Artigos - Cultura
Em julho de 2013, um mês antes do lançamento do best seller de Olavo de Carvalho, idealizado e organizado por mim, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, eu organizei notas e trechos da obra do autor para responder de vez a todos que, no auge da comoção nacional com as manifestações de rua, perguntavam quais eram as soluções e as “propostas positivas” para o país.
Como tudo isso volta à tona em período eleitoral, atualizo aqui no meu blog na VEJA o post de um ano atrás, observando que, neste meio-tempo, eu ocupei o meu espaço na mídia. Destaque para a PARTE VI, que traz “As 8 soluções para o Brasil”, reduzidas a 3 no plano de ação ao lado.
PARTE I:
PROBLEMAS DO BRASIL
(…) Se me perguntarem quais são os problemas essenciais do Brasil, responderei sem a menor dificuldade:
1) A matança de brasileiros, entre quarenta e cinquenta mil por ano [número que já subiu para 56.337 em 2012, de acordo com o mais recente Mapa da Violência, de 2014];
2) O consumo de drogas, que aumenta mais do que em qualquer país vizinho, e que alguns celerados pretendem aumentar ainda mais mediante a liberação do narcotráfico – o maior prêmio que as Farc poderiam receber por décadas de morticínio.
3)A absoluta ausência de educação num país cujos estudantes tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais, concorrendo com crianças de nações bem mais pobres; num país, mais ainda, onde se aceita como ministro da Educação um sujeito que não aprendeu a soletrar a palavra “cabeçalho” porque jamais teve cabeça, e onde se entende que a maior urgência do sistema escolar é ensinar às crianças as delícias da sodomia – sem dúvida uma solução prática para estudantes e professores, já que o exercício dessa atividade não requer conhecimentos de português, de matemática ou de coisa nenhuma exceto a localização aproximada partes anatômicas envolvidas.
4) A falta cada vez maior de mão de obra qualificada de nível superior, que tem de ser trazida de fora porque das universidades não vem ninguém alfabetizado.
5) A dívida monstruosa acumulada por um governo criminoso que não se vexa de estrangular as gerações vindouras para conquistar os votos da presente, e que ainda é festejado, por isso, como o salvador da economia nacional.
6) A completa impossibilidade da concorrência democrática num quadro onde governo e oposição se aliaram, com o auxílio da grande mídia e a omissão cúmplice da classe rica, para censurar e proibir qualquer discurso político que defenda os ideais e valores majoritários da população, abomináveis ao paladar da elite.
7) A debilitação alarmante da soberania nacional, já condenada à morte pela burocracia internacional em ascensão e pelo cerco continental do Foro de São Paulo (aquela entidade que até ontem nem mesmo existia, não é?).
8) A destruição completa da alta cultura, num estado catastrófico de favelização intelectual onde a função de respiradouro para a grande circulação de ideias no mundo, que caberia à classe acadêmica como um todo, é exercida praticamente por um único indivíduo, um último sobrevivente, que em retribuição leva pedradas e cuspidas por todo lado, especialmente dos plagiários e usurpadores que vivem de parasitar o seu trabalho.
Se me perguntam a causa desses oito vexames colossais, digo que é a coisa mais óbvia do mundo: quarenta anos atrás, as instituições que se gabam de ser as maiores universidades brasileiras lançaram na praça uma geração de pseudo-intelectuais morbidamente presunçosos, que na juventude já se pavoneavam de ser “a parcela mais esclarecida da população”.
Hoje essas mentes iluminadas dominam tudo – sistema educacional, partidos políticos, burocracia estatal, o diabo -, moldando o País à sua imagem e semelhança. Matança, dívidas, emburrecimento geral, debacle do ensino, é tudo mérito de um reduzido grupo de cérebros de péssima qualidade intoxicados de ideias bestas e vaidade infernal. Dentre todas as gerações de intelectuais brasileiros, a pior, a mais predatória, a mais destrutiva. (…)
PARTE II:
CONFUSÃO MENTAL & DIREITA
1. Muito mais que o comunismo, a corrupção, o banditismo e a má administração, o problema do Brasil é a CONFUSÃO MENTAL. Sem corrigi-la antes, nenhum dos outros problemas terá solução jamais.
