"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

ENTREVISTA COM O DONO DO MUNDO

VALE A PENA ASSISTIR 2

NÃO É UMA HOMENAGEM... MAS A HISTÓRIA FUTURA DA ARROGÂNCIA, DA AMBIÇÃO E DA DERROCADA DE UMA BIOGRAFIA

VALE A PENA ASSISTIR

DOCUMENTÁRIO: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA - A HISTÓRIA INESPERADA

28 de dezembro de 2016
postado por m.americo

MALTA E O DIA MAIS VERGONHOSO DA ESQUERDA

Malta e o dia mais vergonhoso da ESQUERDA BRASILEIRA



28 de dezembro de 2016
postado por m.americo

A ÚLTIMA PUNHALADA DE OBAMA CONTRA ISRAEL



Em fim de mandato, o caneludo Barack Obama, que deixa ao mundo o Estado Islâmico, faz mais uma das suas contra Israel: entregou o Estado judaico aos inimigos no Conselho de Segurança da ONU, rompendo a política norte-americana vigente há décadas. Artigo de Jonathan Tobin, publicado em Elmedio:

Al final, nada ha podido impedir que el presidente Obama disparara una última vez contra Israel.Pese a la súplica del Gobierno israelí y a la advertencia de su sucesor de que impedir el veto a una resolución tendenciosa de la ONU sobre Oriente Medio sería tremendamente injusto y objeto de repudio inmediato, la Administración ha roto con décadas de política norteamericana y se ha abstenido en una resolución que condena los asentamientos israelíes, abandonando así al Estado judío ante sus enemigos en el Consejo de Seguridad de la ONU.

La referida resolución considera ilegal la presencia judía en cualquier parte de la Margen Occidental o en las zonas de Jerusalén que fueron ocupadas por Jordania entre 1949 y 1967. Y convierte en forajidos internacionales a los cientos de miles de judíos que viven en esos lugares de la patria ancestral judía. La excusa esgrimida por EEUU ha sido que el auge de la construcción en los territorios y en Jerusalén pone en peligro las posibilidades de llegar a una solución basada en la existencia de dos Estados, uno palestino y otro judío. Pero, como advertí cuando se pospuso la votación de la resolución, eso es una filfa. La razón por la que no se ha implantado una solución de dos Estados es que los palestinos han rechazado en repetidas ocasiones la estatalidad, incluso cuando las ofertas les conferían casi toda la Margen Occidental y parte de Jerusalén. La construcción de más viviendas en lugares que incluso Obama admite que Israel retendría tras la firma de un tratado de paz no es un obstáculo para la paz si los palestinos quieren un Estado. Lejos de alentar la paz, la nueva resolución no hará más que cebar la intransigencia palestina y su repetido rechazo a negociar con Israel. También acelerará el apoyo a los esfuerzos por librar la guerra económica contra Israel mediante el movimiento BDS (Boicot, Desinversiones y Sanciones).

Esta puñalada de última hora en la espalda del único aliado democrático de EEUU en Oriente Medio no hará sino alentar al presidente electo, Donald Trump, a cumplir su promesa detrasladar la embajada de EEUU en Israel de Tel Aviv a Jerusalén y hacer ver al mundo que la nueva Administración no sólo repudia la traición de su predecesor, sino que hará que esa alianza sea más fuerte que nunca.

Habrá que esperar hasta que Barak Obama abandone la Casa Blanca, el próximo 20 de enero. En el entretanto, los demócratas amigos de Israel deberían disculparse por ocho años de justificaciones y racionalizaciones a cuenta de la creciente hostilidad de Obama hacia el Estado judío. Aunque algunos, nada ingenuamente, sostendrán que el presidente está tratando de salvar a Israel de sí mismo, la votación en Naciones Unidas ha de verse como lo que es. Liberado de restricciones políticas, el presidente finalmente ha revelado su auténtica faz arrojando Israel a los lobos en Naciones Unidas, de cuya cultura forman parte integral el antisemitismo y el antiisraelismo.

Ha llegado la hora de que quienes se negaban a ver el daño que ha hecho el presidente a la alianza EEUU-Israel admitan su error. Pero para la comunidad proisraelí en su conjunto, una coalición en la que confluyen republicanos y demócratas, conservadores y progresistas, es un momento de rabia al que afortunadamente seguirá una firme determinación de trabajar junto con el próximo presidente para reparar el daño causado por Obama.



