu nesse início de século.

Com conteúdo de Chronicles Magazine.


17 de outubro de 2016
critica nacional

SOBRE FINANCIAMENTO PÚBLICO DE CAMPANHA: O ESTADO VOTA?


Um dos maiores índices demonstrando que a questão do financiamento de campanha foi imperdoavelmente ignorada pelos republicanos é o fato de que um frame até bobo não foi contestado.

Antes, foquemos em que pé estamos: interessados em controlar o sistema eleitoral, os bolivarianos decidiram estabelecer o financiamento público de campanha.

O fizeram por intenções óbvias: evitar que adversários conseguissem o mesmo nível de financiamento empresarial que o PT adquiriu no passado – o que permitiu que eles vencessem quatro eleições com um pé nas costas – e conhecer previamente o nível de financiamento de seus adversários (a partir do financiamento público). Isto seria decisivo para decidir o jogo no uso de verbas aparelhadas do estado, incluindo a Lei Rouanet e milhares de horas/aula destinadas à doutrinação, dentre o aproveitamento de outras brechas. Fazer tudo isso conhecendo previamente o poder do oponente é muito melhor, não?

Realize a seguinte situação na guerra tradicional. Imagine que seu exército tenha adquirido o maior volume de armamento possível nas batalhas das últimas duas décadas. Isso foi decisivo para suas vitórias nos últimos anos. Porém, o fluxo de aquisição de armas no mercado legal está complicado para você, pois seu país foi considerado um “mau pagador”. A partir desse momento, você consegue uma resolução na ONU para limitar a aquisição de armas para todos os seus adversários. Quer dizer: a partir do encerramento de uma vantagem para você, a luta é para criar a restrição para os demais. Porém, você sabe que se os demais se adequarem à nova restrição (determinada por você, para sua conveniência), também será possível conhecer o poder previamente dos demais, principalmente se você tem um método para furar a restrição. Ou seja, adquirir armas no mercado negro com mais facilidade que os demais.

O truque petista foi muito bem bolado, mas não deu muito certo nestas eleições, pois o colapso causado pelo PT foi amplo demais, bem como os escândalos de corrupção muito visíveis. Mas o plano é pensado para funcionar talvez em 2018 e certamente em 2022.

Assim, é preciso ter claro: o estabelecimento do financiamento público de campanhas, junto à proibição do financiamento empresarial, é o atendimento de uma demanda de extrema-esquerda, criada unicamente para beneficiar partidos especializados no saqueamento estatal. O melhor momento para implementar o truque foi aquele no qual o principal partido de extrema-esquerda – justamente o campeão no recebimento de verbas de empresas para campanha – parou de usar a regra em sua vantagem. Nem criança cairia no truque. Mas os deputados republicanos caíram.

Mas há um detalhe: um dos frames principais utilizados pelos bolivarianos – em todo processo de luta para implementar o financiamento público e proibir o financiamento empresarial – foi dizer: “empresa não vota”. Só faltou alguém dizer, pelo lado republicano: “o estado não vota”. Mas era pedir demais que o cérebro republicano funcionasse na mesma velocidade que o da extrema-esquerda.

Evidentemente, não é momento de apenas repelirmos o “voto em lista fechada” – outra armadilha petista, na qual Rodrigo Maia está doidinho para cair, feito patinho -, como também de desconstruirmos o financiamento público de campanha. Mas para isso será preciso fazer a seguinte pergunta: “O estado vota?”.


17 de outubro de 2016
ceticismo político

TRUMP: COMO A DIREITA PODE COLHER FRUTOS TANTO SE ELE GANHAR COMO SE PERDER?



A direita brasileira decerto amadureceu nos últimos anos. Mas, em alguns setores, ainda demonstra a maturidade de uma criança. Isso se vê principalmente na reação explosiva e irracional diante de críticas táticas.

Uma crítica tática não é focada em aspectos morais, mas em resultados. Queremos saber se algo vai funcionar ou não. Quase sempre quando fazemos uma crítica moral, uma parte da direita parece entrar em surto. Vale lembrar que alguns gurus não estão enganados, mas agem desonestamente.

Um exemplo vem à mente de imediato: critiquei duramente Marco Feliciano por sua reação lenta diante das acusações de Patrícia Lélis. Embora ele não fosse um de meus parlamentares favoritos, eu torcia por seus resultados na CPI da UNE. Por isso, era importante se preocupar com seu desempenho, assim como nos preocupamos com o desempenho do técnico de futebol do time para o qual torcemos. Mas teve gente que andou dizendo: “o que você tem contra Feliciano?”. Outro espertão bradou: “Você está tomando as afirmações de Lélis como verdadeiras”. Pura mentira. Mas o fato é que confundiam, como sempre, uma crítica tática como uma crítica moral. E, em alguns casos, teve gente que se fez de besta e agiu desonestamente.

Como resultado desse padrão comportamental, muitos grupos – especialmente alguns ligados mais fortemente ao conservadorismo e até ao neoconservadorismo – perderam a capacidade de avaliar criticamente suas táticas. Nesses grupos, as pessoas tem medo de dizer coisas como “esse discurso não vai funcionar” ou “essa tática não está indo no caminho certo”. Possuem medo de fazer correções de rota, uma vez que as críticas táticas são encaradas como ofensa.

