"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O HUMOR DO ALPINO

 

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29 DE SETEMBRO DE 2014


O HUMOR DO DUQUE

 

Charge O Tempo 27/09
 
29 DE  SETEMBRO DE 2014


UMA CAIXA DE SURPRESAS

ANÁLISE DAS PESQUISAS EVIDENCIA POSSIBILIDADE DE VIRADA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DO BRASIL LEVANDO OPOSICIONISTA AÉCIO NEVES AO SEGUNDO TURNO
https://www.youtube.com/watch?v=-wg43j1narU&feature=player_embedded

O vídeo acima postado agora à noite no Youtube apresenta uma análise das pesquisas eleitorais por Rafael Oliveira, um carioca bastante conhecido nas redes sociais como @rafasoli e entusiasta da candidatura de Aécio Neves.

Com base no clima da campanha presidencial e, particularmente, em cima dos índices de pesquisas de três institutos: Ibope, DataFolha e Sensus, há de fato indicações que mostram que o oposicionista Aécio Neves reagiu e recuperou os índices apresentados antes da entrada de Marina Silva no páreo em decorrência do acidente que causou a morte de Eduardo Campos criando um clima de comoção nacional.

Passado esse interregno emotivo a candidata Marina Silva começou a cair enquanto Aécio Neves realmente mostra uma recuperação segura demonstrando grande possibilidade de superar a candidata do PSB. 

A conjuntura política aliada às pesadas denúncias que vieram a público neste final de semana com novas revelações da delação do homem-bomba da Petrobras veiculadas pela revista Veja, Aécio Neves ressurge como o candidato que reúne as melhores condições de derrotar Dilma Rousseff e essa realidade está embutida nos números desses três institutos de pesquisa.

Nessa reta final da campanha Rafael Oliveira, de forma sucinta e objetiva, demonstra para os eleitores que, sem qualquer dúvida, Aécio Neves é o único candidato com reais condições de derrotar a candidatura do PT. E um detalhe importantíssimo deve ser levado em consideração: Aécio Neves nunca pretenceu ao PT e nunca integrou os governos petistas, ao contrário de Marina Silva, que além de ter sido petista histórica foi ministra de Lula e isso fragiliza sua candidatura, mormente num embate contra a máquina petista.

A análise contida neste vídeo indica a evidente possibilidade de virada em favor de Aécio Neves e as reais condições de vencer a candidata petista no segundo turno! 
 
29 de setembro de 2014
in aluizio amorim

CERCA DE 28 MILHÕES DE ELEITORES DECIDIRÃO EM QUEM IRÃO VOTAR DURANTE ESTA SEMANA QUE ANTECEDE A ELEIÇÃO

                                         E PODE HAVER SURPRESA!


 
Estrategistas de campanhas e especialistas em análises de cenários eleitorais trabalham com um número decisivo nesta reta final de campanha: 28 milhões de votos. Segundo analistas ouvidos pelo GLOBO, este número representa o índice histórico de eleitores que iniciam a última semana de campanha antes da eleição sem ter definido em quem votar para presidente. Eles constituem cerca de 20% dos 142.822.046 brasileiros aptos a ir às urnas no próximo domingo, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
A última rodada de pesquisas, na semana passada, estimou que entre 7 milhões (Ibope) e 8,5 milhões (Datafolha) de eleitores não respondem ou dizem não saber em quem vão votar para presidente. Só em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, são 3 milhões de indecisos, segundo o Ibope, ou 10% do eleitorado no estado.
 
Além do perfil clássico de indecisos, há ainda um grupo de eleitores chamados pelos analistas de infiéis — são aqueles que apontam um candidato de preferência, mas não declaram ter certeza absoluta da escolha e dizem que ainda podem mudar de ideia. A análise da pesquisa Ibope divulgada semana passada mostra que só essa fatia alcançava 51 milhões de eleitores.
Ou seja, a dez dias da eleição, nada menos do que 58,2 milhões de pessoas, 40% do eleitorado que podem ser classificados como infiéis ou indecisos, não tinham uma decisão firme de voto. Se os padrões dos analistas políticos se repetirem, esse contingente cairá para cerca de 28 milhões esta semana.
Mesmo assim, uma estatística considerável para mexer com o resultado final.
 
Os votos voláteis se espalham por todas as candidaturas. De acordo com o Ibope, 43% dos que declaravam voto em Marina Silva (PSB) admitiam que ainda poderiam trocar de candidato. Entre os eleitores de Aécio Neves (PSDB), 39% disseram ainda não estarem totalmente certos da opção. Já entre os que escolheram a presidente Dilma Rousseff (PT), o índice de incerteza é de 31%.
 
Segundo analistas, a vantagem da candidata à reeleição tem explicação. Como é presidente e portanto, tem um alto grau de exposição, as críticas feitas pelos rivais durante a campanha são igualmente mais conhecidas e, assim, têm impacto menor do que as que recaem sobre os adversários.
 
Com a diminuição da distância entre Marina e Aécio na disputa pela vaga no segundo turno mostrada nas pesquisas recentes, aumenta a relevância dessa parcela do eleitorado na última semana antes do primeiro turno. A vantagem de Marina sobre o tucano, que girava em torno de 25 milhões no início do mês, é, hoje, de 14 milhões de votos, segundo o Ibope, e de 12,8 milhões, de acordo com o Datafolha.
 
A análise mais detalhada dos dados do Ibope só sobre o grupo de indecisos mostra que são mais numerosos entre os eleitores com escolaridade mais baixa (7% na parcela que completou a 4ª série do Ensino Fundamental) e com renda familiar mensal de até um salário mínimo (8%).
 
NORDESTINOS MAIS INDECISOS
 
Por região, o índice é mais elevado no Nordeste, onde 7% do eleitorado ainda não decidiram em quem votar. Entre os estados, São Paulo, onde 10% estão indecisos, tem um número elevado de votos que ainda podem ser conquistados: 3 milhões. Entre os que avaliaram o governo Dilma como “regular”, 8% estão indecisos, acima da média geral de 5%.
A margem de erro da pesquisa Ibope é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
 
A sondagem divulgada pelo Datafolha na sexta-feira indica Dilma com 45% dos votos válidos (excluindo brancos e nulos), o que torna indecisos e infiéis também decisivos para a campanha petista, mesmo na liderança, em busca de uma definição no primeiro turno.
 
— Cerca de 20% do eleitorado devem decidir na última semana. Quando temos uma situação como a desta eleição, que pode ter fim mais apertado, uma pequena margem de votos faz muita diferença na reta final — analisa o professor Valeriano Ferreira Costa, do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp, que vê como ponto mais sensível a disputa pela segunda vaga no segundo turno.
 
O filósofo e cientista político José Augusto Guilhon Albuquerque, do Centro de Estudos Avançados da Unicamp, acredita que os 20% de eleitores que vão decidir o voto nesta semana podem provocar mudanças surpreendentes no resultado das eleições.
 
— Desde o início desta campanha, nunca esteve muito claro o resultado. A incerteza tem sido bem maior. O voto por oposição tem um peso muito grande. É um voto útil e, numa situação de incerteza, é difícil definir quem tem chance de ir ao segundo turno. As curvas de Aécio e Marina podem acelerar nesta reta final.
 
A diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, diz que, ao contrário do senso comum, que atribui o voto do indeciso ao líder nas pesquisas, a observação mostra que o comportamento do eleitor é outro.
 
— Esse contingente de eleitores indecisos não se distribui igualmente entre todos os candidatos. Geralmente, quem está indeciso vota no segundo ou no terceiro colocado, ajudando a levar a decisão para o segundo turno — destaca.
Já o cientista político Paulo Baía, professor da UFRJ, afirma que os indecisos constituem um eleitorado “absolutamente descrente dos políticos”. Segundo ele, é um eleitor que não se sente representado e que vai às urnas movido pela rejeição.
 
— É um eleitorado refratário à política. Quando vota, é contra alguém, não a favor. Acho difícil que as campanhas se beneficiem de uma corrida em direção a esse eleitor, a não ser que estimulem um voto útil contra determinado rival. Mas acredito que as campanhas, nesta última semana, vão trabalhar para tentar diminuir os índices de rejeição dos candidatos — opina. Do site de O Globo

ROUBALHEIRA DA PETROBRAS CHEGA AO DEBATE DOS PRESDENCIÁVEIS

MAS OS NANICOS RIDÍCULOS ATRAPALHAM EM FAVOR DO PT.


Nanicos atrapalharam, como sempre, ao levantar teses idiotas e consumir o tempo do debate, favorecendo, evidentemente, à candidata da gandola vermelha.
Como não poderia deixar de ser as denúncias da roubalheira na Petrobras pautaram o debate dos presidenciáveis levado ao ar pelo TV Record, deixando claro que o candidato Aécio Neves é disparado o mais preparado, o que fala melhor, de forma clara sem impregnar o seu discurso com a demagogia do pobrismo que caracteriza os discursos da Dilma e da Marina Silva.
 
