"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O GOLPE RETÓRICO

Se alguém pode derrubar a presidente Dilma Rousseff neste momento é o poder judiciário. São as instituições republicanas – não a oposição – que investigam se o PT, mais uma vez, desviou dinheiro público para fraudar o processo político e assim continuar no poder.

Se a continuidade do mandato presidencial está ameaçada, o golpe é urdido pela Constituição Federal. Ela fixou os limites da moralidade pública e da boa conduta administrativa que a presidente não respeitou. O crime de responsabilidade, aliás, parece feito sob medida para Dilma.

Como no Mensalão, quando o PT teve de criar a tese do ‘julgamento político’ para tentar desviar o foco do banditismo provado nas altas esferas de poder, a tese do golpe agora é a vacina retórica contra o peso da lei – que, a julgar pelos destemperos de Dilma Rousseff, está a caminho.

O contorcionismo retórico segundo o qual lobos malvados rondam o Estado de Direito é mais uma das lorotas que Dilma se habituou a contar aos brasileiros. Atribuir à oposição, às “elites” ou à “imprensa golpista” as pendências do PT com a Justiça e com os códigos criminais não vai funcionar.

Primeiro, porque pressupõe que as pessoas sejam burras e gostem de ser enganadas – a aprovação de Dilma fala por si. Segundo, pois depende da leniência das instituições. A Lava Jato mostra que este tempo já passou. Além do mais, o PT não é primário quando o assunto é fraude contra a democracia.

O ministro da Justiça foi na base do ‘se colar, colou’: “É de um profundo despudor democrático (…) O desejo de golpe sob o manto da aparente legalidade é algo reprovável do ponto de vista jurídico e ético”. Ele falava das doações ‘legais’ a partir de desvios na Petrobras? Ou das fraudes contábeis no ano eleitoral?

A escalada retórica, como se vê, tenta construir um discurso de vitimização que se antecipa ao veredito das instituições. Por que Dilma e o PT desconfiam das instituições, depois de tanto usá-las como exemplos de solidez e de independência na campanha eleitoral? Porque a história deles não fecha.

Dilma e o PT querem que os brasileiros acreditem que a leniência com a corrupção – e as vantagens políticas ali obtidas – se justificam pela luta de classes. O problema nesta fábula de Robin Hood 2.0 é que os supostos benfeitores dos pobres roubam do Estado para dar a eles mesmos. Para os pobres restam às contas a pagar pelos malfeitos, como a de luz. A história não fecha. Não adianta jogar purpurina.

O esvaziamento da presidente e o irrefreável avanço das investigações mostram que a narrativa do Planalto para a crise tem tudo para dar errado. Como disse o ex-ministro Carlos Ayres Britto, tudo se dá dentro da mais natural constitucionalidade. O único golpe aqui é o retórico, como o do tiro contra a inflação, estilo Collor. Melhor seria Dilma guardar o chororô e o ranger de dentes para quando a Justiça se manifestar.


08 de julho de 2015
José Anibal

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 08/07
08 de julho de 2015

INDÍCIOS DE CRIME NA VIAGEM PRESIDENCIAL AOS EUA

O artigo que segue tem como objetivo ampliar a discussão do anterior, que levou o título “CARNE DE MUSEU”, escrito nos primeiros dias desse mês de julho.

Por razões inúmeras, a recente “excursão” da comitiva presidencial aos Estados Unidos mereceria no mínimo uma investigação da Polícia e Ministério Público Federais, para ulterior exame pelo Supremo Tribunal Federal. 
 Os indícios de LOBBY, TRÁFICO DE INFLUÊNCIA ou CORRUPÇÃO são fortes.

Basta ter alguma capacidade de interpretação para concluir que as informações fornecidas pelo Governo sobre esse episódio não são suficientes para afastar a hipótese de crime por trás desse voo presidencial aos Estados Unidos, eventualmente em conluio com autoridades americanas, não se podendo precisar, entretanto, até que ponto envolvendo o comando maior da “White House” .

É realmente impossível supor que tenha havido mera “coincidência” entre o dia em que foi anunciado no “diário oficial” americano a abertura daquele rico mercado para exportação de carne bovina brasileira, e a presença da Presidenta do Brasil em solo americano, após 15 anos de difíceis estudos e negociações. Sem dúvida foi uma peça de “teatrinho” bem montada. Mas a “armação” da notícia ficou evidenciada.


Sabe-se que a maldita corrupção não tem fronteiras. Ela é praticada em todos os povos. Nuns mais, noutros menos. Nisso, o Brasil é “privilegiado”. Tem medalha de ouro. Dita “cátedra” no mundo nessa especialidade. Exporta essa “sabedoria”,como nenhum outro pais. Tem“superávit” nesse comércio internacional.

Os crimes do Governo Federal que desde logo podem ser provados nessa festejada viagem presidencial aos “States” são, em primeiro lugar, os crimes morais contra o seu povo, apesar de não tipificados como crimes “legais” no ordenamento jurídico brasileiro. Seu fundo moral está em tirar a carne bovina da mesa do trabalhador brasileiro para colocá-la na mesa do trabalhador americano, com melhor poder aquisitivo.

Mas também estão presentes indícios de crimes previstos no Código Penal. As fronteiras entre o “lobby” - que em si mesmo não é crime - o tráfego de influência e a prática da corrupção, que são delitos tipificados , são bastante tênues.

Os que não têm foro privilegiado e estão sujeitos a responder por crimes ante o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, cujo titular é Sérgio Moro, magistrado competente para julgar os processos oriundos da “Lava Jato”, estão em permanente estado de pavor frente a possibilidade de serem conduzidos ou presos a qualquer momento por alguma determinação daquele Juízo.

Uns já impetraram até habeas corpus preventivo temendo uma decisão desse tipo. Outros estão escondidos debaixo da cama ou sentados no vaso sanitário com alguma indisposição duradoura. Grande parte dos que respondem ,como réus ,no referido processo ,estão sob suspeita da prática de corrupção ou tráfico de influência, nas relações que tiveram entre as empreiteiras e agentes governamentais.

Até mesmo o Sr. Lula da Silva, ex-Presidente da República, anda apavorado com essa possibilidade,uma vez que, ao deixar a presidência, perdeu o direito ao foro privilegiado que tinha (STF), com isso não tendo mais a chance de ser julgado e mesmo favorecido por esse tribunal absolutamente comprometido com os grandes interesses do PT, que nomeou a maioria dos membros do Supremo durante esses doze últimos anos.

Mas infelizmente os acontecimentos estão demonstrando que a Justiça só funciona no juízo singular. Deixa a desejar nos tribunais, especialmente superiores. Quase todos os suspeitos, apontados na Operação Lava Jato, estão sendo convidados, paulatinamente, de uma ou outra forma, a ficarem na sala de “espera” do Juiz Moro, aguardando os acontecimentos.

Mas a competência desse juízo é limitada, infelizmente, a processar e julgar somente os envolvidos na Lava Jato que não têm o chamado “foro privilegiado”, como os dirigentes e representantes das empreiteiras e ex-autoridades do Poder Público que tinham esse privilégio e que o perderam pelo término do mandato.

Mas os que têm foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal andam voando por aí fazendo o mesmo que fizeram aqueles que foram “pegos” pelo Juiz Sérgio Moro. E nada lhes acontece. O escândalo de cada dia é abafado pelo escândalo do dia seguinte. Os jornais não têm mais espaço para noticiar tanta falcatrua pública.

Isso significa que a Polícia e o Ministério Público Federais, bem como o Supremo Tribunal Federal, são muito mais tolerantes quando as coisas acontecem “lá-em-cima”. Parece até que a lei não se aplica aos “grandes”, que são poupados. Mas a lei não deve ser igual para todos?

O cenário que montaram para a visita oficial da Presidenta Dilma aos Estados Unidos, de 27 de junho a 1 de julho,alegando que seria para (1) “retomar o diálogo entre os 2 governos” ; (2) ”discussão do Plano de Investimento e Logística, concessão de aeroportos, portos, rodovias e ferrovias”; (3) “Visita Oficial à Casa Branca” : (4) “Promessa de ‘zerar’ o desmatamento no Brasil até 2030”; (5) “Reunião com empresários do setor aeroespacial” ; (6) “Visita ao complexo Google e ao Centro de Pesquisas da NASA”, sem dúvida é conversa para “enganar bobo”. 
 Nada existe de concreto. É quase tudo como uma conversa de bêbado. Não leva a lugar algum.

A promessa de “zerar”o desmatamento brasileiro até o ano de 2030, por exemplo, parece até piada. Mas é a única promessa que efetivamente poderá ser cumprida. E o será ao natural. No ritmo em que o desmatamento está acontecendo, quando chegarmos em 2030 (o PT pensa em ficar até lá?), é evidente que não haverá mais desmatamento. Mas simplesmente porque não terá mais nenhuma árvore a desmatar. Tudo já terá sido derrubado.