Felizmente, eu escrevo para meus leitores, os quais costumam gostar de críticas táticas, pois tudo aqui é baseado na criação de conscientização sobre o jogo político. A maioria das críticas táticas não são feitas para os candidatos – até porque nesse ponto entramos quase sempre “tarde demais”, quando é difícil fazer correções de rota -, mas para que possamos aprender futuramente com os erros.

O fato é que há muita gente que confunde quase tudo que escrevo sobre Donald Trump.

Comecemos: é obviamente melhor para nós que ele vença seu embate com Hillary. Já tivemos a evidência da deleção dos 33.000 e-mails e de diversas outras ações que deveriam colocá-la na cadeia. Por mais que rejeitemos as ideias e comportamentos de Trump, não dá para compará-lo com Hillary. Para piorar, ela é autoritária e até totalitária. Ademais, poderá nomear mais três juízes da Suprema Corte. Em suma: a vitória de Hillary significa o inferno na Terra, não apenas para os Estados Unidos, como também para o mundo.

Creio que minha posição está bem clara aqui, não? Não é nem uma posição pró-Trump, mas uma posição anti-Hillary. Novamente ressalto o quanto deixo claro que é bem melhor que Trump vença, pelos motivos já apresentados.

Mas precisamos olhar para os fatos: Trump é um candidato ruim demais. O Partido Republicano merece um puxão de orelha por não ter feito um background checkadequado de seu passado. Será que a divulgação de todos esses áudios não estava prevista? Ou o Partido Republicano se deixou seduzir tanto pelos 100 milhões de dólares doados pelo próprio candidato para a campanha que “deixou isso pra lá”? Seja lá como for, é claro que tratamos de um candidato fraco.

Ademais, Trump tem o costume de não moderar sua linguagem e nem mesmo de planejar seus discursos estrategicamente. Com exceção do segundo debate presidencial, ele também é frouxo e toma surras de rótulos a ponto de ficarmos com pena. A certo momento, parece até uma criança política tomando rótulo atrás de rótulo de um adulto que está morrendo de rir do outro lado.

A verdade nua e crua é que em termos de guerra política Donald Trump é uma negação. No fundo, é um Jair Bolsonaro com uma conta corrente muitíssimo mais recheada.

Vemos a todo momento pessoas reclamando “ah, mas a mídia favorece Hillary”. Ué, mas ele não estava contando com esse fator adverso antes? E quais foram seus planos para passar por cima desta barragem de propaganda? Pensando bem, para que planos se alguém está sempre com a razão, não é mesmo?

Esse é talvez o aspecto mais incômodo da postura de Donald Trump: ele está sempre certo em “suas táticas”. E se não der certo, ele culpará aqueles que não o apoiaram – como se não fosse sua obrigação, pela posição de candidato representante, conquistar esse apoio -, ou então transferir a responsabilidade para a mídia e, quem sabe, até para o “julgamento errado do povo”. Pessoas assim são incorrigíveis. Tudo pode funcionar bem em uma empresa onde ele pode controlar o que quase todos pensam. Mas no território aberto? Não funciona.

Assim, mesmo que o melhor mesmo para a direita seria que Trump vencesse, a realidade mostra que essa vitória é quase impossível. Pois é aí que deve ser tirado algo de útil dessa adversidade: a derrota de Trump pode servir como um símbolo dizendo que a frouxidão na guerra política – em suma, o “não jogo” – precisa ser enterrada.

No Brasil, já tivemos exemplos infinitos de que o “não jogo” só serve para criar desastres políticos. Vimos Aécio perder uma eleição ganha para Dilma, bem como Eduardo Cunha – se recusando a rotular o adversário – conseguindo se tornar até mais rejeitado que a ex-presidente cassada. Vimos Marco Feliciano sumir do cenário político, mesmo que ele tivesse toda a razão no caso contra Lélis. Mas se não jogou o jogo, perdeu e foi para o ostracismo. Jair Bolsonaro não cometeu nenhum crime de calúnia contra Maria do Rosário. Na realidade, ele foi vítima de um crime de difamação. Mas como só ela jogou o jogo, ele terminou denunciado pelo STF e ela está morrendo de rir até hoje.

Nos Estados Unidos, as derrotas de John McCain e Mitt Romney para Barack Obama já deveriam entrar para o catálogo de fracassos conquistados pelo “não jogo”. Mas se Trump perder essa eleição, será uma derrota ainda mais imperdoável, pois sua obrigação era vencer por no mínimo 20 pontos de diferença, dado existirem muitos aspectos negativos a serem explorados contra Hillary. Se ele não vencer, será em parte por não ser um bom candidato mesmo (ter um passado muito vulnerável), mas, principalmente, por não ter jogado o jogo.

As lições dadas por aqueles que se recusam a jogar o jogo se resumem a isso: lições dizendo “está vendo o resultado da escolha por não jogar o jogo?”. Se aprendermos com essa decisiva lição que pode ser dada pela teimosia de Trump (se ele perder), poderemos pensar em uma maior maturidade política.


17 de outubro de 2016
ceticismo político

ODEBRECH PAGOU O, VIA CAIXA 2, DÍVIDAS DA CAMPANHA DE GLEISI HORRMANN AO GOVERNO DO PARANÁ

(Jefferson Rudy – Agência Senado)

Com o passar dos dias torna-se cada vez mais complicada a situação da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), ré por corrupção, juntamente com o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações).


