"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

TEMENDO REPRESÁLIAS DE DELCÍDIO, PLANALTO NÃO COMENTA A PRISÃO


Aconselhada por seu núcleo político mais próximo, a presidente Dilma Rousseff decidiu que o governo não deve atacar nem isolar completamente o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso nesta quarta-feira (25) na Operação Lava Jato por tentar obstruir as investigações. Segundo a Folha apurou, o governo teme que Delcídio use, nas palavras de um ministro, “até mesmo de mentiras” para atacar diretamente o Palácio do Planalto e, por isso, a ordem é ter cautela.
Auxiliares de Dilma foram avisados na noite de terça-feira (24) sobre a prisão do senador. Ao tomar conhecimento dos fatos, a presidente demonstrou preocupação com o efeito que isso teria sobre votações importantes no Congresso e sobre sua imagem e a de seu governo.
Delcídio era um dos principais articuladores do governo no Legislativo, com trânsito entre parlamentares da base aliada e da oposição, e participava da maior parte das reuniões de coordenação política do Planalto, realizadas às segundas-feiras e comandadas pela presidente.
REUNIÃO NO PLANALTO
Horas após a prisão do senador, Dilma reuniu em seu gabinete no Palácio do Planalto os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) para fazer uma avaliação do cenário.
Após examinar o conteúdo das falas de Delcídio, gravadas em um áudio entregue à Procuradoria-Geral da República, Dilma ordenou que, oficialmente, o governo dissesse que foi “surpreendido” pelos fatos e defendesse “a autonomia das investigações”.
POR CONTA PRÓPRIA
Auxiliares da presidente ressaltaram que o conteúdo das falas do senador deixava claro que o senador “agia por conta própria” e não “a mando do governo federal”.
As conversas de Delcídio foram gravadas e entregues à PGR por Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, também preso na Operação Lava Jato.
Segundo interpretação dos investigadores, Delcídio queria impedir a delação premiada de Cerveró, fechada pelo ex-executivo da estatal em troca de redução de pena.
Nas conversas, o senador cita, entre outros nomes, Dilma e o ministro da Justiça, em contextos diferentes que, segundo Cardozo, não condizem com a verdade.
UM NOVO LÍDER
Preocupada com o andamento de votações no Congresso, como a que estava marcada para esta quarta sobre a alteração da meta fiscal, Dilma escalou Berzoini para iniciar as negociações que resultariam na substituição de Delcídio na liderança do governo no Senado.
No fim da tarde, porém, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nota para informar que o novo líder do governo na Casa será escolhido somente na próxima semana.
Até lá, respondem interinamente pelo cargo os vice-líderes Telmário Mota (PDT-RR), Wellington Fagundes (PR-MT), Paulo Rocha (PT-PA) e Hélio José (PSD-DF).
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Se o Planalto teme que Delcídio diga mentiras, isso é sinal de que ele tem verdades para dizer. De toda forma, o silêncio do governo em relação a seu líder continua sendo constrangedor e sintomático. (C.N.)

26 de novembro de 2015
Marina Dias
Folha

NA LUTA CONTRA O ESTADO ISLÂMICO, A RÚSSIA NÃO FARÁ PRISIONEIROS...