Aécio Neves demonstrou que sabe o que diz, tem conhecimento dos grandes problemas brasileiros e identifica com precisão os gargalos que impedem que o Brasil se torne realmente um país desenvolvido.
 
Ficou também evidenciado que tanto o PT da Dilma e do Lula bem como a Marina Silva e seus ‘sonháticos’ não conseguem emitir um só discurso que não fale em pobre. Incrível que em pleno século XXI o discursos desse tarados ideológicos se repetem e, apesar de contribuir para que o Brasil seja essa pocilga de violência, de atraso brutal em todos os níveis, fatos primeiros da causa da pobreza, continuam dando o tom para qualquer debate.
 
Não fosse essa fixação na pobreza quem sabe o Brasil hoje já poderia se igualar, pelo menos, a países como a Austrália. Mas não, permanece estacionado e submetido ao jugo de um bando de psicopatas comunistas que chegam a ser ridículos, extemporâneos, bizarros. E isso tudo minimiza e conspurca qualquer debate e adia sine die as soluções que a parte mais consequente e objetiva da Nação demanda.
 
Outro fato que deve ser notado diz respeito à presença burlesca e idiotizante dos tais candidatos nanicos que roubam o tempo precioso para que possa se estabelecer um confronto sério entre Aécio Neves, Dilma e Marina Silva, que são os três candidatos que pontuam nas pesquisas.
 
Os nanicos neste caso cumprem a deletéria missão de furtar o tempo e atrapalhar o debate impedindo que problemas sérios como a roubalheira da Petrobras sejam realmente esmiuçados. E soa patético escutar gente como essa tal de Luciana Genro e o ecochato Eduardo Jorge. Todos esses candidatos nanicos sem distinção fazem parte do esquema do PT para impedir qualquer debate. Afinal, todos os nanicos são integrantes base aliada do PT no Congresso Nacional.
 
Em suma, qualquer pessoa, mesmo os aqueles áulicos mais radicais da Dilma e da Marina Silva, sabem que o único que se salva dentro dessa selva de gente esquisita é o Aécio Neves. 
 
Reproduzo logo abaixo um ligeiro resumo publicado no site da revista Veja que pinça aqueles que foram os principais momentos do debate. Eu disse “momentos”, porque os nanicos mais uma vez se encarregaram de detonar o tempo e transformar o que deveria ser coisa sério na condição de picadeiro de circo mambembe. 
DILMA FOI UM FIASCO
 
A uma semana das eleições, os três principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), protagonizaram o mais tenso debate na televisão até agora, promovido pela TV Record, com embates diretos e os escândalos de corrupção na Petrobras no centro das discussões. 
 
Visivelmente irritada, Dilma pediu direito de resposta quatro vezes e reclamou que estava impedida de rebater ataques laterais dos adversários. A emissora acatou somente uma queixa.
A petista tentou usar seus trinta segundos extras dizer que demitiu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que revelou em delação premiada um esquema de propina e desvios da estatal para políticos e partidos – inclusive a campanha de Dilma em 2010, conforme revelou a edição de VEJA desta semana. Dilma, entretanto, não conseguiu completar seu raciocínio porque estourou o tempo.
 
Numa estratégia arriscada, a própria presidente-candidata tentou virar o jogo e levar a Petrobras para o debate: ao questionar Aécio Neves, citou um discurso de 1997 no qual o então deputado disse que a privatização da estatal petroleira "estava no radar" do governo Fernando Henrique Cardoso. A pergunta resultou num tiro no pé.
Na resposta, o tucano disparou: "Não vou privatizá-la, vou reestatizá-la, tirá-la das mãos do grupo que aí está. O coordenador de campanha do PT pediu recursos para sua campanha nesse esquema e não vejo em você uma reação de indignação".

A partir daí, a maioria dos candidatos aproveitou para manter o tema no centro do debate. Pastor Everaldo, do PSC, aproveitou para lembrar que a campanha de Dilma acionou a Justiça Eleitoral contra uma peça de propaganda do PSC que apontava a corrupção na Petrobras. E até o folclórico Levy Fidelix, do nanico PRTB, abriu mão de falar do seu aerotrem para alfinetar a presidente-candidata: "Já tivemos alguns escândalos recentes, como o mensalão e outros. Ao que tudo indica, o Youssef (o doleiro Alberto Youssef) vem com novos escândalos".

Dilma ainda tentou voltar ao tema da corrupção num embate direto com Aécio ao afirmar que "deu autonomia para a Polícia Federal prender Paulo Roberto Costa". Aécio devolveu, constrangendo a rival: "A senhora não tem que autorizar a Polícia Federal a prender ninguém porque isso é uma prerrogativa cosntitucional.
 
BRIGA DE COMADRES
 
Quando teve a oportunidade de escolher para quem dirigiria sua pergunta, Dilma escolheu inicialmente o confronto com Marina, sempre repetindo a linha de sua propaganda na televisão de desconstrução da imagem da rival – que esteve mais apagada do que nos debates anteriores. 
 
"A senhora mudou de partido quatro vezes em três anos, mudou de posição em questões como a CLT e a homofobia. Qual foi sua posição em relação a CPMF?", disse. Na TV, o PT tem pregado que a ex-senadora disse ter votado a favor o antigo imposto do cheque, mas os registros do Legislativo apontam o contrário.
 
Marina evocou o senador petista Eduardo Suplicy, falou em "oposição raivosa" e tentou revidar: "Mudei de partido para não mudar de ideais e de princípios". E Dilma emendou: "Não entendo como a senhora pode esquecer que votou quatro vezes contra a criação da CPMF".
 
Aécio também mostrou suas armas contra Marina: além de manter o tema da corrupção na Petrobras orbitando o debate para desgastar Dilma, lembrou diversas vezes o passado de Marina no PT. Ao falar sobre o combate à inflação no governo Fernando Henrique Cardoso, cutucou: "Lutávamos contra o PT e na época a senhora era do PT".
O tucano também aproveitou uma dobradinha com Pastor Everaldo para lembrar as lamentáveis declarações de Dilma defendendo diálogo com terroristas durante a Assembleia da ONU. "Foi um dos mais tristes episódios da política externa brasileira, para perplexidade de diplomatas. A presidente usou a Assembleia da ONU para fazer autoelogios ao seu governo e também propôs diálogo com o Estado Islâmico, que está cortando a cabeça de pessoas."
 

PARA QUE 39 MINISTÉRIOS?

CONTRA O BAIXO CRESCIMENTO ECONÔMICO, VOTO AÉCIO 45


A presidente Dilma Rousseff assumiu o compromisso de economizar R$ 80,8 bilhões este ano para pagar juros e amortizar a dívida pública, cujo valor já ascende a R$ 2,169 trilhões. Até julho, seu governo economizou só R$ 15,2 bilhões e precisa reter R$ 65,6 bilhões nos próximos cinco meses para cumprir o compromisso. Parodiando Dilma, "nem que a vaca tussa" será possível alcançar essa meta, que ela própria definiu por determinação legal. Se a média mensal até agora ficou em R$ 2,2 bilhões, economizar até dezembro R$ 13,1 bilhões a cada mês, só mesmo com poderes mágicos ou milagrosos que a presidente não tem (se tivesse, gastaria todos para derrotar adversários nesta eleição).

E aí? O que faz a equipe do demitido ministro da Fazenda para fechar as contas? Busca desesperadamente paliativos: reduziu em R$ 4 bilhões a verba destinada a subsidiar a tarifa das distribuidoras de energia; perdoa juros e multa para estimular empresas a pagarem dívidas tributárias vencidas (o chamado Refis); cruza os dedos e torce por uma receita gorda no leilão de telefonia móvel com tecnologia 4G; e planeja sacar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano, zerando seu saldo. Além de cortar investimentos aqui e ali, desacelerando programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida. Os gastos cotidianos da gigante máquina pública, que poderiam ser evitados com uma boa reforma administrativa, foram preservados, ou melhor, até aumentaram neste ano eleitoral.

Nos quatro anos de Dilma, a lengalenga do superávit primário se repete. Para impressionar investidores, o governo começa o ano fixando metas fiscais que (sabe) não vai conseguir entregar e termina o ano tirando do baú remendos e artifícios mirabolantes e desacreditados para fechar as contas. De tanto abusar, o truque caiu em descrédito e o descrente investidor privado parou de investir. Diante do fiasco do resultado de 2013 (mesmo com truques, o superávit ficou em 1,9% do PIB, abaixo da meta de 2,3%), Dilma convocou sua equipe e ordenou: em 2014 a meta fiscal será a possível, e nada de truques para engordá-la.