28 de dezembro de 2016
in blog do orlando tambosi

CONHEÇA OS SEM TERRA QUE TÊM TERRA

CONHEÇA OS SEM TERRA QUE TÊM TERRA



28 de dezembro de 2016
postado por m.americo

MUITOS ENVOLVIDOS NA LAVA JATO SÓ FORAM APANHADOS PORQUE "DERAM BOBEIRA"


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Cunha se ofereceu para depor na CPI e acabou na cadeia
Em tempos de telefones criptografados e aplicativos de autodestruição de torpedos a complicar a vida de investigadores, alguns dos alvos da Operação Lava Jato, a maior investigação de corrupção da história do País, foram pegos porque vacilaram na tarefa de esconder os crimes dos quais são acusados. Houve quem fizesse prova contra si em depoimento, entregasse o cúmplice por mensagem e até deixasse que as câmeras de segurança instaladas em casa gravassem o próprio flagrante.
Os pequenos, mas decisivos deslizes, contribuíram para implicar Marcelo Odebrecht, ex-presidente da maior empreiteira do País, e arrastar 77 executivos para a “delação do fim do mundo”. Embasaram o pedido de prisão do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, primeiro a colaborar com os investigadores em troca de redução de penas.
Também permitiram a identificação do doleiro Alberto Youssef, cujo esquema, mais tarde confessado por ele, lavava dinheiro sujo para dezenas de políticos e empresários brasileiros. Até Antonio Palocci, ministro forte das eras Lula e Dilma, caiu na rede dos investigadores porque um dia, sem imaginar as consequências, alguém bobeou e escreveu mais do que devia.
 ‘PRIMO, QUE PRIMO?’ – Foi monitorando as ligações de um BlackBerry do doleiro Adib Charter, dono do Posto da Torre, em Brasília, a partir de julho de 2013, que surgiram fortes evidências de uma imensa rede de lavagem de dinheiro. Nas ligações telefônicas, todos chamavam o principal operador do esquema de “primo”. Mas, afinal, quem era ele? A dica veio num fatídico telefonema, no qual um dos investigados se referiu ao personagem misterioso como “Beto”. Ao saber da novidade, três delegados correram à sala de escutas da Polícia Federal, como contou o jornalista Vladimir Netto no livro “Lava Jato – O juiz Sérgio Moro e os bastidores da Operação que abalou o Brasil”. Eles não tiveram mais dúvidas ao ouvir a voz de “Beto”.
Era Alberto Youssef, cliente antigo de investigações de corrupção e que já havia sido grampeado outras vezes. O delegado federa~Igor Romário de Paula, tinha sido controlador de voo e conhecia o falar do doleiro desde que ele voava sobre o Paraná com produtos contrabandeados. Não fosse aquela ligação, o desenrolar do maior caso de corrupção do País talvez teria sido outro. O doleiro foi o segundo delator da operação. Entregou dezenas de políticos e empresários, e detalhou minuciosamente como se desviava dinheiro da Petrobrás.
FAMÍLIA UNIDA – O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa nem estava entre os primeiros presos da Lava Jato, em 17 de março de 2014. Aposentado, levava uma vida confortável, e acima de suspeitas, como consultor. Ao “pescar” uma nota fiscal de R$ 250 mil na conta de e-mails de Alberto Youssef, a PF descobriu que o ex-dirigente da estatal havia ganhado uma Land Rover blindada do doleiro.
Foi por causa desse primeiro tropeço que os investigadores pediram mandados de busca e apreensão em endereços de Paulo Roberto. Um segundo vacilo o levaria para a cadeia e para a delação premiada. Quando policiais foram vasculhar a Costa Global, empresa que o ex-diretor abrira na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, perguntaram ao chefe de segurança do edifício se percebera algo estranho. Assim se descobriu que as duas filhas e os dois genros dele tinham acabado de sair do local, levando bolsas cheias de documentos e dinheiro em espécie. A operação se deu enquanto os policiais buscavam as chaves do escritório na casa do ex-diretor.
