"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

IMPORTAR É A SOLUÇÃO

Do jeito que estamos, será difícil trazer craques. Mas bons e modernos técnicos podem vir com seu know-how e seu pessoal

No futebol, o Brasil também é exportador de matéria-prima. O país tem exportado jogadores muito jovens, ainda sem valor agregado, que são formados profissionalmente no exterior.

Neymar já saiu craque, mas é exceção. Na verdade, é o único caso assim na atual seleção. Os demais ganharam valor lá fora. Mesmo Neymar não se tornou — ainda, talvez — o protagonista do Barcelona. Parece que tem algo a ser mais elaborado.

No geral, eis o problema: o país do futebol exporta não apenas matéria-prima, mas uma matéria-prima inacabada.

A coisa piorou ao longo de anos. Lembram-se da grande seleção de 1982? Só Falcão jogava fora. Os demais (Zico, Sócrates, Careca, Junior, Cerezo etc) estavam por aqui ganhando Brasileirão e Libertadores. Todos foram para a Europa logo depois e lá assumiram posição de destaque.

Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho saíram jovens, mas já craques reconhecidos, mais ou menos como Neymar agora.

De lá para cá, no balanço geral, o país tem exportado jovens desconhecidos ou quase, não formados, que dão ou não dão certo lá fora. Vão para batalhar — e, de repente, aparece um Luís Gustavo na Seleção. E que, aliás, está longe de ser protagonista no seu clube.

Sendo só exportador, e de matéria-prima, o futebol brasileiro sofreu uma grande perda de qualidade. Se mandamos para fora os craques recém-aparecidos, jovens talentos e jovens apenas promissores, quem fica para jogar aqui?

Reparem: o país exporta e não importa. Quer dizer, importa alguns latino-americanos, mas raríssimos de primeiro time ou mesmo de suas seleções.

Não importa pela mesma razão que exporta. O mercado local não é capaz de manter alta qualidade.

Qual a saída? Proibir a exportação? Como já dissemos aqui, seria ineficiente e ilegal. Ineficiente porque não há ambiente econômico para a formação de grandes times, dado o modo como o futebol é administrado — tanto o profissional, adulto, quanto o dos meninos da base. Ilegal porque não se pode coibir o direito de uma pessoa de trabalhar no exterior para ganhar mais e se aperfeiçoar.

O caminho é modernizar a gestão do futebol, criando uma legislação que permita o desenvolvimento de uma economia de livre mercado: clubes-empresas privados, sem subsídios ou favores do governo, investidores que efetivamente arrisquem seu dinheiro (e possam ganhar mais honestamente).

Faz parte disso uma globalização mais intensa que, no nosso caso, só pode ser a abertura e o incentivo às importações. A começar pelos técnicos. Seria como importar tecnologia e conhecimento para aperfeiçoar uma indústria local.

Do jeito que estamos, será difícil importar craques. Mas bons e modernos técnicos podem trazer seu know-how e seu pessoal.

A Alemanha tem um grande futebol local, com qualidade, público e dinheiro. Tanto é assim que, dos quatro semifinalistas, é o time que tem mais jogadores locais (15). O pessoal da casa não tem tanto motivo para emigrar. Ainda assim, a Alemanha tem oito “estrangeiros”, todos jogando em grandes times europeus. Nenhum na Ucrânia ou na Rússia ou na Grécia...

Faz algum tempo que a Alemanha, assim como Espanha, Itália, Inglaterra, onde jogam os “exportados” alemães, mantêm o mercado aberto e importam os melhores do mundo. Isso elevou a qualidade local, ao impor enorme competição e desafio aos nativos. E, claro, um ambiente favorável: é diferente crescer treinando com os craques do Bayern Munique, aliás, o time mais bem representado nas semifinais, com nove jogadores.

A Holanda, rica e globalizada, tem dez nativos e 13 estrangeiros. Já Brasil e Argentina são basicamente exportadores, com 19 e 21 “estrangeiros” respectivamente. Aqui como lá, os “emigrados”, quando voltam para suas seleções, caem num ambiente de baixa qualidade. Ganham pela sua longa tradição, chegam a semifinais porque têm muitos jogadores espalhados por aí. Mas estão claramente piorando e dependentes de um ou dois jogadores. A estrutura, exportar matéria-prima inacabada, vai se fixando aos poucos, mas inexoravelmente.

Mal comparando, eis alguns números para pensar: na última safra, o Brasil exportou 34 milhões de sacas de café, por 5,3 bilhões de dólares. Nossa principal freguesa é a Alemanha que, de seu lado, está entre as maiores exportadoras de café em pó (solúvel, instantâneo etc.). Importa café verde, matéria-prima, e exporta produto industrializado, com tecnologia, distribuição e marketing. O quilo desse café vale 70% mais que o verde. Também reexporta o verde, por um valor maior do que compra. E não tem um pé de café.

Proibir a exportação do café brasileiro não vai levar a nada exceto prejuízo para os produtores. A saída é criar condições para uma indústria local competitiva — e a situação da indústria brasileira tem piorado, como o futebol.

 
11 de julho de 2014
Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

SAPOS, AVIÕES E CRÉDITO


11 de julho de 2014
Roberto Luís Troster, O Estadão

DE SURPRESA EM SURPRESA


11 de julho de 2014
Celso Ming, O Estadão

LIÇÕES DE OUTRO CAMPO

A economia sabe tudo sobre derrotas, recomeços, superações e humilhações externas. Se olharmos através da linha do tempo que nos trouxe até aqui, veremos momentos em que parecíamos destroçados. Houve episódios da renegociação da dívida em que estrangeiros diziam que não tínhamos palavra. O dia do Plano Collor foi um momento de pânico, raiva e dor.
Era uma sexta-feira, os bancos estavam fechados havia três dias, tínhamos que esperar até segunda-feira para saber o que restara nas contas-correntes do que cada família tinha economizado ao longo do tempo. Foi desesperador. Dez milhões de pessoas correram aos bancos na segunda e a fúria era tal que, em uma das fotos que revi, anos depois, uma bancária se agachava atrás do balcão enquanto a multidão gritava descontrolada.

De fato, era forte demais. Uma sensação de ressaca se espalhou pelo país quando enfim entendemos o que as autoridades, de forma atrapalhada, tentavam nos dizer: o dinheiro ficaria prisioneiro do banco por 18 meses, pelo menos. As derrotas dos outros planos econômicos, como o Cruzado, Bresser e Verão, chegaram devagar. Ao longo dos meses a gente ia percebendo que falhara mais uma vez na luta contra a hiperinflação. Era só ver a volta das remarcações, os ágios cobrados nos preços congelados ou o desaparecimento das mercadorias. No Plano Collor, a violência veio de uma vez só. Uma pancada forte. Meio tontos, os brasileiros oscilavam entre a raiva e a apatia ou a tentativa de entender o que estava se passando.