A meta baixou para 1,9% do PIB, mas não evitou a continuidade da farsa. Faltando três meses para acabar o ano, mais uma vez o governo busca desesperadamente uma forma de conseguir dinheiro para fechar as contas. Só que o arsenal de manobras esgotou, murchou e secou. A ausência da Oi no leilão da telefonia celular 4G, nesta terça-feira, pode reduzir em R$ 3 bilhões os R$ 8 bilhões que o governo contava arrecadar para reforçar o superávit. Os R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano estão aplicados em ações do Banco do Brasil e a transferência para ajudar na meta fiscal exigiria uma contorcionista manobra contábil, já usada nos últimos dias de 2012, sem nenhuma transparência, e que causou críticas virulentas e enorme estrago à imagem do governo. Se repetida agora, o tiro pode sair pela culatra.

O Orçamento da União não é elástico. Além de rubricas fixas e permanentes (Previdência, saúde, educação e outras) que o engessam, a expansão da receita tributária depende do crescimento da economia, que no governo Dilma foi medíocre. A saída seria economizar na parcela flexível do Orçamento, mas nestes quatro anos ocorreu justamente o contrário: os gastos correntes cresceram acima da inflação. E por quê?

Além da corrupção e do desperdício de dinheiro, há uma causa estrutural na expansão dos gastos públicos que candidatos preocupados com a população pobre (como todos se dizem) deveriam atacar com urgência: o tamanho gigante da máquina pública e seus 39 ministérios, por onde escorrem negócios suspeitos para favorecer partidos políticos, ineficiência e condenável multiplicação da burocracia. FHC deixou 24 ministérios, Lula e Dilma criaram mais 15 - caros e inúteis - simplesmente para abrigar a enorme base aliada sequiosa por manipular verbas públicas em favor de seus partidos. Governar com 15 ministérios é o quanto basta para tornar o Estado eficiente, sobrar dinheiro para a área social e expandir a rede de esgoto e água limpa.

Dilma já disse que vai manter os 39. Só não explicou por quê.

CHEGOU A HORA

PELO BRASIL E PELA DEMOCRACIA, VOTO AÉCIO 45

O panorama nos estados mais importantes da República quanto ao PT é desanimador. Também pudera, a Presidência tem poder, dinheiro, caneta, cargos, nomeações e bolsas à mancheia. Os governadores apenas governam. O povo disso tem uma rara intuição. Vale mais o poder central. Por isso, a luta feroz é para dele se apossar. Dilma tem mais de 420 deputados da base aliada dividindo com ela as oportunidades que a República oferece, mas cada estado da Federação tem a sua devida importância para as respectivas comunidades.

Em São Paulo, o maior e mais esclarecido estado da Federação, Alckmin (PSDB) ficará com 45% dos votos e Padilha, do PT, não alcançará 15%. No Rio Grande do Sul, reduto do PT comunista de Tasso Genro (e de sua filha incendiária), a senadora Ana Amélia, da oposição, está a 8% do atual governador. No Rio de Janeiro, Pezão adiantou-se a Lindbergh Farias (ex-comunista), que disputa pelo PT e está em 4º lugar, com humílimos 12% de intenções de voto.

Em Pernambuco, o petebista aliado de Lula senador Armando Monteiro já foi ultrapassado por Paulo Câmara, do PSB. Na Bahia, quarto colégio eleitoral, após São Paulo, Minas e Rio, Paulo Souto, do DEM, mantém firme os 40% a 45% das preferências eleitorais. O petista Rui Costa, empurrado por Lula e Dilma, poderá chegar, no máximo, a 35% dos votos. Em tempo: Jaques Wagner é um péssimo governador.

Em Santa Catarina, Colombo se elegerá com o pé nas costas. Em Goiás, Perillo, do PSDB, ganha. O PT nos Matos Grossos, se ganhar, é pela simpatia de Delcídio, um petista de ocasião. No Pará, Jatene, do PSDB, segue na frente do PMDB. No Paraná, Beto Richa, do PSDB, vem se consolidando (44% a 28%) em cima do segundo colocado, Requião, do PMDB. Gleisi Hoffmann, do PT, amarga 12% de intenções de voto. Nos pequenos estados, a situação se repete. O PT vai bem no Piauí e no Acre (pequenos eleitorados pobres e com líderes fortes, afiliados ao PT). No Ceará, o PMDB de Eunício é vitorioso contra os Gomes.

Esse descasamento entre a eleição nacional e as estaduais pode trazer sérias repercussões políticas, ainda não devidamente avaliadas, especialmente no que diz respeito a três aspectos, como já prognosticado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

O primeiro efeito diz respeito à formação das bancadas federais dos partidos políticos, com os especialistas apontando a maior dispersão de votos jamais vista no Brasil, o que engendraria modelos alternativos no maldito presidencialismo de coalizão, raiz da corrupção.

O segundo efeito seria, pela primeira vez, a formação de blocos de governadores dentro da Federação, como na Alemanha, exercendo influência nas bancadas parlamentares dos estados. Nem PSDB nem PT serão dominantes.

Mas as maiores emoções concentram-se em Minas Gerais, reduto do PSDB de Aécio Cunha, há 12 anos no poder, com um histórico de boa administração. Justamente em Minas é a primeira vez que um candidato do PT, embora ameno e amigo de Aécio, pode ganhar. O PSDB, mais uma vez, mostrou o seu lado racional. Ora, eleições são ganhas com emoção. Verdades devem ser ditas com indignação e não com sorrisos. Mas que não se veja na critica a indicação da mentira como arma política. Dizer, por exemplo, que a independência do Banco Central tira comida da mesa do pobre é má-fé (Dilma).

O terceiro efeito entronca com a urgência de uma reforma política que limite o número de siglas partidárias, de cargos em comissão e de ministérios inúteis (limites à corrupção, à ingovernabilidade política no presidencialismo de coalizão e à ineficácia na gestão).

O segundo colégio eleitoral em mãos petistas será ruim até para o governador do PT, na hipótese de ser eleito, por ser estranho ao bando do ABC paulista, corrupto e intransigente. É que os petistas têm o hábito, quando derrotados em lugares conquistados por outros partidos, de migrarem em massa para os lugares em que venceram, em busca de empregos. Isso sem falar na esquisitice de ter no coração do Brasil, pela primeira vez, um governador do PT, no ocaso de seu período histórico! Há quem diga que a vitória é do candidato e não do PT.

O povo de Minas Gerais está com o árduo dever político de impedir, nem tanto o seu candidato, mas o PT, de fincar suas garras no estado. Não é interessante para os mineiros a ruptura com os que deram certo e modernizaram o estado, ainda que combatidas pelo poder central.

Nesses 12 anos, o governador Aécio Neves e Antônio Anastásia, candidato ao Senado com 44% das intenções de votos, muito à frente do segundo colocado, fizeram bons governos. Minas, certamente, não faltará ao Brasil. Se faltar, e o direito de escolha é soberano, dará sobrevida ao petismo, a insistir na luta de classes entre ricos e pobres, uma tática cujo único objetivo é o usufruto do poder central.
Sacha Calmon, Correio Braziliense

PIBINHO, DESCRÉDITO E MAGIAS CONTÁBEIS

CONTRA OS LADRÕES DO PT, VOTO AÉCIO 45

As falas da presidente Dilma, ao apresentar dados mirabolantes aparentemente fantásticos, tirados da cartola, sobre a economia brasileira, não se sustentam a uma mínima arguição, pois a realidade é outra. A estratégia de se manter no poder a qualquer custo é a da mentira, que repetida pode virar verdade. Como a realidade é outra, não há um único indicador econômico favorável ao atual governo. A baixa taxa de emprego não é mais um indicador positivo, pois o número de vagas vem se reduzindo drasticamente. Para complicar, há um ministro da Fazenda verbalmente “demitido” pela presidente, apesar de ainda no cargo. Os indicadores da economia estão todos numa tendência de piora.

O crescimento econômico virou piada de pibinho, pois Dilma já garantiu um lugar na história: será o governo com menor crescimento nas duas últimas décadas. Não adianta culpar a economia internacional, pois ela está se recuperando e a maioria dos países vem crescendo mais que o Brasil. Hoje em dia somos nós que puxamos para baixo a América Latina.

A inflação há muito anda no limite do teto, pois a meta virou também piada. E ela só não é maior porque o governo vem segurando o aumento de preços de produtos administrados, como gasolina, energia, tarifas de ônibus urbanos. Mas, depois da eleição, comenta-se sobre o tal do tarifaço.