2. Alta cultura não é estetismo, não é show business, não é indústria cultural: é preparação do espírito humano para que não se perca na selva das aparências, mas, lidando com um problema qualquer, vá direto ao ponto. Infelizmente, não é possível transmitir alta cultura a milhões de pessoas antes de havê-la transmitido a uns milhares, nem a uns milhares antes de havê-la transmitido a uns poucos. Isso, no entanto, não é desculpa para não começar nunca.
3. Existe algum “movimento conservador” com organização, militância e recursos para enfrentar o MST? Existe aliás algum líder conservador de movimentos de rua que tenha ao menos parado para estudar a estrutura e a estratégia do MST? Ou alguém, no meio conservador, que tenha parado para meditar quantos anos levou o MST para conseguir algum de seus objetivos, mesmo os mais modestos? Estou com o SACO CHEIO de entusiasmos levianos. Não existe ninguém sério na “direita” brasileira?
Vejo um monte de gente disposta a sair gritando na rua. Peça uma contribuição de dez reais a cada um e metade deles lhe virará as costas. A outra metade rirá na sua cara. O PT recebeu de seus militantes contribuições de dez, vinte e até trinta por cento dos seus salários durante DÉCADAS antes de conseguir alguma projeção política. A direita brasileira é desprezível.
“Deserve victory“, ensinava Winston Churchill. Merecê-la desde antes mesmo de buscá-la. Quem, na “direita” brasileira, entende isso? Se não vêem uma perspectiva de vitória em dois meses, ficam todos deprimidinhos e acham que é o fim do mundo. A esquerda está no poder porque o mereceu.
4. Sabem por que o comunismo prospera? É porque gerações e gerações de comunistas consentiram em dar suas vidas pelo movimento e morrer antes de ver qualquer de seus objetivos realizado. Quem dura mais, vence. Aquele cujos sonhos medem menos que a duração da sua vida só merece a derrota e o descrédito.
5. O primeiro teste de um movimento político é a quantidade de intelectuais sérios cujas discussões antecedem a sua fundação. O segundo é: quanto dinheiro ele conseguiu em contribuições na sua primeira assembleia? Se o patrimônio intelectual é pobre e o financeiro é miserável, isso quer dizer apenas que o movimento é uma M****.
6. Chega de discutir pontos particulares do programa comunista. É preciso acertar no coração do bicho [o Foro de São Paulo] em vez de apenas roer-lhe as unhas.
7. Também chega de discutir lindas “propostas positivas” para um Brasil melhor enquanto a praga comunista não for extirpada. Quando uma jovem está sendo estuprada, não é hora de sonhar com um lindo casamento, filhinhos, uma casa própria etc. É hora de parar o estuprador.
8. Ninguém vai vencer o esquema comunopetista por meio de eleições, de golpe militar ou de passeatas de protesto. Organizar a militância, ocupar espaços nas entidades da sociedade civil, na mídia e na educação, e partir para um agressivo ativismo judicial antes que o último juiz seja cooptado – eis as únicas (talvez as últimas) possibilidades de ação real.
PARTE III:
“O SER HUMANO NÃO NASCEU PARA CORRIGIR O MUNDO.”
True Outspeak de 22/11/2010, transcrito por Felipe Moura Brasil:
(…) A camada intelectual é constituída de pessoas frágeis. Sempre foi assim. São pessoas que às vezes não têm uma posição definida na sociedade, que têm muitas ambições e poucos meios de realização… Então esse pessoal sempre traz um grande ressentimento dentro de si. E olha o mundo e vê o que lhe parece ser a vitória dos maus, que nem sempre são tão maus quanto ele imagina. Mas, diante dessa revolta, ele vendo o poder do mal no mundo, ele se impressiona com o poder do mal, e impressionar-se ante um poder já é cultuá-lo, já é cair sob o domínio dele. Então o sujeito começa a entrar na dialética do mal: ele lê Maquiavel, lê Nietzsche, essa coisa toda, e aí vai elaborar a sua revolta, sem perceber que, com isso, ele está ele próprio se transformando num instrumento do demônio. Quer dizer: quanto mais revoltado contra o mal do mundo o sujeito está, mais mal ele vai fazer, isso aí é a coisa mais óbvia.