Rússia não terá compaixão com o Estado Islâmico
A essa altura, o chamado Estado Islâmico já deve ter aprendido: meteram-se com os caras errados. Entramos em território de “não se carregam prisioneiros”. Agora, a Rússia tirou a luvas.Especialmente depois que Dabiq, revista online de terroristas, publicou uma foto de uma bomba que seria idêntica à que derrubou o Metrojet: aparelho primitivo, numa lata de Schweppes Gold, posto sob o assento de um passageiro. Também publicaram fotos (supostamente feitas “pelos mujahedeens”) de passaportes de vítimas russas.
O destino coletivo deles foi selado no minuto que o Diretor do Serviço Federal de Segurança Aleksandr Bortnikov disse ao presidente Putin, sobre o desastre do Metrojet, dia 31 de outubro no Egito, que “podemos afirmar com confiança que foi ato terrorista.”
Os bandidos do ‘califato’ podem mandar nos desertos e para lá dos desertos do “Siriaque” – mas não conseguirão esconder-se. A mensagem da presidência da Rússia foi clara: “Encontraremos e puniremos esses criminosos. Faremos isso, sem prazo para concluir a missão. Descobriremos todos os nomes, de todos. Caçaremos cada um e todos onde estejam, não importa onde se escondam. Encontraremos todos em qualquer local do planeta e os castigaremos.” A mensagem vem com estímulo extra: recompensa de $ 50 milhões de dólares oferecida pelo FSB, por qualquer informação que leve aos perpetradores da tragédia do Sinai.
HEAVY METAL
A mensagem de Putin foi imediatamente vertida para heavy metal, na forma de massiva, impressionante barragem de fogo russo sobre 140 alvos no ‘califato’, atacados com 34 mísseis cruzadores lançados do ar e ação furiosa dos bombardeiros estratégicos Tu-160, Tu-22 e do Tu-95MC ‘Urso’. Foi a primeira vez que os bombardeiros russos estratégicos de longo alcance foram empregados desde a jihad afegã dos anos 1980s.
E mais virão – para serem alocados na Síria; deslocamento extra de 25 bombardeiros estratégicos, oito jatos de ataque Su-34 ‘Fullback’ e quatro Su-27 ‘Flanker’.
Já na reunião do G-20 em Antalya, Putin revelara espetacularmente a lista dos que contribuem para financiar o Daesh – lista completa, com “exemplos baseados em nossos dados sobre o financiamento, por indivíduos privados, de diferentes unidades [do Daesh].”
O detalhe-explosão: o dinheiro do Daesh, “como já determinamos, vem de 40 países e há entre eles vários membros do G20” – disse o presidente Putin. Não é preciso ser gênio da Caltech para adivinhar quais são esses membros. Melhor que levem a sério a mensagem de “podem correr, mas não conseguirão se esconder”.
UM MITO DESFEITO
Além disso, Putin desmontou – com provas – à frente de todo o G20, o mito de que alguma Washington estaria seriamente engajada em alguma luta contra o Daesh: “Mostrei aos nossos colegas fotos tiradas do espaço e de aviões, que demonstram claramente a escala do contrabando de petróleo.” Falava da frota de caminhões tanques nos quais o Daesh contrabandeia petróleo, mais de mil caminhões.
Na sequência, trabalhando aparentemente a partir da inteligência de satélites russos, o Pentágono, miraculosamente, deu jeito de encontrar uma fila de caminhões tanques que se estendia “além do horizonte”, pela qual os terroristas contrabandeiam petróleo sírio. Então sim, bombardearam devidamente 116 caminhões tanques. Foi a primeira vez. E, isso, em mais de um ano, tempo durante o qual a Coalizão dos Oportunistas Finórios (COF) estaria, teoricamente, combatendo contra o Daesh. Antes, o único bombardeiro contra os caminhões tanques que jamais aconteceu foi obra da Força Aérea Iraquiana.
A “estratégia” dos EUA, que Obama pôs em modo turbo recentemente, é bombardear a infraestrutura (envelhecida) do petróleo sírio, atualmente expropriada e explorada pelos terroristas do Daesh. Tecnicamente, é propriedade de Damasco e portanto pertence “ao povo sírio”.
DINHEIRO A GANHAR
Mesmo assim Washington sempre pareceu até hoje mais focada, à moda do capitalismo de desastre, em outro “povo”, que teria muito dinheiro a ganhar reconstruindo a infraestrutura devastada da Síria, no caso de o golpe de “Assad tem de sair” funcionar.
Mais uma vez, a Rússia foi direto ao ponto. Bombardear a rede de transporte – os comboios de caminhões carregados de petróleo contrabandeado, não a infraestrutura instalada do petróleo. Assim, com o tempo, os contrabandistas de petróleo terão de cair fora do business.
A razão chave pela qual o governo Obama jamais antes pensara nessa possibilidade é a Turquia. Washington precisa de Ancara, membro da OTAN, para continuar a usar a base aérea de Incirlik. E há a sensibilíssima questão de quem lucra com a operação de contrabando de petróleo do Daesh.
Gursel Tekin, do Partido Socialista Turco já provou que o petróleo contrabandeado pelo Daesh é exportado para a Turquia pela BMZ, empresa de navios controlada por ninguém menos que Bilal Erdogan, filho do presidente-sultão Erdogan. No mínimo, é violação da Resolução n. 2.170 do Conselho de Segurança da ONU. À luz da mensagem de Putin – de que irá à caça de qualquer entidade envolvida no processo de facilitar a operação do Daesh, o clã Erdogan bem fará se tratar de providenciar alguma desculpa bem boa.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O artigo enviado por Sergio Caldieri mostra a gravidade da situação no Oriente Médio. Foi escrito antes da derrubada do caça russo, que supostamente teria invadido território turco. Uma situação muito complicada, que deve preocupar a todos nós, embora estejamos a milhares de quilômetros do conflito. (C.N.)