O investimento vai cair 5% neste ano, e sem investimento não há crescimento sustentado. O investimento privado caiu por dupla razão: desconfiança no futuro próximo e juros maiores. Já o investimento público não passa de 1% do PIB em infraestrutura, apesar de o governo ficar com 36,5% do PIB em tributos. A gastança do governo torra tudo e, assim, pouco sobra para investimentos em infraestrutura.

O superávit primário enfrenta total descrédito pelos malabarismos contábeis, e mesmo assim vai minguando. Na época do FMI, tão criticado, o acordo era de 4,25% do PIB, o que a valores de hoje daria um superávit levemente superior a R$ 200 bilhões, dinheiro que é uma “poupança” para pagar juros. Sem a mágica contábil, na qual os economistas petistas são doutores, não vamos conseguir nem R$ 50 bilhões, insuficientes para cobrir juros que deverão chegar ao redor de R$ 250 bilhões – ou seja, pode-se afirmar que a dívida interna bruta, que já ultrapassa R$ 2,2 trilhões, deverá aumentar em 2014 em algo ao redor de R$ 200 bilhões, isto é, em torno de R$ 550 milhões por dia, sem contar que somente em juros são mais de R$ 685 milhões por dia. Estamos falando de mais de R$ 1,2 bilhão por dia em juros e aumento da dívida.

O câmbio, segurado artificialmente para ser mais uma das âncoras contra a inflação, está matando a nossa indústria, que terá um déficit na balança comercial de US$ 120 bilhões, ou seja: por incompetência do governo, estamos gerando empregos, impostos e renda lá fora, importando muito.

Para encerrar, uma observação sobre a tal da contabilidade criativa de Mantega e seus gênios da economia, na qual o governo se agarra a subterfúgios para produzir superávits fiscais artificiais e não recorrentes. É maquiagem contábil pura em itens como antecipação de recebimento de dividendos de estatais, também avançando sobre os lucros delas para fazer caixa para o governo. Assim, essas empresas investem ainda menos. Tudo isso (e mais a queda nos superávits primários) tem tirado a confiança no governo, no Brasil e no exterior. O Brasil está sem rumo e sem projeto.

BANDALHEIRAS EM 2015

CONTRA OS LADRÕES DO PT, VOTO AÉCIO 45

Excessos consumistas na compra de partidos, votos e tempo de TV devem azedar o clima político


FAZ UM MÊS, 35% dos eleitores diziam ao Datafolha que não votariam de jeito nenhum em Dilma Rousseff (PT); 15% rejeitavam Marina Silva (PSB). Uma diferença de 20 pontos, que baixou para apenas 8 pontos na pesquisa divulgada na sexta-feira.

A gente não sabe se a demolição do prestígio de Marina se deveu, de forma relevante, à propaganda boca-a-boca nas periferias e nos rincões do país ou mesmo à difusão de rumores terroristas.

De mais certo, as pesquisas internas dos partidos indicam que a campanha na TV foi decisiva.

Sim, a conclusão parece de bom senso óbvio, até que pesquisas e estudos virem do avesso o que pareciam intuições certeiras.

Recorde-se que até pouco antes do início do horário eleitoral havia falação de como as "redes sociais" seriam importantes na definição do voto nesta campanha. De novo, as mesmas pesquisas feitas pelos partidos, vários deles, sugerem que não foi bem assim, ao contrário. Aparentemente, na internet o jogo empatou. Na TV, teve 7 a 1.

Tudo mais constante, se nada mais mudar no que diz respeito pelo menos a leis eleitorais e ao bacanal de coalizões, haveria ainda mais incentivo para a compra de partidos e tempos de TV.

Parece óbvio também. Mas será tão simples assim?

Como todo mundo também sabe, suspeita-se de que o mais recentemente descoberto escândalo de compra de apoio político com dinheiro público furtado pode envolver umas quatro ou cinco dúzias de políticos graduados, do Congresso aos governos de Estado. Vai dar em nada? Hum. Difícil.

A tolerância com essa bandalha tem diminuído, seja entre a população, seja na Justiça, mesmo com idas e vindas ou indignações seletivas (vide a desconversa sobre o mensalão tucano, vide o fato de empresas corruptoras saírem na flauta etc). As leis estão um pouco mais funcionais e funcionantes (ficha suja, delações premiadas, aperto na lei brasileira sobre empresas corruptas). A propaganda do governo diz que a Polícia Federal está muito mais ativa; é propaganda, mas é verdade. Há políticos na cadeia. Houve junho de 2013.

Decerto não há garantia alguma de que essa confluência de fatores resulte em ao menos uma limpa grande das tantas mãos sujas. Mesmo assim, vai sair barato? Décadas de bandalha escarninha e o auge do bacanal de coalizões partidárias vão sair de graça?

Pode sair até caro demais. A eleição deste ano já teve fumaças de salvadores da pátria, eleitores à procura de políticos "apolíticos", "outsiders", cansaço ou repulsa aos partidos maiores e melhorzinhos que tivemos por aqui, ora apodrecidos, de um modo ou outro, PT e PSDB.

O próximo Congresso deve ser o mais fragmentado da história. Haverá mais blocos de votos à venda, a princípio. O novo presidente pode tentar fazer os negócios habituais para montar (na grana) a sua coalizão. Mas o risco de haver besteira aumentou.

Além da impaciência acumulada com a bandalha, metade do país estará muito insatisfeita com o presidente eleito, seja quem for. Mais um ano de lerdeza econômica e a expansão mais lenta da despesa social, se alguma, deve causar mais irritação. "Tenso", como dizem os adolescentes.


29 de setembro de 2014

Vinicius Torres Freire, Folha de SP

O "EFEITO PAPUDA" VEIO PARA FICAR

CONTRA A BURCA MENTAL, AÉCIO 45

Em 1500, quando Pedro Álvares Cabral chegou à Bahia, deixou dois degredados na praia. Um deles chamava-se Afonso Ribeiro. Tinha dezoito anos, trabalhara com um grão-senhor e metera-se num assassinato. Ele viveu anos no meio dos índios e, não se sabe como, acabou resgatado por outra expedição, regressando à Europa. Contou sua história a um tabelião, mas até hoje o papel não foi achado. Por suas artes e pela sorte, a pena de degredo deu em nada e Afonso Ribeiro pode ser considerado o patrono das pessoas que se safam da lei. Passaram-se 514 anos e a bancada de maganos que está presa na Papuda mostra que essa escrita começa a ser quebrada.

A ideia segundo a qual “isso não vai dar em nada“ perdeu eficácia. Pode ser que não dê, mas se der, a cana está lá. Foi essa percepção que levou Paulo Roberto Costa, um poderoso ex-diretor da Petrobras, a colaborar com o Ministério Público. Seguiram-no o operador de câmbio da rede financeira de Alberto Yousseff e, na semana passada, o próprio. Em todos os casos, preferiram trocar de lado, contando o que sabem, a arriscar décadas de cadeia. (Pelo “efeito Papuda”, Marcos Valério, o mago do caixa dois do mensalão foi condenado a 40 anos de prisão e José Dirceu, chefe da Casa Civil e “técnico” do time de Lula, a dez, podendo passar ao regime aberto ainda este ano.)

Paulo Roberto Costa e Yousseff decidiram colaborar, contrariando a opinião de advogados. O que eles têm a contar ultrapassa de muito o acervo de informações que Marcos Valério detém. Em suas operações há as digitais de grandes bancos, empreiteiras e empresas internacionais de comércio exterior. Se o Ministério Público e juiz federal Sérgio Moro trabalharem direito e em paz, poderão expor a maior e mais antiga rede de maracutaias nacionais. Coisa tentada sem sucesso em dezenas de processos e diversas CPIs.

Foi com a colaboração de delinquentes que a Justiça americana quebrou a espinha dorsal de camarilhas de Wall Street e da Máfia. Um de seus chefões, Tommaso Buscetta (Don Masino) operava no Brasil e foi preso em 1972. Sua captura foi apresentada pela ditadura como uma demonstração da eficiência da polícia. Afinal, ele fora interrogado pelo delegado Sérgio Fleury, o vice-rei da repressão política. Palhaçada. Extraditado para a Itália, acabou levado para os Estados Unidos. Lá, ninguém lhe encostou a mão e ele passou a colaborar com a Justiça, tornando-se o primeiro “capo” a revelar a rede de operações e influências da Máfia. Ganhou nova identidade, fez uma plástica e morreu em 2000.

A colaboração de Paulo Roberto e Yousseff demanda paciência e tempo, com o prosseguimento de interrogatórios e acareações. Não haveria Paulo Roberto sem conluio com grandes empresas nacionais e estrangeiras. Da mesma forma, não haveria Yousseff sem bancos que operassem suas traficâncias. Em todos os casos, o melhor que essas empresas têm a fazer é seguir o exemplo da Siemens, que ajudou a desvendar a rede de propinas na venda de equipamentos para governos tucanos de São Paulo.