O ser humano não nasceu para corrigir o mundo. A esfera de ação própria do ser humano é muito pequena. E hoje em dia todo mundo tem a ambição de criar um mundo melhor. Qualquer garoto de 12 anos está criando um mundo melhor. Então é essa ambição de criar um mundo melhor que faz os camaradas entrarem numa luta pelo poder — porque, se você quer mudar o mundo, você precisa ter o poder para modificá-lo —, então modificar o mundo, melhorar o mundo passa a ser o capítulo 2; o capítulo 1 é conquistar o poder. Esse pessoal cria uma obsessão de poder, e todos eles se corrompem até o fundo da alma, e se transformam eles mesmos em maiores propagadores do mal ainda. Então isso não é porque o sujeito fosse um idealista.
Esse negócio de que os jovens entram nas lutas sociais por ser um idealista, isso é uma patacoada. Que garoto de 14 ou 15 anos tem uma visão correta da sociedade, da pobreza etc.? Que garoto de 14 anos está mais interessado nos outros do que em si mesmo? Me diga. Isso é impossível. Um garoto de 14 anos está lutando pela sua autorrealização. E, se ele está revoltado com a injustiça no mundo, é porque ele se sente injustiçado, embora na maior parte dos casos não o seja. Então ele projeta esse seu sentimento de injustiça nos outros, e diz que ele está representando então os pobres e oprimidos. Isso é uma mentira! Eu digo isso analisando o quê? A minha própria geração e a mim mesmo. O que é que eu sabia da pobreza e da miséria do Brasil quando pela primeira vez me fascinei pelas ideias de esquerda? Não sabia coisíssima nenhuma! Eu sabia que eu estava me sentindo mal. Eu me sentia mal e oprimido, então odiava qualquer coisa que representasse aos meus olhos a autoridade. Então eu estava lutando é pelos meus próprios interesses, pela minha própria vaidade, como todos daquela época!
Eu, inclusive, veja, no Partido Comunista, se você perguntar quem você conheceu que fosse uma pessoa piedosa, caridosa, que tivesse realmente piedade pelos pobres, que tentasse ajudá-los diretamente, não conheci um! Nem um único! Eram todos corações secos! Todos eles! Então o sujeito está lutando pela sua própria vaidade, mas, como se engana a si mesmo, achando que ele é o salvador que está lutando contra o mal, quanto mais ele pensa assim, mais ele se impregna do mal por via da vaidade. (…)
PARTE IV:
“SE VOCÊ COMBATER IMPIEDOSAMENTE AS FORÇAS DA DECADÊNCIA, DA CORRUPÇÃO, DA MENTIRA, O RESTO A SOCIEDADE FAZ POR SI.”
True Outspeak de 13/09/2010, transcrito por Felipe Moura Brasil:
(…) Eu não acredito nessa história de “Nós queremos montar uma sociedade virtuosa”. Isso aí é uma bobagem, uma bobajada! O nível da convivência social não depende de você ter nenhuma concepção da sociedade; não depende de você ter nenhum plano de sociedade virtuosa; não depende sequer de você ter ideais. Depende só de uma coisa: depende de você atuar contra as forças corruptoras que destroem a sociedade. Você não precisa ter uma proposta positiva.
Por exemplo: você pega aí a polícia. Para que existe a polícia? A polícia existe para combater o crime. Ela não vai fomentar os bons costumes por quê? Porque os bons costumes são normais, eles não precisam ser fomentados. Se você eliminar, se você combater impiedosamente as forças da decadência, da corrupção, da mentira, o resto a sociedade faz por si.
