"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O MERGULHO

SÃO PAULO - A cena é digna de Monty Python. Sem camisa, o governador Cid Gomes mergulha numa adutora para tentar consertá-la em Itapipoca, cidade afetada pela seca no Ceará. Fica longos segundos dentro d'água, apenas o cocuruto calvo à mostra.

Volta com o cabelo escorrido na cara, dá uma cusparada, pega ar e tenta de novo. Finalmente consegue fechar uma válvula com defeito. Um puxa-saco pede palmas ao Jacques Cousteau cearense (a cena está em folha.com/no1390844).

O ridículo da performance tornou-a saco de pancada nas impiedosas redes sociais, mas há que se admitir que o governador não está sozinho.

Sair do gabinete, pôr a mão na massa ou simplesmente aparecer de um jeito inusitado são hoje pré-requisitos do manual do governante em busca de popularidade.

Não apenas no Brasil. Talvez Cid tivesse em mente as histrionices do uruguaio José Mujica (esse sim um Deus para a turma do Facebook), que moldou a Presidência à sua imagem de velhinho excêntrico. A última foi aparecer de sandálias e unha de fora na posse de um ministro.

Exemplo ainda maior é o do papa Francisco, cuja façanha em 2013 foi chacoalhar a igreja menos com reais mudanças de doutrina que com gestos como pagar sua conta numa pousada ou carregar a maleta na subida do avião.

No Brasil pós-protestos, as antenas das autoridades estão ainda mais alertas. Certamente isso entrou no cálculo da presidente Dilma para interromper sua folga de Natal e sobrevoar áreas inundadas em Minas.

Para Cid Gomes, talvez o maior problema seja ter adotado tardiamente o estilo "gente que faz". Um único banho de adutora não deve ser suficiente para desfazer o estrago na imagem causado por farras como a contratação da cantora Ivete Sangalo a peso de ouro para inaugurar um hospital (inacabado) em Sobral, há um ano. Aguardemos, portanto, suas novas peripécias.

 
30 de dezembro de 2013
Fábio Zanini, Folha de SP

GLOSSÁRIO DE 2014

Podemos dar um basta em 2013? Podemos acalmar os ânimos entre as facções pró Papa Francisco e pró Edward Snowden como homem do ano?

Vez por outra, esta coluna presta um serviço semântico, espécie de check-up na linguagem corrente para que o caro leitor não dê vexame igual ao do primeiro ministro britânico David Cameron, que escreveu L.O.L em SMS's para uma amiga, certo de que era "lots of love" (muito amor) e não "laughing out loud" (rindo alto).

Aqui uma lista de palavras, expressões e nomes, parte da bagagem verbal com que embarcamos em 2014.

Branding - Que saudades do original Viking - marcar o gado - na idade média. Depois de entrar para o jargão da publicidade, o branding está se tornando uma necessidade pessoal, como colocar aparelho nos dentes. O branding é um esforço de auto empacotamento para se distinguir do resto do rebanho. Típico de uma economia que cada vez menos remunera o trabalho.

Reforma da Imigração - Espere aí, não era para acontecer em 2010? A promessa de Obama foi quebrada tantas vezes que já há dois milhões de imigrantes sem documentos a menos no país, despachados pelo presidente que mais deportou latinos e mais se beneficiou de seus votos. Ser contra a reforma de imigração nos Estados Unidos é como ser a favor da desnutrição infantil. Mas isto não serve de consolo para centenas de milhares de brasileiros que lavam banheiros, passeiam com cachorros, cortam grama e desempenham tarefas que os americanos evitam. A lei da imigração será debatida, diluída e, se passar este ano, vai testar a definição da palavra "reforma".

Tea Party - Há esperança de que a expressão volte a ser associada à tradição inglesa do chá das cinco servido com bolinhos. O movimento americano do Tea Party, assim batizado em homenagem à revolta contra os impostos da coroa britânica, em 1773, serviu tanta insânia ao discurso político em 2013 que até o emasculado líder republicano John Boehner começou a tratá-los como lunáticos.

Facebook - Se os seus filhos adolescentes não queriam ser vistos na sua companhia física, espere que eles cada vez mais evitem sua companhia virtual. O Facebook está "morto e enterrado" para a turma de 16 a 18 anos, segundo um novo estudo sobre o impacto da mídia social. Se antes os pais temiam que seus filhos passassem muito tempo no Facebook, agora estão pedindo que fiquem lá para saber o que estão fazendo, disse o pesquisador Daniel Miller. Mas a garotada prefere aplicativos como Snapchat e WhatsApp.

Desigualdade - Era déclassé comentar num jantar sobre a insustentável disparidade de renda, especialmente nesta cidade que se tornou parque temático para bilionários. Com a posse do novo prefeito, Bill de Blasio, na quarta-feira, pega mal convidar bilionários para jantar.

Elizabeth Warren - Você vai ouvir falar dela. A nova senadora e ex-professora de Direito de Harvard é considerada tão pró consumidor que Obama nomeou outra pessoa para ocupar o cargo que ela inventou, numa nova agência de proteção contra desmandos da indústria financeira. Warren, dizem alguns analistas, pode roubar de Hillary Clinton sua última chance de se candidatar a presidente, em 2016.

Opção nuclear - Nada de ameaças da Coreia do Norte. É uma manobra no Senado americano para fazer valer a votação de maioria simples, contra a obstrução da minoria, leiam-se republicanos, que fez de 2013 um modelo de inércia legislativa. Afinal, os democratas acordaram de seu estupor invertebrado e devem dar a Obama algum espaço para tomar iniciativas que os eleitores esperam desde 2009.

Edward Snowden - Vai continuar a ser chamado de herói e traidor. Os que o chamam de traidor vão continuar defendendo mais transparência e menos espionagem. Snowden vai continuar sonhando com o Brasil. E a presidente Dilma vai continuar se dando o direito de torturar a nossa língua se dando completamente o direito de não se manifestar sobre o que não lhe foi encaminhado.

Copa do Mundo - Evento que transformou o Brasil de gigante emergente em anão incompetente aos olhos do mundo. O evento que seria nosso baile de debutante planetário atraiu um foco negativo como nunca antes na história deste país. Morte de operários, goteiras e desabamento em estádios, corrupção, injustiça social, nossa continental roupa suja está sendo lavada em múltiplas línguas.

 
30 de dezembro de 2013
Lúcia Guimarães, O Estado de S. Paulo

CARECA DE SABER

"Renan estava careca de saber que não pode usar avião da FAB para viagem particular". Chico Alencar, PSOL-RJ

O Senado deve ao distinto público a abertura de um processo para cassar por quebra de decoro o mandato do seu presidente, Renan Calheiros. Ou não é falta de decoro ignorar a lei? Ou não foi o que fez Renan ao voar em jatinho da FAB para se submeter no Recife a um implante de dez mil fios de cabelo? Com um agravante: depois de flagrado voando às nossas custas, tentou encenar uma farsa. Consultou a FAB sobre se de fato desrespeitara a lei.

A FAB NÃO respondeu à consulta. Deu-se ao respeito. Renan estava careca de saber que o decreto que regulamenta o uso por autoridades de jatinhos da FAB não prevê deslocamentos por razões particulares. É lícita a requisição de jatinho para viagens a serviço ou de volta ao seu estado, por exemplo. Ou em caso de emergência médica. Um implante capilar é tudo - até um luxo. Emergência, não é.