Outro item da agenda presidencial que merece alguma crítica é o convite feito aos “gringos” no Plano de Investimento e Logística . Se o Governo FHC vendeu quase todo o patrimônio público com subavaliação, o Governo do PT agora vai vender os preciosos “direitos” da União, como as concessões, certamente também a preço de “banana”. Com isso, paulatinamente, o Brasil vai sendo devolvido ao poder econômico e político estrangeiro.

Também não trará nenhum proveito ao Brasil a visita da Presidenta ao parque infantil da Google, na Califórnia, onde brincou de carrinho sem motorista.

Tudo leva a crer que o efetivo interesse do Governo nessa visita foi praticar “lobby”, tráfico de influência, ou corrupção. Melhor explicado: referente à carne bovina brasileira pertencente aos seus protegidos,“reis das carnes”, especialmente a JBS-Friboi.

A pergunta que não quer calar e deverá ser respondida pelas autoridades competentes é se pode a Presidenta da República proceder dessa forma sem sofrer as mesmas consequências daqueles que estão envolvidos com a Operação Lava Jato. Sem dúvida, no mínimo essas questões deveriam ser investigadas e respondidas pelas autoridades responsáveis.

Afinal quem paga, com seus impostos, toda essa luxúria e desperdício palaciano , tem o direito de saber de que forma é gasto o seu dinheiro.


08 de julho de 2015
Sérgio Alves de Oliveira

ASSESSORIA DA CNBB DEFENDE OS RÉUS DA LAVA JATO E PETROLÃO

Após quase um ano de abençoado silêncio, rompendo longa tradição de frequentes edições trimestrais ou quadrimestrais, a assessoria da CNBB emitiu nova Análise de Conjuntura. Eu estava convencido de que a cúpula da entidade houvesse apontado a porta da rua à equipe, após a produção do texto relativo a agosto de 2014. 
Naquele documento, em incisiva defesa da candidatura presidencial governista, os redatores se enredaram em previsões sobre a realidade nacional que conseguiram ser tão falsas e enganosas quanto as da candidata petista. 
Para os assessores da Conferência, naqueles dias, a única coisa que fazia mal ao Brasil era o sombrio discurso da oposição e as previsões de um certo ente maligno, filho do demônio com a Madame Mim, que atende pelo nome de mercado.

Pois eis que as análises de conjuntura renascem das lixeiras. Foram, ao menos recicladas? Não. Vêm no mesmo tom de sempre, classificando como retrógrado tudo que significa progresso e de progressista todo retrocesso. 
Num ponto discordam do governo, mas não das posições históricas do petismo: colocam-se contra a responsabilidade fiscal e as medidas tomadas para reduzir o gasto do Estado. Querem jantar num Brasil à grega!

Afirmam haver no país um ambiente hostil aos direitos humanos. Esquecem, como tantos falsos defensores desses direitos, que os direitos humanos fundamentais - vida, liberdade e propriedade - são os mais furiosamente atacados por aqueles a quem defendem, homicidas, estupradores, sequestradores e assaltantes, de todo tipo e idade, de cujas vítimas não se ocupam. 
Sustentam que o desemprego cresce por conta de uma perversidade inerente à natureza do empreendedorismo e do capital privados, e não pelo desastre econômico e fiscal em que o governo, irresponsavelmente, lançou o país.

Acima e além de tudo isso, o que mais impressiona no texto, elaborado para iluminar o discernimento dos senhores bispos, é a contradição entre uma breve condenação à corrupção, com louvores ao jornalismo investigativo e o que vem depois: obcecada defesa dos réus e investigados nos processos do petrolão e da operação Lava Jato. 
Nisso, superam o próprio PT! Condenam o que chamam "politização do judiciário" e criticam a "condenação midiática". 
Falam em agressão aos princípios da "presunção de inocência" e do "devido processo legal". Renegam o instituto da delação premiada (objeto de "pressão sobre acusados") e falam em "rito sumário de condenação". 
Proclamam estar em curso uma ruptura de princípios jurídicos fundamentais. Só faltou dizerem que o juiz Sérgio Moro é que deveria estar preso. 
E arrematam: "Tais práticas, realizadas com os holofotes da grande mídia brasileira, transformam réus confessos em heróis". Inacreditável, leitor? Está tudo aqui.

Quem são os autores dessa extraordinária peça? São quatro padres e quatro leigos. Dos primeiros nada sei exceto aquilo que assinaram. Dois dos leigos são membros da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, e quem é do ramo sabe, portanto, em que time jogam. 

Dos outros dois, um foi braço direito de Gilberto Carvalho na Secretaria de Articulação Social da Presidência da República e o outro foi candidato a deputado federal pelo PT do Distrito Federal em 2010. Assim está e permanece a CNBB, com concordância de muitos, leniência de outros tantos e discordância de poucos senhores bispos, tomada por dentro e por fora, para tristeza e constrangimento do mundo católico brasileiro.

08 de julho de 2015
Percival Puggina

O QUE MAIS ASSOMBRA LULA E O PT

Assim é se lhe parece: a presidente Dilma Rousseff fez bem em rodar a baiana na entrevista que concedeu à Folha de S. Paulo. Cada vez mais isolada, inclusive pelo seu próprio partido, o PT, ela saiu em defesa dela mesma e do seu governo.

Excedeu-se? É possível. Mas é difícil não se exceder quando o que está em causa é a reputação. E também o futuro. Dilma não suporta mais conviver com a suspeita de que roubou ou de que foi conivente com o roubo, seja nos governos Lula ou nos seus.

Quando é de honra que se trata, como alguém que se sente injustiçada pode reagir com calma ou frieza? Se ela não viesse a público dizer que terminará seu mandato, pareceria acuada. Ou então resignada com as ameaças que pesam sobre ela.

Ou então assim é se lhe parece: a presidente Dilma Rousseff deu um tiro no pé ao dizer o que disse em entrevista à Folha de S. Paulo. O impeachment dela era uma ideia estacionada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, tendo de um lado o Congresso e do outro a estátua da Justiça.

Pois bem: Dilma convidou a ideia do impeachment para subir a rampa do Palácio do Planalto e bater à porta do seu gabinete de trabalho no terceiro andar. O impeachment passou a fazer parte da pauta presidencial, do mobiliário presidencial. Não importa que ela o tenha descartado. E daí?

Dilma quer ganhar a discussão na base do grito. Não haverá impeachment porque ela não quer! Que tentem para ver! Pura conversa. Ou arrogância pura. O impeachment depende dos Poderes Judiciário e Legislativo. Dilma tem como se defender dele. Como impedi-lo, não tem.

Assim é como me parece: antes da entrevista de Dilma, o impeachment parecia algo ao alcance da mão. Parecia, embora não fosse. Depois da entrevista, parece ter ficado mais distante. Mas só parece. Fora Dilma, quem se revela disposta a defendê-la e ao seu governo? Quem a apoia?

O distinto público, não. O Chile está traumatizado com a queda da aprovação de sua presidente para apenas 27%. Dilma é aprovada por 9% dos brasileiros. A crise econômica se agrava e está destinada a durar mais do que se esperava. A base de apoio a Dilma no Congresso esfarelou-se.

Mesmo que não seja derrubada, Dilma tem tudo para terminar o seu segundo mandato como o presidente pior avaliado da História do país. Se for assim, o PT dará adeus ao poder e Lula ao sonho de voltar a ser presidente. Para o PT e para Lula, isso é pior do que o impeachment.

08 de julho de 2015
Ricardo Noblat

ERA DOCE E SE ACABOU

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já não é mais o mesmo. Pouco parece ter sobrado do hábil hipnotizador de platéias. Na sexta-feira, durante a 5ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros, nem o macacão laranja – figurino que já usara em 2006 para anunciar, de mãos sujas de óleo, a autossuficiência de petróleo que nunca veio – conseguiu salvá-lo.

Reuniu pouco mais de uma centena para ouvi-lo mandar a sua pupila Dilma Rousseff ir para as ruas, enquanto ele só tem falado sob a proteção de quatro paredes. E entre amigos. Desta vez, no auditório da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, em Guararema (SP).
Como de costume, o objetivo era colocar-se como vítima e defensor exclusivo da Petrobras, da qual o seu governo e o de sua afilhada fizeram gato e sapato.
“Se quiserem um brasileiro que tem orgulho da Petrobrás, eu estou aqui.”
Se caráter tivesse, se diria envergonhado. Pediria desculpas.