Denunciada por sete delatores da Operação Lava-Jato de ter recebido dinheiro do maior e mais acintoso esquema de corrupção, que derreteu os cofres da Petrobras, a parlamentar paranaense está prestes a ser alvo de mais uma denúncia grave.

Um dos executivos da construtora Odebrecht, que negocia acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lava-Jato, promete revelar como se deu a ajuda da empreiteira para pagar dívidas de campanha de Gleisi Hoffmann em 2014, quando a petista concorreu ao governo do Paraná, mas fracassou nas urnas.

O aludido pagamento ocorreu após o encerramento do período de prestação de contas à Justiça Eleitoral, portanto, na ilegalidade. Ou seja, mais um caso de caixa 2 envolvendo Gleisi.


De acordo com informação divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, na ocasião Gleisi recorreu diretamente a Dilma Rousseff para pedir que a então presidente da República interviesse junto ao PT para que o partido ajudasse a quitar as contas remanescentes da campanha. 
Conforme relato feito aos procuradores, Dilma convocou Edinho Silva, então ministro, determinando que o assessor ajudasse Gleisi — o que foi feito.

A situação de Gleisi é muito complicada. Isso porque, além de responder a processo no Supremo Tribunal Federal (STF), o acúmulo de evidências de corrupção no âmbito do Petrolão sugere que a petista dificilmente não terá a duvidosa honra de ser a primeira senadora a ser presa.


17 de outubro de 2016
ucho.info

VOTE EM HILLARY: UMA SANTA QUE NUNCA FALOU PALAVRÃO


Hillary Clinton é diferente de Donald Trump. É santa, é anja, é freira, é feminista, não fala palavrão, é pura, recatada e do lar. E virgem.

Nunca antes na história da América uma eleição fez com que tantos jornais abandonassem a objetividade, preferindo fazer torcida aberta por uma candidata, como vários fazem por Hillary Clinton.

Dos óbvios New York Times, Los Angeles Times, Chicago Sun Times, Rolling Stone, New York Daily News, CNN e CBS (que constituem 100% daquilo que jornalistas brasileiros chamam de “imprensa americana”) aos extremistas MSNBC e Huffington Post, a surpresa veio de veículos que tendem à neutralidade, como a The Atlantic, que desde 1857 só endossou 2 candidaturas presidenciais – a terceira sendo de Hillary Clinton. O novato New York Observer, fundado em 1987, foi outro que saiu da coxia e deu suporte a uma Hillary Clinton vestida de Mulher Maravilha desde as primárias.


Nem mesmo a diminuta mídia conservadora declarou apoio a seu concorrente Donald Trump, fazendo pesada campanha contra o candidato republicano durante as primárias, como a icônica capa “Against Trump” da revista National Review, fundada por William F. Buckley Jr. e leitura semanal de Ronald Reagan. Mesmo depois de Donald Trump ser definido como o candidato do GOP, importantes colunistas e intelectuais conservadores, como Thomas Sowell, Ben Shapiro, Mark Levin, Glenn Beck, além de algumas das parcas revistas conservadoras como Commentary e Weekly Standard, continuam em forte campanha contra o icônico candidato republicano.

Uma análise superficial, perfeita para criar manchetes sensacionalistas no modelo “Toda a imprensa americana está contra Donald Trump” (ou, reduzindo-se a “imprensa americana” às três primeiras linhas de nosso segundo parágrafo, alardear que “Hillary Clinton vence primárias na Virgínia, segundo imprensa americana”) esconde dificuldades infranqueáveis a jornalistas apressados.

Por exemplo: quantas dessas críticas no jornalismo americano, mesmo à esquerda, dizem respeito ao potencial eleitoral de Donald Trump, quando comparado a outros possíveis candidatos republicanos? Quantas críticas a Donald Trump, ao invés de tratá-lo como o mais radical de extrema-direita maluco e ultraconservador do planeta, o criticam justamente por ter sido do Partido Democrata até há pouco tempo, ter enaltecido Barack Obama e seu Obamacare e ser amigo de longa data da família Clinton, que inclusive estava em seu casamento?


A impressão, comungada por 99% dos leitores de manchetes ao redor do mundo, de que Donald Trump é inglês para Primeiro Cavaleiro do Apocalipse, a Peste que trará a Guerra, a Fome e a Morte, enquanto Hillary Clinton, a Abençoada, a Virgem, a Santificada, a Escolhida (sobretudo pelo New York Times), uma Anja vestida de azul e concorrendo pelo Partido Democrata contra a Besta Fera do Fim do Mundo.

De fato, a visão de quem lê o noticiário não é exatamente muito diferente desta grotesca caricatura, mais exagerada do que a retórica goebbelsiana ou os desenhos de Tex Avery. Pouco ou nada é sabido sobre Hillary Clinton pela imprensa, que deveria informar algo sobre Hillary, a candidata democrata que, segundo a premissa universalmente assumida e presumida no discurso do jornalismo, é tão empoderada e feminista que não é apenas um Bill Clinton de saias, possuindo alguma suposta independência de seu marido e seu sobrenome.

Curiosamente, quem repete obedientemente tal narrativa tirada diretamente de uma linha de produção fordista de massa é quem se considera crítico, independente, impermeável à manipulação da própria mídia de quem copiou seu vocabulário. Ninguém se sente, digamos, alienado por ostentar e replicar tal verborréia.