IMAGINE SE FOSSE possível escapar dos rigores da lei sob a desculpa de que desconhecia sua existência. "Sinto muito, mas nunca fora apresentado a essa lei". Não teríamos um Estado, não como o que conhecemos hoje. Mas um Estado de anarquia. Renan é político desde 1978. Foi duas vezes deputado federal por Alagoas, três vezes senador, líder do governo Collor e ministro da Justiça de Fernando Henrique.

UMA DE SUAS atividades é ajudar a fazer leis. Há várias de sua autoria. Fora centenas que ajudou a fazer.
 Para isso, como deputado ou senador, sempre contou com a assessoria de dezenas de funcionários do quadro fixo da Câmara dos Deputados ou do Senado. Como presidente do Senado - o terceiro na linha direta da sucessão do presidente da República -, todas as suas dúvidas lhe são tiradas. Na hora.

COMO SUGERIR que possa ter sido traído pela memória? Ou que seus assessores possam ter-se enganado na interpretação da lei? Ou que caberia à FAB dizer se ele acertara ou não ao requisitar jato para uma viagem particular? E uma viagem que ele se empenhou para que não chamasse a atenção de ninguém? Como de costume, foi a imprensa que descobriu o malfeito de Renan.

NA NOITE DO último dia 18, uma quarta-feira, Renan voou a Recife a "serviço", conforme consta dos registros da FAB. A agenda dele no site do Senado omitiu a viagem. Uma vez lá, internou-se em uma clínica onde, no dia seguinte, teve dez mil fios de cabelo implantados na cabeça pelo cirurgião plástico Fernando Basto. A cirurgia durou oito horas. Seus resultados começarão a se tornar visíveis daqui a quatro meses.

DE RECIFE, Renan foi a Maceió. Um outro jatinho o levaria a Brasília quando quisesse. No que deu errado... Renan apelou para plano B - "A FAB tem a última palavra". Esqueceu de combinar com a FAB. Mandou um ofício ao comandante da FAB perguntando se cometera alguma "impropriedade" ao voar a Recife de jatinho. Não recebeu resposta. Decidiu então pagar à FAB os custos da viagem.

FINAL FELIZ? Quem, fora Renan, pode pensar assim? Ok, a imprensa esquecerá mais rapidamente o assunto por causa da decisão de Renan de reembolsar a FAB. E, se ela esquece, todo mundo muda de assunto. Mas Renan, além de tudo, é reincidente. Em junho passado, foi a Trancoso, na Bahia, para o casamento da filha do colega Eduardo Braga (PMDB-AM). Usou um jato da FAB. Flagrado, devolveu à FAB R$ 32 mil.

RENAN É TUDO - menos um inocente coitadinho. Ignorou a lei em junho, voltou a ignorá-la seis meses depois, só reembolsou a União quando os dois episódios se tornaram públicos. Do contrário... Razoável supor que teria embolsado nosso dinheiro em silêncio.

30 de dezembro de 2013
Ricardo Noblat, O Globo

FELIZ 2014!


A espécie humana insiste na extraordinária ousadia de rejeitar suas despretensiosas origens. O homem criou narrativas de fuga de sua modesta natureza. Demos fôlego a nossas precárias existências elaborando as primeiras crenças e religiões. Era preciso dar sentido a vidas biologicamente acidentais, fragilíssimas e sobretudo curtas. O encantamento do mundo foi uma exigência de mentes primitivas assombradas pela grandiosidade de um incompreensível universo. Filósofos e teólogos deram significado a vidas efêmeras construindo pontes para mundos transcendentes, habitados por almas eternas. Sopros de esperança e magia alimentando nossa vontade de viver.
"O homem, um curioso acidente ocorrido num canto do universo, é inteligível: sua mistura de virtudes e vícios é aquela que se pode esperar do resultado de uma origem fortuita.

Se me fosse concedida a onipotência e milhões de anos para experimentá-la, não me gabaria de ser o homem o resultado de todos os meus esforços", observa o resoluto ateísta Bertrand Russell. "É curiosa a ideia de que uma proposta cósmica superior esteja especialmente voltada ao nosso pequeno planeta, pois seremos destruídos quando o Sol explodir e se tornar uma estrela anã fria e branca daqui a 1 bilhão de anos", prossegue Russell em suas dúvidas quanto às boas intenções do universo em relação aos humanos. O matemático e filósofo inglês tinha especial afeição por Baruch Spinoza, o farol holandês do iluminismo radical, cuja negação dos milagres e do sobrenatural, anúncio da morte do diabo e denúncia da credulidade das massas deram início ao desencantamento do mundo.

Compreender é um milagre ainda maior que existir. A consciência da transitoriedade de nossas vidas e de sua improvável transcendência torna imperativo realizar nossas possibilidades com ainda maior intensidade. Criamos significados para nossas vidas aperfeiçoando nossos talentos e cooperando com os demais em busca de sonhos comuns. Para Rousseau, a diferença entre o homem e o animal está na faculdade de aperfeiçoamento, de fuga de seus instintos naturais. "A vontade ainda fala quando já se calou a natureza." Que possamos dar mais significados a nossas vidas, aperfeiçoando-nos a cada dia de 2014.

Afinal, temos ainda 1 bilhão de anos pela frente.
30 de dezembro de 2013
Paulo Guedes, O Globo

RUMO A 2015


Com a possível exceção do risco de ouvir a cantora Simone anunciando que então é Natal, uma das coisas mais difíceis no fim de ano é conviver com as previsões que os economistas fazem para o ano que se inicia.

No fim de 2012, os analistas poderiam ter se contentado em prever que o ano acabará amanhã, no que, possivelmente, estarão certos. Não se contiveram e foram além. Em dezembro de 2012, a pesquisa Focus, do Banco Central, projetava um superávit comercial de US$ 15,2 bilhões em 2013. Fecharemos o ano com pouco mais de US$ 1 bilhão de saldo, o mais baixo em 12 anos. A taxa de câmbio era estimada em R$ 2,09, bem menos do que sinaliza o mercado nos últimos dias. A previsão da taxa Selic para o final de 2013 há um ano era de 7,25%. Muito diferente dos 10% que temos hoje. Tomando a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que se fez com um ano de antecedência, a variação acumulada desde 2010 deveria estar hoje em 11,5%, quase o dobro dos 6,1% que conseguimos de fato crescer. Num país onde o passado é imprevisível, fazer estimativas é sempre muito perigoso.

Ainda assim, desafiando o bom senso, aqui vai uma previsão: nada de importante acontecerá na economia brasileira em 2014.

O próximo ano será mais do mesmo que aconteceu em 2013. No front externo, o banco central americano já deu sinais de que a alteração da política monetária será prudente e cuidadosa. O pior da crise vai ficando para trás. A região do euro também não promete grandes emoções. O crescimento será pífio, mas o suficiente para afastar rupturas. A China, por sua vez, decidiu mudar seu modelo econômico de forma substancial, mas não abandonará o pragmatismo que evita guinadas e surpresas.

Por aqui, no Brasil, seria de esperar que o governo estivesse disposto a fazer loucuras para assegurar a reeleição no final do ano. Nem isso conseguirá. O fracasso da "nova matriz econômica" foi tão acachapante que o próprio espaço para cometer equívocos ficou reduzido. Uma forte expansão dos gastos públicos em 2014 - sempre uma tentação em ano eleitoral - poderia precipitar um rebaixamento na avaliação de risco das agências internacionais, o que pressionaria o dólar e a inflação, corroendo o poder aquisitivo dos salários e tornando os eleitores menos favoráveis a um segundo mandato. O governo encalacrou-se numa armadilha que combina baixo potencial de crescimento, inflação alta e deterioração das finanças públicas. Não será em 2014 que isso mudará.