Empresa que já ocupou o oitavo lugar entre as maiores do mundo, a Petrobrás viu seu valor e sua credibilidade despencarem nos quatro últimos anos. No ranking da revista Forbes divulgado em maio, caiu da 30ª para a 416ª posição. Postergado por meses, o balanço auditado da companhia apresentou prejuízo de quase R$ 22 bilhões em 2014, o maior de uma empresa brasileira de capital aberto desde 1986. 
 E, confessamente, escrito lá no balanço, mais de R$ 6 bilhões foram perdidos para a ladroagem, cifra que a Polícia Federal considera timidíssima. A PF calcula, por baixo, que a corrupção comeu R$ 19 bilhões da estatal. Um rapa sem igual.

Não foram poucas as histórias da carochinha contadas pelo ex-líder das ruas.
Falou do mau humor que domina o noticiário, protestou quanto ao tratamento que recebe e, sem indicar os protagonistas, reclamou do que diz ser vazamento seletivo da Lava-Jato, rebatendo na tecla de que querem acabar com o PT.

Perdoou a Dilma que ele disse ter mentido ao Brasil durante a campanha eleitoral, rogando a Deus para que ela não perca a tranquilidade.

Insistiu na ladainha de que o cenário internacional é responsável pela crise brasileira e escancarou um pecado desconhecido por seus torcedores: a fórmula utilitária com que sempre tratou a massa que até há pouco tempo ele inebriava. “Nas horas mais difíceis, não tem outra alternativa a não ser encostar a cabeça no ombro do povo e conversar com ele”, ensinou. Uma lógica que não deixa dúvidas quanto aos momentos em que para ele o povo importa.

Lula é guloso. Saboreia o poder com prazer infinito. Lambuzou-se o quanto pode. Mas é também um sobrevivente. Sempre soube se reinventar.

Como presidente da República, pediu perdão aos brasileiros pelo mensalão. Ao deixar o cargo, negou a existência do que até a Lava-Jato era tido como o maior escândalo do país, afirmando que até o resto de seus dias brigaria para provar que tudo não passara de armação. Impingiu a neófita Dilma e foi vitorioso. Fala mal dela, puxa-lhe o tapete para afagá-la no dia seguinte.

Joga todos – o PT, Dilma e ele próprio – nas profundezas do volume morto, para tentar sair de mãos limpas.

Tenta imaginar-se como uma fênix, capaz de renascer das cinzas. Mas até Lula parece saber: seu encanto se quebrou.



08 de julho de 2015
Mary Zaidan

E MANDIOCALMENTE FALANDO...

Depois da inesquecível conquista da mandioca, resta-nos entender a causa desse “tendepá” armado sobre a maioridade. De repente, todo mundo discute se a maioridade deve ou não ser abaixo dos 18 anos. Eu penso em 14 anos, acima disso pena diferenciada até 18 anos, depois, pena comum. Mas é caso de solução médica, assunto para a psiquiatria e até para a sociologia.

O tema está sendo tratado de forma tão exacerbada que até parece ser nossa necessidade prioritária ou o único problema que temos para solucionar. Está na moda classificar o crime pelo seu grau de hediondez. Tudo agora é hediondo, tudo é homofóbico e tudo pode ser qualquer coisa... Tenho medo desse “tendepá”, porque, parece, quanto menos entendida a situação, maior tensão. A hediondez de um crime se mostra por si só e não carece de tipificação. Mas, como todo modismo, isso deve passar junto com a roubalheira de que o país é vítima.

A natureza é sempre mais sábia que o homem (estou falando em espécie, viu Dona Dilma?). Tanto é assim que o fazendeiro aparta o bezerro da vaca geralmente aos nove meses, se a criação é extensiva. E por que esse tempo? Por vários motivos: para não sacrificar as vacas e para que eles, os bezerros, não cubram as fêmeas nem fiquem subindo nas novilhas.

“Mutatis mutandis”, se nós tomássemos a natureza como base, para codificar nossos costumes, a idade seria medida pela capacidade do “galalau” de enxertar a fêmea. E quem deveria avaliar essa capacidade? O médico ou o delegado? Claro que o médico, por meio de exames clínicos e laboratoriais. Em alguns lugares funciona assim. Por exemplo, nos Estados Unidos, em alguns dos seus Estados.

Ainda há pouco, lia nos jornais uma declaração do ministro da Justiça, que disse a seguinte bobagem: “Posso dizer que, se alguém sair vitorioso da não redução da maioridade penal, é a sociedade brasileira”. Para o ministro, insistir na proposta “é um erro profundo, um passo gravíssimo”. Cardoso voltou a destacar que há um déficit de mais de 220 mil vagas no sistema prisional brasileiro. Esse argumento eu já tinha ouvido e lido, saído das bocas dessas “otoridades” que se acham divinizadas, como o ex-Luiz, o exemplo maior.

Ministro, o senhor está falando uma grande bobagem... Quer dizer que, se for reduzida a maioridade, não haverá cadeia para prender todo mundo que delinque? Pois bem, esse argumento do ilustre ministro, que também é utilizado pelo governo do PT, permite que se conclua que o problema da superpopulação carcerária seria resolvido de forma simples: bastaria aumentar a maioridade para 25 ou 30 anos... Assim, iriam sobrar vagas nas atuais penitenciárias do país... Taí: com essa solução, o ministro merece o Nobel do nonsense. Isso me faz lembrar que estou vivo porque não morri...

Ministro, imite Dona Dilma, inventora do “Pátria Educadora” e do “Minha Casa, Minha Vida”. Que tal criar o “penitenciária minha pena”? Mas ande rápido, a operação Lava Jato está chegando ao fim...


08 de julho de 2015
Sylo Costa

PILATOS NO CREDO

Seria ótimo tanto para a presidente Dilma Rousseff quanto para o PSDB se as agruras do governo fossem realmente oriundas de ações da oposição oficial e partidariamente constituída.

Isso significaria que os tucanos estariam no exercício pleno da liderança política, convencendo as massas a se voltar injustamente contra um governo que, além de competente, cumpriria o prestimoso papel de zelar pelo dinheiro público e pelas melhores normas de conduta na administração do aparelho de Estado.

Conforme é de conhecimento da torcida da seleção brasileira de futebol, nada disso ocorre. O PSDB mal pode consigo; não se entende com as próprias ideias (vide a defesa do fim da reeleição) e visto de perto fica cada dia mais parecido com o PMDB (no mau sentido). Já o governo é a balbúrdia que se vê, aliás, muito bem traduzida em certos raciocínios desenvolvidos pela mulher sapiens que preside nossa República.

Crise para todos os lados, nenhuma delas obra da oposição, excluída aquela residente nos domínios ditos governistas. Dilma Rousseff acusa seus oponentes partidários de provocarem todo esse clima adverso porque evidentemente não pode acusar a si nem a seus correligionários.

Muito menos está em condições de responsabilizar a sociedade, esta sim a real fonte de rejeição à presidente e companhia. Tão afeita aos números, ela dispõe dos 9% de aprovação apurados na última pesquisa do Ibope para que não se deixe enganar. Está bastante bem informada a respeito, apenas não lhe convém discorrer sobre causas e efeitos sob a ótica dos fatos verdadeiros. Neles, a oposição entra na história como Pilatos no Credo.

Nenhum oposicionista, dos oficiais, teve o poder de síntese do ex-presidente Luiz Inácio da Silva ao praticamente criar um slogan para o momento que vivem o governo e o PT. Em duas palavras, volume morto, Lula disse tudo e mais um pouco. A confusão nas contas públicas não foi obra da oposição que tampouco pode ser responsabilizada pelas mentiras contadas durante a campanha eleitoral nem por aquelas tentativas de fazer o partido das raposas (PMDB) de bobinho.

De onde concluímos, por óbvio, que quem alimenta a crise é o governo. Agora mesmo, quando o PSDB faz da questão do impeachment o principal tema de um congresso sem assunto relevante e no dia seguinte a presidente convoca uma reunião para discutir tal hipótese, o Planalto abana o fogo do clima quente.

Mesmo negando, o fato de a presidente dizer que defenderá seu mandato com “unhas e dentes” incorpora a agenda dos opositores que não é outra senão a de aprofundar o desgaste político. Um governante obrigado a declarar que não vai “cair” é um governante fragilizado, pois não?

O político sólido ignora o bombardeio quando não há motivação objetiva para a derrubada. Hoje não já para a interrupção do mandato da presidente. Existe um clima de insatisfação. Isso é uma coisa. Outra coisa muito diferente é o impedimento legal de um governante. E por mais que haja uma grita isso não basta. Não se depõe ninguém no grito.
Ou surgem condições objetivas para a mudança da regra na forma da Constituição ou, em outros termos, não há acordo com a democracia.

