Depois de ler, com atenção, a excelente reportagem de Sofia Fernandes, Folha de São Paulo de 24 de Janeiro, sobre o déficit de 90,9 bilhões de dólares nas contas externas do Brasil em 2014, me ocorreu a ideia de, neste site, enviar uma mensagem ao ministro Joaquim Levy. É que, daquele total, uma parcela de 40 bilhões de dólares decorreu de 26 bilhões referentes à remessa de lucros e dividendos e 14 bilhões de dólares relativos aos juros de dívidas assumidas no mercado internacional.
Há outros itens expressivos no final da ópera, mas com a mensagem sugiro que o líder da equipe econômica não fique só preocupado com os cortes em contas internas de menor peso e volte também seu olhar crítico para as despesas no plano externo, muito mais volumosas.
Na sugestão, espero obter o endosso do editor do site, Carlos Newton, e do companheiro Flávio José Bortolotto. Seria uma espécie de telex, telegrama ou e-mail conjunto ao titular da Fazenda. Por exemplo: o déficit no ajuste do que saiu e do que ingressou em nossa economia, no ano passado, foi cerca de 10 bilhões de dólares maior do que o verificado em 2013, destaca Sofia Fernandes.
A despesa principal decorreu da remessa de lucros de empresas estrangeiras e os dividendos que pagaram aos seus acionistas, atingindo 26 bilhões de dólares. Em segundo lugar, através de um ponto a ser traduzido: 22,7 bilhões de dólares e entraram 7 bilhões. Nesta conta, o país perdeu 18 bilhões de dólares.
A seguir vêm os juros: 14 bilhões de dólares, o que aparentemente não inclui a diminuição do estoque dos endividamentos. Juros não significam resgate.
TROCAS COMERCIAIS
Finalmente vem o prejuízo de 3,9 bilhões de dólares registrados nas trocas comerciais. A balança comercial é apenas um item das contas externas. Contraditoriamente, alguns analistas deram mais destaque ao déficit no comércio do que no déficit geral verificado – isso sim, mais importante – porque o resultado negativo do comércio representou apenas pouco mais de 4% do conjunto das contas, resultado do confronto entre o que saiu e o que ingressou na economia brasileira.
A repórter ainda acrescenta que, durante a Copa do Mundo, a presença e os gastos de estrangeiros no Brasil alcançou somente a parcela de 3% no ingresso total com turismo no ano passado. Ou seja, 3% de 7 bilhões de dólares. Algo em torno de 210 (milhões) de dólares, no caso. A reportagem da Folha de São Paulo ganha importância porque, no fundo, expõe a verdade dos fatos concretos.
SEGURO DESEMPREGO, CLÁUSULA PÉTREA
Matéria de Eliane Oliveira, O Globo, edição de 25, focaliza a nota distribuída à imprensa, no sábado, pelo ministro Miguel Rossetto, Secretário geral da Previdência da República, um dia depois da entrevista do ministro Joaquim Levy ao Financial Times, de Londres. Levy defendeu a reforma do sistema.
Rossetto rebateu dizendo que se tratava de cláusula pétrea que não poderia ser mudada nem por emenda constitucional. Esqueceu que a Presidente Dilma havia enviado Medida Provisória ao Congresso alterando algumas normas relativas à concessão desse direito. Caso dos prazos para sua obtenção por parte dos desempregados.
28 de janeiro de 2015
Pedro do Coutto