Por que chegamos a esse ponto? Três critérios podem ser escolhidos para uma possível taxonomia dos equívocos da política econômica recente. As piores medidas foram aquelas que: 1) refletiram uma concepção inexata daquilo que já se conhece hoje sobre teoria econômica; 2) contrariaram a própria visão que o governo tem sobre o funcionamento dos mercados; e 3) geraram distorções que se acumulam ao longo do tempo.

Neste contexto, os piores deslizes foram a ideia de que a desoneração fiscal induziria um aumento nos investimentos (uma descabida versão tropical do liberalismo do governo Reagan), o descaso com os investimentos de infraestrutura (que poderia ser esperado apenas de um governo que acreditasse que o mercado resolve tudo) e o represamento dos preços dos combustíveis (que sucateou a mais emblemática das empresas estatais, justo ao contrário do ideário do governo).

São erros dentro do erro, desnecessários e onerosos. Sair dessa situação não será simples e nada de complicado poderá ser feito na economia em 2014. Não há condições sequer para discutir as reformas que conduziriam o País a um ritmo mais acelerado de crescimento, já que temas como desindexação, modernização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou reforma da previdência são tabus eleitorais.

Em boa medida, a falta de clareza na definição de prioridades da política econômica reflete a própria insipiência do debate existente na sociedade, que prefere acreditar, enganosamente, que tudo se resolve apenas com o combate à corrupção e a utilização judiciosa do dinheiro público. É muito mais do que isso. Somos pobres ainda e assumimos compromissos de solidariedade social que, embora louváveis, exigem transferências vultosas de recursos e uma carga tributária asfixiante. Nosso caminho é, desta forma, mais sinuoso.

A presidente Dilma Rousseff se confortaria se lesse o último livro do economista John Kay (Obliquity, 2010), articulista do Financial Times. Para ele, as soluções dos problemas podem ser mais facilmente atingidas de forma indireta, da mesma forma que o traçado do Canal do Panamá não privilegiou a rota mais curta entre o Atlântico e o Pacífico ou a arquitetura modernista de Le Corbusier, nas suas palavras, foi incapaz de apreender a complexidade das interações sociais. Pode ser um consolo, mas não é uma solução. No nosso caso, nem sequer temos soluções tortuosas. Não andamos em zigue-zague; andamos em círculos. Nossa opção por alternativas "oblíquas" é muito custosa. Se crescermos, nos próximos 25 anos, à taxa do governo Lula (4% ao ano), chegaremos a 2038 com uma renda per capita, ajustada pelo padrão de preços, acima do nível que têm atualmente Portugal ou Grécia. Se, no entanto, mantivermos neste período o crescimento do governo Dilma (2% ao ano apenas), teremos no final uma renda per capita menor que o patamar atual (!) do México ou da Malásia. Faz toda diferença.

Acelerar as taxas de crescimento é fundamental. O mundo mudou. Se não quisermos ficar para trás, é preciso mudar também. Procrastinar decisões difíceis pode garantir a reeleição em 2014, mas 2015 está à espreita e dele não escaparemos.

No fim do próximo ano, será ainda mais fácil errar as previsões econômicas.

"USE COM MODERAÇÃO"


A realidade da América do Sul, desde que os países se tornaram independentes de Espanha e Portugal, consiste em ininterruptos projetos de reforma. A estranha obsessão por mudanças tenta ocultar o fracasso de projetos que permanecem no papel, para logo serem esquecidos e abandonados.

Veja-se a declaração da socialista Michelle Bachelet, ao ser reconduzida à Presidência do Chile, no primeiro comício após a vitória: "Finalmente é o momento de fazer mudanças". Finalmente, por quê? Não poderia tê-las levado avante no primeiro mandato? Reencontrou o país estraçalhado? Certamente, não. Afinal, segundo a opinião de viajantes, seria o Chile uma espécie de oásis, dentro de desolador cenário político sul-americano.

A proclamação peca pela ausência de originalidade. Não há candidato, na tumultuada história do continente, que economize promessas de estabilidade econômica, geração de emprego e renda, saúde, educação, transporte, segurança, sem abrir mão das garantias democráticas. Com raras exceções, assumem compromissos irreais de combate à corrupção e juram estar dispostos a lutar pela moralização dos costumes. Poucos, entretanto, têm a coragem de dizer que desenvolvimento é fruto de trabalho pesado e persistente, austeridade nos gastos, equilíbrio das contas públicas, que não haverá progresso se não houver um mínimo de entendimento entre governo, oposição e povo.

Caso singular é o do Uruguai. A única reforma que até agora promoveu o presidente José Mujica consiste na liberação do plantio e da comercialização da maconha. Fazendo fronteira com o Brasil, no Rio Grande do Sul, já antevemos os reflexos que a medida insana trará ao nosso país, que hoje enfrenta o dramático problema da expansão do baseado entre jovens de todas as classes sociais, o crescente consumo de crack, cocaína, heroína e outros produtos proibidos. Vozes já se ouvem entre nós em defesa de idêntica bandeira. Talvez venhamos a ter, em maços de cigarro de maconha, e embalagens de cocaína, a inócua frase "use com moderação", encontrada em latas e garrafas de bebidas alcoólicas.

Voltando as atenções para Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela e Colômbia, em décadas de luta contra o narcotráfico, percebemos o perigo que nos circunda, e a necessidade de proteção ao Estado Democrático de Direito, em particular do Poder Judiciário, cuja majestade o PT procura desacreditar após a prisão dos mensaleiros.

É útil o paralelo entre América do Sul e Europa. Enquanto, por aqui, a urgência de medidas corajosas e inovadoras se resolve com promessas, no Velho Continente, crises são combatidas sem o temor da adoção de medidas de austeridade. Experiências acumuladas com guerras, fome, desemprego fizeram com que eleitores e políticos se convencessem da inexistência de medidas simples e rápidas para derrotar desafios que demandam firmeza, integridade e severas punições para transgressores. Acreditamos, como Fernando Pessoa, que "Deus quer e, o homem sonha, a obra nasce".

Com o fim do regime militar, foi devolvida à nação a responsabilidade de sustentar a democracia e resolver problemas de governabilidade e desenvolvimento. Após malogrados esforços para conter os preços, durante os governos de José Sarney e Fernando Collor, havíamos conseguido, com Fernando Henrique Cardoso, aquilo que era tido como impossível: estabilizar a moeda, deter a inflação, preparar a retomada do crescimento. Numerosos obstáculos tiveram que ser superados pela equipe econômica, liderada por Pedro Malan, ministro da Fazenda, para combater o pessimismo e neutralizar opositores e especuladores, beneficiados pelo ambiente anárquico dominante na economia.

Doze anos depois, o país está em marcha a ré. O ministro Mantega fala em crescimento com pernas mancas, para justificar o pífio Produto Interno Bruto (PIB). Esquece-se de que foi o governo quem comprometeu o tripé estabilizador: câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e meta de inflação.

Poucas são as esperanças da oposição em 2014. Sob a dupla PT-CUT, teremos reformas, ou o Brasil se perderá na inconsistência populista dos discursos? Iludir a realidade com promessas demagógicas, acreditar na eficácia mágica das palavras, é típico dos subdesenvolvidos.

 Nostri nosmet paenitet. Nós somos o nosso próprio tormento, ensinava o filósofo Terêncio. As provas, nesse sentido, são robustas.