Você não é o único que tem ideia boa. Quantas pessoas tem no Brasil? 180 milhões de pessoas? 190? Então. Cada um deles tem uma boa intenção na cabeça. É só você eliminar os obstáculos que as pessoas realizam as suas boas intenções, as quais uma cabeça humana jamais poderia abarcar. Você não pode conceber de antemão todas as ideias boas, produtivas e humanitárias que as pessoas vão ter nos próximos 50 anos. Não é possível!
Então ter uma concepção integral da sociedade, boa e virtuosa, é perda de tempo. Só precisa combater o crime e a mentalidade revolucionária. É só isto! É só isto! Você não precisa ter belos planos para a economia, você não precisa ter belos planos para a educação, para nada. É só deixar que a sociedade tenha a sua iniciativa; e as pessoas que têm poder e influência que tratem de combater o mal.
Eu já falei pra vocês: não existe mal maior no mundo do que a mentalidade revolucionária há 300 anos. É isto que nós temos que combater! As pessoas dizem: o que nós temos que fazer para melhorar a economia brasileira? Não sei! O que devemos fazer para melhorar a educação no Brasil? Não sei! O que devemos fazer pela saúde pública? Não sei! O que devemos fazer? Devemos tirar do cenário os seus inimigos. O resto, deixa que o povo tenha a sua iniciativa, e todo mundo saberá ter a sua ideia boa e lutar por ela: cada um no seu campo.
Agora, se você vem com uma concepção integral de sociedade, você já está pensando igual à mentalidade revolucionária. Prestem atenção: até o advento da modernidade, ninguém jamais pensou em sociedade melhor. Ninguém pensou. Porque todo mundo sabia, por instinto, que a sociedade resulta de milhões de iniciativas que ninguém controla. Então, as pessoas tratavam de enfrentar os males que estavam ao seu alcance, sem ter nenhuma concepção global duma sociedade melhor. Agora, depois que veio o movimento revolucionário, até os inimigos dele querem ter uma concepção duma sociedade melhor. (…)
Projeto de futuro baseado na concentração de poder, o que é que é? É a revolução de novo, e de novo, e de novo, e de novo… E ninguém sai dessa porcaria! Então, ninguém tem que ter programa positivo para a sociedade. Nós temos apenas que combater os inimigos. Retirar o mal. Estudem Hegel. Hegel falava do “trabalho do negativo”. Se você insistentemente destrói determinada corrente, você está fomentando automaticamente as correntes que têm propostas diferentes. É a coisa mais óbvia. Correntes cujo florescimento você não pode prever e não pode controlar.
O bem é por sua própria natureza expansivo e criativo. Entendam isso, pelo amor de Deus! O bem não precisa ser planejado, meu Deus do Céu! Não precisa ter a “gerência geral do bem”. O bem está em todo coração humano. Ter amor a Deus, ter amor à família, ter amor ao próximo. As pessoas vivem tendo ideias maravilhosas.
Você veja: no Brasil dos anos 1980, 50% da economia nacional era o quê? Era economia informal. Era firma que não tinha registro. Era a mulher que fazia bolo pra vender pras vizinhas… O sujeito que tinha uma oficininha informal… Isso aí estava sustentando o Brasil, era metade da economia brasileira. Daí vem o governo e começa a querer controlar tudo. Pra que controlar se está funcionando, meu Deus do céu? “Ah, mas tem que pagar imposto…” Tem que pagar imposto pra quê? Pra alimentar o governo que vai paralisar tudo? É exatamente isso que está acontecendo. (…)
PARTE V:
“O BRASIL, NA VERDADE, SÓ TEM DOIS PROBLEMAS: A INSEGURANÇA GERAL E A INÉPCIA DA CLASSE DIRIGENTE.”