Quem sabe, sabe. Talhado para ser personagem de ponta na articulação política do segundo mandato da presidente Dilma, o homem que reformularia a composição da coalizão partidária, o ex-prefeito de São Paulo e ministro das Cidades, Gilberto Kassab, sumiu de cena.

Por sabedoria de que há a hora de falar e, sobretudo, hora de calar. Momento de avançar e a circunstância de recuar. Para não se queimar. 

08 de julho de 2015
Dora Kramer

É MOLE?

É inacreditável, do ponto de vista político, de marketing e até de resultados, que o governo admita um “clima de impeachment” e a presidente Dilma Rousseff saia por aí dizendo que “não vai cair”, “vai lutar com unhas e dentes pelo mandato” e toda essa imensa crise “é moleza, é luta política”. Na sociedade, universo em que Dilma tem míseros 9% de aprovação, isso soa assim: Ih! A presidente está caindo!

Além de temerárias, as falas de Dilma têm um certo tom de deboche totalmente inadequado. Afinal, não é por causa do PSDB, nem da mídia, nem “dazelite” que Dilma está acossada, simultaneamente, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, pelo Congresso, pelo PMDB, pelo PT e pelo próprio patrono Lula. Sem falar na economia, que continua indo para o buraco, arrastando junto emprego, renda e o que resta de confiança em Dilma. Tudo isso é “moleza”? Só “luta política”?

No PSDB, há intensas discussões e nenhuma conclusão sobre o que fazer. Com três candidatos potenciais, há três estratégias diferentes – e conflitantes. 
Elas se neutralizam, enquanto proliferam versões. Aécio Neves seria o nome do PSDB, Geraldo Alckmin estaria se articulando com o PSB (que ficou sem pai, Eduardo Campos, nem mãe, Marina Silva) e José Serra, com o PMDB (que não quer mais ouvir falar de PT). Em vez de aliados contra Dilma, os principais tucanos são adversários entre si.

Aécio tem vários trunfos: a presidência do partido, o fato de ter sido o único candidato a unir os tucanos, o “recall” de eleições ainda frescas e, principalmente, a liderança nas pesquisas, à frente até do antes imbatível Lula. Como tem dito Aécio, o melhor horizonte é Dilma fraca, perdida, até concluir o mandato. Mas, se Dilma cair por força do TSE, ele pode ser o beneficiário direto e imediato.

Alckmin tem o governo mais rico e de maior visibilidade do País, o de São Paulo, Estado que é o epicentro da oposição a Dilma, a Lula e ao PT e onde está a maior força do PSDB. Ele despiu a fantasia de “picolé de chuchu” no ataque ao governo na convenção de domingo, numa disputa de liderança, não uma efetiva pressão pela queda de Dilma. O que Alckmin ganharia com a abreviação do mandato dela? Nada.

Serra, recolocado na lista pelas circunstâncias políticas e econômicas, consolida suas pontes com PMDB e também com PSD, PTB, PPS e DEM, sem deixar de cultivar interlocutores no próprio PT. 
Nenhum desses morre de amores por Aécio, mas todos têm abertura, em menor ou maior grau, para Serra, que assumiu a dianteira da pauta parlamentar. É autor de projetos de mudança no sistema de partilha na exploração do pré-sal; de ampliação da PEC da Bengala para todo o funcionalismo; e de flexibilização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como contraponto à redução da idade penal.

Ele está muito atrás de Aécio e Alckmin no PSDB, mas pode virar o jogo com o PMDB e tem duas alternativas: uma já, outra em 2018. 
Se for o TCU a empurrar Dilma para crime de responsabilidade, Serra poderá ser um dos avalistas da transição a la Itamar Franco, com Michel Temer. 
Se a presidente “não cair”, como ela própria alardeia, sempre sobrará para Serra o sonho de uma equação inversa, com o apoio de Temer e do PMDB em 2018.

Por mais que Planalto, PT e seus aliados de dentro e fora do Congresso unifiquem o discurso de que há “um golpe”, essas são manifestações legítimas de oposição, quando quem tenta empurrar Dilma para fora do tabuleiro são o desemprego em alta, a renda em baixa, as denúncias da Petrobrás, o descontrole político e parte dos aliados.
A oposição não pode se fazer de cega, surda e muda, correndo o risco de ser pega de calças curtas. Se o PSDB é golpista, todo mundo é, porque o que mais se faz em Brasília hoje é analisar as circunstâncias e o que determina a Constituição. Isso não é “moleza” nem “golpe”, mas, pura e simplesmente, a realidade.

08 de julho de 2015
Eliane Cantanhede

A PETROBRAS E A AGENDA DO PAÍS

Nos últimos 12 anos, os governos Lula/Dilma seguiram com disciplina a filosofia do marqueteiro João Santana: não lidar com conceitos como verdade, mas com a percepção do cidadão. 
Nos primeiros 4 anos, colheu os frutos das árvores plantadas pelo Plano Real, ou seja, uma economia sustentável proporcionando às famílias avanço social garantido pela estabilização econômica.

No segundo mandato de Lula e no primeiro de Dilma, ao abandonarem os fundamentos que alicerçavam o Plano Real e não promoverem as reformas que modernizariam a economia brasileira, era questão de tempo a debacle. 
Colheram a realidade econômica, social e política que estamos vivendo. Jogaram os brasileiros em uma tempestade violenta onde a crise econômica e social está vitimando os trabalhadores, a classe média e importantes setores produtivos.

Indiscutivelmente a presidente da República, Dilma Rousseff, vive estágio de dissonância cognitiva. Nome científico onde coerência e lógica são vítimas indefesas. 
O ex-presidente Lula da Silva, apostando na amnésia, falta de memória do povo brasileiro, assume ares de oposição. Ignorando que foi no seu governo que ocorreu o maior assalto ao dinheiro público na história republicana. 
Semana passada, em Brasília, durante reunião com dirigentes do PMDB, proclamou que a apuração da roubalheira contamina a política e a economia, afirmando: “A Lava Jato não pode ser a agenda do País”
Resta perguntar: por que a operação conduzida pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal, Receita Federal e a competência jurídica de Sergio Moro, vem pautando o Brasil?

A Petrobrás respondeu, ao oficializar o seu “Plano de Negócios e Gestão: 2015-2019”, por que a Lava Jato é a agenda do País. 
Escancarando com realismo, o crime de lesa pátria que vitimou a empresa. Reduzindo de US$ 206 bilhões para US$ 130 bilhões os seus investimentos ao longo daqueles anos. Igualmente o seu tamanho com a venda nos próximos quatro anos de partes do seu ativo no total de US$ 58 bilhões. Ante a perigosa situação de registrar dívida bruta de R$ 380 bilhões (em dólares, 110 bilhões).

Os números atestam que gestões temerárias levaram a estágio de quase enfarte uma empresa sólida e historicamente lucrativa. A nomeação de militantes e sindicalistas para a sua direção levou a empresa ao estágio de anomia. Caracterizada pela desintegração das normas que regem a conduta empresarial. 
Estrangularam o seu caixa e levaram ao endividamento recorde para o tamanho da sua estrutura. Somente o desalinhamento dos preços de combustíveis, gerou prejuízo estimado em R$ 65 bilhões. A Petrobrás era usada como “biombo da inflação”, importando derivados a preços altos e vendendo no mercado interno a preços baixos.

Hoje o valor de mercado da empresa é de US$ 56 bilhões. Há alguns anos, o valor era muito superior a US$ 200 bilhões. Recolocar a Petrobrás no caminho andado por 50 anos (dos seus 62 anos que fará em 3 de outubro), recuperando a credibilidade e sendo a grande alavanca do desenvolvimento, é o desafio que precisa ser enfrentado.

Priorizando a sua atividade fundamental, a exploração e a produção de petróleo. No Plano de Negócios está definido que a área receberá 83% dos investimentos, correspondente a US$ 108 bilhões, significando US$ 27 bilhões/ano. Paralelamente, a venda de ativos objetiva apurar o total de US$ 58 bilhões, sendo US$ 15 bilhões em 2015/16 e US$ 43 bilhões em 2017/18.

O dinheiro viria certamente da venda de algumas participações minoritárias no pré-sal, além de ativos nos EUA, postos de combustíveis na América do Sul, usinas térmicas, distribuidoras de gás e abertura de capital da subsidiária BR Distribuidora.

A “Operação Lava Jato” foi responsável pelo escancaramento da corrupção e “roubança” que vitimava a empresa. O “propinoduto”, roubo institucionalizado pelos seus diretores delinquentes e empresários poderosos ficou comprovado. Além dos projetos de refinarias sem viabilidade econômica e absurda coleção de investimentos temerários, tipos Refinaria de Pasadena ou a Refinaria de Okinawa (Japão), com integral aprovação do governo.