30 de dezembro de 2013
Almir Pazzianotto Pinto, Correio Braziliense

O CICLO SAGRADO DA VIDA

Naquela noite especial, se colocariam em círculo ao redor do fogo para ouvir os sons do pai de todos

Um monte de corpos que se mexiam e dançavam. Outros, mortos. O cheiro já adocicado da carne subia aos céus. Crianças brincavam se cobrindo de sangue enquanto velhas tentavam controlá-las. Mulheres, atarefadas, cuidavam de uma delas que, de pernas abertas, tentava pôr para fora um bebê.

Entre as pernas, líquidos escorriam e o cheiro de mulher tomava conta do bando. Alguns homens sentiam um prazer especial com isso, e queriam se aproximar dela para lamber suas pernas. O sangue de mulher tinha um gosto poderoso.

Em meio aos gritos da infeliz, outros homens se aproximavam carregando mais corpos. Estes eram vistos pelas mulheres como homens mais desejáveis, e não aqueles que tentavam a todo custo devorar a infeliz no meio das outras. Alguns olhavam para a infeliz e riam de sua agonia. Outros, menos ruidosos, faziam sinais para que os mais barulhentos se calassem e ouvissem o choro da mulher em silêncio. Havia algo de reverência neste silêncio.

Por alguns instantes, paravam diante da cena, e tudo parecia suspenso no tempo. Derrubavam os corpos no chão e quase choravam junto com ela.

Na rotina do dia a dia, aquela era uma noite especial. A vida era uma somatória de dias e noites que se repetiam. Mas aquela noite era especial. Logo, se colocariam em círculo ao redor do fogo para ouvir os sons do pai de todos. Este som desceria dos céus e encheria o espaço a volta de todos, chegando mesmo a entrar em suas cabeças. Sabiam que era a noite em que o pai de todos viria à Terra para jogar sobre ela a sua força. E eles comeriam corpos e dançariam.

Os corpos seriam despedaçados segundo a regra do pedaço mais fácil de arrancar ao mais difícil. Crianças e mulheres despedaçavam os mais fáceis, os homens, os mais difíceis. Passo a passo, aprendiam a ser inteligentes. Tal técnica, acreditavam, vinha do mesmo lugar de onde desciam o fogo e chuva. De onde descia o pai invisível do mundo.

Duas mulheres jogavam sobre o rosto da infeliz um líquido de cor ocre. Espalhavam sobre os olhos e os lábios, enquanto um som escapava de suas bocas, já quase sem dentes. As mulheres mais jovens não podiam se aproximar da infeliz. Depois de espalhar o líquido de cor ocre, lambiam os olhos e os lábios daquela que, de pernas abertas, próxima ao lugar onde seria aceso o fogo mais tarde, esperava pela noite mais importante da vida deles.

Quando o mundo começava a ficar escuro, e a cabeça da criança começava a surgir entre as pernas, fezes e urina, os gritos da infeliz subia aos céus. No alto da pedra, ali colocada pelo pai invisível, o homem maior se punha de pé. Os outros jogavam os corpos sobre os irmãos e irmãs de sangue, e os pedaços eram arrancados ao som cada vez mais alto de todos que repetiam monotonamente o mesmo grito. Em meio a eles, o grito frágil da infeliz, a mãe mais jovem entre todas se perdia.

O mesmo líquido ocre, misturado com sangue, escorria pelos lábios, enquanto o homem maior se contorcia sobre si mesmo, agora de joelhos. Por suas pernas, escorria sua bênção. Embaixo, e ao redor da infeliz, todos repetiam os gestos do homem maior, que carregava em si o espírito invisível do pai de todos.

Muitos corriam querendo lamber a bênção que escorria pela pedra. Depois de alguns instantes, ele repetia a dança, os gestos, se punha de joelhos, e a bênção escorria de novo pela pedra.

Quando o bebê, já fora do corpo da mãe mais jovem de todas, ligado a ela apenas por um cordão de carne, era carregado por uma das mulheres, o corpo da infeliz mãe mais jovem de todas era carregado pelo restante das velhas. Ambos eram arremessados para dentro do grande fogo, enquanto o restante dos irmãos e irmãs de sangue giravam sobre si mesmos.

De repente, do giro, passaram à perseguição das mulheres a sua volta (as irmãs de sangue). Estas, num misto de desejo e horror, tentavam escapar dos irmãos de sangue. Jogadas contra o chão e as pedras que enchiam o lugar, eram lançadas a condição de possíveis mães jovens dos próximos dias. Gritavam e gemiam, à medida em que eram abençoadas por seu irmãos.

  
30 de dezembro de 2013
Luiz Felipe Pondé

NADA POR MIM

Usados com moderação, os apps de 'behaviorismo digital' podem ser uma bela ferramenta de autogestão

O crescimento das mídias sociais ajudou a reconfigurar as paranoias de comportamento e facilitar as resoluções de ano novo. Com a ajuda de aplicativos quase gratuitos e de um punhado de amigos nas redes é possível comer melhor, dormir mais e viver uma vida mais ecológica, saudável, produtiva e segura.

Seus usuários, fáceis demais, parecem incapazes de cuidar do corpo que possuem. Não vai demorar para que os programinhas que hoje registram calorias e horas de sono passem a computar fatores genéticos, pessoais e ambientais para recomendar a eles o que fazer, o que vestir, com quem andar e aonde ir.

Técnicas de mudança de comportamento partem do princípio de que é mais fácil realizar pequenas tarefas, administráveis, do que lutar contra a tentação munido apenas de força de vontade. Comuns em programas de combate a situações crônicas, como os Vigilantes do Peso e os Alcoólicos Anônimos, elas estão cada vez mais comuns no ambiente digital, em que usam neologismos marqueteiros como "quantified self" e "gamificação".

O primeiro a sugerir esse tipo de prática foi o controverso psicólogo americano B. F. Skinner, criador do behaviorismo radical. Ele acreditava que as pessoas poderiam ser programadas a tomar determinadas atitudes, desde que vissem bons resultados derivados delas --os chamados "reforços".

Skinner viu que muitos animais reagiam positivamente, repetindo-os até que se tornassem hábitos. E propôs que o ser humano reagiria da mesma forma, questionando a ideia do livre-arbítrio.

Depois de quase meio século de rejeição, as ideias de Skinner voltam a ativa nos aplicativos comportamentais. Eles estabelecem objetivos modestos para encorajar o progresso constante e reforços posteriores, medem rigorosamente os resultados para descobrir quais variáveis comprometem ou estimulam as conquistas, usam as mídias sociais para buscar apoio do grupo e criam novas tarefas para que o hábito se forme. Com o apoio dessas técnicas, o indivíduo quantificado e gamificado se transforma naquele indivíduo programável.

O problema das técnicas behavioristas é que a mudança de comportamento demanda o apego a determinadas rotinas, abrindo mão do livre-arbítrio. O usuário que se dedica a um desses programas reconhece não ser capaz de dar conta de si próprio, terceirizando o controle para o sistema.

É fácil ver aonde isso vai parar. Tecnologias de "big data", computação em nuvem e internet das coisas tendem a criar bolhas de isolamento cada vez maior, capazes de reconhecer mudanças de comportamento e se antecipar a novos desejos. Nas palavras do filósofo de tecnologia Albert Borgmann, "deixaremos de cuidar da casa para sermos cuidados por ela".

Por mais que seja eficiente para resolver problemas e hábitos que comprometem a saúde de seus usuários e dos que convivem com eles, a mecanização pode ser um perigoso instrumento de manipulação.