26 de novembro de 2015
Pepe Escobar
RT

A. PIAZZOLLA. LIBERTANGO

A. Piazzolla. Libertango - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=kdhTodxH7Gw




26 de novembro de 2015
m.americo




http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2015/11/a-piazzolla-libertango.html



O BRASIL PERANTE A NOVA ORDEM MUNDIAL


O filósofo Olavo de Carvalho disponibiliza ao público a aula 316 de seu Curso Online de Filosofia, ministrada no último sábado (14).

"Um dos fatores que asseguram a permanência no poder de um governo que tem o apoio de apenas 1% da população é o respaldo internacional."
"Sem um estudo desse fenômeno do globalismo nunca vamos entender o que está acontecendo no Brasil."


Olavo de Carvalho- O Brasil perante os conflitos da Nova ...

https://www.youtube.com/watch?v=dKzOIKLL_pE
3 de mai de 2010 - Vídeo enviado por Andre Chilano Moreira
Discurso do Professor Olavo de Carvalho na OAB sobre o Brasil perante os conflitos da Nova Ordem ...


26 de novembro de 2015
olavo de carvalho

LULA & FRIENDS: NENHUM BRASILEIRO TEM TANTOS AMIGOS NA CADEIA


Ele é o novo “pai dos pobres”, o ex-operário que se aposentou bem cedo por um acidente para poder se dedicar à luta contra a pobreza e às injustiças. Fundou o Partido dos Trabalhadores. Fundou também o Foro de São Paulo, com Fidel Castro.
Um sujeito ético, que iria renovar a forma de se fazer política no país. Como? Juntando-se a todos os velhos caciques ladrões e tentando comprar o resto do Congresso todo.
Os “intelectuais” o amam. Quando ele fala, com língua presa e português errado, “o mundo se ilumina”. Os sindicalistas o veneram, pois é um deles, dos que sempre lutou contra os capitalistas selvagens. Como? Emprestando bilhões subsidiados do BNDES para poucos e grandes grupos.
Ele representa o pobre e oprimido contra os gananciosos e exploradores. Como? Bebendo dos vinhos mais caros, andando de jatinho para todo lado, relaxando num triplex em frente ao mar, com dezenas de milhões em sua conta bancária.
E não ouse criticá-lo! Se você o fizer, é porque é parte da elite invejosa, que não tolera tudo o que ele fez pelos mais pobres, enchendo os aeroportos com gente humilde, distribuindo esmolas retiradas do couro da classe média em troca de votos.
O homem é quase um santo! É reverenciado no nordeste, adorado nas rodas da alta sociedade nos Jardins e idolatrado nos meios artísticos do Leblon. Só tem um detalhe: nenhum outro brasileiro tem tantos “amigos do peito” na cadeia. Sim, parece que basta ser seu camarada próximo para ter enorme probabilidade de acabar no xilindró. Vejam:

Nesse Dia de Ação de Graças, o ex-metalúrgico só deve ter recebido convites para compartilhar do peru em presídios. Vai ter amigo ladrão assim em Cuba!
Se esse sujeito tentar se aproximar de você oferecendo alguma coisa, se ele quiser ser seu companheiro, seu amigão, cuidado! Isso significa que você, em breve, poderá ser preso também. Nunca antes na história deste país uma pessoa tão ética se cercou de tantos bandidos. É um espanto!
26 de novembro de 2015
Rodrigo Constantino

"A MELHOR SAÍDA É PELO PARAGUAI" OU "AVISO AOS NAVEGANTES"



O histórico episódio do senador  Delcídio permitiu as seguintes constatações:

-  a força da opinião pública, que quer "moralidade, já", expressa nas cartas aos jornais,  revistas, blogs e redes sociais, que levou o Senado a decidir pelo voto aberto, apesar de o presidente da Casa ter apresentado decisão pré-elaborada a favor do voto secreto, certamente pensando no que está por vir;

- o definhamento moral dos políticos, especialmente do PT, que tem vários de seus membros presos – agora o seu lider no Senado, o que é fortemente simbólico, -, e outros a caminho, e que não se emenda, absurdamente divorciado da realidade do país e do mundo, continuando a votar contra tudo o que representa moralidade e modernidade. 
Foram 13 os votos para não referendar a prisão do senador, a maioria  deles (70%), de petistas, o que, não sem razão, remete ao número do vergonhoso partido!;

- a força da democracia, a independência dos Poderes e a firme atuação do STF, expressa no também histórico "Aviso aos Navegantes", da ministra Carmem Lúcia;

-  que é preciso que o Senado casse o mandato do indigno senador, e a Câmara dos Deputados acabe com essa imoral e mafiosa pantomima, e casse, também e imediatamente, o seu hipócrita presidente, para dizer apenas o mínimo que o qualifica.

26 de novembro de 2015
Luiz Sérgio Silveira Costa é Almirante, reformado.

DEICÍDIO


26 de novembro de 2015

RESSUSCITAÇÃO POLÍTICA



Nunca antes na história da República do Brasil se assistiu a uma prisão de um senador em pleno exercício do mandato parlamentar, a qual veio a ser confirmada pela casa alta numa expressiva votação. O que se extrai de positivo diante de tudo isso é que se a classe política não está morta. Ela, decisiva e definitivamente, destruiu, estraçalhou e detonou os sonhos de milhões de brasileiros, em troco da impunidade em busca da corrupção.

Quando um Senador poderia tocar no nome em conversas com os Ministros da Suprema Corte, dando a entender que teria um fácil transito e forte influência? As circunstâncias são gravíssimas e comprovam que a classe política apenas pensa nos seu bem estar, achando que voto obrigatório representa democracia, bilhões roubados e desviados dos serviços públicos e agora lamentam ajuste fiscal para o retorno da famigerada CPMF.

A ressuscitação dos políticos brasileiros passa por vários fatores. O fim do foro privilegiado, o término da imunidade parlamentar, dinheiro não declarado em campanha política, fiscalização plena das cortes eleitorais, submissão ao mandato por prazo indeterminado, e uma prestação efetiva de contas à população, com o fim das regalias de três dias por semana, e salários indiretos.

Não se sustenta uma republica deformada e desarticulada com mais de 5600 comunas, muitas das quais incapazes de pagar a folha dos servidores ou os serviços essenciais à população. Foram anos e mais anos de absoluta dissociação entre o político e seu eleitor. Somente voltam quando estão à cata do voto e na espreita de favores pessoais. Quanta diferença existe entre um político local e aqueles que lutam pelos ideais da sociedade.

E essa falta de força política domina o cenário local e o estrangeiro. Os atentados cometidos em França indicam que as grandes potencias em algum momento falharam e permitiram que o terrorismo espalhasse suas garras mundo afora. O Estado Brasileiro falido e perdulário encontra nos políticos a desaliança, o estado de torpor e a morbidade permanente,

haja vista que se lançam em obras, serviços e todo tipo de vantagens indevidas, para que aboletem recursos financeiros ao longo do exercício do mandato, seguros que a impunidade prevalecerá e a demora no julgamento pelo STF deflagará a acalentada prescrição.