Na época Dilma Rousseff era responsável pelo Ministério das Minas e Energia e posteriormente passou para a Casa Civil, mas sempre ocupando a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás. São os dois grandes responsáveis pelos momentos dramáticos que a empresa vive hoje. Não é, portanto, a Lava Jato quem pauta a agenda do País, mas a incompetência aliada à corrupção que penetrou não só estatal, mas na administração pública brasileira pautando a vida nacional.

É o retrato em preto e branco da demagogia do “nunca antes na história desse País”.


08 de julho de 2015
Hélio Duque

CRIANÇAS MALVADINHAS

Desmoralizada, acuada pela Justiça, desprezada e achincalhada abertamente por noventa e um por cento da população brasileira, a quadrilha comunolarápia decidiu reagir mediante uma onda de bravatas e ameaças, fazendo o que pode para macaquear com trejeitos histéricos a virilidade e a coragem, duas coisas que seus líderes só conhecem por ouvir falar.

Essas gesticulações circenses não assustam a ninguém, mas, se às vezes nos fazem rir, outras vezes deprimem e podem levar às lágrimas o cidadão que, contemplando tanta miséria e deformidade, se lembre de que elas são, afinal de contas, o rosto do Estado brasileiro, o rosto da nação.

A mim elas fazem lembrar antes aquele vídeo do Youtube, em que um boxeador nocauteado, estendido no chão como um trapo, continuava a esmurrar o ar, como se a luta tivesse um round suplementar no mundo dos sonhos.

Um dos lances mais comoventes da guerrinha dos fracassados contra o destino foi protagonizado pelo deputado Paulo Pimenta, ao pedir a prisão do jovem brasileiro que xingou a Sra. Dilma Rousseff na Califórnia.

Xingar um governante em público é, em circunstâncias normais, um crime. Mas, quando o país inteiro está fazendo isso nas ruas, nas praças, nos estádios e nos panelaços, punir seletivamente um cidadão isolado é como tentar desviar um furacão à força de puns.
No meu modesto entender, o rapaz da Califórnia só errou num ponto. Xingar a presidente de “terrorista”é inócuo, pois isso ela já sabe que é. Eu, em vez disso, a teria xingado de “mocréia”, pois há sempre um risco de que, malgrado a impopularidade avassaladora, ela continue se achando linda.

Não menos patética foi a indefectível Sra. Maria do Rosário, ao dar queixa contra um indivíduo anônimo e não identificável que, cruzando com ela no meio da massa, teria previsto a sua morte em data incerta e não sabida, por causas não mencionadas. À polícia ela não deu a mais mínima pista que pudesse levar à descoberta do ofensor sem rosto, conhecido unicamente pelo nome de “Alguém”.

Sem a menor esperança de novas averiguações, ficou, pois, registrada apenas a identidade da vítima, mas isso é pura redundância, pois quem não sabe que a sra. Maria do Rosário é uma vítima?

Depois foi a vez do Sr. Jacques Wagner que, tentando ser ministro da Defesa, mas não tendo ninguém a defender contra o que quer que seja, escolheu a apresentadora Maju Coutinho como alvo de ataques fictícios, fabricados inteiramente por MAVs a serviço do governo, e saiu bravamente em campo para defender a moça contra seus inimigos imaginários.

Não foi essa, admito, a mais notável performance carnavalesca do sr. Wagner, que jamais superará o seu feito de 2007, pioneiramente registrado por mim em http://www.olavodecarvalho.org/semana/070312Bdc.html, quando, governador da Bahia, ele patrocinou um tremendo beijo lésbico em público entre sua esposa e a do então ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Essa é a razão pela qual, quando me dizem que o Sr. Wagner não somente existe mas é ministro da Defesa, sinto-me à beira de ter um ataque de nervos como o do dr. Paulo Ghiraldelli e sair gritando: “É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira!”

Também me pergunto se os altos oficiais das Forças Armadas não temem que, se o homem teve a cara de pau de fazer o que fez com a mulher de um ministro, ele venha a sentir-se ainda mais à vontade para fazê-lo -- agora que ele próprio é ministro -- com as mulheres de seus subordinados, isto é, as mulheres deles.

Qualquer que seja o caso, a atividade dos MAVs nos últimos dias não se limitou a criar racistas eletrônicos. Mais ou menos uma semana atrás recebi esta mensagem de um amigo que, por motivos óbvios, prefere permanecer anônimo:

“Professor Olavo, estou com uma informação de inteligência de que atacarão e derrubarão a sua página pessoal em breve, está sabendo? 

Depois do bloqueio de três dias virá o bloqueio de sete e depois o de trinta. Vão denunciar todas suas postagens em massa e qualquer uma será interpretada como fora dos padrões. 
 Outra coisa que eles farão é pegar o seu mail vinculado à sua conta e colocá-lo como administrador de diversas paginas falsas. (Sim, é possível fazer isso.) Nestas páginas vão colocar pornografia e o administrador (no caso, você) se punido e banido do Facebook.”
O aviso do bloqueio de três dias cumpriu-se no prazo.

É isso o que dá ter duzentos mil seguidores no Facebook e não dizer a eles uma só palavrinha em louvor do governo. Também não é de espantar que, como toda censura, a do Fabebook oculte a sua própria existência: como minha esposa divulgasse na sua página a suspensão da minha, a dela também foi suspensa.

Vamos falar o português claro. Uma censura direta, feita oficialmente por funcionários do governo, é muito mais decente do que contratar moleques para derrubar páginas do Facebook. 
Quando um governo acossado por investigações de corrupção apela a um expediente tão pueril para tapar a boca dos denunciantes, é inevitável concluir que ele todo se compõe de crianças malvadinhas.

08 de julho de 2015
Olavo de Carvalho

QUANDO A QUEDA PARECE A MELHOR SOLUÇÃO

Madame disse que não vai cair. Ótimo para ela, se à intenção corresponderem os fatos. O diabo é que em queda livre também está o trabalhador, sem a contrapartida do empresário. 
Enquanto o lucro dos bancos continua intocável, o especulador aplaude a elevação dos juros e as empreiteiras continuam faturando com contratos no exterior, o assalariado vê-se submetido a um massacre crescente.

O seguro-desemprego foi para o espaço, assim como o abono salarial. As viúvas perderam pensões. Haverá uma redução entre 30 e 15% no salário dos operários, acrescida do escárnio da mesma proporção na jornada de trabalho, sem que o governo explique o que fará o infeliz com duas horas por dia de braços cruzados, sem encontrar outra ocupação ou emprego para preencher o vazio.

Enquanto isso, aumentaram impostos, taxas e tarifas, sem falar na alta do custo de vida, dos gêneros de primeira necessidade, da gasolina e dos transportes. E dos remédios. Antes congelados, agora os salários são reduzidos, exceção de categorias especiais do serviço público e de dirigentes de empresas públicas e privadas.

Tudo por obra e graça de quem não quer cair e pertence ao Partido dos Trabalhadores, organização hoje posta a serviço das elites. Centrais sindicais e sindicatos obrigam-se a aceitar as imposições dos donos do poder, encontrando-se na situação de se ficarem, o bicho come, se correrem, o bicho pega. Desfaz-se o sonho dos companheiros de mudar o país, se é que algum dia sonharam acima e além de obter cargos e empregos. Mesmo assim, as indústrias multinacionais e nacionais continuam demitindo em massa.

Não se trata de a presidente Dilma levar ou não um tombo, mas de perceber a falência e o fracasso do modelo que um dia o Lula e ela prometeram substituir. Quanto mais insistem nas fórmulas canhestras de sacrificar os mais fracos, os companheiros mais despencam.

O governo já cortou fundo nos investimentos e na manutenção da saúde e da educação, da segurança e dos transportes. As obras públicas estão paralisadas e as aposentadorias, desgastadas. Não seria a queda a melhor solução?



08 de julho de 2015
Carlos Chagas

VEM AÍ O ELETROLÃO...