A ideia segundo a qual só há corrupção na política contém um vício. Se a corrupção fosse só dos políticos, no caso do parlamentares, os doutores iriam a Brasília na segunda-feira e ficariam até quinta trocando propinas. Se fosse assim, na sexta a conta ficaria zerada. Falta botar na roda as empresas que movem o circo, e essa é a trilha que Paulo Roberto Costa e Yousseff podem mostrar à Viúva.

Os caciques do PSB detonaram o Rio

No final de junho, o Partido Socialista, coligado com o PROS, tinha candidato ao governo do Rio. Era o deputado Miro Teixeira, indicado por Marina Silva que à época era um apêndice na chapa de Eduardo Campos. Ele entraria numa disputa em que os favoritos eram medidos muito mais pela escala dos defeitos do que pela qualidade de cada um. Pezão, com a herança de Sérgio Cabral; Garotinho, com sua própria biografia, e Lindbergh Farias com a marca petista. Num lance de astúcia, o PSB do Rio se articulou para apoiar Lindbergh. Coisa esquisita, visto que Eduardo Campos fazia campanha contra o comissariado.

Defendendo a candidatura de Miro, Marina Silva chegou a organizar uma viagem ao Rio, subindo o Morro da Mangueira com ele e Eduardo Campos. Não tiveram a companhia de um só representante do PSB. Desde então, Miro disputa mais um mandato de deputado federal. Estava eliminada a possibilidade de o Rio de Janeiro ter um candidato a governador que nada tivesse a ver com Cabral, Garotinho ou o comissariado.

Semanas depois caiu em Santos o jatinho em que viajava Eduardo Campos, Marina tornou-se competitiva, mas sua coligação ficou sem candidato no Rio. Teria sido uma boa ideia levar aos eleitores um nome com dez mandatos de deputado federal sem nódoa. Mais: Miro Teixeira foi buscar a reeleição e pode exibir um levantamento do trabalho da bancada fluminense, na qual é o parlamentar com maior assiduidade (98% de comparecimento às sessões) e menor despesa com penduricalhos de gabinete. Enquanto houve quem gastasse R$ 1,2 milhão, ele só custou R$ 398 mil que pagaram passagens do Rio para Brasília em quatro anos.

Aécio esclarece

Aécio Neves corrige e esclarece:

“Não uso sapatos Ferragamo e não me lembro sequer de ter um dia entrado numa loja da marca”.

Aécio calça produção nacional.

Gato na tuba

A OAB do Rio de Janeiro se encrencou no processo de indicação de advogados para o quinto constitucional do Tribunal de Justiça. Entre os candidatos está a advogada Mariana Fux, de 33 anos, filha do ministro Luiz Fux, do STF, e são muitos os adversários de sua escolha, por motivos variados. Jogo jogado.

Ela teve suas credenciais aceitas pela comissão competente da Ordem. O passo seguinte seria sua inclusão (ou exclusão) numa lista sêxtupla. O gato entrou na tuba quando, para preservar “a lisura do processo”, o julgamento das credenciais da advogada foi remetido ao Conselho da Seccional. Como seria esse mesmo conselho quem organizaria a lista, a providência soa redundante (porque o Conselho pode recusá-la) e casuística (porque só valeria para ela).

No centro da questão está o fato da advogada ser filha do ministro. Se alguém demonstrar que Fux fez pressão nepotista, ela não pode ser desembargadora, nem ele ministro. Sem isso, rito é rito.

A nuvem do casuísmo desapareceria se a “lisura do processo” se tornasse permanente, transferindo-se aos Conselhos os julgamentos das credenciais de todos advogados indicados pela OAB.

Luiz Hildebrando

Foi-se embora Luiz Hildebrando Pereira da Silva. Por comunista, ralou quinze anos de exílio. Por cientista e brasileiro voltou ao país e continuou suas pesquisas buscando a cura da malária, em Rondônia.

Como ele escreveu, despedindo-se: “Au revoir”.

O BRASIL QUE CHEGA AO PORTO ELEITORAL

CONTRA A VAGABUNDAGEM SINDICAL, VOTO AÉCIO 45

O Brasil que chega às eleições do próximo dia 5 se assemelha ao navio que chega ao ancoradouro, com instalações precárias, motor quase parando, depois de realizar uma travessia cheia de borrascas no giro por três grandes oceanos. Os passageiros, cansados e famintos, querem desembarcar o mais rápido possível para recuperar as energias e, quem sabe, tentar, mais adiante, embarcar num desses transatlânticos confortáveis, onde poderão viajar por águas mais calmas, viver momentos aprazíveis e ancorar em portos seguros. A longa viagem não foi em vão. Passadas três décadas, o país que se aproxima de um novo pleito presidencial, com desfecho previsto para 26 de outubro, se mostra disposto a fechar um ciclo que pode ser registrado com o selo da "mesmice" e abrir uma era de "efetivas" mudanças.

As aspas no adjetivo objetivam realçar o propósito mudancista clamado pela imensa maioria da população e indicar que, doravante, promessas de candidatos nessa direção não ficarão no papel. Pois a sociedade descobriu "o caminho das pedrinhas" para fazer valer o jogo.

Esse é o primeiro traço do desenho que se faz do gigante que, como se percebe, deixou de dormir em berço esplêndido. O povo nas ruas sinaliza o encontro do cidadão com a pertinência que lhe dá o direito de se achar o legítimo dono do poder. A descoberta não é obra do acaso. Desenvolveu-se ao longo de anos a fio de convivência social com práticas depravadas na política, promessas nunca cumpridas por representantes do povo, escândalos em profusão envolvendo políticos, burocratas e grupos privados e partidos assemelhados em atitudes. O senso crítico ganhou forma, avolumou-se, espraiando-se por um tecido social mais orgânico e agora disposto a cobrar a fatura dos governantes. O Brasil apresenta-se hoje como uma sociedade moderna, organizada em núcleos, setores e categorias, alterando, portanto, a antiga feição que flagrava multidões sem direção, contingentes desorganizados, massas amorfas. Explica-se assim a redistribuição do poder, saindo do centro para as margens, da esfera institucional em direção aos novos polos de força que se multiplicam no território. São essas as alavancas das mudanças.

A descrença na política e em seus atores, expandida na esteira de escândalos, sinaliza a emergência de outros fenômenos, como a fragmentação partidária, o fim da polarização entre PT e PSDB e a inviabilidade de projetos de hegemonia. A pulverização partidária chegará ao ápice na próxima legislatura, quando no Senado, por exemplo, 18 legendas se farão representar (hoje são 16), o maior número de toda a História. Já na Câmara dos Deputados, pesquisas apontam para a presença de 28 legendas (hoje são 22) e uma renovação que pode chegar a 50% - em 2010 foi de 44%. Essa dispersão torna mais difícil a meta de grandes partidos de se sentarem no trono da hegemonia, tornando-os cada vez mais peças do jogo de parcerias.

A polarização entre tucanos e petistas, que se desenvolveu ao longo das últimas duas décadas, indica cansaço. Só em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais se vê ainda um debate entre os nomes dos dois partidos. Como se pode aduzir, esses fenômenos sugerem maior repartição de poder entre os entes, esforço redobrado na estratégia de formação de coalizões e, por conseguinte, maior sujeição do Executivo ao espectro partidário.

Que outros matizes se fixam no mapa do Brasil eleitoral? Seria possível afirmar, por exemplo, que o País está dividido?

Sob o prisma aritmético, levando em consideração as preferências eleitorais entre candidatos, a resposta é positiva. Tal divisão aponta, de um lado, para a substituição e, de outro, para a continuidade do mandatário-mor da Nação. Mas, como já se disse, a ampla maioria da população concorda com a necessidade de mudanças na gestão e na política, seja com a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, seja com os opositores Marina Silva (PSB)ou Aécio Neves, tucano. Não se pode negar, porém, que os ânimos estão acirrados também em função do recorrente discurso do PT, que teima em separar os habitantes do território em "nós" e "eles", na defesa do apartheid que azeda relações de grupos e classes. A situação agrava-se quando o PT, teimando em se dizer inocente, se torna fonte central de casos de corrupção. Não é por outra razão que o PT, mesmo que ganhe de novo a cadeira maior do Palácio do Planalto, não terá a força de outrora. Construiu uma imagem que se esboroou, perdeu coerência ideológica, abriu querelas internas e perdeu entusiasmo das bases, tornando-se sigla identificada com desmandos e desvios.

Também o PSDB, mesmo continuando à frente de Estados importantes, como São Paulo, terá uma fatia menor no bolo do poder, perdendo envergadura. Trata-se também de partido desgastado, porque não soube canalizar forças em seu papel de oposição ao governo federal.