O esvaziamento do interesse do cidadão se deve em razão da falta de oposição, e quando na Argentina uma terceira corrente veio à baila, as distâncias foram encurtadas e o recado das urnas entendido e bem compreendido. Temos uma forte abstenção somada à nulidade do voto do eleitor, cuja histórica prisão de um Senador incorporada ao banqueiro de elevadas somas, coloca em grande indignação toda a cidadania e contrasta com os dias atuais difíceis e de agruras.

O cidadão brasileiro já está convencido que nada poderá esperar de mudança e transformação dos políticos, os quais desservem a República e não trabalham em prol de melhores dias para revertes os malefícios do desemprego, da estagnação, da alta inflação, do cambio e da desintrustrialização.

Incrível como o Senador balbucia os nomes de ministros e políticos de frente do governo ou de aliados, tudo dando a entender que na República de bananas o mais espertalhão é o que sobrevive e arregimenta as falcatruas pela inércia das instituições.

Algo de muito podre no reino do Brasil está sendo, pela primeira vez, desnudado, exposto e a tumorização sumetida ao pesado bisturi da polícia federal, do ministério público e da justiça.

Que essas lições sirvam de exemplo senão para a ressuscitação da classe política que tanto nos envergonha ao menos para o redesenho formatado de poucos mas representativos partidos políticos, pois que os gastos feitos com nossos parlamentares além de excessivos e supérfluos vão para o ralo da desesperança e amargura de uma Nação em destruição.

26 de novembro de 2015
Carlos Henrique Abrão, Doutor em Direito pela USP com Especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO


O decano do Supremo Tribunal Brasileiro, o jurista Celso de Mello, transmitiu ontem, com toda exatidão, a reprodução do pensamento de cada brasileiro de bem que não tolera mais o desgoverno do crime organizado: "A delinquência institucional cometida na intimidade do poder por marginais que se apossaram do aparelho de Estado se tornou realidade perigosa, que vilipendia, que profana e que desonra o exercício das instituições e deforma e ultraja os padrões éticos. É preciso esmagar e destruir com todo o peso da lei esses agentes criminosos que atentaram contra as leis penais da República e contra os sentimentos de moralidade e de decência do povo brasileiro". 

A fanfarronice do arrogante senador Delcídio Amaral, um dos mais influentes petistas e líder do governo no Senado, revelada pela gravação indiscreta de um smartphone, foi a causa da inédita prisão dele, do advogado, um assessor e, por tabela, do banqueiro André Esteves. Por consenso, os 11 ministros do STF não toleraram o fato público de Delcídio tentar envolver, publicamente, os nomes dos ministros Teori Zavaski, Dias Toffoli, Edson Fachin e Gilmar Mendes naquilo que seria um criminoso tráfico de influência para esculachar a Operação Lava Jato.

Os supremos magistrados não perdoaram Delcídio por ele ter exposto e sugerido, abertamente, que teria o poder de obter decisões judiciais favoráveis a Nestor Cerveró, influindo junto a membros da Suprema Corte. A coisa ficou tão feia que até o Senado foi forçado a manter a prisão preventiva dele por esmagadores 59 votos - contra 13 e a abstenção solitária de Edson Lobão. Delcídio é candidato a perder o mandato. O Palhasso do Planalto, apanhado de calça arriada, terá de produzir um milagre para isto não acontecer.

Citado, nominalmente, pelo fanfarrão Delcídio, o presidente da segunda turma, José Dias Toffoli, até esqueceu que um dia foi companheiro de partido do senador preso e fulminou: "Infelizmente, estamos sujeitos a esse tipo de situação, pessoas que vendem ilusões, mensageiros que tentam dizer conversei com fulano, conversei com cicrano e vou resolver a sua situação. Infelizmente, são situações que ocorrem. Não é a primeira vez que isso ocorre. O que importa é o seguinte: o Supremo Tribunal Federal não vai aceitar nenhum tipo de intrusão nas investigações que estão em curso e é isso que ficou bem claro na tomada dessa decisão unânime e colegiada".