Usado com moderação, o behaviorismo digital pode ser uma bela ferramenta de autogestão. Em excesso, pode mecanizar seus usuários, comprometendo sua força de vontade. Na dúvida, o melhor é buscar independência para evitar que a máquina pense que você é dela.

 
30 de dezembro de 2013
Luli Radfahrer, Folha de SP

MANOBRA ANTIGA NAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Dar independência às tribos indígenas é manobra antiga nas organizações internacionais, como a ONU e a OIT

Fica muito estranho o Brasil aprovar um importantíssimo tratado internacional na ONU e depois dizer que foi de brincadeirinha, especialmente quando assume uma posição completamente diversa da que vinha defendendo há longo tempo, em brusca e imprudente mudança de rumos, como ocorreu com a Declaração Universal dos Direitos das Nações Indígenas em 2007. De fato, o odor à traição é muito forte.

Por falar em traição, seria bom que todos os brasileiros tomassem ciência de outro já consumado fato, ocorrido anteriormente e também muito prejudicial ao Brasil, à harmonia interna de seus habitantes e à segurança nacional.

Por isso, peço vênia para transcrever parte do relatório sobre o tema “Amazônia – Soberania Nacional”, elaborado e aprovado pela Loja Maçônica Dous de Dezembro em 2007, secular instituição de defesa dos interesses nacionais, a respeito do estranho assentimento do governo brasileiro com relação a decisões prejudiciais ao país, em organismos internacionais:

“4. Como uma das provas da assentimento do governo brasileiro temos um ato explícito da OIT – Organização Internacional do Trabalho, denominado de “OIT – Convenção 169 de 7/6/1989”, “Convenção Relativa aos Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes” que entrou em vigor em 05 de setembro de 1991, cujo texto extrapola as relações de trabalho e entra no assunto “TERRAS” (artigos 13, 14, 15, 16, 17, 18 e outros) estabelecendo condições objetivas para o futuro golpe sobre o território brasileiro. É só buscar e ler na internet, no próprio “site” do Senado brasileiro (www.interlegis.gov.br/).

5. O Congresso Nacional, em 25 de agosto de 1993, mansamente, aprovou essa “Convenção”; frise-se: sem recusar os artigos que levavam o intuito de criar condições objetivas para a mutilação do espaço territorial brasileiro.”

Seria muito bom que a maior parte dos brasileiros, que possuem discernimento e vontade de saber o que está real e sistematicamente ocorrendo, tomasse ciência do texto acima citado. Está no site do Senado Federal, instituição que parece composta por representantes sonolentos e desatenciosos quanto aos interesses do país e mais preocupados com implantações capilares.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A “Convenção” 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é um acinte à soberania brasileira, porque significa a independência territorial e política das reservas indígenas. É inacreditável que o Congresso Nacional tenha aprovado esse tratado internacional, como é inacreditável também que o governo Lula tenha assinado a Declarações Universal dos Direitos das Nações Indígenas, que simplesmente ratifica e amplia a “Convenção” da OIT, em total contradição com o que determina a Constituição brasileira. Como diz o comentarista Antonio Santos Aquino, o importante é o que diz nossa Constituição. Mas acontece que, quando o país assina um tratado internacional e ele é ratificado pelo Congresso, entra em vigor imediatamente e tem força de emenda modificativa da Constituição. É aí que mora o perigo. (C.N.)

30 de dezembro de 2013
Celso Serra

E SEGUE A PILHAGEM DOS DEPUTADOS MENSALEIROS CONDENADOS


Após condenação do Supremo Tribunal Federal, os três ex-deputados mensaleiros ainda torraram R$ 197 mil da cota parlamentar. De junho a dezembro, Valdemar da Costa Neto (PR) gastou R$ 81,6 mil, Pedro Henry (PP) R$ 77 mil e Genoino (PT) torrou R$ 38 mil até setembro.

O Congresso, para seus pares, é como o Café Globo:
“bom até a última gota”.
 
30 de dezembro de 2013
Claudio Humberto

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 
 
30 de dezembro de 2013


RENAN PAGA R$ 27,4 MIL PELA AVENTURA CAPILAR


Mentira não dá nada

Manchete de segunda: "Renan Calheiros devolve R$ 27,4 mil gastos em viagem". O presidente do Senado usou avião da FAB em viagem para fazer implante capilar.

Isso quer dizer apenas o seguinte: Renan devolveu essa grana porque usou e abusou do poder de cometer malfeitorias; devolveu porque foi, uma vez mais, um malfeitor. É malfeitor contumaz. Este ano mesmo ele já havia ido de Maceió a Trancoso num avião da FAB para assistir ao casamento da filha de um politicalho da sua laia. Renan devolveu, porque é reincidente nesse tipo de improbidade.

E daí que tenha devolvido R$ 27,4 mil aos cofres da FAB?!? Ele ficou devendo a mentira que pregou para o comandante da aeronave, a quem disse que o voo era a serviço relevante para a nação. Mentira não paga nada? Mentira não paga nem mico nesse Brasil Dilma da Silva? Mentira é melhor que andar de cuecas vermelhas por cima das calças, como aquele babaca do Suplicy andou um dia pelos corredores do Congresso Nacional? Mentira não dá nada nessa grande casa de tolerância nacional.

Mentira não dá nada, porque é o esporte preferido dessa politicalhada que come o Brasil por uma perna. E então, estamos combinados. Renan Calheiros é só mais um mentiroso descarado, vaidoso e perdulário.

Se fosse sério, probo, honesto, não teria perdido os cabelos da cabeça só para ser quem ele é: o sucessor e clone piorado de Sarney na presidência do Senado Federal.


30 de dezembro de 2013
sanatório da notícia

O QUE REALMENTE IMPORTA

tarja-an-melhores-do-ano-2013

PUBLICADO EM 6 ABRIL

O que você levaria se tivesse que deixar sua casa às pressas e fugir para outro país? O fotógrafo e jornalista Brian Sokol fez essa pergunta a dezenas de refugiados sírios e sudaneses. As respostas, colhidas durante o período em que Sokol acompanhou o trabalho do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), resultaram no projeto “A coisa mais importante”, que pode ser visto no site Razões para Acreditar, de Vicente Carvalho.
Confira alguns casos:

O objeto mais importante que Dowla trouxe foi a balança de madeira que a ajudou a carregar os filhos durante a viagem de 10 dias de Gabanit ao Sudão do Sul

Amuna elegeu a panela, equilibrada no alto da cabeça, com o qual foi capaz de alimentar os filhos durante a viagem
Maria, de 10 anos, escolheu o galão, que ostenta com orgulho no acampamento Jamam, no condado de Maban, no Sudão do Sul
Yusuf mostrou o celular que trouxe ao fugiu da Síria : “Com ele, sou capaz de ligar para o meu pai”.
Magboola também escolheu uma panela: pequena o suficiente para que pudesse levar na viagem, mas grande o suficiente para cozinhar para as três filhas
Torjam trouxe duas garrafas de plástico. Em uma carregou água potável e, na outra, óleo de cozinha
Haja optou pelo xale, chamado de “taupe”, que usou para carregar a neta de 18 meses
Maio, de 8 anos, posou para o retrato em Domiz, um campo de refugiados na região iraquiana do Curdistão. Ela e sua família fugiram de Damasco, capital da Síria. A coisa mais importante que ela trouxe foi o conjunto de pulseiras que usa nesta foto
Quando Taiba Yusuf, de 15 anos, fugiu do Sudão, não conseguiu trazer roupas, sapatos, água ou comida. Mostra apenas as mãos, vazias
Abdul não sabe se poderá voltar para a Síria, mas levou chaves de casa
Alia, de 24 anos, disse que trouxe apenas “a minha alma, nada mais, nada material”. Quando lhe perguntaram sobre a cadeira de rodas, respondeu apenas que a considera uma extensão do corpo, não um objeto
Para Ahmed, de 70 anos, seu objeto mais importante foi a bengala sem a qual não teria feito a travessia de duas horas para o Iraque
Em frente ao campo, essa mulher mostrou o diploma. Com ele, poderá  continuar a estudar na Turquia
Omar trouxe o “buzuq”, instrumento que o faz recordar da terra natal

