SÃO PAULO - A cena é digna de Monty Python. Sem camisa, o governador Cid Gomes mergulha numa adutora para tentar consertá-la em Itapipoca, cidade afetada pela seca no Ceará. Fica longos segundos dentro d'água, apenas o cocuruto calvo à mostra.
Volta com o cabelo escorrido na cara, dá uma cusparada, pega ar e tenta de novo. Finalmente consegue fechar uma válvula com defeito. Um puxa-saco pede palmas ao Jacques Cousteau cearense (a cena está em folha.com/no1390844).
O ridículo da performance tornou-a saco de pancada nas impiedosas redes sociais, mas há que se admitir que o governador não está sozinho.
Sair do gabinete, pôr a mão na massa ou simplesmente aparecer de um jeito inusitado são hoje pré-requisitos do manual do governante em busca de popularidade.
Não apenas no Brasil. Talvez Cid tivesse em mente as histrionices do uruguaio José Mujica (esse sim um Deus para a turma do Facebook), que moldou a Presidência à sua imagem de velhinho excêntrico. A última foi aparecer de sandálias e unha de fora na posse de um ministro.
Exemplo ainda maior é o do papa Francisco, cuja façanha em 2013 foi chacoalhar a igreja menos com reais mudanças de doutrina que com gestos como pagar sua conta numa pousada ou carregar a maleta na subida do avião.
No Brasil pós-protestos, as antenas das autoridades estão ainda mais alertas. Certamente isso entrou no cálculo da presidente Dilma para interromper sua folga de Natal e sobrevoar áreas inundadas em Minas.
Para Cid Gomes, talvez o maior problema seja ter adotado tardiamente o estilo "gente que faz". Um único banho de adutora não deve ser suficiente para desfazer o estrago na imagem causado por farras como a contratação da cantora Ivete Sangalo a peso de ouro para inaugurar um hospital (inacabado) em Sobral, há um ano. Aguardemos, portanto, suas novas peripécias.
Volta com o cabelo escorrido na cara, dá uma cusparada, pega ar e tenta de novo. Finalmente consegue fechar uma válvula com defeito. Um puxa-saco pede palmas ao Jacques Cousteau cearense (a cena está em folha.com/no1390844).
O ridículo da performance tornou-a saco de pancada nas impiedosas redes sociais, mas há que se admitir que o governador não está sozinho.
Sair do gabinete, pôr a mão na massa ou simplesmente aparecer de um jeito inusitado são hoje pré-requisitos do manual do governante em busca de popularidade.
Não apenas no Brasil. Talvez Cid tivesse em mente as histrionices do uruguaio José Mujica (esse sim um Deus para a turma do Facebook), que moldou a Presidência à sua imagem de velhinho excêntrico. A última foi aparecer de sandálias e unha de fora na posse de um ministro.
Exemplo ainda maior é o do papa Francisco, cuja façanha em 2013 foi chacoalhar a igreja menos com reais mudanças de doutrina que com gestos como pagar sua conta numa pousada ou carregar a maleta na subida do avião.
No Brasil pós-protestos, as antenas das autoridades estão ainda mais alertas. Certamente isso entrou no cálculo da presidente Dilma para interromper sua folga de Natal e sobrevoar áreas inundadas em Minas.
Para Cid Gomes, talvez o maior problema seja ter adotado tardiamente o estilo "gente que faz". Um único banho de adutora não deve ser suficiente para desfazer o estrago na imagem causado por farras como a contratação da cantora Ivete Sangalo a peso de ouro para inaugurar um hospital (inacabado) em Sobral, há um ano. Aguardemos, portanto, suas novas peripécias.
30 de dezembro de 2013
Fábio Zanini, Folha de SP