Setor elétrico é o próximo alvo da Justiça

Por Leandro
Vem curto-circuito aí. O setor elétrico é o próximo alvo da Justiça e do Ministério Público Federal. Depois de cercadas pela Operação Lava Jato, grandes empreiteiras do País devem sofrer nova devassa em operações policiais.
Documentos já apreendidos pela Polícia Federal em abril, na Operação Choque, indicariam fortes indícios de superfaturamentos em contratos suspeitos na construção de usinas hidrelétricas, e o mesmo modus operandi descoberto na Petrobras: repasse de dinheiro para caixa 2 e até doações oficiais para candidatos na campanha de 2010 e 2014.
As investigações concentram-se em contratos da Eletrobrás e das subsidiárias no Norte e Nordeste. As investigações abrangem os últimos dez anos.
Para constar, neste período, os últimos ministros do setor elétrico no Governo foram Dilma Rousseff, Silas Rondeau, Edison Lobão.
08 de julho de 2015
Coluna Esplanada

RENAN É RÉU POR SUPOSTO RECEBIMENTO DE PROPINA

SENADOR É ACUSADO DE TER DESPESAS DE AMANTE PAGAS PELA MENDES JR

RENAN PODE PERDER O CARGO PÚBLICO E AINDA SER OBRIGADO A RESSARCIR A UNIÃO PELO DANO CAUSADO (FOTO: ED FERREIRA/ESTADÃO)


A Justiça Federal de Brasília decidiu tornar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), réu em processo em que o senador é acusado de ter recebido propina da construtora Mendes Junior para apresentar emendas parlamentares que beneficiavam a empreiteira. O Ministério Público Federal acusa Renan de ter tido despesas de um "relacionamento extraconjugal" pagas pela empresa na sua primeira passagem pelo comando da Casa (2005-2007).

No processo que corre na 14ª Vara Federal do Distrito Federal, os procuradores sustentam que Renan enriqueceu ilicitamente, forjou documentos para comprovar que tinha recursos para bancar as despesas pessoais e ainda teve evolução patrimonial incompatível com o cargo. Como se trata de ação civil, que não pede a prisão de Renan Calheiros, o caso não precisa ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

Em decisão publicada no dia 16 de junho, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho recebeu a petição inicial movida pelo MP contra o presidente do Senado, tornando-o réu na ação. O magistrado decretou segredo de justiça no caso, o que impossibilita a confirmação de mais detalhes. A defesa de Renan Calheiros deve recorrer da decisão.

O presidente do Senado terá, agora, de contestar os fatos da ação. Se for condenado por improbidade, Renan pode perder o cargo público e ainda ser obrigado a ressarcir a União pelo dano causado.

O caso a que se refere a ação de improbidade remonta ao ano de 2007. Na época, Renan renunciou à presidência do Senado para evitar a cassação do mandato após ser alvo de uma série de acusações, entre elas a de ter tido, conforme apontou a revista Veja, despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, lobista da Mendes Junior.

No final de janeiro de 2013, dias antes de Renan se eleger para mais um dos quatro mandatos à frente do Senado, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ofereceu denúncia criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso por causa desses fatos. O processo, que estava sob relatoria do presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, foi encaminhado ao gabinete do ministro Luiz Edson Fachin, que assumiu uma cadeira no tribunal em junho. Ele encaminhou o caso, no início de julho, para a Procuradoria-Geral da República. A investigação também corre sob sigilo.

A ação de improbidade é um desdobramento, na esfera cível, do mesmo caso. Segundo a ação, no Orçamento enviado pelo governo ao Congresso para os anos de 2005 e 2006, não havia qualquer alusão à construção do cais de contêineres no Porto de Maceió, obra tocada pela Mendes Junior desde 2001. O empreendimento, segundo o MP, só passou a virar prioridade após a apresentação de emendas parlamentares por Renan. Viraram réus na ação de improbidade o peemedebista, Cláudio Gontijo e a Mendes Junior.

"O ato por si só, de receber valores de empresas diretamente interessadas em emendas parlamentares, já constitui ato de improbidade administrativa, mas quando a vantagem econômica é recebida em atenção aos 'serviços' prestados pelo agente público no exercício do seu cargo, a repulsa da sociedade é ainda mais grave", afirma o Ministério Público na ação.

O presidente do Senado ainda é alvo de outros três inquéritos abertos no STF em março pelo ministro Teori Zavascki. Ele é investigado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, que também investiga o relacionamento de políticos com grandes empreiteiras.

Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria, o presidente do Senado não quis se manifestar. (AE)



08 de julho de 2015
diário do poder

O DISCURSO DA RAIVA


As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade, ensinava Victor Hugo. Ulysses Guimarães, comentando um dos maiores oradores do Brasil, Carlos Lacerda, seu colega de Congresso (sim, houve época em que havia na Câmara gente como Ulysses, Lacerda, Tancredo, Vieira de Mello, Almino Affonso e Affonso Arinos entre outros grandes parlamentares), dizia que o efeito de uma frase certeira era idêntico ao de um nocaute físico: a vítima empalidecia, tremia, muitas vezes tinha de sentar-se. As palavras são leves, fáceis de pronunciar, de escrever, de manipular; mas suas consequências são imprevisíveis e frequentemente devastadoras.

O discurso da raiva, alegremente encampado por alguns jornalistas, muitos dos quais se orgulham de "ter lado", ou de "lutar pelas causas justas", ou de "contribuir para a moralização dos costumes públicos", já resvala em terreno perigoso. Dois idiotas radicais conseguiram aproximar-se da comitiva da presidente Dilma Rousseff em Stanford, na Califórnia, com o objetivo de insultá-la e divulgar sua façanha em vídeo. Uma de suas frases: a presidente merecia morrer. Foi o mesmo que se escreveu na rua onde mora Jô Soares, depois que entrevistou Dilma. Algo semelhante berrava a turba reunida pelo assessor parlamentar de uma deputada federal para insultar publicamente o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal.

Vaiar um político, bater panelas para protestar, tocar buzinas, isso faz parte do jogo. Ameaçá-lo por ter ideias diferentes não faz parte do comportamento de pessoas decentes. Pode-se dizer, como este colunista o fez, que a entrevista de Jô Soares com Dilma foi ruim; daí a menosprezar seu talento, sua história de bom trabalho, de querer que ele morra, é inaceitável (e, a propósito, além de inaceitável é de uma imbecil prepotência: todos morrerão um dia, inclusive os vociferantes. Imaginar que se pode antecipar o evento pela simples manifestação de vontade é cretinice).

E como a imprensa se comporta ao noticiar esses rastros de ódio?

Vamos a exemplos:

1 - Manifestantes hostilizam Dilma nos EUA com cartazes e mandiocas, diz um título. No texto, informa-se que havia quatro manifestantes. Quatro.

2 - Estudantes gravam vídeos insultando Dilma nos EUA, diz o título. O texto é claro: havia dois estudantes. Dois.

3 - Só contra o PT? Não: há tempos, Paulo Maluf comandou comício num grande cinema, com público quase totalmente favorável. Foi aplaudidíssimo. Um senhor o vaiou. Título: "Maluf vaiado no comício". Diante da queixa, o jornal reiterou a informação: "A vaia ocorreu, foi real". É verdade - o que comprova que, com uma verdade, é possível falsear a cobertura.

4 - Apesar da crise política, Lula reúne amigos para jogatina, diz o título. E de que se tratava essa tal jogatina? Como ocorre de vez em quando, Lula reuniu em sua casa velhos amigos, como o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, para uma rodada de buraco, a leite de pato, ou com apostas irrisórias, mais um pretexto para bater papo, tomar cerveja e divertir-se com alguns tira-gostos. A conotação da palavra "jogatina" é negativa. Mas o fato que foi descrito é comum, faz parte da vida de boa parte da população, nada tem de negativo. E que é que queriam? Que, com a crise política, Lula tivesse crises permanente de choro? Fizesse greve de fome?

Que os partidários apaixonados de um lado ou de outro falem bobagem, tudo bem - desde que se mantenham nos limites da lei. Mas os meios de comunicação não podem cair nessa armadilha. Primeiro, porque com isso fogem à sua missão de retratar os fatos o mais fielmente possível. Segundo, porque mais cedo ou mais tarde, mesmo que catástrofes para as quais contribuiu a má cobertura aconteçam no caminho, os fatos reais acabam aparecendo. Pode demorar, mas tanto a imprensa partidarizada quanto os profissionais que se partidarizaram acabam perdendo público e importância.



Loucura geral


Até que a razão volte a prevalecer, na política e na imprensa, é bom tomar cuidado. Há cretinos fundamentais que dizem que os parlamentares que votam contra a redução da maioridade penal são cúmplices dos bandidos e por isso merecem morrer. Pode-se discordar deles, mas querer que morram? Outros, diante de uma declaração da atriz Marieta Severo, que elogiou a inclusão social no Brasil, concluem que ela recebe do PT para defendê-lo. Besteira sesquipedal: este colunista não tem a menor ideia do pensamento político de Marieta Severo, mas sabe que é uma pessoa séria e uma profissional de alto nível. É perfeitamente possível discordar de suas opiniões, claro; mas apresentando outras opiniões opostas e os argumentos que as sustentem. Como é possível discordar da presidente Dilma Rousseff (e a maioria do eleitorado, hoje, parece fazê-lo) sem cair na grosseria de adesivos pornográficos e desrespeitosos não apenas a ela, mas às mulheres em geral.