Qual o plano de Hillary Clinton para o Oriente Médio? Como Hillary irá enfrentar ameaças como o Estado Islâmico, o Boko Haram? Sabendo-se que a imigração não afeta apenas a economia americana, mas sobretudo facilita o terrorismo, qual o plano “sem muros” de Hillary para a imigração no país mais poderoso e visado do mundo? Continuar como está? Entupir de “refugiados” e pronto? O que Hillary tem a dizer sobre o próprio Bill Clinton ter prometido fortalecer a fronteira com o México na década de 90, forçando o PolitiFact, também torcendo por Hillary, a um dos mais hilários fact-checking desta campanha (“não era um muro, era uma cerca”)?

Como ficará a relação com Israel, único país livre do Oriente Médio, tão estremecida durante a gestão Barack Obama? Como Hillary Clinton lidará com a Autoridade Palestina e o Hamas, digladiando-se entre si pelo controle do território palestino antes mesmo de seus atentados terroristas contra o povo israelense?

O que Hillary pensa sobre o livre mercado americano, se parece que, diferentemente de Bill Clinton, tem uma tendência muito mais controladora e reguladora da economia, como se vê por seus elogios recentes a Bernie Sanders?

Qual a opinião de Hillary sobre a feroz crise na saúde americana, que getrou o programa assistencialista extremamente criticado Obamacare? O que Hillary pensa sobre o elevadíssimo custo da saúde americana, além de financiar com o dinheiro do pagador de impostos a Planned Parenthood, entidade que promove abortos, sobretudo em bairros negros?


Que tal a OTAN e a política externa, em um país cuja política é quase externa por definição? 

Como Hillary enxerga o mundo? Pretende fortalecer o tratado militar com a Europa? Pretende diminuí-lo? Qual a alternativa? Com quem Hillary pretende aumentar o comércio? Hillary vê a América como polícia do mundo, ou após apoiar e votar pela Guerra do Iraque, hoje prefere a visão não-intervencionista em relação a países perigosos, preferindo a intervenção econômica no povo americano?

Ainda que Hillary Clinton possa ter uma opinião ou outra sobre tais temas, simplesmente nada disso é encontrável pelas notícias que pululam em tom de desespero sobre as eleições americanas.

O que se vê são apenas referências a quanto Donald Trump… bem, não quanto suas políticas são ruins (seu plano para a OTAN, por exemplo, soa quase genial para revitalizá-la para a geopolítica global do século XXI), mas sim para quantas vezes soltou a palavra fuck em um discurso. Ou o quanto seu plano de restringir a imigração de países promovendo terrorismo é “islamofobia”. Ou que seu plano de fortalecer a fronteira com o México exatamente como Bill Clinton pretendia (ah, ok, com “uma cerca”, no caso de Bill), é “racismo”. O quanto é “machista” por não ter tantas mulheres em seu staff quanto homens (nenhum comentário sobre a média salarial das mulheres na campanha e na Clinton Foundation ser menor do que a dos homens). E, claro, tentando forçar suas falas para parecerem “fascistas”.


17 outubro de 2016
flaio mogestern

INVASÃO DE ESCOLAS: RECRUTANDO UMA NOVA GERAÇÃO

CERCA DE 20, CONTANDO COM OS PASSANTES (NÃO MANIFESTANTES) QUE NÃO SABIAM DE NADA...

Quantas pessoas participaram do ato contra a prisão de Lula?
Disse a Folha de S. Paulo:


"Cerca de 20 manifestantes fizeram uma vigília na madrugada desta segunda-feira na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo.
O evento aconteceu após a divulgação de um boato na internet de que Lula será preso a qualquer momento".


Agora a Lava Jato já sabe: quando finalmente prender Lula, "cerca de 20 manifestantes" vão protestar, 200 milhões vão babar e 1 vai defender o Estado de Direito.



17 de outubro de 2016
in libertatum

BELÉM, ELEIÇÕES 2016



É voz corrente nos bastidores da campanha que já está fechado um acordo entre o candidato do PSOL Edmilson e o Senador Barbalho.

Este e seu partido - PMDB - ficariam com o Detran e as secretarias de Saúde e Educação. Mas o aludido acordo poderá se ampliar.

E mais: O candidato Edimilson, que nunca deixou de ser petista, faria ocupar uma secretaria da prefeitura por aquela senhora sua companheira no PT e que foi a pior gestora do Estado do Pará quando governadora...pelo PT!

Ou seja, desenha-se contra Belém a administração das minas do Rei Salomão por Ali Babá e o restante do butim compartilhado entre o prefeito criança condenado e a distribuidora de mochilas escolares podres.

Evite toda essa desgraça para Belém.
Nas eleições jogue o lixo no lixo.

"Eu quero todas essas secretarias, Edmílson!"

"Leva, Jader, eu quero é ser prefeito criança"!

"Mamãe bocona pode voltar, crianças"!

17 de outubro de 2016
in libertatum
Imagens Internet
Redação Libertatum

MINISTRO DA JUSTIÇA ANUNCIA PLANO DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

A OCORRÊNCIA DESSE TIPO DE CRIME FOI MAPEADA NAS 27 CAPITAIS

"É UMA ATUAÇÃO CONJUNTA CONTRA UM INIMIGO COMUM, QUE É A CRIMINALIDADE”, DISSE O MINISTRO (FOTO: ABR)

O Ministério da Justiça está finalizando programa nacional de combate a homicídios, tráfico de drogas e tráfico de armas. A ocorrência desse tipo de crime foi mapeada nas 27 capitais.