Como foi muito violento, o país quis, num primeiro momento, que nem se tentasse mais controlar a inflação. Alguns ligaram um “deixa pra lá”. Depois, quando a inflação alta voltou a incomodar, o Brasil quis o plano sem traumatismos. E a população se esforçou em entender complexidades da economia, até que se livrou da doença que nos derrotava durante décadas. Por isso, é perigosa qualquer complacência com esse inimigo.

Na economia, aprendemos que não há vitória que não seja construída devagar com alguns elementos básicos: análise sincera do que houve de errado nas derrotas, estabelecimento da meta desejada, persistência na caminhada, mesmo quando o caminho é longo. E mais: jamais considerar que uma derrota, mesmo devastadora, sela o nosso destino.

Na economia, vivemos também o descrédito internacional. Era olhar a cara do mundo e sentir vergonha. Nossa fama era de caloteiros. Nossos negociadores passaram por situação de humilhação diante da arrogância dos credores. Houve uma vez em que negociando com o Clube de Paris, o saudoso Francisco Gros disse: “isso é tudo que o Brasil pode prometer.” Ele era presidente do Banco Central, nós estávamos no começo dos anos 1990, e Clube de Paris é a entidade na qual se negociam as dívidas entre governos. A delegação brasileira estava há dois dias numa maratona de negociação de 48 horas, descansando por revezamento num ônibus estacionado na porta de um prédio em Paris. “O Brasil nunca cumpriu o que prometeu”, disse um dos credores.

A dívida havia sido contraída de forma irresponsável, tratada de forma leviana, durante o governo militar. Erros assim cobram seu preço. O Brasil enfrentou o descrédito, renegociou, pagou num projeto de longo prazo de resgate da credibilidade. A derrota que nos levou à hiperinflação nasceu da soma de pequenos erros que, no dia a dia, pareciam sem importância.

As difíceis travessias econômicas que o país fez ensinam algumas lições para qualquer momento de tristeza. Inclusive no esporte. Recomeçar, fazer um projeto de longo prazo e persistir nele. A cicatriz ficará, mas as vitórias virão se trabalharmos por elas.

 
11 de julho de 2014
Miriam Leitão, O Globo

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

 
11 de julho de 2014
Dora Kramer, O Estadão

"PADRÃO FELIPÃO"

 
11 de julho de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

FICHAS-SUJAS

 
A judicialização da política trouxe nos últimos dias notícias nada alvissareiras, com a Justiça sendo usada de variadas maneiras para manter na vida pública políticos que a desonraram. Num dos casos, o do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, há filmes comprovando o recebimento de propinas.

Ele foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do DF, juntamente com a candidata a deputada Jaqueline Roriz, mas ambos podem escapar da Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados.

A interpretação da Justiça tem sido de que os políticos somente são impedidos de disputar uma eleição se a condenação ocorrer antes do registro da candidatura, cujo prazo final foi 5 de julho.

Outro caso também tem a ver com registro de candidaturas: o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar anulando a convenção estadual do PT paulista, porque o partido recusou a candidatura do deputado estadual Luiz Moura, acusado de ligação com facções criminosas em São Paulo.

Ele participou de uma reunião com membros do PCC no sindicato dos rodoviários, e não conseguiu explicar o que fazia lá. O passado de Luiz Moura o condena: preso por assalto à mão armada, fugiu da prisão e ficou foragido por 10 anos. No retorno, conseguiu uma anistia dos crimes e entrou para a política. Hoje, possui postos de gasolina e participação em empresas de ônibus.

O efeito colateral da medida por si só demonstra sua total falta de realidade: a anulação invalida todas as candidaturas do PT no estado de São Paulo, não apenas dos deputados estaduais e federais, mas, sobretudo, a de governador, do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Poderia ser uma solução para o PT, que já começa a cristianizar seu candidato antes mesmo de a campanha começar, mas privaria o estado economicamente mais forte do país e seu maior colégio eleitoral de ter uma representação do PT no Congresso, o que é inaceitável por uma decisão fora das urnas.

No caso de Brasília, a situação é mais surreal do que parece. Embora condenado, ele teve o voto do desembargador Mário-Zam Belmiro Rosa que entendeu que as provas não eram suficientes para ligar Arruda ao esquema, mesmo com o depoimento do delator e com os filmes comprobatórios, inclusive um mostrando o próprio ex-governador com maços de dinheiro, e outro a deputada Jaqueline Roriz recebendo a suposta propina.

Além do mais, o julgamento só ocorreu porque o presidente do Supremo tribunal Federal (STFJoaquim Barbosa determinou que a Justiça do DF julgasse o processo, derrubando uma liminar no STJ (Superior Tribunal de Justiça) que o suspendera.

O Ministério Público vai tentar derrotar a jurisprudência que permite a candidatos fichas-sujas disputarem uma eleição, destruindo completamente o espírito da legislação moralizante. Além do mais, ainda está vigendo o prazo para os registros de candidaturas serem impugnados, o que reforça a tese do Ministério Público.

A Copa das Copas >

Há uma conspiração dos astros contra a presidente Dilma. Na análise de seus conselheiros, o melhor resultado para sua candidatura, depois da tragédia do Mineirazo, seria a derrota ontem da seleção da Argentina e uma vitória da seleção brasileira contra os hermanos no sábado, na disputa pelo terceiro lugar.

Pois os argentinos venceram a Holanda e disputarão a final contra a Alemanha. Corre o risco de a presidente Dilma ter que entregar a Copa das Copas a Messi, o capitão da seleção argentina.

Pior desfecho não poderia haver. Só falta alguém sugerir à presidente Dilma que ela deve ir sábado ao estádio em Brasília para dar uma força à seleção brasileira. É o que dá misturar futebol e política.

11 de julho de 2014
Merval Pereira, O Globo

MARCHA À RÉ

 
11 de julho de 2014
Editorial Folha de SP

MAU PLANEJAMENTO

Desde 2012, empresários e técnicos da área energética vinham alertando que parques eólicos já construídos no País não podiam gerar energia por falta de linhas de transmissão que os conectassem ao sistema elétrico interligado nacional. Isso significaria um custo adicional aos investimentos, já que os contratos preveem o início do pagamento às concessionárias a partir do momento em que as usinas estejam concluídas, independentemente do fornecimento ou não da energia. Contudo, não se imaginava que os atrasos provocados pela crônica falta de articulação entre os órgãos do governo já tivesse ocasionado uma conta quase bilionária.

Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), para servir de subsídio à Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, apurou que nada menos que 48 usinas eólicas já construídas na Bahia e no Rio Grande do Norte não podem fornecer energia devido a atraso na construção das linhas de transmissão.

Pelos cálculos do TCU, essas usinas, que deveriam gerar 1.262 MW, com garantia de entrega de 570 MW médios, já custaram R$ 929,6 milhões por atrasos na entrada em operação no período previsto entre julho de 2012 e dezembro de 2013. A conta deve aumentar porque as concessionárias vão naturalmente cobrar até que as linhas de transmissão cheguem afinal às torres aerogeradoras.

Isso ocorre em uma fase em que, por causa da seca no Sudeste e no Centro-Oeste, o sistema elétrico nacional precisa de reforço. O uso mais intenso da energia eólica, que é relativamente mais barata, poderia tornar a matriz energética menos dependente de termoelétricas movidas a combustíveis fósseis, em benefício do meio ambiente.

Essas vantagens deixam de ser usufruídas por um tempo indefinido e, como de hábito, a culpa pelo atraso é dividida entre vários órgãos do governo federal, ficando claro que há uma falha no modelo de gestão do setor. Para que usinas hidrelétricas ou parques eólicos possam ir a licitação é preciso obter uma licença prévia do Ibama, obtida por meio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Mas o mesmo não ocorre com o licenciamento para as linhas de transmissão, cujo licenciamento ambiental só é solicitado depois do leilão das geradoras, sendo os riscos de garantir a viabilidade do empreendimento transferidos à concessionária.

Seria lógico que o cronograma de licenciamentos ambientais para as usinas e para as linhas de transmissão fossem acertados de modo a evitar o descasamento que agora se verifica. O setor privado tem reivindicado a correção da discrepância no processo, mas a EPE já sinalizou que não pretende alterar o rito de licenciamento das linhas de transmissão.

O TCU atribui à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a responsabilidade por uma "grande parcela desse atraso". Em uma das obras de transmissão, a agência reguladora levou oito meses para emitir a declaração de utilidade pública. A crítica se estende ao Ibama. O prazo para a concessão do licenciamento prévio previsto nos leilões é de oito meses, mas tem chegado a 20 meses, como informa o relatório do TCU. Entre as dificuldades, o Tribunal cita as limitações impostas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que não possui pessoal qualificado suficiente para licenciar empreendimentos em todo o País.

Por sua vez, a Cia. Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobrás, vencedora das licitações para a construção das linhas, procurou passar a culpa do atraso para a Aneel, que teria fornecido dados para os seus estudos de planejamento em datas muito próximas da realização dos leilões. Além de rejeitar o argumento da Chesf, o órgão de fiscalização diz que haveria mesmo um "atraso sistêmico da empresa em executar obras de transmissão com celeridade".

Se for o caso, diz o relatório, os responsáveis pelos erros deveriam ressarcir os cofres públicos. Esta é uma hipótese, mas não a mais provável. No fim, quem paga tudo é o consumidor.

 
11 de julho de 2014
Editorial O Estadão

A NECESSÁRIA SUPERAÇÃO DO VEXAME

A derrota trágica no Mineirão precisa ser o marco zero de uma reforma profunda, como fez a Alemanha, passando pela revitalização dos clubes, com o seu enquadramento num modelo profissional de administração

O período de 64 anos, de 1950 a 2014, é delimitado por duas tragédias na história do futebol brasileiro. Numa ponta, a perda do que poderia ter sido o primeiro título mundial, no Maracanã, para o Uruguai, e, na outra, a vexaminosa derrota por humilhantes 7 a 1 diante da Alemanha, terça-feira, no Mineirão. Era o penúltimo passo antes de se voltar seis décadas depois ao Maracanã para, enfim, vingar 50.

Ora, o país lutou para sediar a Copa de 2014 com dois objetivos principais: exorcizar aquele fantasma e ser hexacampeão. Não será, e ainda permitiu nova mancha nos 100 anos de seleção brasileira: a mais acachapante derrota nestas dez décadas.

Será infindável a pendenga sobre se o Maracanazo foi ou não maior que o Mineirazo. Mas trata-se de uma discussão tão longa quanto inútil. Os argumentos de lado a lado são vários. Perder um jogo (2 a 1) de decisão de Copa em casa, contra o Uruguai, no qual abriu-se o placar e precisava-se apenas do empate, é difícil esquecer. De outro lado, o vexame do 7 a 1, no Mineirão — sendo que tudo foi resolvido no espaço de apenas seis minutos do primeiro tempo, quando três gols, com diferença média de dois minutos entre eles, liquidaram a partida —, também é um pesadelo para sempre.

A vantagem, hoje, é já se ter passado por tragédia do mesmo tamanho, e ressurgido dos escombros. Não importa se a derrota é igual, menor ou maior que a de 50. Está nas crônicas da época o registro do profundo silêncio de catedral que tomou conta do ainda inacabado Maracanã, enquanto Obdulio Varela e Ghigia comemoravam o bi uruguaio no gramado. De anteontem, nestes tempos de comunicação instantânea e planetária, das transmissões ao vivo por incontáveis ângulos, restaram registrados nos arquivos digitais o choro de crianças no Mineirão e a tristeza nas ruas, antes desertas, em todo o país, à espera da classificação para a concretização, enfim, da vingança de 50, no domingo, no mesmo Maracanã.

Consumada a tragédia de 50, em duas Copas o Brasil ganharia a sua primeira, em 58, seria bicampeão e chegaria a cinco títulos. E, seja qual for o campeão no domingo, a seleção continuará como a mais vitoriosa. Nada que não possa ser soterrado por uma sequência de derrotas nos próximos torneios, caso o futebol brasileiro aceite de forma passiva a visível tendência de decadência e desorganização em que entrou. Porém, depois de 50 ele soube reagir. E não foram poucos os reveses seguintes. Quando tinha times medíocres, e a derrota era esperada, e mesmo em surpresas também dolorosas como em 82, na Espanha, quando o Brasil reuniu uma das melhores seleções de todos os tempos, e perdeu. Ou na final de 98, em Paris, para a França, num apagão cuja centelha foi a mal explicada indisposição de Ronaldo.

É indiscutível que o 7 a 1 tem um peso específico não desprezível. Porém, de nada adiantará buscar culpados individuais, transformar o Fred num Barbosa, o goleiro de 50. Ou algo do tipo. Isso não significa deixar de reconhecer os erros, para não repeti-los. Mas é crucial chegar às raízes das falhas.