Aliás, essa história dos repugnantes adesivos é incrivelmente burra: no momento em que a presidente atinge seus índices mais baixos de popularidade, é preciso ser ignorante total em política para atacá-la nesses termos, que só podem provocar solidariedade. Não se chuta quem está por baixo. E uma rápida pesquisa no portal Mercado Livre mostra que a grosseria tem alcance próprio limitadíssimo: quatro adesivos vendidos até o final desta última semana. Ou seja, aquilo que não teria qualquer importância se tornou conhecido pela ampla divulgação que a imprensa lhe deu. Os veículos de comunicação devem lembrar-se de sua responsabilidade.

Como diz o sempre bem-humorado Ricardo Kotscho, "menas, menas".



Somos todos Maju

A moça conquistou rapidamente o público: Maria Júlia Coutinho, a Moça do Tempo do Jornal Nacional, mostrou competência, simpatia, capacidade de diálogo mesmo numa área normalmente árida como previsões meteorológicas. É uma vitoriosa.

E, de repente, algum boçal começa a insultá-la nas redes sociais por causa da cor da pele. Estranhíssimo: Heraldo Pereira conquistou o público, Joaquim Barbosa virou herói nacional. Por que, de repente, este repique de racismo explícito? Sim, racismo não é coisa racional, não tem explicação lógica, vai e volta, mas justo agora, que tanta coisa está acontecendo no país que não dá tempo nem de observar direito todo mundo que aparece na TV?

Enfim, haja o que houver, somos todos Maju. Não por sua capacidade, por sua simpatia, pelo domínio da TV - isso é admirável, sem dúvida, mas não é disso que se trata. Somos todos Maju porque ela é gente. Uma rápida leitura num dos monumentos literários da Humanidade, a Bíblia, mostra que uma das virtudes do monoteísmo é mostrar que todos somos filhos do mesmo Deus e, portanto, irmãos, seja qual for nossa cor, seja qual for nossa religião, seja qual for nossa origem étnica. Para quem não acredita em Deus, o racismo é anti-humano, inaceitável, abominável. E, também, ilegal. O racista é, por definição, ignorante; mas que isso não o poupe das punições previstas em lei. Seja qual for o motivo dos ataques a Maju, seja quem for que os tenha capitaneado, que seja punido da maneira mais dura que a lei permitir.



Aritmética da pesquisa

A pesquisa Ibope/CNI, esta que coloca Dilma abaixo da inflação projetada para este ano, tem uma curiosidade: a soma de percentuais dos entrevistados nunca é igual a 100%. Deve haver algum motivo, claro. Mas vejamos:

Governo Dilma: ótimo/bom, 9%; regular, 21%; ruim/péssimo, 68%; não sabe, 1%. Soma, 99%.

Maneira de governar: aprovam, 19%; desaprovam, 83%; não quiseram ou não souberam responder, 2%. Soma, 104%.

Confiança: têm confiança em Dilma, 20%; não têm confiança, 78%; não souberam ou não opinaram, 3%. Total, 101%.


Sem santo

O ataque do juiz Sérgio Moro à empreiteira Andrade Gutiérrez, por ter se atrevido a defender-se pela imprensa, não provocou grandes reações dos meios de comunicação. Entende-se: há muita gente fazendo fama como jornalista investigativo às custas de notícias que lhes são fornecidas discretamente por autoridades que deveriam mantê-las em sigilo. É bom manter o bom relacionamento, né? E o risco de levar furos da concorrência?

As críticas do juiz Moro são, por vezes, estranhas: acusa a empreiteira de usar "seus amplos e bilionários recursos" - sem os quais, diga-se, não teria como publicar seus anúncios - para confundir a opinião pública e sem intenção de reconhecer sua responsabilidade pelos fatos.

Seria então o papel da Defesa num processo judicial não apenas aceitar como verdadeiras todas as afirmações da acusação como também reconhecer que o investigado tem culpa, sim senhor, e contar mais algumas coisas que os promotores e a Polícia eventualmente não tenham descoberto? O juiz considerou que, com a publicação do anúncio da Andrade Gutiérrez, o Juízo foi atacado, bem como as instituições responsáveis pela investigação e persecução. Serão os promotores intocáveis? Nem criticados podem ser? Serão todos pessoas à prova de erros?

Este colunista não tem conhecimentos jurídicos suficientes para ser a favor ou contra a atuação de Moro. Tem amigos que entendem muito mais do assunto e que consideram exemplar o trabalho do juiz. Tem amigos que também conhecem o ramo e que apontam falhas no trabalho de Moro. E espera o veredicto da Justiça sobre pessoas e empresas envolvidas para saber se são culpados ou inocentes, na forma da lei.

Mas tem visto nos meios de comunicação várias informações exclusivas, sob a rubrica "o repórter X teve acesso (...)". Como terão sido obtidas? Há tempos, um famoso procurador, que apagou os holofotes quando se descobriu que apresentava acusações redigidas em escritórios de advocacia que trabalhavam para adversários dos acusados, elaborou um receituário para deixar os réus em má situação, dificultando assim que fossem libertados pela Justiça. Há investigações sobre eventuais vazamentos?

A propósito, na busca do confronto de argumentos, este colunista publica em www.brickmann.com.br um artigo do advogado José Roberto Batochio, Curto-circuito no Direito, contra a delação premiada, ao menos nos moldes em que vem sendo aplicada; e uma entrevista com o promotor Carlos Fernando Lima, Não existe Jesus Cristo nem Judas no petrolão, a favor do que vem sendo realizado. Tanto o artigo quanto a entrevista foram publicados originalmente na Folha de S. Paulo. Ambos merecem leitura.



Experiência notável


Vale a pena abrir este link: http://www.b9.com.br/42574/design/jornal-frances-publica-edicao-sem-imagens-para-mostrar-o-poder-da-fotografia/

O jornal francês Libération publicou uma edição sem imagens, para mostrar o poder da fotografia. É bem interessante. Embora, como desafiou Millôr Fernandes a respeito da famosa frase "uma imagem vale mais do que mil palavras", vai dizer isso com uma imagem.



Como...


De um grande jornal impresso, de circulação nacional:

"Nessa etapa da Lava Jato, a Polícia Federal deflagrou um esquema de desvio de recursos públicos operado principalmente pelos irmãos Vargas (...)"



O "deflagrou" deve ser "flagrou".



...é...

Também de um grande jornal impresso, de circulação nacional, a respeito de um evento no estádio do Palmeiras, em São Paulo:

"O valor da cessão do Allianz Parque (...) não foi revelado. A justificativa é que há uma cláusula de confiabilidade no acordo (...)"



A "confiabilidade" talvez seja "confidencialidade"



...mesmo?


De um grande jornal impresso, de circulação nacional, tratando de um grande clássico, em sua principal edição semanal, a de domingo, escalava o ataque do São Paulo com Alexandre Pato e Careca.

Estranho: Careca (Antônio de Oliveira Filho) realmente jogou no São Paulo, com destaque, formando excelente dupla com Renato Pé-Murcho, e chegou à Seleção brasileira, sendo vice-artilheiro da Copa de 1986. No Napoli, formou dupla histórica com Diego Maradona, levando o clube à conquista do Campeonato Italiano. O problema é que Careca encerrou a carreira em 1999, 16 anos antes do jogo para o qual foi escalado pelo jornal.

Estariam falando de Gareca? Este jogou futebol, mas encerrou a carreira antes de Careca e nunca jogou em time brasileiro. Esteve no Brasil, porém como técnico do adversário do São Paulo naquele clássico (e deixou o clube há alguns meses).

Quem? Simples: o Careca não era Careca. Era Luís Fabiano, centro-avante titular do São Paulo. Com Pato e Luís Fabiano formando a dupla de ataque, o São Paulo perdeu do Palmeiras por 4x0.

Frases

- Do jornalista Palmério Dória:
Chegamos de novo naquele ponto em que pode acontecer tudo. Até nada

- Da tuiteira Adriana Vasconcelos, comentando o habeas-corpus preventivo pedido por José Dirceu:
Quem tem culpa, tem medo

- Do jornalista Gabriel Meissner, comentando o apoio de apenas 9% da população a Dilma:
91% da população brasileira é elite branca, então?

- Do jornalista Sandro Vaia:
Embolia pulmonar num dia e 10 horas de aviao no outro dia? Conta outra, Levy

- Do jornalista Cláudio Tognolli:
Temer e Cardozo ensaiam saída: as naus abandonam o rato

- De Joseph Arpaio, xerife de Maricopa, Arizona, EUA:
O paraíso esquerdista é um lugar onde todos têm emprego garantido, saúde gratuita, comida gratuita, casa gratuita, roupas gratuitas, um lugar em que apenas a Polícia use armas. Esse lugar existe: chama-se prisão

- Do jornalista Cláudio Humberto:
As crises política, econômica e ética no governo estão longe do final. Já o governo Dilma parece cada vez mais perto.