“Não é atuação de subordinação, não é atuação de intervenção, não é atuação de sobreposição. É uma atuação conjunta contra um inimigo comum, que é a criminalidade”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, que participou da cerimônia de posse do novo secretário de Segurança, Roberto Sá.

Moraes não quis comentar as informações de que houve um racha entre as facções criminosas PCC e CV. “Não comento notícias sobre questões de grupos criminosos. Posso dizer é que nosso plano é de combate ao crime organizado. E salientar também que o Departamento Penitenciário está participando do plano. Não é possível se combater de forma séria e dura a criminalidade se não começarmos dentro dos presídios.”

O ministério apresenta o programa na quarta-feira, 19. “Vamos apresentar a última minuta desse programa de combate a homicídios, tráfico de armas e tráfico de drogas para que possamos dar resposta efetiva à criminalidade organizada. Não é possível que o Brasil continue a conviver com mais de 50 mil vítimas todos os anos por homicídio”, afirmou.

Moraes não deu garantias da permanência de tropas da Força Nacional de Segurança no Estado depois do segundo turno das eleições, apesar de afirmar que o novo plano de segurança preveja integração entre as forças policiais.

“Não é uma operação saturação, em que você não ataca as causas do problema. Estamos fazendo algo para atacar as causas, algo permanente.” (AE)


17 de outubro de 2016
diário do poder

INVESTIMENTOS CORREPONDEM A 1% DOS GASTOS PÚBLICOS

NADA SOBRA PARA INVESTIR NA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO

INVESTIMENTOS DO GOVERNO REPRESENTAM APENAS 1% DOS GASTOS DIRETOS

O governo federal superou os R$1,12 trilhão em gastos diretos desde o início do ano, mas os investimentos representam apenas 1,1% do total: apenas R$ 13,3 bilhões. Segundo o Portal da Transparência o pagamento de juros da dívida e dos salários de servidores públicos, civis e militares, já consumiram R$ 792,5 bilhões e continuam sendo os principais gastos no Brasil, representando mais de 70% do total. A informação é da coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

O gasto com o pagamento de juros e amortização da dívida pública já consumiu R$ 631,5 bilhões, disparado o maior gasto direto do governo.

O pagamento dos salários e demais regalias aos servidores públicos já atingiu R$ 161 bilhões, mais de dez vezes o gasto em investimentos.

Apenas com o pagamento de passagens e outros gastos de locomoção de servidores, o governo já torrou mais de R$ 490 milhões este ano.



17 de outubro de 2016
diário do poder

"CONSELHÃO" RETOMARÁ ATIVIDADES SEM POLÍTICOS

SEM CABIDES
GRUPO SERÁ FORMADO APENAS POR REPRESENTANTES DA SOCIEDADE

GRUPO SERÁ FORMADO APENAS POR REPRESENTANTES DA SOCIEDADE CIVIL

O presidente Michel Temer determinou a retomada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o “Conselhão”, que discutirá iniciativas com vistas ao desenvolvimento econômico. 
A primeira reunião da nova composição será em 21 de novembro. 
O Palácio do Planalto pretende reduzir a influência de políticos no novo Conselhão, diferentemente do que foi adotado nos governos do PT.

De acordo com a Casa Civil, o Conselhão deve se tornar um colegiado “exclusivamente composto por representantes da sociedade civil”.

O número de conselheiros não está totalmente definido, mas o governo deve manter os 92 membros que Dilma tinha no seu Conselhão.

Desde maio, Michel Temer preparava a reformulação no “Conselhão”. Foi cogitada até a redução dos membros para 18. Não colou.

Com Dilma, o Conselhão atendia interesses de bajuladores do governo, como “movimentos sociais” MST, UNE etc. Nada de conselhos.


17 de outubro de 2016
diário do poder

SÉRGIO MACHADO VAI DEPOR SOBRE PROPINA A TEMER NO PRÓXIMO SÁBADO

Charge do Lute, reprodução do Arquivo Google

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, um dos delatores da Operação Lava Jato, vai prestar depoimento na ação de investigação eleitoral em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014. O depoimento será no próximo sábado, dia 22, na sede do Tribunal de Justiça do Ceará, em Fortaleza, onde Machado cumpre prisão domiciliar, benefício obtido em troca das informações prestadas à investigação.

Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então presidenta Dilma Rousseff e seu companheiro de chapa, Michel Temer, foram aprovadas com ressalvas, por unanimidade, no TSE. O PSDB questionou a aprovação por entender que há irregularidades nas prestações de contas apresentadas por Dilma. Conforme entendimento atual do TSE, a prestação contábil da chapa é julgada em conjunto.

Nos depoimentos de delação premiada, Sérgio Machado falou sobre um “acordão” para barrar as investigações da Lava Jato, uma doação de R$ 40 milhões do Grupo JBS para o PMDB (partido de Temer), um suposto repasse de recursos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) para viabilizar a candidatura dele à presidência da Câmara dos Deputados em 1998 e um pedido de recursos que teria sido feito por Temer para a campanha do ex-candidato à prefeitura de São Paulo Gabriel Chalita.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Na delação, Machado disse que no “contexto” da conversa com Temer em 2012, quando o então vice-presidente lhe pediu apoio financeiro para a campanha de Chalita, ficou claro que se tratava de propina. É exatamente isso que Machado terá de explicar no depoimento do próximo sábado, sob um suspense de matar o Hitchcock, como diria nosso vizinho Miguel Gustavo.(C.N.)