O comportamento do time na Copa e, em particular, na semifinal de terça, denuncia incontáveis problemas, derivados de mau planejamento e preparação deficiente, falta de treinamento, problemas táticos, de escalação, desequilíbrio emocional e qualidade discutível de jogador. O choro descontrolado do capitão Thiago Silva antes da disputa por pênaltis contra o Chile, a instabilidade da equipe no segundo tempo do jogo com a Colômbia e a própria incapacidade de reagir ao primeiro gol da Alemanha, marcado por um atacante, com o pé, livre, numa batida de escanteio, falha grave de qualquer defesa, são pontos que, ao serem unidos, compõem uma radiografia que precisa ser analisada, com cuidado, sem paixões.

É preciso aprender com a derrota. Ainda mais esta, trágica. Antes de tudo, entretanto, deve-se fazer a autocrítica de que bravatas, ufanismos, arrogância e autossuficiência sempre são a antessala de perdas sofridas, cedo ou tarde. Estes cacoetes foram observados na comissão técnica, em Felipão e Parreira, ao se declararem favoritos e se dizerem com “a mão na taça”, postura que pesou tanto sobre os jogadores que a psicóloga da delegação teve quase tanto trabalho quanto o médico e o massagista. Nos últimos dias, até a presidente Dilma ensaiou querer usar a Copa como arma político-eleitoral. Primeiro, devido ao êxito do evento em si. Depois, se viesse o hexa, o ataque aos “pessimistas” seria amplificado nos palanques.

O vexame de terça mostrou, também, que não há jeitinho e malandragem que consigam superar a organização e o trabalho duro, competente e de longo prazo. O Brasil tem o exemplo da própria Alemanha, capaz de somar a habilidade individual à disciplina. Para isso, fez profunda reformulação, a partir também de um fracasso: na Eurocopa de 2000, quando o time marcou apenas um gol e foi desclassificado na primeira fase. Como no Brasil, lá futebol também é questão de Estado. O governo fixou dez anos de prazo para a Alemanha voltar à elite mundial. A Federação Alemã construiu 360 centros de formação de jogadores, onde são atendidos 25 mil meninos e meninas, de 9 a 17 anos. Foi preciso, também, reformar a liga de futebol (Bundesliga) e o campeonato, com o enquadramento dos clubes em normas de administração austera, como deve ser. Clube endividado sai da liga e do campeonato.

Enquanto isso, os clubes brasileiros, quebrados, deixaram de formar jogadores. Os que surgem são logo vendidos ao exterior, e o Campeonato Brasileiro se esvai — 12.500 de média de público por jogo, contra 45 mil da Bundesliga, a mais elevada do mundo.

O Mineirazo precisa ser entendido como marco zero de uma reforma brasileira de igual dimensão, passando pela cúpula do esporte e pela recuperação dos clubes e seu enquadramento, enfim, num modelo profissional de administração. Deve-se, inclusive, aproveitar, com este objetivo, a tramitação no Congresso do projeto de renegociação de suas dívidas tributárias.

Ao mesmo tempo, deve-se sepultar a ilusão de que o Brasil tem o monopólio da habilidade e do brilhantismo no futebol. Mito. Nem Pelé deixou de treinar e trabalhar com afinco para desenvolver suas habilidades. Antes de tudo, é preciso reconhecer que fomos ultrapassados por outros países. Pois, sem admitir que existe o problema, ele nunca será resolvido.

 
11 de julho de 2014
Editorial O Globo

AOS 'BLACK BLOCS' O RIGOR DA LEI

Usando pela primeira vez um mandado de prisão para prender um ativista acusado de associação criminosa e dano ao patrimônio em manifestação de rua, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prendeu, na quarta-feira passada, o motorista João Antônio Alves Roza, de 46 anos. Ele apareceu em imagens participando do quebra-quebra ocorrido em 19 de junho na Avenida Marginal do Rio Pinheiros depois de uma manifestação em que o Movimento Passe Livre (MPL) comemorou um ano da revogação do aumento das tarifas dos transportes públicos pelo governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e pelo prefeito da capital, Fernando Haddad, do PT. O prejuízo da concessionária Mercedes-Benz - 12 carros de luxo foram danificados, segundo a polícia, por um grupo liderado por Roza, flagrado em vídeos e fotos atirando um extintor na fachada de vidro da loja depredada - foi calculado em R$ 3 milhões.

Ele vinha sendo monitorado pela polícia desde que foi notado como um dos líderes do quebra-quebra de 12 de junho, após um protesto contra a Copa do Mundo no Brasil. Na ocasião, o ajudante-geral Henrique Lima da Silva, de 19 anos, foi preso sob a acusação de ter destruído lixeiras a pontapés. O diretor do Deic, Wagner Giudice, informou que seus investigadores descobriram Roza por meio da rede social Facebook, na qual ele postou uma foto ao lado do filho, usando o boné e os óculos com que estava na depredação da concessionária.

Ele foi encontrado em São Mateus. Em sua casa, a polícia apreendeu dois produtos eletrônicos furtados de uma residência em Mauá, no ABC paulista, em 20 de abril. Com idade bem acima da média dos black blocs, e, ao contrário da maioria destes, sem ter frequentado faculdade ou participado de movimentos políticos, tem passagem pela polícia por receptação de produtos roubados, formação de quadrilha, pedofilia e porte de arma. Ele admitiu ter participado de atos de vandalismo.

Além dele e do ajudante-geral, outros dois black blocs foram presos por terem participado de depredações, após manifestações de protesto tidas como pacíficas. No dia 23, o Deic prendeu em flagrante num ato contra o Mundial na Avenida Paulista o funcionário da farmácia no Centro de Saúde Escola Butantã e estudante de comunicação da USP Fábio Hideki Harano, de 26 anos, e Rafael Marques Lusvarghi, de 29. Este se disse professor de inglês e contou ter passado pelas PMs de São Paulo e do Pará. Os dois foram indiciados por cinco crimes: associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, incitação à violência, resistência e desobediência. Acusado de portar explosivos, Harano alegou que tinha apenas uma garrafa de vinagre na mochila. O Sintusp, sindicato dos funcionários da USP, exigiu a liberdade imediata de Harano em nota oficial em que afirmou: "Todos os funcionários da USP que o conhecem sabem de sua inocência quanto às acusações e ao que tem sido veiculado pela mídia. Sua prisão se deu de forma absurdamente arbitrária, o que gerou grande indignação em todos". Mas o juiz Sandro Rafael Barbosa Pacheco decretou a prisão preventiva da dupla, negando pedido de liberdade provisória da Defensoria Pública, que anunciou que recorrerá às instâncias superiores.

O governador Geraldo Alckmin elogiou a operação policial que resultou na prisão do motorista que atirou o extintor na direção da concessionária de automóveis. Segundo ele, "as ações policiais - a maioria nesses casos - são filmadas. O que nós vimos aqui, nas últimas vezes em São Paulo, não foi manifestação, foram atos de depredação, de vandalismo, foram crimes". O governador lembrou ainda que "já teve ordem de Justiça para a prisão. E nós vamos identificar todos".

