Em 1962, em Londres, Anna Freud, filha do criador da Psicanálise, afirmava sobre o pastor Pfister:
“No ambiente dos Freud, alheio a toda vida religiosa, Pfister, com seus trajes, aparência e atitude de pastor, era uma aparição de um mundo estranho. No seu modo de ser não havia nada da atitude científica quase apaixonada e impaciente, com a qual outros pioneiros da análise encaravam o tempo passado à mesa com a nossa família – como uma interrupção das suas discussões teóricas e clínicas.
“Pelo contrário, seu calor humano e entusiasmo, sua viva participação também nos fatos mínimos do cotidiano entusiasmavam as crianças da casa e faziam dele um hóspede bem-vindo em qualquer tempo. Para elas, Pfister era, segundo um dito de Freud, não um santo homem, mas um tipo de flautista de Hamelin que só precisava tocar seu instrumento para ter um bando inteiro obediente atrás de si”.
Os dois parágrafos acima estão no livro “Cartas entre Freud & Pfister – Um Diálogo entre a Psicanálise e a Fé Cristã”, publicado pela editora evangélica, Ultimato, Viçosa, MG, 200 páginas, 2009.
O pastor protestante Oskar Pfister, doutor em filosofia e teologia, nasceu em Zurique. E como educador foi pioneiro em interligar psicanálise e pedagogia. Veja as palavras do próprio Freud ao amigo, em 04/10/1909: “Uma carta sua faz parte do mais belo que pode recepcionar a gente no regresso para casa”.
E, em 30/12/1923, Pfister escreveu: “Se me perguntassem sobre o lugar mais aprazível da terra, eu responderia: informem-se na casa do professor Freud !”.
Claro, nem sempre os dois se entendiam: Pfister, religioso; Freud ateu, mas nasceu daí uma grande amizade. E o livro cobre 30 anos de cartas, de 1909 a 1939.
Uma leitura saborosíssima.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Que lição de vida! Duas pessoas tão diferentes – um religioso e um ateu – podem ter uma amizade desse nível. É esta tolerância e esta compreensão que eu tento injetar no Blog, sem ter obtido sucesso. Mas sonhar ainda não é proibido, não é mesmo? (C.N.)
Antonio Rocha
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