Dias Toffoli foi além: "O ministro Teori Zavascki tomou essa decisão comunicando aos colegas e unanimemente entendemos que essa decisão, diante da gravidade da situação, deveria ser decidida ser ratificada também pelo colegiado, como foi na data de hoje. Isso é agora uma decisão da Segunda Turma do STF, tanto a prisão em situação de flagrância do senador Delcídio Amaral como também as outras prisões, temporária e preventiva, decretadas".

As injuriadas declarações na segunda turma do STF, que decretaram a unanimidade para a cadeia de Delcídio, têm um significado histórico. A ministra Carmem Lúcia detonou: "Na história recente de nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós brasileiros acreditou no mote de que a esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 (mensalão) e descobrimos que o cinismo venceu a esperança. E agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. Quero avisar que o crime não vencerá a Justiça. A decepção não pode vencer a vontade de acertar no espaço público. Não se confunde imunidade com impunidade. A Constituição não permite a impunidade a quem quer que seja". 

Graças à imunidade parlamentar concedida pela Constituição Federal, parlamentares no exercício da função só podem ser presos depois de condenados em sentença definitiva. Mas um deputado ou senador pode ser preso em flagrante se for apanhado cometendo um crime inafiançável. Na mesma linha ofensiva, o decano Celso de Mello justificou a exceção à regra: "Ninguém, nem mesmo o líder do governo do Senado, está acima da autoridade das leis que regem esse país. A Constituição autoriza excepcionalmente a prisão cautelar de um parlamentar. Os fatos são extremamente graves
".

Resumindo a gravidade dos fatos para um marciano que chegou ontem ao Brasil (ainda terra da Impunidade e do rigor seletivo). A desgraça de Delcídio foi causada por uma conversa gravada no telefone celular de Bernardo Cerveró (filho do delator premiado na Lava Jato Nestor Cerveró), em uma reunião no quarto de um hotel, em Brasília, no dia 4 novembro. A advogada dele, Alessi Brandão, foi quem denunciou tudo, espontaneamente, à Procuradoria Geral da República. Procuradores ouviram Bernardo e o pai dele fizeram a transcrição das conversas no encontro de 1h 35 minutos, e o Procurador-Geral Rodrigo Janot produziu a denúncia que deixou os membros do STF totalmente pts da vida. Delcídio e a turma dele foram acusados de obstruir as investigações.
No final das contas, a unanimidade do STF foi sensibilizada pela exposição contundente do Procurador-Geral Rodrigo Janot nos pedidos de prisão: "A Carta Magna não pode ser interpretada de modo a colocar o Supremo Tribunal Federal, intérprete e guardião máximo da Constituição Federal, em posição de impotência frente à organização criminosa que se embrenhou dentro do Estado. A interpretação literal do § 2° do art. 53, descontextualizada de todo o sistema, transformaria a relevante garantia constitucional da imunidade parlamentar em abrigo de criminosos, os quais vêm sabotando relevante investigação criminal e instrução processual em curso".

O caso André Esteves


Se existem motivos para celebrar a inédita prisão do senador petista Delcídio Amaral, nada custa ter um pouco de cautela na prisão do poderoso banqueiro André Esteves - outro que se julgava acima do bem e do mal. Nada custa lembrar que o empresário José Carlos Bumlai foi preso porque usou o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer negócios. Curiosamente, Lula sequer foi preso, embora tivesse seu nome nome (supostamente) usado em vão. Foi diferente do que aconteceu com Esteves. Ele também teve o nome usado por Delcídio, que na negociação com Bernardo Cerveró proclamou que Esteves pagaria R$ 4 milhões a um advogado para Cerveró ficar em silêncio e não dedurá-lo.

Na prática, Esteves acabou preso, temporariamente, em função da fanfarronice de Delcídio e pela suspeita de ter conseguido uma cópia não autorizada da "colaboração premiada" de Cerveró - fato objetivo ainda não comprovado, mas que pode ser provado dependendo dos documentos apreendidos ontem.