Tudo indica, então, que tanto o Poder Executivo quanto o Judiciário saíram da passividade demonstrada em manifestações anteriores e resolveram prender e processar vândalos que abusam da natureza política correta das manifestações de rua para cometer crimes comuns, previstos no Código Penal e passíveis de punição. E já não era sem tempo.

 
11 de julho de 2014
Editorial O Estadão

POLÍTICA DO COTIDIANO, DO JORNALISTA CLAUDIO HUMERTO

“O povo separa muito bem a questão política da futebolística”
Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, sobre o vexame da Seleção


BRICS: BRASÍLIA TERÁ MEGAESQUEMA DE SEGURANÇA

O megaesquema de segurança da Copa do Mundo será mantido e até ampliado, em Brasília, para receber quarta-feira (16) o encontro de chefes de Estado e de governo dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e mais os presidentes dos doze países da Unasul, a União de Nações Sul-Americanas. Participarão dessa reunião presidentes como o russo Vladmir Putin e o chinês Xi Jinping.

APARATO À LA EUA

Putin vai trazer ao Brasil uma comitiva de 170 integrantes, além de tudo o que vai usar, incluindo água, comida, carros e helicópteros.

APROVEITA

Vladmir Putin e Xi Jinping chegam ao Brasil no dia 13, para assistir à partida final da Copa, no Maracanã.

RÚSSIA 2018

Ao final do jogo e após a premiação, será realizada a solenidade de transmissão de sede da Copa para a Rússia, a anfitriã de 2018.

CAPITAL BILIONÁRIO

Os Brics se reunirão no Brasil para assinar a criação de um banco de fomento das economias dos membros, com capital de US$ 50 bilhões.

TRABALHA PARA VIRAR MINISTRO DO SUPREMO

Como sempre ocorre em indicações para ministro do Supremo Tribunal Federal, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) terá o papel de conversar com os candidatos à vaga de Joaquim Barbosa, para depois aconselhar a presidente Dilma na escolha. O problema é que Cardozo é um dos candidatos ao STF e tenta convencer Dilma a desistir de fazer a indicação até setembro, antes das eleições, como ela já decidiu.

ELA TEM PRESSA

Dilma sabe que, se não for reeleita, terá dificuldades de aprovar o indigitado no Congresso, por isso quer resolver o assunto logo.

O ‘ELEITORADO’

O ministro da Justiça tem apoios importantes para o STF, como José Dirceu e Aloizio Mercadante (Casa Civil), mas ele é detestado por Lula.

RIGOR MALVISTO

Lula detesta Cardozo porque ele agiu com imparcialidade, na comissão que investigou corrupção do PT em prefeituras petistas, nos anos 1980.

AMARELOU

O candidato a presidente Eduardo Campos (PSB) cancelou a agenda de ontem para não enfrentar o mau humor do eleitorado nas ruas, após o vexame da Seleção. Bem diferente de Dilma, que vai encarar o Maracanã lotado, domingo, para entregar a taça aos campeões.

VITIMIZAÇÃO

O PSDB do presidenciável Aécio Neves (MG) orientou correligionários a não apoiar xingamentos à presidente Dilma na entrega da taça, no Maracanã. Não por solidariedade a ela, mas para não vitimizá-la.

MURRO EM PONTA DE FACA

A estratégia do ex-governador José Roberto Arruda de processar juiz que o condena não parece ajudá-lo muito – como mostrou a decisão do Tribunal de Justiça do DF, ontem, confirmando sua condenação.

MANOBRA

Convidado como testemunha ontem no Conselho de Ética, o chefe de gabinete de Luiz Argôlo, Vanilton Bezerra, alegou que está no interior da Bahia e só virá a Brasília a partir de 30 de julho, justo no recesso.

CONTRA A CENSURA

Alexandre Jobim, Nascimento Silva e Ronaldo Lemos, do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, recomendaram a rejeição de propostas que violentam a liberdade de expressão neste período, inclusive a proibição de divulgar pesquisas 15 dias antes das eleições.

PRIORIDADE

O PSDB e o DEM chegaram ao consenso de que o candidato Aécio Neves deve priorizar a campanha em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, em virtude da expressão do eleitorado.

SOMBRA

Coordenador-geral da campanha de Aécio Neves (MG) à Presidência, o senador José Agripino (DEM-RN) acompanhará o tucano no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, nesta quinta-feira, onde subirá em palanques do PMDB.

PAZ E AMOR

De olho em negociar apoio num segundo turno, o candidato pelo PMDB ao governo gaúcho, José Ivo Sartori, decidiu, por ora, evitar críticas ao governador petista Tarso Genro e à adversária Ana Amélia (PP).

PENSANDO BEM...

...se arrependimento matasse, Dilma já estaria mortinha da Silva, por ter dito, dias atrás, que seu governo é “padrão Felipão”.



PODER SEM PUDOR

O TRADUTOR ACIDENTAL

O ex-presidente Lula fala apenas a própria língua, e mal, mas também não finge "arranhar" outros idiomas. Durante a cerimônia de sepultamento do papa João Paulo II, ele se viu em meio a personalidades políticas mundiais, incluindo o então presidente francês Jacques Chirac, que lhe dirigiu algumas palavras. Sem qualquer diplomata brasileiro nas proximidades para socorrê-lo, Lula não hesitou. Cutucou o antecessor Fernando Henrique Cardoso, que estava ao lado, e pediu com toda a humildade:

- Traduz aí, Fernando...

ACREDITE SE QUISER: PRESIDENTE ELEITO DA CBF DIZ QUE POR ELE, FELIPÃO FICA...

 


 
O presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, culpa a escolha tática do técnico Luis Felipe Scolari como a responsável pela humilhação que passou o Brasil diante da Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo. Mas deixa claro que, se depender dele, Felipão continua como treinador do time principal do Brasil.

“Por mim, ele (Scolari) fica”, declarou Del Nero, em uma conversa exclusiva com Estado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. “O que aconteceu foi um erro tático. Esse foi o problema. Mas todos nós erramos. Isso acontece com qualquer um.
O importante é que o trabalho foi bem feito. A campanha e a preparação foram boas. A base existe”, declarou.

Del Nero venceu as eleições na CBF e é a pessoa que, em 2015, assumirá o comando do futebol brasileiro. Ele admite que será um período de “desafios”. Mas garante que está “pronto” para assumir a função.
 
O dirigente ainda fez questão de destacar o “sucesso” da Copa do Mundo como evento e não descarta nem mesmo pensar em uma nova candidatura no futuro para que o Brasil receba o Mundial, a partir de 2030. “Porque não?”, questionou.
 