A tentativa de ocultar provas foi registrada pelo circuito interno de TV. O flagrante, em vídeo, foi decisivo para que o juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara, em Curitiba, mandasse prender Paulo Roberto três dias depois. As investigações mostraram que não só ele, mas as filhas, os genros e a mulher estavam envolvidos em corrupção e lavagem de dinheiro. Sob risco de ver toda a família processada e presa, o ex-diretor fez o primeiro acordo de colaboração da Lava Jato.
CACHORRADA – Policiais interfonaram às 6h01 de uma quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015, numa casa da Rua Fala Amendoeira, na Barra da Tijuca, no Rio. Quem atendeu foi Lília Loureiro Esteves de Jesus, que, ao saber do mandado de busca e apreensão, avisou que prenderia os cachorros antes de abrir. Ela não foi ao canil. Encheu um volumoso pacote com dinheiro e papéis comprometedores, atravessou o quintal correndo, ultrapassou um obstáculo próximo à piscina e escapuliu por uma saída lateral.
Os agentes da PF já se preparavam para invadir o imóvel quando, às 6h09, o portão foi aberto pelo marido de Lília, Guilherme Esteves de Jesus, suspeito de operar propinas pagas pelo Estaleiro Jurong Aracruz ao ex-diretor da Petrobrás Renato Duque e ao ex-gerente executivo Pedro Barusco, ambos da área de Serviços. A “limpeza” poderia ter dado certo, não fossem as dificuldades do investigado ao tentar explicar o paradeiro da mulher que atendera à campainha. Primeiro disse que só as filhas estavam em casa. Depois alegou que a esposa também estava ali, mas não soube precisar em que canto.
Houve buscas, infrutíferas, pela desaparecida, até que os policiais descobriram 11 câmeras de segurança espalhadas pela área externa. O casal havia se esquecido de apagar as cenas, que registravam a tentativa de esconder provas. Numa delas, Esteves aparece escondido atrás de uma moita, conversando com a mulher, antes de ela escapulir pelo portão. Os dois acabaram denunciados por crime de embaraço às investigações.
OPERAÇÃO MIAMI – Enquanto Marcelo Odebrecht era preso no Brasil, em 19 de junho do ano passado, a secretária Maria Lúcia Guimarães Tavares estava em Miami. Havia sido convocada para uma reunião com o executivo Luiz Eduardo Soares, seu chefe no Setor de Operações Estruturadas, a “divisão de propinas” da empreiteira. O objetivo era prestar contas de “pixulecos” pagos a políticos e agentes públicos.
Àquela altura, com a Lava Jato em seu encalço, a empresa tentava apagar os registros de que aquele departamento um dia existira. Maria Lúcia levou consigo pastas com planilhas e codinomes que indicavam os beneficiários do esquema. Poderia ter deixado tudo por lá, longe das vistas da Polícia Federal, mas voltou para o Brasil com o material e o deixou em casa, na Bahia, por oito meses, até que os investigadores bateram à sua porta com mandados de prisão e de busca e apreensão. Era 22 de fevereiro deste ano, e começava a 23.ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Acarajé.
Levada para a cadeia, ela foi a primeira e mais decisiva colaboradora da Odebrecht. Contou o que sabia, levando a cúpula do conglomerado a capitular e partir para a chamada “delação do fim do mundo”, com 77 executivos.
SINCERICÍDIO – O deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) já estava suficientemente enrolado na teia da Lava Jato quando prestou um depoimento à Polícia Federal em 27 de agosto do ano passado. Havia sido acusado por Paulo Roberto Costa de lhe oferecer suborno de R$ 800 mil para, quando diretor de Abastecimento da Petrobrás, facilitar um acordo que liberou R$ 62 milhões para empresas de praticagem (condução de navios em portos). Pela intermediação do negócio, o deputado teria dividido com três parceiros propina de R$ 6 milhões.
A oitiva para a PF seguia o script dos advogados até que o congressista cometeu um inesperado sincericídio. Admitiu ter recebido de “amigos” e “parentes” doações de R$ 100 mil na campanha de 2014, mas que as declarou à Justiça eleitoral como sendo dinheiro dele próprio. Justificou que preferiu oficializar as contribuições assim, porque as quantias eram “pequenas”.
