"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 3 de agosto de 2014

POLÍTICA DO COTIDIANO, DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO


“Se isso é um erro, eu assumo esse erro”
Aécio Neves (PSDB), admitindo uso de aeroporto construído em terra desapropriada do tio



AÉCIO TEME PREJUÍZO COM JULGAMENTO

Candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) está preocupado com pedido de impugnação da candidatura do tucano Cássio Cunha Lima ao governo da Paraíba, que será julgado nesta segunda (4) pelo Tribunal Regional Eleitoral com base na Lei do Ficha Limpa. A equipe de campanha de Aécio avalia que o presidenciável perderá uma importante base no Nordeste, caso Cássio Cunha Lima saia derrotado.

PAU A PAU

A briga pela impugnação, impetrada pelo governador Ricardo Coutinho, será acirrada. Dois advogados de renome nacional vão atuar no caso.

EXPERIENTE

Cássio Cunha Lima contratou para defender sua candidatura ninguém menos que o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Eduardo Alckmin.

SÓ FERA

Do outro lado, está Erick Pereira, doutor em Direito Constitucional pela PUC-SP e parceiro de escritório do ex-presidente do STF Cezar Peluso.

ELEIÇÕES À PARTE

Amigo também do ex-presidente Lula, Cássio Cunha Lima chegou a cuidar, no Nordeste, da pré-campanha de Aécio Neves à Presidência.

FUGINDO DA HORA EXTRA, CAIXA NÃO EXIGE PONTO

O Sindicato dos Bancários acusa a Caixa Econômica Federal de realizar “manobra” para obrigar gerentes a trabalhar cerca de 12 horas por dia, sem receber hora extra. O banco enviou comunicado aos empregados com a lista do registro no Sistema de Ponto Eletrônico, onde vários gerentes tiveram os nomes excluídos sem qualquer explicação. O registro do ponto estava na pauta dos empregados da Caixa há mais de 10 anos.

QUEBRA DE ACORDO

Em acordo firmado com o sindicato, a Caixa prometeu cobrar o ponto eletrônico de todos os gerentes a partir do dia 1º de agosto.

NÃO É O CASO

Pelo artigo 62 da CLT, apenas os ocupantes de cargos máximos nas unidades ficam de fora do registro de entrada e saída do trabalho.

NOS CONFORMES

A Caixa Econômica informou, por meio de sua assessoria, que a medida adotada está em consonância com a Legislação Trabalhista vigente.

BOLA DIVIDIDA

O PT quer que Dilma cumpra agenda com os candidatos ao governo, Robinson Farias (PSD-RN), e Senado, Fátima Bezerra (PT). O Planalto foge para não desagradar presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB).

PROCESSO DE CASSAÇÃO

O PSOL deverá protocolar nesta terça (5) representação no Conselho de Ética da Câmara contra Rodrigo Bethlem (PMDB), flagrado admitindo, em áudio, ter recebido propina quando secretário de Assistência Social do RJ.

DO NOSSO BOLSO

Para o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), a presidente Dilma ofende o povo brasileiro ao tirar ministros do trabalho para “bater palmas em sua campanha”. Sete participaram de sua sabatina na quarta (30) na CNI.

POSTURA ERRADA

O sociólogo e ex-deputado Paulo Delgado (PT-MG) resume a visão dos empresários sobre os presidenciáveis Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos: “Quem precisa de gerente é empresa, o Brasil precisa de líder”.

SUBMISSÃO

Diretora da União Indústria de Cana de Açúcar, Elizabeth Farina criticou, em reunião na CNA, a “submissão” e “falta de conhecimento” do senador Romero Jucá (PMDB-RO), relator do PL 432, que define trabalho escravo.

MAL NA FITA

A desconfiança no Congresso é tamanha que o presidente da Federação dos Agricultores de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, também questionou na reunião o que a Frente Parlamentar da Agropecuária tem feito pelos ruralistas.

75% DOS MINISTROS

O governo petista de Dilma e Lula foi responsável por nomear 54 dos 71 ministros que compõem constitucionalmente os quadros do STF, STJ e TST. Da gestão tucana de FHC, restam apenas 15 ministros.

ESTRANHOS NO NINHO

Há, ainda, Celso de Mello, nomeado por José Sarney, e Marco Aurélio, da gestão de Collor, ambos ministros do STF. Já o STJ e TST estão polarizados: só há ministros nomeados pela dupla Lula/Dilma e por FHC.

VERGONHA COLETIVA

Com a rejeição ao PT em SP, políticos comparam eleitores de Dilma Rousseff com os de Maluf: eles até votam, mas não tem coragem de falar em quem.


PODER SEM PUDOR

GATO ESCALDADO

Depois que perde preciosos votos na eleição municipal de 1985, quando admitiu que era ateu, FHC ficou muito sensível ao tema. Certa vez, quando senador, ele deixou o então reitor da Unicamp plantado no meio do gabinete, porque precisava sair apressadamente. O reitor, então ministro da Educação Paulo Renato Souza, estava ali para pegar o texto do prefácio de FH a um livro que publicaria em breve.