O conjunto de fenômenos que marcam a atual quadra política se completa com uma leve guinada conservadora. Seria exagero defender a hipótese de que o País faz uma curva forte à direita. Mas é possível divisar tênue marca conservadora a partir de um PT empacotado na pasteurização, apesar de manter o bolorento discurso de luta de classes, sempre brandido por Lula. O exemplo e o discurso do partido dão empuxo a uma onda contrária. Sob outro ângulo, o próprio perfil da candidata do PSB parece ser um corpo estranho ao hábitat da sigla. Marina, evangélica, defende posições duras em matérias que ferem postulados da fé religiosa (ou batem no intocável e sagrado templo ambientalista), ganhando de críticos o epíteto de fundamentalista, expressão próxima do conservadorismo.

Este é o Brasil sociopolítico que aporta no ancoradouro das eleições. Sem mudar o casco o velho navio não suportará novo e longo trajeto. O próximo comandante, seja quem for, terá de levá-lo ao estaleiro para fazer nele uma boa reforma e garantir aos passageiros uma viagem sem sustos.

POBRES E RICOS, PEQUENOS E GRANDES

CONTRA OS LADRÕES DO PT, VOTO AÉCIO 45

Circula na rede um pequeno vídeo de quatro minutos no qual Margaret Thatcher, em sessão da Câmara dos Comuns, é contestada por um parlamentar do Partido Trabalhista que acusa seu governo de haver ampliado a distância entre os mais ricos e os mais pobres. Na resposta que dá, a primeira-ministra faz jus ao ódio eterno que a esquerda lhe dedica, dizendo que o partido de seu acusador prefere que os pobres sejam mais pobres contanto que os ricos também empobreçam. Acertou na “mosca”. Empobrecer a todos é a marca registrada dos governos comunistas e socialistas mundo afora, ao longo de todo o século 20 e, ainda hoje, na Ibero-América do Foro de São Paulo.


Quem assiste a debates entre candidatos e à propaganda eleitoral gratuita, percebe quanto está impregnada em nossa elite política a ideia de um conflito natural entre pequenos e grandes, quaisquer que sejam os elementos a comparar e a régua que os meçam. Obviamente, adotado o marxismo como chave de leitura da realidade social, política e econômica, sendo os pequenos mais numerosos do que os grandes, é eleitoralmente preferível entrar em guerra contra os segundos. Mas a ideia toda é uma loucura, um delírio politiqueiro porque existe, na economia do mundo real, uma interdependência entre os corpos produtivos que a compõem. Pequenos, médios e grandes precisam uns dos outros e o colapso de qualquer conjunto afeta funestamente os demais.


Por outro lado, o sucesso dos pequenos pressupõe a determinação de crescer. O pequeno empreendedor que abdique da expansão de seus negócios está fadado ao roteiro no sentido inverso. O preconceito marxista da malignidade dos grandes põe uma pedra no caminho do progresso da sociedade como um todo. Perceber que esse preconceito está internalizado em parcela significativa da elite política do Rio Grande, projeta sombras em nosso futuro.


Não admira que o Estado perca posições no contexto da Federação, decaindo, inclusive, em indicadores que outrora ponteou, como, por exemplo, na Educação. Também nesta se percebem os efeitos do apagão da inteligência. Criminaliza-se o mérito! Celebra-se a mediocridade! A “Pedagogia do Oprimido” pode ser um sucesso de público dentro do magistério, mas é um visível fracasso onde aplicada. Ela internaliza a opressão e, como um dínamo, converte as energias que poderiam produzir desenvolvimento individual e social em mera inconformidade ou, como pretendia seu criador, em revolta e militância política.

 É inacreditável: enquanto o povo clama por incentivos a novos empreendimentos e postos de trabalho, parcela tão importante da elite política ainda não entrou sequer no século 20.

DIÁLOGO COM ASSASSINOS?

CONTRA OS LADRÕES DO PT, VOTO
AÉCIO 45

Dilma pede “diálogo” com o Estado Islâmico, mostrando que vive em um mundo de fantasia

Na terça-feira passada, teria sido melhor que a presidente Dilma Rousseff soltasse uma daquelas frases sem começo nem meio, nem fim e nem sentido que marcam alguns de seus discursos e logo viram piada na internet. Mas, infelizmente, o que o mundo ouviu na entrevista coletiva de Dilma em Nova York, na véspera da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, foi uma frase perfeitamente articulada e nada divertida.

Questionada sobre os ataques da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, Dilma respondeu:
“Eu lamento enormemente isso. O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo”.

Dilma quer “diálogo” com o Estado Islâmico. Esse mesmo Estado Islâmico que age de forma tão cruel que mesmo outros grupos terroristas, como a Al-Qaeda, fizeram questão de se distanciar dos seus métodos. O Estado Islâmico que marca as casas dos cristãos iraquianos, como o nazismo fazia com os judeus, e dá a eles a “escolha” entre converter-se, pagar um “imposto de infiéis” ou “perecer pela espada”. O Estado Islâmico que, além dos cristãos, persegue, estupra, escraviza e mata membros de outras minorias, como os yazidis, e também muçulmanos xiitas ou que simplesmente sejam “moderados” demais para o gosto do EI. O Estado Islâmico que filma e divulga na internet as decapitações de norte-americanos e britânicos, tratando as mortes como um “recado” ao Ocidente (dias atrás, um grupo argelino degolou um turista francês e alegou ter agido a mando do EI). O Estado Islâmico que pede a seus seguidores que matem ateus e cidadãos dos países que integram a coalizão internacional. O Estado Islâmico que anuncia: “conquistaremos a sua Roma, despedaçaremos as cruzes e faremos escravas as suas mulheres”. É com essas pessoas que Dilma quer que a comunidade internacional “dialogue”.

A afirmação de Dilma é um insulto a todos os membros de grupos que vêm sendo perseguidos desde que o EI começou sua expansão pelo Iraque e pela Síria, e àqueles que vêm se esforçando em denunciar as atrocidades cometidas pelos jihadistas.

É uma ofensa à inteligência de todos os que conhecem a natureza do grupo e suas intenções, dentre as quais certamente não está o diálogo.
E, o que é igualmente grave, é um reconhecimento implícito do Estado Islâmico como interlocutor qualificado, como se estivesse no mesmo nível dos governos nacionais dos países afetados pelo jihadismo ou dos que se dispuseram a combatê-lo.
Não deixa de ser interessante notar que a presidente que diz que “o Brasil é contra todas as agressões” não levantou um dedo quando a violência do Estado Islâmico ganhou dimensão mundial.

É claro que dar esse status qualificado a pessoas que, nas palavras de Barack Obama, só entendem a linguagem da força não é novidade no governo Dilma. Quando os vândalos black blocs infernizaram o Brasil, depredando tudo o que viam pela frente, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, surgiu com a mesma conversa de “dialogar” com os mascarados – que, é preciso lembrar, têm nas costas a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Band, atingido por um rojão no Rio de Janeiro. Se o governo mostra toda essa consideração com quem espalha destruição em território nacional, o que não faria com quem semeia a morte a milhares de quilômetros de distância?

Eis a diplomacia brasileira dos últimos 12 anos: afaga ditaduras como a cubana e a venezuelana, omite-se em catástrofes humanitárias como a de Darfur, no Sudão, trata terroristas assassinos com condescendência e quer chamá-los para o “diálogo”. Não bastasse nossa economia – com criatividades contábeis, desempenho medíocre e previsões furadas – cair no descrédito internacional, também nossa diplomacia segue pelo mesmo caminho.


29 de setembro de 2014

Editorial Gazeta do Povo, PR

POLÍTICA DO COTIDIANO, DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO

DINHEIRO FARTO NA CAMPANHA DO PRESIDENTE DE CPIs

Presidente das CPIs da Petrobras no Senado e no Congresso, Vital do Rêgo tem remotíssimas chance de conquistar o governo da Paraíba: agarrado ao 4º lugar, é de longe o que tem o pior desempenho nas pesquisas, entre os 18 candidatos do PMDB a governador no País. Apesar disso, é também de longe um dos que mais recebem doações em dinheiro: oficialmente, até agora, foram quase R$ 3 milhões.

COMPARAÇÃO

A campanha à reeleição do governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), que lidera as pesquisas, atraiu doações de apenas R$ 282 mil.

FARTURA

Mesmo sem chances, Vital do Rêgo na Paraíba arrecadou quase o triplo da soma de 8 candidatos nanicos a presidente da República.

COSTAS LARGAS

O PMDB também investe em Vital do Rêgo, que recebeu mais recursos do partido que Iris Rezende (Goiás) e Roberto Requião (Paraná).

SUPLENTE SOLIDÁRIO

Entre os doadores de Vital do Rêgo destaca-se, claro, seu primeiro suplente, o ex-senador e empresário Raimundo Lira.