O tiro no pé rendeu piadas de procuradores e uma denúncia a mais contra Gomes, por fraude eleitoral. A acusação só não foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal porque os ministros entenderam que, além da confissão, eram necessárias mais provas.
Ele não escapou, no entanto, de virar réu por corrupção pelo suposto recebimento de dinheiro das empresas de praticagem. Este mês, o deputado e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um de seus principais aliados, foram denunciados por ganhar propina, disfarçada de doações eleitorais, em troca de viabilizar a contratos da Petrobrás com a empreiteira Serveng.
ENIGMA À ROMANA – A Lava Jato passou meses tentando decifrar os codinomes lançados nas planilhas que discriminavam as propinas da Odebrecht. Primeiro achou ser o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, nascido em Gênova, o “italiano” que recolhia milhões ilegalmente para o PT. Pista falsa. Foi uma incauta mensagem de 2009, enviada pelo ex-presidente do grupo Marcelo Odebrecht, atualmente preso em Curitiba, ao então diretor de Relações Institucionais, Alexandrino Alencar, o que contribuiu decisivamente para implicar Antonio Palocci.
“Vc marcou alguma coisa com o Italiano na 2ª? Se não, vou ligar para Brani hoje para tentar marcar”, escreveu o executivo. Brani era o apelido de Branislav Kontic, principal assessor do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nas eras Lula e Dilma. Marcelo Odebrecht também recorreu ao diminutivo em e-mails enviados diretamente ao auxiliar de Palocci.
Ao analisar as comunicações e outras provas, o juiz Sérgio Moro se convenceu e mandou Palocci para a cadeia. Foi em 26 de setembro, na Operação Omertà, 35.º fase da Lava Jato.
MORTO PELA BOCA – Políticos, em geral, fazem o diabo para evitar exposição em comissões parlamentares de inquérito (CPIs). O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), num episódio decisivo, não agiu como exemplar convencional de sua espécie. Mesmo sem ser convocado, decidiu ir espontaneamente à comissão que investigava corrupção na Petrobrás, em março de 2015. Era um ambiente de cordialidade, preparado pelos aliados para poupá-lo de perguntas embaraçosas. Mas ele próprio afirmou:
“Não tenho qualquer conta em qualquer lugar que não seja a que está declarada em meu Imposto de Renda”. Foi por causa da declaração, após a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicar o contrário, que ele passou a responder a um processo de quebra de decoro parlamentar por “mentir publicamente”. Em setembro último, foi cassado, perdeu o foro privilegiado e seu processo foi enviado à Justiça Federal no Paraná. No mês seguinte, o juiz Sérgio Moro mandou Cunha para a prisão.
A justificativa de que as contas na Suíça eram trustes, movimentados por terceiros responsáveis por gerir seu patrimônio, não colou nem com os procuradores da Lava Jato e nem com os seus pares no Congresso.
ELE ‘DEU A ELZA’ – “Gato gordo” da Lava Jato, no jargão dos policiais, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dedicava boa parte de suas declarações públicas a negar que movimentava dinheiro no exterior. Era outubro de 2015 e João Augusto Henriques, considerado o operador do PMDB, revelara em depoimento prestado no mês anterior ter aberto uma conta na Suíça para pagar propina ao peemedebista. Contou que o dinheiro teria vindo de um contrato da Petrobrás relativo à compra de um campo de exploração no Benin, África.
O Ministério Público suíço recém-enviara à Procuradoria-Geral da República (PGR) investigações apontando as contas secretas do deputado. Quando o vasto material veio à tona, um detalhe chamou atenção: Cunha fornecera o nome da própria mãe como contrassenha a ser usada em consultas ao banco Julius Baer. Entre os procedimentos de segurança, a instituição, especializada em gerir fortunas, exigia que o cliente respondesse a uma pergunta secreta para acessar o serviço de help desk (suporte técnico) quando necessário. O peemedebista optou por “O nome de minha mãe”. A resposta: “Elza”.

