Dirigentes de uma cooperativa ligada ao Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) são presos. A acusação: eles desviaram dinheiro público que deveria ser usado para comprar alimentos para creches, escolas e hospitais.
Os velhos coronéis sempre usaram a pobreza e a miséria como trampolim para fazer política. manter o poder e amealhar fortuna. Essa tradição brasileira está em pleno processo de transformação — mas não na direção que o país gostaria. Entidades que historicamente empunharam bandeiras em defesa da distribuição de renda e da redução da desigualdade passaram a agir exatamente como os caciques que combatiam. surrupiando recursos que deveriam ser destinados à melhoria da qualidade de vida dos mais carentes.
É o caso do Movimento dos Trabalhadores sem Terra. Hoje vivendo à custa de verbas governamentais, o MST já foi flagrado vendendo lotes de terrenos, destruindo mata nativa protegida pelas leis ambientais e cometendo uma série de outros delitos. Agora, membros do MST ligados à Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Avante (Coana) foram mais fundo no Código Penal. A Coana deveria comprar arroz e leite de pequenos agricultores e destinar os alimentos a crianças de creches, escolas e hospitais.
O problema é que a Coana recebia do governo, mas não entregava toda a contrapartida. Ou seja: não comprava os alimentos dos pequenos produtores, muito menos levava a mercadoria à mesa de quem aguardava por ela. O dinheiro simplesmente desaparecia. O centro das fraudes era o município de Querência do Norte, no Paraná.
Lá, a cooperativa do MST mostrou que aprendeu rapidamente com as raposas com as quais duelava no passado. Uma investigação da Polícia Federal mostrou que a Coana forjou um cadastro de fornecedores e deixou de distribuir os alimentos às crianças da região na medida acordada. Há casos de produtores de leite cadastrados pela cooperativa que nem sequer tinham vacas.
A falcatrua levou Marli Brambilla. a principal coordenadora da Coana à prisão. Seu marido Jaime Dutra Coelho, um dos líderes do MST no oeste do Paraná, também foi detido para prestar esclarecimento. Coelho já havia frequentado as páginas policiais dos jornais em 1999 quando foi flagrado em escutas telefônicas ameaçando uma juíza de morte.
A PF começou a investigar esse esquema criminoso em 2011 quando foram descobertos negócios fictícios entre a cooperativa e a estatal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No inquérito, há fartas evidências das irregularidades e pistas sobre cúmplices eventuais. Em meio ao material apreendido na casa dos coordenadores da Coana, a Polícia Federal encontrou cópia de uma carta endereçada a Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência. No texto. Marli e Jaime avisam a Carvalho que já conseguiram "colocar" na Conab 1 600 toneladas de arroz.
O significado do verbo "colocar" usado na carta é incerto. Os criminosos, porém, informam o ministro Carvalho sobre o apoio do petista Silvio Porto, diretor de política agrícola da estatal. Em setembro, Porto foi indiciado pela PF pela autoria de quatro crimes no esquema Coana-Conab.
Na carta, os coordenadores da Coana lembram que negociavam também com a então senadora Gleisi Hoffmann — a atual ministra da Casa Civil e pré-candidata ao governo do Paraná — e com o deputado federal Zeca Dirceu. ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste (PR) e filho do mensaleiro José Dirceu. A PF descobriu ainda o registro de uma reunião — "dentro de um contexto eleitoral"" — entre os coordenadores da Coana e o gerente de Programação Operacional da Agricultura Familiar, Paulo Coutinho.
Segundo a PF, Porto e Coutinho foram alertados das fraudes praticadas, mas. mesmo assim, avalizaram as operações. Procurados por VEJA, o MST e a Coana disseram que Marli e Jaime estavam viajando e não comentariam o caso.
Os dois muito provavelmente vão receber o mesmo tratamento dispensado ao companheiro Silvio Porto. Quando as fraudes entre assentados e Conab foram reveladas, o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, anunciou a demissão de Porto, cujo maior sonho é assumir a presidência da Conab. A exoneração foi barrada pela Secreraria-Geral da Presidência e pela Casa Civil.
O recado foi claro: o companheiro Porto está ajudando as Marlis e os Jaimes a "colocar" com respaldo de cima. Os aproveitadores da miséria continuam usando os mesmos métodos de outrora. Só que agora são todos companheiros.
05 de novembro de 2013
Hugo Marques - Veja
de resto, iria palestrar sobre o que?
e o sujeito que sai de casa pra assistir palestra de funkeiro, valha-me Deus, merece ajoelhar no milho por duas semanas seguida...
haja mediocridade...
Esses otários da Universidade de Santa Catarina são bem "seletivos" e exigentes, mas certamente aplaudirão minha sugestão tanto quanto o funkeiro também convidado. Esse é o padrão de nossas universidades que já-já fará inveja nas universidades de Cuba e Coréia do Norte. E viva o Brasil !!!!