INTERVENÇÃO
 
Del Nero ainda respondeu às propostas do governo de realizar uma “intervenção indireta” no futebol brasileiro, um discurso usado pela presidente Dilma Rousseff depois da derrota para a Alemanha.
“A participação do estado é sempre bem-vinda, dentro dos limites do que se pode fazer”, declarou Del Nero. Mas ele deixou claro que o governo precisaria se ocupar da rede pública de escolas antes de falar em agir nos clubes brasileiros.
 
“A escola é a base de todo”, declarou. “O governo precisa dar maior prioridade para o esporte na rede pública”, defendeu. “Os clubes não podem fazer tudo. Parte desse trabalho de base precisa ser construído pelas escolas”, completou.
 
O dirigente ainda sugeriu que propostas para o desenvolvimento do futebol feminino enviado ao governo pela CBF estão paradas há anos. Ontem, o ministro Aldo Rebelo, da pasta de Esportes, e a Fifa, cobraram da CBF uma operação de maior envergadura com relação ao desenvolvimento do futebol feminino no Brasil.
 
Del Nero, porém, alertou que ainda quando Orlando Silva era ministro, a CBF encaminhou um projeto para o desenvolvimento da modalidade nas universidades. Em troca de bolsas de estudos, as mulheres teriam a organização de times e de campeonatos. “Mas o projeto nunca andou”, comentou Del Nero.

12 de julho de 2014
Jamil Chade
O Estado de S. Paulo

PADRÃO DILMA: GOVERNO TENTA INTIMIDAR MANIFESTAÇÃO PACÍFICA AO FINAL DA COPA


Vejam, abaixo, matéria plantada pelo Governo Federal publicada pelo site da Folha.
Como pode ser visto no vídeo publicado hoje, por este blog, não existe nenhuma incitação à violência. Pelo contrário. Existe um chamamento pela paz.

O governo está com medo. E já sai acusando que o movimento é político, quando ele é apenas patriótico. Tem razão de estar.

O povo brasileiro não aceita mais manipulação. Não aceita ameaças. Vivemos em plena democracia. Ora, órgãos inteligência...
Vão procurar traficantes, corruptos e ladrões na sala ao lado!

Órgãos de inteligência do governo federal identificaram nesta semana um movimento pró-protestos para o fim da Copa. Manifestantes estão sendo convocados por meio de vídeos e de convites em redes sociais para atos em pelo menos quatro capitais neste domingo (13), depois do jogo da final entre Alemanha e Argentina, às 16h, no Rio.

Além de chamar as pessoas para irem para às ruas em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte logo após a partida, um dos vídeos pede que os manifestantes vistam a camisa do Brasil para participarem das manifestações.

Contrariando as expectativas do governo, há uma tentativa de tentar colar o fracasso da seleção no Mundial ao processo eleitoral nessas convocações de atos públicos, conforme identificaram os órgãos de inteligência. Um dos vídeos citados por quem está monitorando as convocações critica diretamente o governo do PT.

Ainda assim, o governo não acredita que a vergonha pela derrota do Brasil para a Alemanha se transformará em ira dos torcedores tampouco vai motivar as pessoas a protestarem mais nas ruas. Por ora, afirmam interlocutores da presidente Dilma Rousseff, não há nenhum indicativo de que a onda de protestos que se espalharam país afora em junho do ano passado pode se repetir às vésperas das eleições.

Como convocar protestos não é crime, não há nenhuma apuração específica para identificar os autores dos vídeos ou das convocações. Os órgãos de segurança, contudo, acompanham as movimentações das redes sociais para verificar qualquer sinal de incitação de violência. Fazer publicamente apologia de crime ou incitar publicamente a prática violações ao Código Penal tem pena prevista de detenção de três a seis meses.

11 de julho de 2014
in coroneLeaks
 

AÉCIO: DILMA VAI PAGAR PELA ELIMINAÇÃO DO BRASIL PORQUE TENTOU SE APROPRIAR DA COPA


 
O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), disse nesta quinta-feira (10) que o governo federal tentou se apropriar politicamente da Copa do Mundo e pagará o preço. Para o tucano, a presidente Dilma Rousseff (PT) reagiu ao evento de acordo com o humor dos brasileiros em relação ao Mundial.

"Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa dá certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que quem vai pagar o preço [da eliminação do Brasil] são aqueles que tentaram se apropriar de um evento que é de todos os brasileiros", disse Aécio, em Vila Velha (ES).

O ânimo em relação à Copa –que fez Dilma crescer quatro pontos em intenções de voto– perdeu tração após a humilhante derrota de 7 a 1 para a Alemanha. Dilma passou a ser xingada durante a partida, enquanto o Brasil perdia.

Vaiada e hostilizada por torcedores já na abertura da Copa, a presidente passou a falar mais sobre o evento nas últimas semanas, após o aumento da aprovação popular ao torneio. Ela criticou os que previam um fracasso na organização do Mundial e divulgou uma mensagem ao atacante Neymar depois que ele ficou fora da competição por contusão. Com a eliminação da seleção, goleada por 7 a 1 pela Alemanha na última terça (8), o governo busca agora minimizar o efeito negativo da derrota sobre o humor da população.

Aécio esteve no Mineirão assistindo ao jogo do Brasil, mas evitou divulgar sua presença no estádio, temendo vaias e críticas. Após a partida, divulgou nota em que disse compartilhar "como torcedor e como brasileiro" a frustração diante do resultado. "Estive lá, como torcedor, no Mineirão, atônito com aquele resultado, e nunca misturei as coisas. Mas aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como disse a presidente, uma belezura para influenciar nas eleições, vão se frustrar", afirmou o tucano nesta quinta.

O termo "belezura" foi usado por Dilma na segunda-feira (7), véspera da eliminação do Brasil, em um bate-papo com internautas. Ao responder ao agradecimento de uma eleitora, que disse que a realização do Mundial é uma "belezura", contra "tanto urubu agourento no caminho", a presidente afirmou: "Belezura mesmo. Azar dos urubus".

ESPÍRITO SANTO

Aécio viajou a Vila Velha para um ato de campanha do candidato do PMDB ao governo do Espírito Santo, Paulo Hartung. O PSDB ocupa o posto de vice na chapa do peemedebista, que não apoia Dilma apesar de seu partido fazer parte da coligação da presidente no plano nacional. O tucano acusou o governo federal se ter sido "omisso" com o Estado e prometeu "refundar a federação no Brasil". Na semana passada, Dilma foi ao Espírito Santo pela segunda vez desde que iniciou o mandato, em 2011. O senador voltou a criticar a política econômica e a dizer que cortará "pela metade" o número de ministérios. Ele comparou o número atual, de 39 pastas, a "uma bofetada na cara dos brasileiros".