28 de dezembro de 2016
Fábio Fabrini
Estadão

MILAGRE DE NATAL: GILMAR MENDES DENUNCIA NA FOLHA A "REPÚBLICA CORPORATIVA"



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Gilmar condena os privilégios, em defesa do futuro do país
Os pensadores que se propuseram a ensaiar explicações abrangentes sobre a formação de nosso país, de um modo ou de outro, afirmaram as características da colonização portuguesa e o ranço patrimonialista que dela herdamos.
Em seu ensaio sobre o segundo escalão do poder no Império, Antonio Candido afirma que uma das formas de ascensão social no Brasil estava na nomeação para cargo público, o que aproximava o funcionário dos donos do poder, dava-lhe amplo acesso à burocracia, propiciando-lhe, assim, proteção institucional de direitos, interesses e privilégios.
Claro que a crítica se centrava na nomeação de apaniguados, muitas vezes não habilitados para o exercício das funções públicas. A nova ordem constitucional procurou, por meio da regra do concurso público, prestigiar o mérito para a investidura no serviço.
DIREITOS E PRIVILÉGIOS – Ocorre que isso acabou por alimentar a capacidade organizacional das categorias de servidores, situação institucional facilitadora da conquista de direitos e privilégios, muitas vezes em detrimento da maioria da sociedade civil, a qual não conta com o mesmo nível de organização.
Infelizmente, a Constituição de 1988 não encerrou esse ciclo. Conta-se que Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, costumava dizer que o constituinte foi tão generoso com o Ministério Público que o órgão deveria ver o Brasil com os olhos de uma grande nação amiga.
Na prática atual, no entanto, os altos salários, muitas vezes inaceitavelmente acima do teto constitucional, e os excessos corporativistas dos membros do Parquet e do Judiciário nos levam a enxergar a presença de um Estado dentro do Estado, obnubilando, por um lado, a divisão de tarefas entre as instituições, que deveria viabilizar o adequado funcionamento do governo, e escancarando, por outro, o crescente corporativismo que se revela a nova roupa do nosso velho patrimonialismo.
AUXÍLIO-MORADIA – Em contexto de abalo das lideranças políticas e de irresponsabilidade fiscal, esse cenário nos levou a vivenciar fenômenos como liminares judiciais para concessão de aumento de subsídios a juízes – travestido de auxílio-moradia – e também conduziu o Congresso à aprovação de emenda constitucional que estendeu a autonomia financeira à defensoria pública, o que obviamente se fez acompanhar por pressões de diversas outras categorias para obter o mesmo tratamento.
Tais providências trazem grandes prejuízos, tanto por reduzirem drasticamente a capacidade de alocação orçamentária dos Poderes eleitos para tanto como porque sempre são adotadas em detrimento dos que necessitam de políticas publicas corajosas e eficientes.
Reiteradas vezes afirmei que o Brasil está a se transformar em uma República corporativa, em que o menor interesse contrariado gera uma reação descabida, de forma que a manutenção e conquista de benesses do Estado por parte de categorias ganham uma centralidade no debate público inimaginável em países civilizados.
PATRIMONIALISMO – A autonomia financeira que se pretende atribuir aos diversos órgãos e as reações exageradas contra quaisquer projetos que visem a disciplinar seus abusos são a nova face de nosso indigesto patrimonialismo.
Diante da realidade fiscal da nação e dos Estados, é imperioso acabarmos com vantagens e penduricalhos ilegais e indevidos concedidos sob justificativas estapafúrdias e com base nas reivindicadas autonomias financeiras e administrativas que todo e qualquer órgão pretende angariar para si.
FUTURO DO PAÍS – Esse tipo de prática alija o Poder Legislativo do processo decisório, tornando, assim, extremamente difícil o exercício de qualquer forma de controle sobre essas medidas.
No momento em que encerramos um dos anos mais difíceis de nossa história recente, devemos pensar no futuro do país e de nossos filhos e netos. É hora de finalmente ousarmos construir uma sociedade civil livre e criadora e colocar freios em nosso crescente corporativismo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Aleluia, irmão! Deve ser um milagre de Natal, no estilo de Charles Dickens. Enfim apareceu um ministro do Supremo para denunciar o corporativismo do Judiciário, que já atingiu os píncaros. Nem tudo está perdido. Ainda podemos ter alguma esperança, ainda que fugidia(C.N.)

28 de dezembro de 2016
Gilmar MendesFolha