- Do jornalista Lauro Jardim:
De um banqueiro que perdeu as esperanças no Brasil no curto prazo, mas não perdeu o bom humor: " O presidente ideal para a Petrobras seria o Pedro Barusco. Como está de tornozeleira eletrônica e fez delação premiada, ninguém iria querer propor negócio escuso para ele. E, como fez delação premiada, não pode mentir"

- Do jornalista James Akel, a respeito da opinião de Dilma sobre as semelhanças entre os atuais delatores e Joaquim Silvério dos Reis:
Naquele tempo o delator foi apenas um. E o Brasil era governado pela rainha Maria, a Louca

E eu com isso?

Dilma? Fernando Henrique? Lula? Aécio? Serra? Moro?

Converse com seus vizinhos: é mais provável que conheçam todas as irmãs Kardashian, que tanto se esforçam para ser bonitas como o pai, do que os figurões da política, da corrupção e do combate à corrupção. Os bem-pensantes não sabiam quem era Cristiano Araújo, mas o que havia de gente que sabia! Sabia, gostava e ainda encontrou tempo para ir ao velório e ao enterro. Vamos então às notícias que realmente interessam.

1 - Com transparência, Kim Kardashian mostra seio em Glastonbury

2 - Após biquíni-petisco, Paula Fernandes exibe barriga-palito

3 - Orlando Bloom sai com brasileira e Miranda Kerr é vista com bilionário.

4 - Zezé di Camargo leva bronca da sogra

5 - Murilo Benício confessa: a vida no campo é legal

6 - Cindy Crawford dá ajeitadinha na calcinha antes de jantar

7 - Daniela Albuquerque viaja para férias em família

8 - Sheislane Hayalla faz topless nas areias cariocas

9 - Nanda Costa esbanja estilo para deixar o Rio de Janeiro

10 - Ben Affleck e Jennifer Ganner são vistos nas Bahamas com os filhos

11 - Reynaldo Gianecchini almoça comida orgânica com amiga no Rio

12 - Amber Heard diz que se apaixona todo dia por Johnny Depp

13 - Elenco de Babilônia se diverte em festa junina

14 - Adam Sandler participa de Turma da Mônica ao divulgar filme

15 - Kaley Cuoco muda o visual

O grande título

A variedade é boa: temos título difícil de entender, temos manchete que explica como é um casamento. E a imbatível manchete policial-gastronômica com discriminação de gênero.

Comecemos pelo título difícil:

Com revelação machucada, Jade herda vaga no Pan

Não, não é impossível de decifrar. Só não chega a ser muito claro.

Temos, como notícia importante, a descrição de um casamento - o de Neném, da dupla com Pepê:

Neném casará de terno, e troca de aliança terá hit de Ivete

E, agora, o grande título:

Janot devora sushi perto de irmão de investigado na Lava Jato

Comecemos pela pergunta óbvia: e daí? A propósito, o "irmão de investigado" que almoçou no mesmo restaurante de Janot é Zequinha Sarney, filho de José Sarney. O "investigado", na verdade, é investigada: sua irmã Roseana.

E Janot, homem educado, certamente não devorou o sushi. Deve apenas tê-lo comido.

08 de julho de 2015
Carlos Brickmann

"BANDIDO FROUXO"

CAIADO CHAMA LULA DE 'BANDIDO' OUTRA VEZ, AO SABER DE PROCESSO
SENADOR REPETE A EXPRESSÃO AO SABER QUE LULA O PROCESSA NO STF



"LULA TEM POSTURA DE BANDIDO. E BANDIDO FROUXO!', DISSE O SENADOR DO DEM NO TWITTER EM FEVEREIRO (FOTO: REPRODUÇÃO)





O ATAQUE DE CAIADO MOTIVOU O PROCESSO. O ex-presidente Lula entrou com queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) pelos crimes de "calúnia, injúria e difamação".

Em fevereiro, o senador escreveu em sua conta no Twitter uma mensagem chamando o ex-presidente de "bandido". "Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual à época que instigava metalúrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tuma", escreveu Caiado na rede social.

Quando soube do processo, Caiado reiterou suas palavras:

- Ameaçar a população com "exército de Stédile" é comportamento de bandido!
"Lula se sentia o todo poderoso, ninguém tinha coragem de contestá-lo, e ele se viu no direito de ameaçar toda a população brasileira insatisfeita com Dilma Rousseff. Disse que convocaria o MST, caso os movimentos contra o governo fossem para as ruas. Não é comportamento de ex-presidente ameaçar a população, é comportamento de bandido", 

08 de julho de 2015
diário do poder

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

A Era de Negociatas Temerárias tem de acabar


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Qualquer pessoa com um mínimo de senso da realidade - coisa que os membros da seita nazicomunopetralha não têm - sabia que os erros cometidos na condição da política econômica, no primeiro mandato de Dilma Rousseff (2010-2014), causariam a crise econômica, política e moral de proporções inigualáveis que estamos sofrendo agora. Por isso, Dilma posa de esquizofrênica quando prega, feito louca, que "não vai cair", quando, psicologicamente, tem a convicção de que já desabou para baixo daquele volume morto proclamado pelo seu "amigo" $talinácio.

O mais patético da desconcertante e corrupta conjuntura brasileira é o movimento de apego ao poder promovido pela cúpula do PMDB - um partido que faz questão de ser sempre governista, até mesmo nas raras ocasiões em que finge ser oposição. Todos que convivem e observam o teatro de operações da politicagem em Brasília lamentam o constrangimento com a escancarada manobra promovida pelo vice-Presidente, Michel Temer, para se credenciar a ocupar o lugar de Dilma, caso ele seja impedida ou renuncie (coisa que dificilmente fará).

A Presidenta Mandioca é pateticamente cozinhada em fogo pretensamente lento, mas sob pressão altíssima e temperatura infernal, até que se complete a metade do mandato e Temer tenha condições legais de assumir a Presidência. O pior é que tem ingênuos cometendo a temeridade de achar que uma eventual governo Temer possa ser melhor que o da Dilma - como se ambos não representassem a mesma coisa: fantoches de uma estrutura feita para manter o Brasil sob regime de subdesenvolvimento, enquanto alguns poucos se locupletam através do controle estatal sobre a maioria dos grandes negócios.

Torcer ou especular sobre qual será a data da queda da Dilma é chover no molhado, pois ela, tecnicamente, já se derrubou e, mesmo que finja se levantar ou alguém ocupe o lugar dela para fazer encenação idêntica, o Brasil continuará o mesmo. Se a Elite Moral não acordar e definir que projeto deseja para o Brasil (tal qual fizeram aqueles colonos ingleses quando fundaram os Estados Unidos da América do Norte, em 4 de julho de 1776), ou o País vai continuar patinando na tragicomédia de sempre.

A Era de Negociatas Temerárias (sem trocadilho infame) tem de acabar. A Elite Moral não tem saída: ou define o rumo para o Brasil ou será transformada, fatalmente, em zelite da periferia.

Golpe claro

Do advogado Antônio Ribas Paiva, um resumo do grande golpe armado pela estrutura corrupta do poder no Brasil para assaltar o bolso da população:

"O Governo aumentou drasticamente os preços dos serviços públicos para arrecadar mais, os bancos pagaram a mídia para falar em inflação , aí os economistas do governo ( banco central) aumentaram os juros , alegadamente , para reduzir a suposta inflação, provocada pelo governo, nós pagamos os aumentos, para o governo pagar mais R$120 bilhões por ano para os bancos, em forma de juros".

O mesmo Ribas Paiva dá uma receita simples para um remédio imediato, para uma cura duradoura:

"Precisamos adequar o nosso sistema político eleitoral para a escolha do melhor entre iguais para governar o Brasil".

Esperança cética

Do publicitário Enio Mainardi, no facebook, sobre o "despertar" (tardio) do Aécio Neves - que a petelândia adora chamar de Aécio Never, apelido que pega em quem nunca age politicamente na hora certa:

"Acabou a fase Rivotril do Aécio. De novo eu vejo acordado o homem de atitude e coragem capaz de chicotear com força esse governo do PT, que ameaça e mente na sororoca da morte próxima. Voltou meu candidato, em que votei na esperança de mudar este país. A Oposição precisa tanto de sua palavra e inteligência, Aécio. Palmas! (...Mas minha esperança, é cética)".

Mantra


Dilma Collored


Será que ela acredita?


08 de julho de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.