AS CANELADAS DE DILMA EM NELSON RODRIGUES SÁO UM INSULTO AO BRASIL QUE PENSA


tarja-an-melhores-do-ano-2013

PUBLICADO EM 20 DE MAIO

Múltiplo e genial, Nelson Rodrigues foi e fez tantas coisas admiráveis que sobreviveu à morte física: seu último dia de vida foi também o primeiro na eternidade. O Nelson dramaturgo inventou o teatro com diálogos em português-do-Brasil.
O ficcionista devassou o universo habitado por aquela que muitos anos depois seria batizada de “nova classe média”.
O cronista que via a vida como ela é criou metáforas luminosas, frases imortais, imagens sublimes, personagens que resumem não o que os nativos gostariam de ser, mas o que efetivamente são. E o apaixonado por futebol descobriu, por exemplo, que “a mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana”. Fora o resto.

Quem usa a cabeça para pensar sabe que alguém assim não cabe mesmo em livros mais espessos que a Bíblia. O cérebro baldio de Dilma Rousseff acha possível espremer Nelson Rodrigues num páragrafo que irrompe, sempre caindo de bêbado, no meio da discurseira sem pé nem cabeça.
Desde setembro de 2012 ela deu de exumar, para tratar invariavelmente a pauladas, o escritor que nem teve o desprazer de conhecer a doutora em nada. Já disse o suficiente para constatar-se que nunca leu Nelson Rodrigues ─ ou leu e não entendeu.

Em março, por exemplo, Dilma decidiu tranformar em slogan da Copa de 2014 uma das imagens rodrigueanas mais conhecidas: “O escrete é a pátria em chuteiras”, escreveu o cronista centenas de vezes. Na versão da presidente, a pátria em chuteiras, título de uma coletânea de crônicas sobre futebol, virou “a pátria de chuteiras”.
Em 29 de abril, em Campo Grande, Dilma fundiu a expressão mutilada com outra expressão celebrizada por Nelson Rodrigues para colocá-lo a serviço da seita lulopetista. Confira o palavrório publicado pelo Portal do Planalto:

“Uma outra coisa importantíssima surgiu no Brasil, importantíssima. E eu vou falar o que é. Ela está ligada, de uma certa forma, a uma crônica feita por um senhor que se tivesse nascido em qualquer lugar de língua inglesa seria considerada gênio lá. (…) Ele fez uma crônica ─ ele chamava Nelson Rodrigues, ele era muito engraçado ─ ele fez uma crônica que chamava “Complexo de Vira-lata”. Ele dizia que ─ isso foi na época, se eu não me engano, do jogo com a Suécia, final com a Suécia, não tenho certeza, mas foi na final, um pouco antes da final com a Suécia ─ ele fez uma crônica que ele dizia o seguinte: que o Brasil tinha complexo de vira-lata e que ele não podia ter complexo de vira-lata, e que a equipe era boa, tanto que a equipe era boa que ela era boa tecnicamente, taticamente, fisicamente, artisticamente. Tanto é que nós dessa vez ganhamos a Copa. Mas ele sempre falava desse complexo de vira-lata que pode… a gente pode traduzir como um pessimismo, aquela pessoa que sempre acha que tudo vai dar errado, que ela é menor que os outros. E ele dizia uma coisa, e eu queria dizer isso para vocês. Ele dizia que se uma equipe entra… eu não vou citar literalmente, não, mas se uma equipe entra para jogar com o nome Brasil, se ela entra para jogar com o fundo musical do Hino Nacional, então ela é a pátria de chuteiras”.
Neste sábado, para festejar a reabertura do estádio Mané Garrincha, Dilma resolveu surpreender a arquibancada da arena inaugurada antes de ficar pronta com uma espantosa triangulação entre a oradora, o grande cronista e o maior driblador da história do futebol. Deu no seguinte:

“O Garrincha, na sua simplicidade, era um jogador que demonstrou que o Brasil não era de maneira alguma, nem tinha por que, era um vencedor, e não tinha porque ter esse arraigado complexo de vira-lata que o nosso cronista esportivo Nelson Rodrigues, um dos maiores teatrólogos do nosso país, nas vésperas da Copa do Mundo, da Copa da Suécia, denunciou a existência pela quantidade de gente que previa um fracasso”.

Mais uma cretina fundamental!, exclamaria Nelson Rodrigues se confrontado com a deformação delirante do que escreveu em 1958 (antes do início da Copa da Suécia, não às vésperas da final). O complexo de vira-lata se limitou ao País do Futebol. Surgido em 1950, quando a derrota na final contra o Uruguai transformou o brasileiro no último dos torcedores, o fenômeno sumiu dez anos depois, com o triunfo na Copa da Suécia.

O que hoje assola os trêfegos trópicos é o oposto do complexo de vira-lata. É a síndrome do Brasil Maravilha, uma disfunção criada por ilusionistas de picadeiro que induz os muito malandros e os crédulos demais a enxergarem uma potência emergente num pobretão que se faz de rico trajando um fraque puído nos fundilhos.

Há um sistema de saneamento básico que só cobre metade das moradias, cicatrizes apavorantes no sistema de saúde, um sistema de ensino em frangalhos, mais de 10 milhões de analfabetos, a economia sem rumo, a inflação regurgitando, morros sem lei, zonas de exclusão que encolheram o mapa oficial em milhões de quilômetros quadrados, a violência epidêmica, a corrupção endêmica, a incompetência dos governantes, a inépcia dos oposicionistas ─ há uma demasia de horrores a combater e tumores a extrair. Mas o grande coro dos farsantes segue berrando que, se melhorar, estraga.
O padrinho de Dilma fez de conta que todos os pobres ficaram ricos. A afilhada de Lula erradicou a miséria e agora repete que só quem tem complexo de vira-lata não enxerga a Pasárgada parida pelo chefe.

Daqui a 500 anos, como a maior parte de Shakespeare, não estarão grisalhos os melhores momentos de Nelson Rodrigues, extraídos de 17 peças, 9 romances, 7 livros de contos e crônicas e milhares de artigos em jornais. Um gênio não merece ser insultado pela ignorância no poder.
São uma afronta ao Brasil que pensa as caneladas desferidas por uma presidente que não sabe juntar sujeito e predicado ─ e que em poucos anos estará enterrada, ao lado do criador, na vala comum das velhacarias históricas.

Para Nelson Rodrigues, a seleção era a pátria em chuteiras, a dar botinadas em todas as direções. Dilma é a pátria de ferraduras, constatou o comentarista F Tavares. De ferraduras e pisoteando com ferocidade todas as formas de vida inteligente.

ANDERSON SILVA QUEBRA A PERNA


 
E no esporte dos neandertais, o "atleta" Tupiniquim, Anderson Silva fratura a pata durante a luta revanche que ele já havia pago um mico universal.

Não entendo o ser humano, a evolução tecnológica não alterou em nada o comportamento neandertal tão latente na espécie humana.