Nada custa lembrar que a norma prevista no art. 5°, LVI, da Constituição da República desautoriza o Estado-acusador, no desempenho de sua atividade persecutória, a utilizar-se de provas obtidas por meios ilícitos, considerados aqueles que resultem de violação as normas de direito material. 

A dúvida que fica no ar é: Esteves foi mais um alvo do rigor seletivo que atinge os que são eleitos como "inimigos de ocasião"? No mercado, já tem gente de peso apostando que alguém poderoso quer tomar os negócios do cérebro por trás do BTG Pactual.

Independentemente dessa tese, o STF considerou que a custódia temporária de André Esteves e Diogo Ferreira se mostrou imprescindível para evitar possível prejuízo à investigação. Elementos indiciários apontam para a "participação dos presos no embaraço à Operação Lava Jato mediante persuasão de Nestor Cerveró a se manter em silêncio", especialmente em relação a fatos envolvendo o Senador Delcídio Amaral, durante depoimentos prestados no âmbito da colaboração premiada.

Tais elementos indiciários apontam que André Esteves, a mando do mencionado Senador, seria o responsável pelo pagamento de auxílio financeiro à família de Nestor Cerveró, enquanto Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Senador, teria participado de todas as reuniões com o filho de Nestor, ocupando "posição privilegiada para suprimir provas contra o congressista a que serve e já mostrou disposição concreta para agir com essa finalidade".

O STF concordou com o Procurador-Geral que o pedido de prisão preventiva demonstra de maneira robusta, com base no material indiciário colhido até o momento e indicando, com margem suficiente, a possível existência de graves crime contra a Administração da Justiça, contra a Administração Pública, organização criminosa e mesmo lavagem de dinheiro, para a consecução dos quais teria havido supostamente importante participação dos requeridos. 

O STF também referendou que: "Os elementos fáticos descritos no presente requerimento dão conta, ao menos em tese, de várias reuniões entre Bernardo Cerveró, Delcídio do Amaral, Edson Ribeiro e Diogo Ferreira Rodrigues para fraudar investigação em curso, sobretudo no Supremo Tribunal Federal, forçando Nestor Cerveró a não se tornar colaborador nos termos da Lei 12.850/2013, ou que não relatasse fatos em tese criminosos vinculados ao Senador Delcídio Amaral e a André Esteves. Em contrapartida, estes últimos repassariam vantagens financeiras a Nestor Cerveró e seus familiares". 

Contra Esteves, a Procuradoria-Geral da República frisou que "o relato do congressista na conversa gravada revela fato de elevada gravidade: a informação de que o banqueiro André Esteves está na posse de cópia de minuta de anexo do acordo de colaboração premiada ora submetido à homologação, com anotações manuscritas do próprio Nestor Cerveró. Essa informação revela a existência de perigoso canal de vazamento, cuja amplitude não se conhece: constitui genuíno mistério que um documento que estava guardado em ambiente prisional em Curitiba/PR, com incidência de sigilo, tenha chegado às mãos de um banqueiro privado em São Paulo/SP".

E o STF também reconheceu outro agravante contra Delcídio: "O relato do Senador Delcídio Amaral dessa situação por ele experimentada diante de André Esteves deixa claro que o líder do governo no Senado nunca se preocupou em alertar as autoridades competentes de que poderia haver canal grave e improvável de vazamento no maior complexo investigatório em curso no País. Sua preocupação foi apenas a de que o vazamento pudesse repercutir negativamente na conclusão do conchavo escuso que ele estava concertando, pelo qual o banqueiro forneceria recursos para a família de Nestor Cerveró em troca do silêncio deste último".

O STF também aceitou outro ponto contra Esteves: "Ainda segundo o relato do Senador Delcídio Amaral, André Esteves exibiu o documento sigiloso sem fornecer explicações sobre como ele tinha chegado a suas mãos. O banqueiro não se preocupou em construir versão para dar a impressão de que isso tivesse acontecido fortuitamente. Fica claro, em verdade, pelo relato do congressista, que André Esteves exibiu o documento sem se constranger de havê-lo obtido de forma indevida, o que corrobora a tese de que ele está disposto obter informações por meios ilícitos para evitar que a Operação Lava Jato tangencie o Banco BTG Pactual".
Risco de quebradeira?