17 de outubro de 2016
Deu em O Tempo (Ag. Brasil)

ENQUANTO A CÂMARA AVANÇA CONTRA A CORRUPÇÃO, O SENADO ESTÁ RECUANDO CLARAMENTE

Jucá e Renan lideram no Senado a reação contra a Lava Jato

O Congresso dá uma no cravo e outra na ferradura. Na Câmara, a Comissão Especial que analisa as dez medidas anticorrupção propostas por procuradores avança a olhos vistos. Mas, no Senado, o PMDB embala uma mudança da lei de abuso de autoridade vista como uma ofensiva contra os mesmos procuradores e a Lava Jato. As dez medidas preveem maior rigor com os crimes e criminosos de colarinho branco. Já a nova lei de abuso de autoridade visa cortar as asinhas justamente de quem tenta combater… os crimes e criminosos de colarinho branco. Um cruzamento revelador.

A Comissão deve atingir mais de cem depoentes nesta semana, incluindo o juiz Sérgio Moro, procuradores, delegados, agentes da Receita, professores, jornalistas e representantes da “sociedade civil”. No Senado, quem apadrinha a nova lei de abuso de autoridade são dois alvos lustrosos da Lava Jato: o presidente Renan Calheiros e o ex-ministro Romero Jucá, ambos do PMDB.

SETE INQUÉRITOS – Renan classifica a Lava Jato como “avanço civilizatório”, mas o Supremo já instaurou o sétimo (sétimo!) inquérito sobre sua participação em desvios da Petrobrás. E Jucá encerrou uma passagem meteórica pelo Planejamento no governo Temer por causa de uma fita em que fala de um “pacto para estancar a sangria”. Ele jura que a “sangria”, no caso, era a crise econômica, mas a suspeita é que ele se referia aos estragos da Lava Jato nos políticos.

É fundamental garantir justiça, direitos individuais e coletivos e impedir linchamentos de quem quer que seja – inclusive de corruptos. Para isso, é necessário tanto combater a impunidade, de um lado, quanto evitar excessos e abusos da Justiça, Ministério Público, Polícia Federal, Receita e imprensa, do outro. Trucidar reputações e condenar com ligeireza não é fazer justiça, ao contrário. Mas, posta a ressalva, há que se reconhecer o desequilíbrio histórico a favor da impunidade e contra a ação da autoridade.

IMPUNIDADE GARANTIDA – Corruptos e corruptores sempre tiveram leis, processos penais, prazos, agentes públicos e uma “justiça” direcionados para proteger o poder, a riqueza e a impunidade, enquanto as instituições sustentadas pelo Estado e pela sociedade conviviam com falta de condições, de autonomia e de instrumentos, até mesmo legais, para uma justiça sem aspas.

Essa situação vem se invertendo lentamente desde a redemocratização, até que, hoje, corruptos estão em baixa, combatentes da corrupção estão em alta. É preciso aperfeiçoar esse processo e avançar, jamais retroceder. Por isso, é preciso ficar de olho tanto nas dez propostas que correm na Câmara como nas alterações que o Senado tenta fazer na lei de abuso de autoridade.

Isso, sem perder de vista a repatriação de recursos não declarados. Para a área econômica, abrandar impostos e multas traz o dinheiro de volta e reforça o Tesouro, mas a força-tarefa da Lava jato critica premiar quem fraudou o fisco e suspeita que a inclusão de parentes de políticos – como tentam fazer agora – possa beneficiar quem cometeu crimes piores, como corrupção. Debate interessante.

PT FOI UM EXEMPLO – Lembrança: por 20 anos, o PT virou o combatente-mor da corrupção em aliança com o MP, a mídia e funcionários públicos exemplares. Bastou subir a rampa do Planalto com Lula em 2003 para se virar contra os aliados e propor, em sequência, a “lei da Mordaça” (contra o MP), uma lei para punir vazamentos de órgãos públicos (contra funcionários) e o “controle social da mídia” (contra jornalistas e meios). O que foi bom para o PT contra os adversários não poderia mais valer contra o próprio PT no poder.

Moral da história: “conter abuso de autoridades” pode ser pretexto para embutir algo bem menos nobre, como facilitar desvios e garantir a velha e conhecida impunidade que sempre reinou nesta nossa República.


16 de outubro de 2016
Eliane Cantanhêde
Estadão

FÍSICO ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE ACUSA MORO DE "SERVIR ÀS CLASSES DOMINANTES"... RIDICULO!

Cerqueira acusa Moro de “servir às classes dominantes”


O professor e físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que há décadas integra o Conselho Editorial da Folha, publicou um artigo comparando o juiz Sérgio Moro ao frade dominicano Girolamo Savonarola, um fanático que se tornou influente na política de Florença no final do século XV. Foi excomungado, preso, torturado, enforcado e queimado. Cerqueira Leite disse em seu texto, publicado na última terça-feira, dia 11, que “Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista”.