[Do artigo “O Estado covarde”, Diário do Comércio (editorial), 21 de fevereiro de 2006]
Uma coisa espantosa no Brasil de hoje é a candura, a inocência pueril ou mongolóide com que, num país onde ocorrem 50 mil homicídios por ano, as pessoas se acomodam à violência como uma fatalidade inevitável, dizendo de si para si que aquilo que não tem remédio remediado está, e saem buscando soluções para outros problemas em volta.
Digo cinqüenta mil porque é a estatística oficial da ONU. Segundo o repórter espanhol Luís Mir são 150 mil. Mas, se fossem cinqüenta mil, já seria o equivalente a três guerras do Iraque por ano, em tempo de paz.
Quem pode fazer a economia render, ampliar o mercado de empregos, aumentar a produção de bens, melhorar a distribuição, numa sociedade onde ninguém tem o mínimo de segurança física para saber se vai voltar vivo do trabalho? Quem pode pensar em educação, saúde, habitação, vestuário, se está sob ameaça de morte 24 horas por dia?
Isso é tudo ilusão, besteira, desconversa. Sem segurança não há progresso, educação, saúde, nem coisa nenhuma. Todo mundo sabe disto e faz de conta que não sabe. Faz de conta porque tem medo de enfrentar o problema fundamental, e então sai brincando de resolver os problemas periféricos só para dar “a si mesmo ou à platéia” a impressão de que está fazendo alguma coisa.
A taxa anual de homicídios no Brasil significa, pura e simplesmente, que não há ordem pública, não há lei nem direito, não há Estado, não há administração, há apenas um esquema estatal de dar emprego para vagabundos, sanguessugas, farsantes. O Estado brasileiro é uma instituição de auto-ajuda dos incapazes. E você, brasileiro, paga. Paga a pantomima toda. Paga para o sr. Gilberto Gil fazer de conta que é culto, paga para o sr. Nelson Jobim fazer de conta que é honesto, até para o sr. Lula da Silva fazer de conta que preside alguma coisa.
O Brasil, na verdade, só tem dois problemas: a insegurança geral e a inépcia da classe dirigente. O primeiro não deixa ninguém viver e o segundo anestesia a galera para que não ligue e trate de pensar em outra coisa. Desaparecidos esses dois problemas, a sociedade encontraria sozinha as soluções dos demais, sem precisar da ajuda de governo nenhum. A sociedade pode perfeitamente criar e distribuir riqueza, dar educação às crianças, encontrar meios de que todos tenham uma renda decente, moradia, saúde, assistência na velhice.
O que a sociedade não pode é garantir a ordem pública pela força das armas e educar os governantes para que governem. Isso tem de vir do Estado. Mas o Estado, justamente para não ter de fazer o que lhe compete, prefere se meter em todo o mais. É o Estado educador, o Estado médico, o Estado assistente social, o Estado onissapiente. Só não é o Estado-Estado. Só não é o que tem de ser.
É o Estado que tem cada vez mais poder sobre os cidadãos e menos poder contra os inimigos do cidadão. É o Estado santarrão, pomposo, grandiloqüente e covarde.
PARTE VI:
AS 8 SOLUÇÕES DE OLAVO DE CARVALHO PARA O BRASIL
Alguns leitores reclamam que descrevo o problema mas não indico solução. Sabem por que faço isso? É que as únicas soluções possíveis são tão difíceis e remotas que só de pensar nelas a visão do problema se torna ainda mais insuportável. Cada vez que volto ao assunto ecoa na minha memória o verso de Manuel Bandeira, o mais triste da literatura universal, que resume a história do Brasil nas últimas décadas: “A vida inteira que poderia ter sido e que não foi.” (…)
Querem soluções? Elas existem, mas os homens influentes deste país, tão logo acabem de ler a lista, já vão querer atenuá-las, adaptá-las ao nível de covardia e preguiça requerido para ser direitistas “do bem” ou então diluí-las em objeções sem fim até que se transformem nos seus contrários, mui dialeticamente.