Eu, sinceramente quero mais que Anderson se phoda.
Afinal, sair dando ou levando porradas a ponto de ter que ir parar em um hospital não é esporte. É idiotice.
Quando vejo essas lutas chego a conclusão que Darwin errou bonito.O Macaco É a evolução do homem...

E no mais...

30 de dezembro de 2013
omascate

GREEN PEACE E EXISTE DIFERENÇA?


As redes sociais a bordo dos hipócritas do modismo repentino passaram boa parte do dia apoiando a "ativista" Brasuca que estava em cana na Rússia pelo crime de vandalismo, ou algo que o valha.

E eu me pergunto....Qual a diferença do Green Peace para o MST?

Muitos dos que aplaudem os atos do Green Peace condenam os do MST, a meu ver não existe muita diferença entre ambos.
O MST é um braço baderneiro do PT e das esquerdalhas do Brasil que servem de bate pau no campo promovendo a desordem a destruição e invasão da propriedade privada, tudo desculpado pelo movimento social dos coitadinhos que não tem um pedaço de terra nem para serem enterrados.

E o Green Peace não é lá muito diferente, invadem e destroem propriedades privadas em nome da proteção do Urso Polar, Panda ou Ararinha Azul.

S[o que aqui na pocilga, quando um membro do MST é preso a patuléia aplaude e pede execução pública do vagabundo.
Agora, quando um membro do Green Peace é preso tentando sabotar uma plataforma de petróleo em mar territorial da Rússia em nome da salvação do Ártico, a mesma patuléia se comove e pede a soltura da moçoila, afinal ela é quase uma sem terra, mas está atuando em nome da meio ambiente, aquele mesmo meio ambiente que os defensores da moça sujam ao jogar lixo nas ruas.

A consciência ambiental do Brasuca é tão aguda quanto o senso critico contra o MST.

ATENÇÃO: longe de mim ser favorável ao MST, é que eu não enxergo diferença entre as atitudes do movimento e as do Green Peace, a não ser o hipócrita romantismo e babaquice que habita a cabeça dos sem noção de sempre.


E a "ativista" Brasuca que chegou sendo recebida com honras de heroína...OPS....(Heroína é o feminino de herói hein? ) Ela que se preocupa tanto com o bem estar da humanidade que vá dar aulas de grátis em escola pública carente de qualquer periferia da pocilga, pois de resto é pura hipocrisia e vagabundagem.
 
30 de dezembro de 2013
omascate

CRIANÇAS SÃO SUBMETIDAS À AULAS DE CONTEÚDO SEXUAL DEPRAVADO


Uma professora de educação sexual ensina conteúdo pornográfico à crianças na idade de 8 a 10 anos e ainda faz avaliação de conteúdo com questionário ultrajante até mesmo para adultos
 

30 de dezembro de 2013
movcc

GRUPO PRETENDE INICIAR MANIFESTAÇÕES POR TODO O BRASIL.


Intervenção Militar! Cresce o número de pessoas que exige uma ação dos militares. Fenômeno interessante a observar.
 
Cresce o número de pessoas pedindo INTERVENÇÃO MILITAR, E agora?

SOCIEDADE MILITAR
A Maioria possui por volta de 30 anos e escolaridade de nível superior e médio. Mas é comum encontrar gente mais madura em meio às discussões. A formação é muito diversificada, são astrônomos, administradores, contabilistas, historiadores, técnicos de informática, advogados etc. Não se pode dizer que são desinformados, e muito menos que não são politizados. O que eles tem em comum? A desilusão com o governo realizado pelos partidos de esquerda do Brasil e a certeza de que a solução para o "caos nacional" é uma Intervenção Militar.
Para eles o Brasil precisa de um tipo de “reset”, um começar de novo implementado por um governo militar provisório que colocaria ordem na casa e em pouco tempo devolveria a administração para as mãos dos civis, de forma mais organizada, sem a urna eletrônica, com menor número de deputados, e expurgado de todas as leis e regras que endossem a existência de categorias privilegiadas com poderes quase ilimitados.
    Eles parecem acreditar que o grupo que controla o Brasil atualmente é como uma espécie de câncer, que precisa ser extirpado, com todas as suas ramificações, e jogado no lixo, para que o organismo limpo, renovado, possa funcionar perfeitamente.
O sistema democratico em curso seria incapaz de fazer isso, pois o povo estaria "corrompido" pelo assistencialismo governamental, que estrategicamente liga a alimentação e benefícios doados à milhões de brasileros ao partido da Presidente da República.
Essas pessoas, se organizando por meio da internet, fizeram crescer de forma assustadora o número de comunidades e fanpages que defendem a ação militar para a deposição do atual governo. As páginas somam centenas de milhares de acessos, compartilhamentos e curtidas todos os dias. Se isso não é um claro sinal de que há algo de errado com o governo atual o que mais será preciso? São milhares de pessoas participando dessas comunidades, a maioria delas com alto grau de esclarecimento e disposição para participação política.
   Qualquer analista político pode perceber facilmente que se essas comunidades conseguirem se unir em um só bloco e transformar em ação todo esse sentimento expressado pelas redes sociais, o governo atual vai ter muito trabalho para permanecer no poder. 
 
   É justamente isso que uma das páginas, chamada INTERVENÇÃOMILITAR2014, pretende fazer, eles planejam concentrar todas as comunidades e democraticamente organizar as ações no sentido de tornar mais real aquilo que na maioria das vezes não sai das páginas da grande rede.
   Os organizadores Maria A. e Carlos C. não estão de brincadeira, eles realmente pretendem, nas suas palavras: “juntar essas pessoas num único grupo, a fim de se organizarem e pôr em prática de uma vez por todas a vontade do povo, que é a volta do Regime Militar e Impeachment da presidente Dilma ainda antes da Copa do Mundo, Prisão para todos os mensaleiros e políticos corruptos, com punição exemplar por traição ao Povo e à Pátria; Não à Ditadura Comunista; Não ao Desperdício irresponsável do dinheiro do povo; Investigação do investimento de bilhões feito pelos últimos governos em países em crise política (comunistas e socialistas),  Intervenção pela Ordem e Progresso do Brasil”.
 Eles fazem questão de lembrar que o grupo foi criado por civis comuns, cansados de ver a devastação do Brasil sob todos os aspectos; educação, saúde, segurança precária e falta de emprego Com a ajuda de amigos que se conheceram pela internet com os mesmos objetivos, em 3 dias, o grupo já possuía milhares de associados e continua crescendo rapidamente. O efeito viral de suas mensagens pode alcançar dezenas de milhares de visualizações por dia, já que normalmente cada pessoa possui mais de uma centena de amigos nas redes sociais.
  O grupo tem levado a sério sua proposta e até já traçou uma estratégia, na página estão catalogadas as regiões militares das 10 maiores cidades de todos os estados brasileiros. A intenção, é que a partir de 04 de março de 2014 (Carnaval), as pessoas se reúnam nesses locais e levem faixas, se vistam de verde e amarelo e peçam a ajuda constitucional que o povo brasileiro precisa urgentemente.
   Ainda que diversos oficiais da reserva declarem que qualquer intervenção seja algo impossível de ocorrer, as comunidades  citam como exemplo os movimentos ocorridos recentemente no Oriente Médio, especialmente no Egito.
   Os movimentos "intervencionistas" parecem lutar contra a opinião dos próprios militares, que recomendam cautela. Em setembro passado o general Valmir Fonseca Azevedo Pereira, um dos militares mais citados na atualidade, sem negar que acredita que o governo atual empurra o país para o caos, divulgou um texto que deixa claro que é praticamente impossível que os militares brasileiros intervenham novamente.
 