Esteves comanda não apenas a oitava maior instituição financeira do país e o maior banco de investimentos independente da América Latina, com R$ 214,8 bilhões em ativos administrados. Por isso, dirigentes do Banco BTG Pactual estão preocupados com a perda de investidores, especialmente estrangeiros, que seguem regras de compliance (conformidade com um conjunto de regras e práticas anticorrupção, por exemplo). O banco tem 35 escritórios em 20 países. Opera em grandes centros financeiros, como Nova York e Londres. Tem filiais no Chile, Colômbia, México, Argentina, Peru, Costa Rica, Itália, China, Cingapura, África do Sul, Suíça, Ucrânia, Inglaterra, EUA, Quênia, Rússia, Índia, Luxemburgo e Ilhas Cayman.

As maiores dores de cabeça são com os negócios envolvendo a empresa Sete Brasil (um negócio de US$ 13 bilhões que depende da problemática Petrobras e envolve interesses dos maiores fundos de pensão de estatais, o FI-FGTS, Santander e Bradesco). Também preocupa a fusão da Oi com a TIM (que pode movimentar R$ 40 bilhões) e depende, demais, da credibilidade do banco - agora abaladísima com a prisão de seu dirigente máximo.


Maldades delcidianas


Pérolas do Delcídio Amaral na transcrição da gravação da conversa com Bernardo Cerveró:

DELCIDIO - “você viu que o Eduardo Braga não deu uma palavra? É sinal que a Petrobras está totalmente desconectada do Ministério de Minas e Energia”.

DELCIDIO - "Outro dia, uma pessoa me perguntou: “escuta aqui! A quem o Bendine se subordina? É ao Ministro ou é à Dilma?”. Ontem ficou claro. Inclusive o Pimentel, que é Senador comigo, e é líder do Congresso, né? líder no Congresso: “você viu quem é que despacha Petrobras?”. Aí (ele chegou) e falou assim: “a Dilma”.

DELCIDIO - "Nós conseguimos a duras penas arrumar aquilo que ele faz referência a mim. E os outros a gente pegou um ou dois né. É o que fala do Bumlai, do Lula, que é basicamente o roteiro. Foi o roteiro que ele pegou. É... eu não sei questão de África. Isso eu não sei. África eu não sei".

13 brincalhões

Apenas por mera coincidência, 13 senadores que votaram NÃO, a favor de livrar a barra de Delcídio, vários aparecem entre cotados para investigação na Lava Jato:

-Ângela Portela (PT-RR)
-Donizete Nogueira (PT-TO)
-Gleise Hoffmann (PT-PR)
-Humberto Costa (PT-PE)
-João Alberto Souza (PMDB-MA)
-Jorge Viana (PT-AC)
-José Pimentel (PT-CE)
-Lindenbergh Farias (PT-RJ)
-Paulo Rocha (PT-PA)
-Regina Souza (PT-PI)
-Roberto Rocha (PSB-MA)
-Telmário Mota (PDT-RR)
-Fernando Collor de Mello (PTB-AL)

E ainda teve a abstenção do poderoso maranhense Edson Lobão (PMDB-MA) - discípulo de José Sarney e homem que comandou as Minas e Energia nos tempos do Petrolão...

Palestra adiada por motivos de força maior


Piada boa

Suposto diálogo entre o Senador Delcidio e o Policial Federal que virou piada na internet:

- Vossa Excelência está preso, por favor me acompanhe.

- Eu tenho direito a um advogado.

- Sim, ele já está preso ali na viatura.

- Tenho direito a um telefonema, preciso falar com meu assessor.

- Nem precisa telefonar, senhor ele também está preso na viatura da frente.

- E se eu precisar de dinheiro pra fiança?

- Ainda sem problemas, seu banqueiro está na viatura de trás. Vamos embora!

Presentes natalinos para os petralhas


Agradecimento temporário, Cunha...



Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

26 de novembro de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.