Se querem saber, essas soluções são as seguintes:
1. Aceitar a luta ideológica com toda a extensão das suas conseqüências. Não fazer campanhas genéricas “contra a corrupção”, salvando a cara do comunismo, mas mostrar que a corrupção vem diretamente da estratégia comunista continental voltada à demolição das instituições.
2. Criar uma rede de entidades para divulgar os crimes do comunismo e mostrar ao público o total comprometimento da esquerda atual com aqueles que os praticaram. A simples comparação quantitiva fará o general Pinochet parecer Madre Teresa.
3. Criar uma rede de ONGs tipo media watch para denunciar e criminalizar a desinformação esquerdista na mídia nacional, a supressão proposital de notícias, a propaganda camuflada em jornalismo.
4. Desmantelar o monopólio esquerdista do movimento editorial, colocando à disposição do público milhares de livros anticomunistas e conservadores que lhe têm sido sonegados há quatro décadas.
5. Formar uma geração de intelectuais liberais e conservadores habilitados a desmascarar impiedosamente os trapaceiros e usurpadores esquerdistas que dominaram a educação superior e os órgãos de cultura em geral.
6. Formar e adestrar militância para manifestações de rua.
7. Durante pelo menos dez anos enfatizar antes o fortalecimento interno do movimento do que a conquista de cargos eleitorais.
8. Criar um vasto sistema de informações sobre a estratégia continental esquerdista e suas conexões com os centros do poder globalista, de modo a esclarecer o empresariado, os intelectuais e as Forças Armadas.
Essas são as soluções. Tudo o mais é desconversa. Ou os brasileiros fazem o que tem de ser feito, ou, por favor, que parem de choradeira. Que aprendam a morrer com decência. Se o Brasil cessar de existir, ninguém no mundo vai sentir falta dele. E se todos os brasileiros não inscritos no PT, no PSOL, na CUT e similares entrarem na próxima lista de falecidos do Livro Negro do Comunismo, talvez só eu mesmo ache isso um pouco ruim. Em todo caso, o fim do Brasil não vai abalar as estruturas do cosmos. Os esforços da direita nacional para a conquista da perfeita inocuidade estão perto de alcançar o sucesso definitivo. Quem em vida se esforçou para não fazer diferença, não há de fazer muita depois de morto. (…)
PARTE VII:
OLAVO EXPLICA AS SOLUÇÕES EM ÁUDIO
PARTE VIII:
A FUNÇÃO DOS INTELECTUAIS E DA MILITÂNCIA
(…) Militância, por seu lado, não se cria da noite para o dia. Ela começa com círculos muito pequenos de intelectuais que, por anos, nada fazem senão discutir e discutir, analisando diariamente, com minúcia obsessiva, uma conjuntura política na qual não têm o mínimo poder de interferir. É do seu debate interminável que emergem, aos poucos, certas maneiras de pensar e falar que, consolidadas e simplificadas em esquemas repetitivos, se tornam espontaneamente a linguagem dos insatisfeitos em geral. Quando estes aceitam a linguagem do núcleo intelectual como expressão de suas queixas (por mais inadequada que essa linguagem seja objetivamente), é então que começa o adestramento da militância propriamente dita. De início suas iniciativas podem parecer deslocadas e pueris, mas elas não visam a alcançar nenhum resultado objetivo: são apenas ação imanente, destinada a consolidar a militância. Isto é tão importante, tão vital, que todo movimento político sério tem de começar sacrificando eleições e cargos ao ídolo da solidariedade militante.
A direita não tem militância, desde logo, porque não entende a função dos intelectuais. Quer usá-los apenas como adornos, como redatores de publicidade ou como revisores de estilo do discurso empresarial. Não compreende que a análise de conjuntura, a revisão de estratégias, o auto-exame e a busca constante das chaves da unidade do movimento têm de ser atividades diuturnas, incansáveis, obstinadas. Essa é a função por excelência dos “intelectuais orgânicos”. Sem isso não há militância, e sem militância não adianta nem mesmo vencer eleições. Perguntem ao Fernando Collor.
14 de setembro de 2014
Felipe Moura Brasil