- Agora, não posso! - disse o senador, saindo afobado.

- O que houve? - insistiu Paulo Renato.

- Vou a uma missa! - gritou FH, já no corredor, diante da expressão de incredulidade do amigo.

O gato escaldado com horror a água fria estava a caminho de uma missa em memória a um parente falecido.


04 de agosto de 2014

GALEANO DIZ QUE REALIDADE MUDOU E QUE NÃO RELERIA SEU LIVRO MAIS CONHECIDO

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Vencedor de vários prêmios internacionais e com obras traduzidas em diversos idiomas, defensor de propostas contestadoras e frequentemente associado a ideias polítcas de esquerda, o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano disse hoje (11), em Brasília (DF), que não voltaria a ler As Veias Abertas da América Latina, seu livro mais conhecido.
A 2 Bienal Brasil do Livro e da Leitura de Brasília começa hoje (11), no Museu da República, o nome internacional do evento, Eduardo Galeano, recebe homenagem e profere palestra (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O  escritor  é  o homenageado na 2ª Bienal do Livro  e da Leitura Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“Eu não seria capaz de ler o livro de novo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico [atual] não aguentaria. Eu cairia desmaiado”, brincou Galeano, que tem  73 anos,
O escritor disse que, em todo o mundo, experiências de partidos políticos de esquerda no poder “às vezes deram certo, às vezes não, mas muitas vezes foram demolidas como castigo por estarem certas, o que deu margem a golpes de Estado, ditaduras militares e períodos prolongados de terror, com sacrifícios humanos e crimes horrorosos cometidos em nome da paz social e do progresso". E, segundo ele, em alguns períodos, "é a esquerda que comete erros gravíssimos”.
 
Ainda sobre As Veias Abertas da América Latina, Galeano explicou que foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever um livro sobre economia política sem conhecer devidamente o tema. “Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada.”
 
Autor internacional homenageado pela 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura,  em Brasília, o escritor disse que, embora algumas das questões abordadas nesse livro continuem “se desenvolvendo e se repetindo”, a realidade mundial mudou muito desde que a obra chegou às livrarias. Hoje, Galeano confessa que não tem interesse em reescrevê-lo ou atualizá-lo.
 
“A realidade mudou muito. Eu mudei muito. Meus espaços de penetração na realidade cresceram tanto fora, quanto dentro de mim. Dentro de mim, eles cresceram na medida em que eu ia escrevendo novos livros, me redescobrindo, vendo que a realidade não é só aquela em que eu acreditava”,ressaltou o escritor.

“A realidade é muito mais complexa justamente porque a condição humana é diversa. Alguns setores políticos próximos a mim achavam que tal diversidade era uma heresia. Ainda hoje há sobreviventes dessa espécie que acham que toda a diversidade é uma ameaça. Por sorte, não é. Ou seria justa a exigência do sistema dominante de poder que, em escala mundial, nos obriga a uma eleição muito restrita, ridiculamente mesquinha, e nos convida a elegermos como preferimos morrer: de fome ou de aborrecimento”, detalhou Galeano.
 
O escritor negou a intenção de concorrer a uma vaga no Parlamento uruguaio, o que chegou a ser anunciado pela imprensa local. Garantindo que sua maior ambição é a literatura, Galeano disse que não serve para a carreira política. “Minha única ambição é ser um escritor capaz de reproduzir a esperança, a razão e a falta de razão deste mundo louco que ninguém sabe para onde vai. Ser capaz de entrar nessa realidade que parece ser incompreensível. Isso é algo muito difícil que já me consome todo o tempo.”
A 2 Bienal Brasil do Livro e da Leitura de Brasília começa hoje (11), no Museu da República, o nome internacional do evento, Eduardo Galeano, recebe homenagem e profere palestra (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Galeano   não  pensa  em  atualizar  seu  livro  mais famoso Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Acusando o cansaço da viagem ao Brasil, o escritor evitou responder a algumas perguntas, como o que achava das manifestações populares que tomaram as ruas brasileiras em junho do ano passado; sobre as críticas à realização da Copa do Mundo no Brasil – "este é um tema muito delicado, sobre o qual não é possível se manifestar tão facilmente" – e sobre a persistência de muitas das mazelas apontadas em As Veias Abertas da América Latina. Galeano falou bem do presidente uruguaio José Mujica – “todos o querem” – e brincou com o episódio em que o falecido presidente venezuelano Hugo Chávez presenteou o presidente norte-americano Barack Obama com um exemplar de As Veias Abertas da América Latina.
 
Aos risos, Galeano disse que nenhum dos dois políticos tinha condições de entender o conteúdo do livro. “Chávez teve a melhor intenção do mundo, mas deu a Obama um livro escrito numa língua que o presidente norte-americano não conhece. Isso foi um gesto generoso, mas também cruel”, disse ele. Sobre outra de suas paixões, o futebol, preferiu não arriscar um prognóstico para a Copa do Mundo. “Não acredito nos profetas. Nem nos bíblicos, que dirá nos esportivos. Assim, o melhor é calar a boca e esperar.”
 
03 de agosto de 2014
 Agencia Brasil EBC