CAMPANHA ELEITORAL FAZ A ALEGRIA DA ÁREA JURÍDICA

As campanhas fazem a alegria de advogados que atuam na Justiça Eleitoral que, como jabuticaba, só existe no Brasil. E tanta alegria se justifica: de acordo com a segunda parcial da prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral, as bancas de advocacia já faturaram mais de R$ 4,6 milhões só com os principais candidatos à Presidência, Dilma (PT), Aécio (PSDB) e Marina (PSB).

OS GASTOS DO PT

Dos R$ 56 milhões gastos por Dilma para se reeleger, mais de R$ 2 milhões foram utilizados para pagar sua estrutura de advogados.

DESPESA TUCANA

O candidato do PSDB, Aécio Neves, gastou mais de R$ 40 milhões na campanha, mas reservou até agora, R$ 1,7 milhão para a área jurídica.

PSB GASTA MENOS

Marina (PSB) ainda não prestou contas, mas dos R$ 17 milhões gastos até Eduardo Campos, os advogados já haviam custado R$ 750 mil.

CONTROLE DA TEVÊ

Um dos planos de Dilma, se reeleita, é impor a regionalização da produção da televisão aberta, com o objetivo de acabar com a grade nacional. Seria o fim das telenovelas nacionais, por exemplo. Daí a determinar o que pode ou não ser divulgado será um passo.

TIRO AO ALVO

Ex-secretário nacional de Justiça no governo Lula, Romeu Tuma Jr diz que duvidaria da seriedade da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, se ele não tivesse mencionado a presidente Dilma.

TÁ FEIA A COISA

O ministro Gilberto Carvalho jogou a toalha. Admitiu em uma roda que restam ao PT duas esperanças de eleição em governos estaduais: Tião Viana, no Acre, e Wellington Dias, no Piauí. E olhe lá.

DUPLA DE ANÕES

Na ONU, enquanto o Brasil se envergonhava com o discurso de Dilma criticando os países que combatem os cruéis terroristas do “Estado Islâmico”, seu aspone Marco Aurélio Top-Top Garcia a tudo assistia na plateia, sem dar palpites, ao lado do anão diplomático Antonio Patriota.

TUCANOS, 24

Caso confirme a vitória no primeiro turno em São Paulo, Geraldo Alckmin garantirá mais quatro anos do PSDB no governo paulista e baterá recorde: os tucanos vencem o governo do Estado desde 1994.

DEU ERRADO

Na intimidade, Dilma responsabiliza o ex-presidente Lula pelo seu desempenho baixo em São Paulo. Ela adora seu ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, mas avalia que não era mesmo o melhor candidato.

VAI ENTENDER

Preso em agosto por porte de drogas, Marcelo Valente, candidato do PSOL a deputado no DF, divulgou vídeo em defesa da legalização e, vá entender, criticando a “impunidade” da família Perrella, em Minas.

A DUPLA DO QUINTO

A OAB vai comemorar o Quinto Constitucional em 16 de julho, data da Constituição de 1934, que fixou 20% das vagas dos tribunais a advogados e membros do Ministério Público. Não fosse isso, Ricardo Lewandowski não presidiria o STF, nem Francisco Falcão, o STJ.

PENSANDO BEM...

...problemas na voz só aparecem quando Dilma tem comícios marcados com petistas que ela detesta, como Tarso Genro (RS).



PODER SEM PUDOR

PROFISSÃO, GENRO

O governador Plácido Castelo perfilou o secretariado no aeroporto, para saudar o marechal Castello Branco na primeira visita a Fortaleza após o golpe de 64. Castello se impressionou com o jovem chefe da Casa Civil:

- Tenho 21 anos, presidente - disse-lhe o rapaz.

- Você é muito jovem. E a sua profissão? - interessou-se o marechal.

- Jornalista...

- ...muito jovem, muito jovem... - balbuciou o presidente.

- ...e genro, presidente - finalizou o secretário.

Castelo Branco deu uma sonora gargalhada. Estava diante de Dário Macedo, jornalista que depois faria carreira de sucesso em Brasília.

PETROLÃO PARA TODOS

NOSSO HOMEM NO CALIFADO

CONTRA A BURCA MENTAL, AÉCIO 45

O Brasil tornou-se o primeiro e único país do mundo a reconhecer o Estado Islâmico

Você pensa que Dilma Rousseff foi a Nova York gravar filmes de propaganda eleitoral no palco iluminado da Assembleia Geral das Nações Unidas? Talvez fosse esta a intenção exclusiva, mas a viagem presidencial deixou um inesperado rastro de destruição. Em dois dias, o governo provou a tese de que o Brasil não pode almejar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Entre as 2.511 palavras de um discurso provinciano, obviamente revisado por João Santana, não apareceu o termo "terrorismo". Contudo a peça desviou-se do roteiro principal para, mirando a guerra em curso contra o Estado Islâmico (Isis), diagnosticar a inutilidade do "uso da força" e a natureza contraproducente da "intervenção militar". Na entrevista à imprensa internacional, a posição brasileira foi pintada com tintas mais nítidas, o que resultou numa obra quase surrealista.

Dilma condenou diretamente os bombardeios na Síria, divergindo da maioria dos países do Oriente Médio, que participam da operação ou a respaldam politicamente. O tom da condenação ficou vários decibéis acima do utilizado pela Rússia e pelo Irã, que se limitaram a registrar protocolarmente a violação de uma insubstancial "soberania síria". O próprio regime sírio, interessado no enfraquecimento militar do Isis, preferiu mesclar esse registro inevitável com uma declaração de apoio ao "combate contra o terror". É só o conforto gerado pela irrelevância diplomática e pela distância geográfica que propiciou à presidente a chance de exercer o curioso direito à irresponsabilidade.

O Brasil tem razões para introduzir temas que não se inscrevem no discurso de Washington sobre a versão 2.0 da "guerra ao terror", recordando os desvios abomináveis da versão original, de George W. Bush. Há pouco, o conservador britânico Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, sugeriu casualmente descartar a presunção de inocência de qualquer um que viaje à Síria ou ao Iraque sem notificação prévia, transferindo ao "suspeito" o ônus de provar que não participa da rede do terror. Os ecos de Guantánamo e da autorização da tortura devem servir para guarnecer a vulnerável fortaleza das liberdades civis. Dilma, porém, não pronunciou nenhuma palavra sobre os princípios da lei nas democracias, escolhendo a estrada da delinquência diplomática.

Na entrevista, Dilma jogou num saco abrangente coisas tão distintas quanto a invasão do Iraque, em 2003, a operação aérea na Líbia, em 2011, a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em julho, e os bombardeios contra o Isis, para repudiar "o morticínio e a agressão dos dois lados", referindo-se à coalizão liderada pelos EUA (um lado) e ao Isis (outro lado). No jargão diplomático, "dois lados" é a senha para o conflito entre Estados ou, no mínimo, entre forças combatentes legítimas. Por essa via, incidentalmente, e salvo algum desmentido futuro, o Brasil tornou-se o primeiro e único país do mundo a reconhecer o Estado Islâmico. Diante disso, o que é aquele célebre 7 a 1?

"Dois lados." Nessa linha, nossa presidente ofereceu sua alternativa à operação de guerra: "o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU". Como, simultaneamente, pela voz de seu secretário-geral, a ONU solidarizava-se com os bombardeios, Dilma colocou o Brasil em rota de colisão com as Nações Unidas.

A ideia de "diálogo" com o Isis, formulada quando os terroristas decepavam mais uma cabeça, talvez agrade ao antiamericanismo primitivo que hipnotiza as correntes mais anacrônicas da esquerda brasileira, mas não protegerá os curdos, as minorias religiosas e as mulheres ao alcance da fúria jihadista. Entretanto o governo brasileiro obrigou-se moralmente a levá-la adiante --e, parece-me, temos em Marco Aurélio Garcia a figura ideal para cumprir a missão de plenipotenciário de paz em Mossul (Iraque) ou Raqqa (Síria), as sedes do califado.

PROFESSORES, DE HERÓIS A COITADINHOS

CONTRA A VAGABUNDAGEM SINDICAL, VOTO AÉCIO 45


A educação só não é boa porque o governo não lhes paga mais, não dá recursos para a área. Pelo menos é o que dizem as pesquisas eleitorais



Pesquisas podem ser muito úteis para estimular essa esquecida arte do debate que, quando bem intencionado, leva a avanços na sociedade. Recente enquete elaborada para um dos candidatos à Presidência da República revela informações inestimáveis sobre a percepção dos brasileiros a respeito de questões que os preocupam.