E o professor concluiu seu artigo fazendo uma grave advertência ao magistrado: “Cuidado, Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes. Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira”.

MORO RESPONDE – O juiz Sérgio Moro, que cuida dos processos em primeira instância da Operação Lava Jato, no dia seguinte mandou uma carta à Folha de S. Paulo em resposta ao artigo do professor Cerqueira Leite:

“Lamentável que um respeitado jornal como a Folha conceda espaço para a publicação de artigo como o “Desvendando Moro”
, e mais ainda surpreendente que o autor do artigo seja membro do Conselho Editorial da publicação.

Sem qualquer base empírica, o autor desfila estereótipos e rancor contra os trabalhos judiciais na assim denominada Operação Lava Jato, realizando equiparações inapropriadas com fanático religioso e chegando a sugerir atos de violência contra o ora magistrado. A essa altura, salvo por cegueira ideológica, parece claro que o objeto dos processos em curso consiste em crimes de corrupção e não de opinião. Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha”.

CERQUEIRA TREPLICA – Em carta enviada à Folha, o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite rebateu a crítica recente que recebeu do juiz Sergio Moro. E insistiu em afirmar que o magistrado “é absolutamente parcial e está a serviço das classes dominantes”.

“Respondo aqui ao juiz Sergio Moro, embora ele não tenha se rebaixado a responder a um simples plebeu, preferindo incitar a Folha a censurar meus artigos (Painel do Leitor, 12/10). Acusa-me o juiz de promover atos de violência. O fogo a que me refiro é o fogo da história. Intelectos condicionados por princípios de intolerância não percebem a diferença entre metáforas e ações concretas. O juiz ainda se esquiva de responder à principal acusação que lhe faço, a de que é absolutamente parcial e está a serviço das classes dominantes”.

ALGUMAS REFLEXÕES – Com todo respeito ao Dr. Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp (Campinas, SP) e um dos mais respeitáveis intelectuais brasileiros, é um bocado de exagero considerar o juiz Moro “absolutamente parcial”, sob alegação de que o jovem magistrado estaria “a serviço das classes dominantes”.

É preciso haver limites na solidariedade político-ideológica. Cerqueira Leite está perdendo seu tempo e até se expõe ao ridículo ao defender um falso ídolo como Lula da Silva, que organizou e chefiou a maior quadrilha já instalada para desviar recursos públicos em nosso país.

Como ensinava Sobral Pinto, todo criminoso merece defesa. Em seu artigo, porém, Cerqueira Leite não fez a defesa de Lula e do PT, até porque se trata de missão impossível, que notáveis criminalistas como Nilo Batista e José Roberto Batochio não têm conseguido realizar. Pelo contrário, o renomado cientista se limitou a atacar a honra de um magistrado independente, corajoso e brilhante, que já se transformou num dos homens mais respeitados do mundo.

FOI UMA AMEAÇA, SIM – Agora, Cerqueira Leite alega que a conclusão de seu artigo não foi uma ameaça ao juiz. Mas suas palavras tiveram significado óbvio. Disse ele: “Cuidado, Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes. Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira”.

É muito triste ver um intelectual como Cerqueira Leite chegar ao final de sua vitoriosa carreira, desenvolvida com total sucesso e brilhantismo no Brasil e no exterior, e jogar na lata do lixo sua biografia, apenas por uma questão de solidariedade político-partidária a um vigarista que conseguiu destruir o prestígio da esquerda brasileira.


17 de outubro de 2016
Carlos Newton

POR QUE AS NOVAS "ROTAS DA SEDA" APAVORAM TANTO OS ESTADOS UNIDOS?

Nova rota da seda aproxima economicamente a China e a RússiaHá quase seis anos, o presidente Putin propôs à Alemanha “a criação de uma comunidade econômica harmoniosa que se estenda de Lisboa a Vladivostok”. A ideia representava um imenso empório comercial que uniria Rússia e União Europeia ou, nas palavras de Putin, “um mercado continental unificado com capacidade estimada em trilhões de dólares”. Em resumo: Integração da Eurásia.

Washington entrou em pânico. Registros mostram como a visão de Putin – embora extremamente sedutora para os industrialistas alemães – foi rapidamente desmontada pelo processo de demolição controlada que os EUA puseram em ação na Ucrânia.

Três anos atrás, no Cazaquistão, depois na Indonésia, o presidente Xi Jinping expandiu a visão de Putin, propondo o projeto “Um Cinturão, Uma Estrada”, também chamado Novas Rotas da Seda, ampliando a integração geoeconômica do Pacífico Asiático mediante uma vasta rede de rodovias, ferrovias para trens de alta velocidade, oleodutos e gasodutos, portos e cabos de fibra ótica.

INTEGRAÇÃO DA EURÁSIA – Em resumo: uma versão da integração da Eurásia ainda mais ambiciosa, beneficiando dois terços da população mundial, a economia e o comércio. A diferença é que agora a coisa vem com poderosos músculos financeiros a lhe dar suporte, mediante um Fundo Rota da Seda, o Banco Asiático de Investimento e Infraestrutura, o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, uma muito ampla ofensiva comercial por toda a Eurásia e a entrada oficial do yuan na cesta de moedas que usufruem dos Special Drawing Rights do FMI (que é como o batismo do yuan, que passa a ser moeda que interessa manter nos cofres, como moeda de reserva, a todos e quaisquer bancos centrais de países em crescimento).