Ele disse: “... Hoje, é difícil saber quantos militares seriam capazes de participar de uma contrarrevolução para salvar o Brasil do comunismo ou da camarilha que nos leva para o abismo moral e econômico. Provavelmente, apenas uma minoria... Pelas armas, pela imposição tudo deve ser evitado, e os chefes militares esperam o amadurecimento da população, que esclarecida, possa por meio do voto consciente, sem trocas de benesses, escolher os seus verdadeiros líderes políticos.Cabe aos militares colaborarem na transição, na esperança de que na consciência dos cidadãos, ressurja a certeza do que é bom para a Nação é que eles cumpram a sua obrigação de patriotas, com cidadania.”   
 
(Texto completo AQUI)

30 de dezembro de 2013

A ABJETA PERSEGUIÇÃO ESQUERDISTA


          Artigos - Movimento Revolucionário 
A despeito dos esquerdistas clamarem pelo monopólio da justiça e da generosidade, a reação deles ao meu experimento que parte de um raciocínio muito básico revela que eles tão somente querem dar ao próximo aquilo que eles puderem roubar dos outros.
Tenha em mente que os comentários provêm de pessoas que poderiam ser seus vizinhos.

Enquanto a maioria dos americanos passava os últimos dias celebrando pacificamente o feriado santo junto com suas famílias, centenas – se não – milhares de pessoas que eu nunca havia visto na vida ameaçaram-me de agressões físicas, atacaram os membros da minha família, enviaram ameaças de morte, descreveram as várias doenças com que eles têm esperança que me aflijam, e me atacaram por conta da minha religião judaica.


“Eu realmente desprezo você, e estou enojado por você respirar o mesmo ar que eu respiro”, veio no Facebook de uma tal de Karen Jordan.

Depois de expressar seus votos desejando ver minha esposa e eu assassinados, Clayton Fletcher disse, “a humanidade seria muito melhor sem estes dois gigantescos desperdícios de carne e ossos humanos respirando o ar da terra.”

“Você é uma pessoa diabólica e você faz parte daquilo que está errado neste país”, escreveu-me Jeff Kernen de Eugene, no Oregon.
De Portland, no Oregon, Lydia Andy Bendorf escreveu: “Espero que você pegue câncer, Aids, 'gang grena', a praga, e sofra de uma lenta, miserável e solitária morte (sic).”

Allen Bates opinou: “Espero que você desenvolva uma psoríase no seu (palavrão).”
O blogueiro da Truth Milita escreveu: “(palavrão) seu velho (palavrão), cale a boca e morra como um bom e gentil escravo! Esses judeus me deixam tão (palavrão) doente.”
Pois bem, como foi que desencadeei esta onda de ódio tão desvairada?

Simplesmente publiquei um vídeo, no qual, em tom cômico desmascarei uma bandeira política muito popular da esquerda – a exigência que companhias lucrativas como o Walmart paguem salários mais altos.
Disfarçado como um representante de um grupo nacional de defesa dos trabalhadores, perguntei aos clientes do Walmart se eles aceitariam pagar um aumento de 15% caso esta sobretaxa fosse transferida diretamente para o pagamento de um salário de US$ 15 /hora para todos os empregados do Walmart. Embora o meu apelo por salários maiores tenha recebido apoio amplo, sem nenhuma surpresa, quase ninguém estava disposto a pagar pelo aumento ali mesmo. (N.T.: este vídeo está disponível aqui - http://www.youtube.com/watch?v=LLr5oWfoWRY)

Embora este seja precisamente o requisito indispensável para que um empregado possa ganhar mais.
Apesar do seu tamanho e da sua onipresença no território americano, a margem bruta do Walmart é sabidamente pequena (em torno de 3%). Esta cifra corresponde a um retorno sobre o investimento do acionista num período de 13 anos (fatorando o aumento do preço da ação e os dividendos ao longo daquele período de tempo). Este lucro modesto dificilmente poderia ser qualificado como um lucro fenomenal. Mesmo assim, ao ver uma família de bilionários o sangue da esquerda ferve.
A verdade é que o Walmart cresceu ao ponto de se tornar a maior empresa do ramo varejeiro no mundo, não por que seus donos lucram muito, mas porque seus clientes pagam muito pouco. Parte dessa fórmula requer a manutenção dos custos num patamar baixo. Fora o preço dos produtos, o custo da folha salarial é a maior despesa da empresa.

Contudo, isso não significa que o Walmart pague salários de escravos. O fato é que o Walmart recebe 50 candidatos por cada oferta de emprego. Na média, o salário pago pelo Walmart aos seus trabalhadores é de US$ 10.10 /hora. Um aumento para US$ 15 /hora iria provocar um aumento de 50% na folha de pagamento anual que orça em US$ 26 bilhões, ou seja, US$ 13 bilhões de acréscimo em um ano. Isto é aproximadamente 80% de todo o lucro operacional da companhia, que é US$ 16 bilhões. Financiar tais aumentos sacando dos lucros seria devastador para as finanças da companhia e colocaria ela numa situação de desvantagem competitiva.

Meu experimento mostrou a auto-aniquilação que o Walmart sofreria se a exigência dos seus trabalhadores fosse colocada à frente da necessidade dos seus clientes e dos seus acionistas. A despeito dos esquerdistas clamarem pelo monopólio da justiça e da generosidade, a reação deles ao meu experimento que parte de um raciocínio muito básico revela que eles tão somente querem dar ao próximo aquilo que eles puderem roubar dos outros.

Forçados a questionar os fundamentos sobre os quais a sua própria visão de mundo está construída, esses ideólogos, ao contrário, partiram para o ataque, declarando abertamente o seu desejo de eliminar as pessoas e as ideias contrárias às presunções que eles abraçam com tanta força.

Com efeito, eles manifestaram cada uma daquelas características más que os esquerdistas atribuem aos conservadores do Tea Party. Eles afirmam não terem gostado do meu vídeo, mesmo assim não acham nem um pouco repugnante a sua própria conduta. (Verifique o que as pessoas estão escrevendo em meu mural no Facebook caso não esteja acreditando https://www.facebook.com/PeterSchiff; faz muito tempo que me envolvo em polêmicas, mesmo assim nunca havia me deparado com nada similar.)

Tenha em mente que os comentários provêm de pessoas que poderiam ser seus vizinhos. Eles são professores “educando nossas crianças” e cidadãos que votam nas eleições. Isto faz nascer a conjectura se a batalha pela mentalidade de nossa nação já não foi perdida, e se o seu destino já não está selado de vez.

No que toca ao aspecto econômico, existem muitas razões pelas quais é uma má ideia forçar companhias como o Walmart a pagar salários acima do mercado para trabalhos sem qualificação e que servem de porta de entrada no mundo de trabalho.
Uma delas é que uma alteração como a proposta tornaria ainda mais difícil aos trabalhadores sem experiência conseguir o seu primeiro emprego através do qual poderão adquirir a experiência e as habilidades necessárias para ganhar maiores salários no futuro. Além disso, destruiria o conceito de propriedade privada e de mercado livre.
Contudo, só posso desejar boa sorte na tentativa de mostrar essas nuances mais delicadas a pessoas que preferem ater-se à ideologia preponderando sobre tudo o mais.

30 de dezembro de 2013
Do site de Peter Schiff -
http://www.schiffradio.com

Tradução: Francis Lauer