11 de julho de 2014
in coroneLeaks

SERÁ ESSE O HOMEM QUE VAI DERRUBAR SEPP BLATTER?



A queda, quase impossível de assimilar, está na expressão perplexa de Ray Whelan. Em apenas alguns minutos, ele despencou do luxuoso Hotel Copacabana, onde desfrutava da companhia agradável dos que mandam no futebol, a um carro de polícia – “Venha por aqui, senhor” – e dali para uma noite em uma cela na 18ª Delegacia de Polícia. Os próximos passos serão um interrogatório, em breve, e quem sabe um julgamento seguido de anos em uma das terríveis prisões brasileiras.

Ray Whelan vai ter que abrir o bico. Ele sabe tudo o que se pode saber sobre a gangue dos ingressos da Copa do Mundo. Ele sabe qual dos dirigentes do futebol recebe as pilhas de ingressos para revender no mercado negro. Ele está no coração desse negócio há quase duas décadas.
 
E Ray terá que falar sobre a relação íntima entre o presidente da Fifa, Sepp Blatter, e a empresa familiar, controlada pelos irmãos mexicanos Jaime e Enrique Byrom em seu escritório em Manchester, na Inglaterra, que mais uma vez ganharam os contratos para controlar a venda absoluta e exclusiva de todos os 3 milhões de ingressos para os 64 jogos da Copa.

A decisão crucial de quem fica com esse contrato é de Blatter, que gerencia a FIFA desde 1981 – primeiro como secretário geral e a partir de 1998 como presidente. Ele domina o Comitê Executivo e é fartamente recompensado pelo seu trabalho. Tudo que ele decide, eles assinam embaixo. Nos últimos três anos, sete deles tiveram que sair sob denúncias de corrupção. A reputação da FIFA nunca esteve tão suja.

Os irmãos, ambos nos seus 60 anos, recebem as ordens, decidem quem são os sortudos da vez, e dividem grandes lotes de ingressos entre os aliados de Blatter e seus clientes no mercado negro. Daí a FIFA anuncia que ela é “a polícia” dos ingressos, e que vai investigar as vendas “não autorizadas”.
 
EM FAMÍLIA
 
Ray, que completou 64 no ano passado, vive com a irmã dos Byrom, Ivy, na cidade de Stockport, em Manchester. Ray sabe como eles compraram a Match, que vende os ingressos para aquelas caríssimas salas envidraçadas VIPs em todos os estádios “Padrão FIFA”.
E o Ray sabe muito bem por que – e como – uma parcela da parte mais lucrativa do negócio foi desviada para o bolso do sobrinho de Blatter, Philippe, que tem 5% das ações da Match.
 
Por ironia Ray foi preso no mesmo hotel que já encantou Rita Hayworth e Marilyn Monroe, a princesa Diana e Mick Jagger!

Para ajudar os Byrom Brothers e Ray a garantir os serviços de acomodação da Copa, a FIFA lhes deu um empréstimo de cerca de US$ 10 milhões, sem juros, para ser pago em janeiro do próximo ano.
 
Os investigadores da polícia vão querer saber tudo sobre isso. Não são os mesmo policiais brutais que estão nas ruas do Rio prontos para jogar bombas de gás lacrimogêneo e bater naqueles que protestam contra os gastos da Copa e a corrupção. São trabalhadores sofisticados, investigadores de fraudes, que passaram três meses monitorando a venda de ingressos, interceptando legalmente ligações telefônicas e agora estão expondo a corrupção intrínseca que mancha a FIFA. A prisão de Ray pode ter acontecido porque ele fez alguns telefonemas a mais…

SONEGANDO INGRESSOS

Fabio Barucke, o delegado da Polícia Civil do Rio que está liderando a investigação da ligação entre os dirigentes da FIFA, os distribuidores oficiais de ingressos e as vendas no mercado negro, disse que a FIFA distribui enormes quantidades de ingressos para seus patrocinadores e parceiros, garantindo a escassez de ingressos para o público e incentivando os cambistas.
Só uma pequena parte foi destinada ao povo“, o delegado afirmou em uma coletiva de imprensa na última semana.
 
Ray Whelan se une agora aos outros 11 detidos na semana passada. O líder Mohamadou Lamine Fofana, de 57 anos, suspeito de liderar a quadrilha desde a Copa de 2002, exibe orgulhosamente uma foto sua com Sepp Blatter no seu site.
 
Ray não estava ainda no esquema quando os irmãos Byrom entraram no negócio dos ingressos na Copa de 1986 no México. Eles foram favorecidos pelo ex-presidente da FIFA, João Havelange, e o negócio decolou. Estabeleceram uma empresa na Ilha de Mann, e contas bancárias internacionais. Anos depois, Ray se envolveu com a irmã Ivy Byrom, e então se tornou o “terceiro irmão” nessa pequena empresa.

Em 2003, apesar dos problemas em Copas anteriores, Sepp Blatter deu aos mexicanos Jaime e Enrique o contrato para vender ingressos para a Copa do Mundo no Brasil. Eles separaram 450.000 dos melhores ingressos para vender em pacotes de hospitalidade através da famigerada Match para os torcedores endinheirados, incluindo 24 mil para as partidas das Semifinais e 12 mil para a Final.

As regras da própria FIFA proíbem a revenda de ingressos com ágio – o cambismo. Mas nesta semana, ingressos dos pacotes de hospitalidade para a Final podem ser comprados pela internet por US$27.500, e ingressos normais, por US$11.000. Seja quem for que os está vendendo, eles só podem ter sua origem no escritório dos Byrom em Manchester.
 
MERCADO NEGRO
 
Em 2006 os Byroms foram pegos entregando mais de 5 mil ingressos para o vice-presidente da FIFA, Jack Warner, vender no mercado negro. Apesar da quebra escandalosa das próprias regras da FIFA, nenhuma atitude foi tomada contra os Byroms ou Warner.
 
Por incrível que pareça, eles fizerem tudo de novo na África do Sul em 2010, fornecendo mais ingressos para Warner vender para grandes cambistas do mercado negro internacional. A correspondência confidencial por e-mail foi copiada, descaradamente, para a FIFA e a empresa Infront, de Philippe Blatter. De novo, nenhuma providência foi tomada. Warner teve que sair da FIFA um ano depois por outras acusações de corrupção.
 
Mas para os irmãos Byrom, a FIFA é um pote de ouro infindável. Em novembro de 2011 os contratos de hospitalidade com a Match foram estendidos até 2023 “após uma avaliação do mercado” pela FIFA.
 