O cidadão-eleitor tem muitas prioridades no seu cotidiano. Dentre as várias premências que o afligem, destacam-se preocupações com (in)segurança, (i)mobilidade urbana, acesso à saúde, medo de desemprego e inflação. Justiça nem entra na lista — é artigo de luxo. O interessante é que educação não está no topo dessas prioridades. Nem o fato de haver mais de um milhão de vagas disponíveis para empregos qualificados sugere que há algo profundamente errado com a educação brasileira. Será que a árvore está impedindo de se ver a floresta?

Há outras curiosidades, ao aprofundarmos a leitura da mencionada pesquisa. A percepção da população sobre os profissionais de diferentes áreas é uma delas. Vejamos o caso da saúde: a população consultada está revoltada com o mau atendimento dos médicos — e não apenas com a falta de atendimento ou a fila de espera para marcar consultas.

Talvez porque tenham salários acima da média, médicos são percebidos como pessoas rudes, pouco atenciosas e que atendem mal. No caso da segurança, os policiais encarnam o papel de violentos e são considerados pouco confiáveis.

E como ficam os professores? Que imagem se tem deles? Aqui afloram percepções curiosas. Os professores são considerados vítimas, uns coitadinhos. A educação só não é boa porque o governo não lhes paga mais, não dá recursos para a área. Pelo menos é o que dizem as pesquisas eleitorais. Engraçado o nosso povo. Seria natural esperar sentimento comum em relação a servidores públicos, que nunca foram reconhecidos por sua amabilidade e atenção com o público. Mas não é o que ocorre.

Antes, professores eram heróis, dedicados, magistério era vocação. Aos poucos, foram se tornando vítimas. Como? O primeiro passo foi dado pelos próprios sindicatos dos professores. Enquanto na área de saúde o termo “profissional da saúde” é sinônimo de valorização da profissão, na educação as corporações e sindicatos usam outra lógica e reconhecem seu pessoal como “trabalhadores”. De heróis passaram a vítimas, pois no discurso da sociedade de classes a palavra “trabalhador” no geral é usada no contexto de “explorado” pelo patrão. Daí foi um pulo para serem considerados os coitadinhos.

Professores não são coitadinhos nem vítimas. A esmagadora maioria é gente trabalhadora e dedicada. Os professores se orgulham da profissão que escolheram, embora nem sempre estejam preparados de forma adequada para um exercício profissional de alto nível. Reduzir professores à condição de coitadinhos não ajuda a promover a educação. O que temos de fazer é resgatar o debate educacional das garras do corporativismo. A campanha eleitoral é um bom momento para isso.

Qualquer reforma educacional profunda — e o Brasil ainda não começou a sua — só começa quando um país estabelece políticas capazes de atrair e manter pessoas altamente qualificadas no magistério. É preciso que o eleitor preste atenção nas propostas dos três candidatos mais bem posicionados, identificando quem promove o discurso do coitadinho e quem se mobiliza para oferecer uma nova carreira à nova geração de professores. Isso é o que garantirá o início de uma profunda reforma na educação brasileira.

A GRANDE TOLERÂNCIA - DA INFLAÇÃO AO TERRORISMO

VOTE AÉCIO 45

Tolerância é a grande marca da candidata Dilma Rousseff: tolerância à inflação, ao desarranjo das contas públicas, à estagnação da economia brasileira, aos desaforos dos parceiros bolivarianos e pro-bolivarianos e, é claro, ao terrorismo internacional. Depois do humilhante desempenho de sua chefe em Nova York, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo tentou limpar o vexame. Não houve sugestão, segundo ele, de diálogo com o Estado Islâmico.

De acordo com o ministro, a presidente propôs diálogo "no âmbito da comunidade internacional" para solução dos problemas da Síria e do Iraque. O esforço do diplomata foi inútil. Não havia como desmentir o óbvio. Depois de lamentar "enormemente" os bombardeios, a presidente recomendou a busca do entendimento entre os "dois lados".
Talvez por falha de comunicação, ou por diferença de fuso horário, um dos "lados" estava ocupado em cortar a cabeça de mais um refém. O decapitado foi um francês, porque o destinatário principal da mensagem, nesse caso, era a França. O presidente François Hollande talvez devesse ter dialogado. Mas dialogar, nesse caso, significaria obedecer.

As demais tolerâncias da presidente Dilma Rousseff, a começar pela tolerância aos próprios erros, também foram expostas em sua passagem pelos Estados Unidos. Apresentando-se como chefe de Estado e de governo, mas agindo principalmente como candidata, ela aproveitou seu discurso na ONU e o contato com a imprensa para alardear os feitos da administração petista e condenar qualquer ensaio de seriedade no combate à inflação e a outros problemas, nunca plenamente reconhecidos, da economia brasileira.

Nova York foi apenas um palanque especial para a campanha. Lá, como no Brasil, a candidata continuou falando sobre a inflação como se a variação dos preços nunca tivesse ficado acima da meta, isto é, acima de 4,5%, e a gestão das contas públicas fosse a mais prudente e austera.

Na mesma semana foi anunciado o uso de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano para fechar as contas de 2014. A ideia foi logo defendida pela candidata, mas criticada até por funcionários da equipe econômica.
O uso desse dinheiro, argumentam esses críticos, envolverá a venda - com a consequente desvalorização - de grande volume de ações do Banco do Brasil. Mas essa discussão só ocorre porque faltou no governo o debate, muito mais importante, sobre como cuidar direito das contas públicas.

A arrecadação de agosto, embora anabolizada com R$ 7,13 bilhões do Refis - o programa de refinanciamento de dívidas tributárias - foi insuficiente para mudar o panorama fiscal. A arrecadação de janeiro a agosto, R$ 771,79 bilhões, foi apenas 0,64% maior que a de igual período de 2013, descontada a inflação.

Há alguns meses o pessoal da Receita ainda projetava um crescimento real de 3% neste ano.
Agora se estima 1% e esse resultado ainda vai depender de mais anabolizantes, como novos pagamentos do Refis, dividendos, bônus de concessões e até o dinheiro do Fundo Soberano.

O fiasco da arrecadação é explicável em boa parte pelo baixo nível de atividade econômica. Ao divulgar os valores acumulados em oito meses, o pessoal da Receita chamou a atenção, em seu relatório, para alguns dos "principais fatores".

De janeiro a agosto a produção industrial foi 2,7% menor que a de um ano antes. As vendas de bens e serviços, no varejo, 0,09% inferiores. O valor das importações, em dólares, 1,2% mais baixo que o dos mesmos oito meses de 2013.

Sem poder negar esses e outros números muito ruins, a presidente Dilma Rousseff e seus ministros atribuem a paradeira econômica do Brasil à situação internacional. Em outras palavras, os problemas vêm de fora, porque o governo cuida muito bem da economia nacional. Mas também essa conversa é desmentida seguidamente pelos fatos.

A economia americana cresceu no segundo trimestre em ritmo equivalente a 4,6% ao ano. Além disso, o produto interno bruto (PIB) do período de abril a junho foi 2,9% maior que do mesmo trimestre do ano anterior. As economias peruana, colombiana e chilena continuam com desempenho muito melhor que o da brasileira, apesar de alguma desaceleração - e todas com inflação muito menor. Nem é preciso citar os casos da China e de outras potências da Ásia.

Nem o governo federal projeta para este ano um crescimento econômico acima de 0,9%. Esse número foi divulgado há poucos dias pelo Ministério do Planejamento, juntamente com a revisão de receitas e despesas orçamentárias do quarto bimestre. No mercado, a projeção do aumento do PIB já havia caído para 0,3%.

A inflação, depois de hibernar por alguns meses, saiu novamente da toca. Na sexta-feira o IBGE divulgou sua nova pesquisa do Índice de Preços ao Produtor (IPP). O aumento, em agosto, foi de 0,48%.

Foi a primeira alta desde fevereiro. A elevação acumulada em 12 meses é pequena, 2,5%, mas a aceleração é clara e já havia sido indicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em sua coleta dos preços por atacado. A reação dos preços ao consumidor também é evidente.
Nas quatro últimas coletas, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), também da FGV, passou por 0,12% em 31 de agosto e 0,21%, 0,39% e 0,43% nas pesquisas seguintes. Os números são atualizados semanalmente, mas sempre com base num período equivalente a um mês. O IPCA-15, prévia do índice oficial produzido pelo IBGE, bateu em 0,39% no período encerrado no meio de setembro. Em 12 meses a alta acumulada chegou a 6,62%.

A candidata continua recusando, no entanto, qualquer ação séria para conter a alta de preços. Ações sérias poderiam incluir uma administração melhor das contas públicas, com menor gastança e menor distribuição de benefícios fiscais e subsídios.

Em caso de necessidade, o Banco Central poderia elevar os juros básicos, mantidos em 11%. A presidente rotula essas políticas como recessivas. É uma fala surrealista, num cenário de estagnação com inflação. Mas há quem pareça acreditar.