Na recente reunião do G20 em Huangzhou, o presidente Xi claramente demonstrou como o projeto é absolutamente central à visão chinesa de como deve avançar a globalização. Pequim está apostando que a ampla maioria de nações em toda a Eurásia preferirá investir e lucrar com um projeto “ganha-ganha” de desenvolvimento econômico, em vez de se deixar enredar num jogo estratégico tipo perde-perde entre EUA e China. E isso é anátema absoluto para o Império do Caos. Como aceitar que a China esteja vencendo o Novo Grande Jogo na Eurásia/século 21, construindo Novas Rotas da Seda?

NOVA UNIÃO ECONÔMICA – Poucos no ocidente souberam que, antes do G2, reuniu-se um Fórum Econômico Ocidental em Vladivostok. Essencialmente, foi mais uma celebração de fato da integração da Eurásia, com Rússia, China, Japão e Coreia do Sul. E que essa Eurásia integrada em pouco tempo se fundirá com a União Econômica Eurasiana liderada pela Rússia – a qual, só ela, já é um tipo de Nova Rota da Seda russa.

Todas essas estradas levam à conectividade total. Considerem-se, por exemplo, os trens de carga que agora já ligam regularmente Guangzhou, o entreposto-chave no sudeste da China, ao centro logístico no parque industrial Vorsino, perto de Kaluga, na Rússia. A viagem agora é feita em apenas duas semanas – economizando nada menos que um mês de viagem, em relação à viagem por mar; e corta 80% do custo, em relação ao transporte aéreo.

É mais uma conexão estilo Nova Rota da Seda entre China e Europa via Rússia. Outra conexão, muitíssimo mais ambiciosa, será a expansão da ferrovia Transiberiana, com trens de alta velocidade: a Rota da Seda Siberiana.

CHINA E CAZAQUISTÃO – Há também a integração mais próxima, de China e Cazaquistão – país também membro da União Econômica Eurasiana. A ferrovia duty-free Transeurasiana já está operando de Chongqing, cruzando Cazaquistão, Rússia, Belarus e Polônia, até Duisburg na Alemanha. Pequim e Astana estão desenvolvendo uma zona livre comum de comércio em Horgos. E, paralelamente, uma Zona de Cooperação Econômica Transfronteira China-Mongólia, de US$ 135 milhões, começou a ser construída mês passado.

O Cazaquistão está até flertando com a ambiciosa ideia de um Canal Eurasiano do Mar Cáspio ao Mar Negro, e dali adiante até o Mediterrâneo. Mais cedo ou mais tarde, empresas construtoras chinesas aparecerão com um estudo de viabilidade, pronto.

E NÃO ESQUEÇAM A SÍRIA – Uma agenda de Washington virtualmente invisível na Síria – embutida na obsessão do Pentágono em não admitir que nenhum cessar-fogo jamais funcione, ou para impedir que seus “rebeldes moderados” caiam em Aleppo – é quebrar ali, também, um importante pólo da Nova Rota da Seda.

A China tem operado comercialmente conectada à Síria desde a Rota da Seda original, que sempre passou por Palmyra e Damasco. Antes da ‘Primavera Árabe’ síria, comerciantes sírios eram presença vital em Yiwu, sul de Xangai, o maior centro atacadista para bens de consumo de pequeno porte de todo o mundo. Os sírios compravam ali todos os tipos de produtos, no atacado, para revender no Levante.

NOVA FORÇA ECONÔMICA – A Washington neoconservadora/neoliberal está totalmente catatônica, incapaz de formular qualquer resposta – ou, pelo menos, alguma contraproposta, à integração eurasiana. Uns poucos ali, com QI um pouco mais alto, podem compreender que o que se chama “ameaça” da China aos EUA tem tudo a ver com força econômica. Considerem a profunda hostilidade de Washington contra o BAII (Banco Asiático de Infraestrutura e Investimento). Mas nem todo o lobby norte-americano mais furioso conseguiu impedir que aliados seus, como Alemanha, Grã-Bretanha, Austrália e Coreia do Sul, se integrassem ao novo banco, como parceiros.

E há o empenho insano para conseguir aprovar a ‘parceria’ Trans-Pacífico, TPP – China excluída – e braço comercial da OTAN, de apoio ao pivô para a Ásia, que deveria ter sido a cereja do bolo, da política econômica de Obama. Seja como for, no pé em que está hoje, a TPP está praticamente morta.

DOMÍNIO DO PACÍFICO – O que a conjuntura geopolítica parece estar mostrando é a Marinha dos EUA disposta a fazer praticamente qualquer coisa, no esforço para impedir que a China assuma o domínio estratégico no Pacífico, ao mesmo tempo em que a TPP operaria como arma para impedir que a China dominasse economicamente aquela região.

Com o pivô para a Ásia configurado como ferramenta para “conter a agressão chinesa”, os excepcionalistas demonstraram claramente como são incapazes de admitir que todo o jogo está relacionado à geopolítica da cadeia de suprimento pós-ideológico. Os EUA não precisam conter a China; precisam, isso sim, desesperadamente, da conexão industrial, financeira e comercial com parceiros cruciais, em toda a Ásia, para (re)construir a economia norte-americana.



17 de outubro de 2016
Pepe Escobar
Counterpunch
(artigo enviado pelo jornalista Sergio Caldieri)