“CAMBISMO”
 
Disse Blatter: “O acordo fortalece a luta da FIFA contra o cambismo. Graças à sua expertise e sistema de monitoramento, a Match Hospitality está em posição de ajudar a FIFA a adotar procedimentos na venda de pacotes de hospitalidade, impedindo vendedores não autorizados a enganar corporações e indivíduos lhes vendendo esses pacotes”.
 
Os Byroms anunciaram essa semana que a FIFA pediu que eles mesmos investiguem a revenda de pacotes de hospitalidade.

Um ingresso em nome de Humberto Grondona, filho do vice-presidente da FIFA, o argentino Julio Grondona, foi encontrado à venda em São Paulo. Os dirigentes da FIFA disseram que ele não será investigado porque afirmou ter dado o ingresso, e não vendido.
 
Uma nota da Match afirmou que a empresa “tem fé” que os fatos irão demonstrar que Ray Whelen “não violou nenhuma lei”.

(texto enviado por Yuri Sanson)

11 de julho de 2014
Andrew Jennings
para Agência Pública



 

PROCESSO QUE ESTAVA "SUMIDO" E MOSTRA SONEGAÇÃO DA GLOBO VAZA PARA A INTERNET, NA ÍNTEGRA

   

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A íntegra do processo, o qual a Receita Federal alega ter desaparecido de seus arquivos, que contém detalhes sobre as possíveis sonegação e fraude contra o sistema financeiro nacional, promovidas pelas Organizações Globo, será divulgado, na íntegra, no próximo domingo, na página Mostra o Darf Rede Globo, mantida no Facebook.
Segundo Alexandre Costa Teixeira, editor do blog Megacidadania, em entrevista ao Correio do Brasil, “foram feitas várias cópias de segurança, a partir do original, distribuídas aos principais blogs brasileiros”.

– Trata-se da prova que faltava para mostrar a imensa sonegação promovida pela Globo – afirmou ao CdB.

AÇÃO BILIONÁRIA

No ano passado, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda publicou a decisão final da ação bilionária que a Rede Globo perdeu na Receita Federal.
O processo, já em fase de execução, cobra da emissora impostos por operações feitas entre 2005 e 2008, que resultaram em um recolhimento menor de impostos.
A autuação original, feita em 2009, era de cerca de R$ 700 milhões, mas com a correção monetária ultrapassa a casa de R$ 1 bilhão. O processo tramitava há quatro anos e já não cabem mais recursos.

O fato chegou a público em julho do ano passado, em reportagem do site Consultor Jurídico, assinada pelo jornalista Alessandro Cristo, que pode ser lida adiante:

“As Organizações Globo perderam recurso administrativo contra uma cobrança de R$ 713 milhões do Fisco federal. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, que julga contestações a punições fiscais, rejeitou argumentos contra autuação da Receita Federal sobre aproveitamento de ágio formado em mudanças societárias entre as empresas do grupo.

“Em uma delas, a Globo Comunicação e Participações S.A. (Globopar) foi condenada por amortização indevida no cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).

A amortização dos tributos usou o chamado ágio, valor embutido no preço de uma companhia vendida equivalente à estimativa de sua rentabilidade futura. De acordo com a lei, a empresa que compra outra tem direito de abater da base de cálculo de seus tributos o valor que desembolsou a título de ágio.
Mas a Receita Federal alega que o valor da Globopar é artificial. A empresa espera análise de Embargos interpostos e ainda pode recorrer à última instância do Carf.

“O desfecho do julgamento é esperado pela advocacia tributária por ser uma das primeiras vezes que o Carf se debruça sobre a existência de efeito fiscal do conceito contábil de patrimônio líquido negativo — origem da maior parte do ágio em discussão no processo da Globo. A autuação se refere aos anos de 2005 a 2008, nos quais a empresa usou o ágio para pagar menos tributos.
A Receita Federal lavrou o auto de infração em dezembro de 2009, no valor de R$ 713.164.070,48.

“Foram os advogados Carlos Alberto Alvahydo de Ulhôa Canto e Christian Clarke de Ulhôa Canto, sócios do escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra Advogados, os responsáveis por defender a transação.
Na impugnação, eles destacaram o uso do patrimônio líquido negativo — chamado de ‘passivo a descoberto’ — na construção do ágio que gerou as deduções.

Ou seja, a empresa compradora ‘adquiriu’ o prejuízo da comprada, assumindo sua dívida, e contabilizou essa aquisição como investimento. ‘Não há norma, de natureza fiscal ou contábil, que determine o expurgo do valor negativo do PL (patrimônio líquido) da investida na quantificação do ágio’, diz o recurso dos advogados.
 
DIVULGAÇÃO SERÁ DOMINGO
 
Leia, a seguir, o texto publicado no blog Megacidadania:

O​ Núcleo Barão de Itararé RJ acaba de confirmar que a íntegra do processo “sumido” de dentro da Receita Federal será divulgado a partir deste domingo 13/07.

Apareceu a íntegra original do processo da Receita Federal que estava sumido. Com aproximadamente duas mil páginas ele contém documentos comprovando o envolvimento da própria família Marinho na fraude contra o sistema financeiro além da já conhecida sonegação bilionária.

O Núcleo Barão de Itararé RJ irá nesta sexta-feira, dia 11/07, ao Centro Aberto de Mídia do RJ distribuir informativo à imprensa internacional informando a existência deste explosivo material.
 
É importante destacar que no recente encontro nacional de blogueiros realizado em SP, mais de 500 participantes aprovaram a campanha MOSTRA O DARF REDE GLOBO
 
Já foram feitas diversas cópias do material que está sendo distribuído aos principais blogs brasileiros para divulgação ao distinto público a partir do fim da Copa.
 
No momento em que o tema corrupção é tratado como aspecto central para a eleição de outubro, fica evidente que a divulgação desta monumental documentação, com toda certeza, poderá ser um balizador para se entender como funciona e se sustenta o império Rede Globo e suas relações com a FIFA e o submundo do crime internacional.
 
FACEBOOK: https://www.facebook.com/pages/Mostra-o-Darf-Rede-Globo/250421645160657?fref=ts

BLOG: http://mostraodarfglobo.wordpress.com/

TWITTER: @Mostraodarf darf globo
 
Confirme seu interesse em auxiliar na ampla divulgação pelo e-mail

mostraodarfglobo@gmail.com

Os blogs O Cafezinho, Megacidadania, Correio do Brasil e Tijolaço, que integram o Núcleo Barão de Itararé RJ, participam do esforço cívico de levar ao conhecimento do distinto público mais esta importante informação que é sonegada pela velha mídia empresarial.
ALEXANDRE Cesar Costa TEIXEIRA
http://www.megacidadania.com.br/

11 de julho de 2014
Deu no Correio do Brasil