"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 2 de março de 2014

DIPLOMACIA INERTE

Domingo de carnaval, convenhamos, não é o melhor dia para ler artigo sobre política internacional. Mas que fazer? Coincidiu que o dia de minha coluna fosse hoje e não tenho jeito nem vontade de escrever sobre as alegrias de Momo. Por mais que nos anestesiemos no carnaval, o meio circundante não alenta alegrias duráveis.

Comecemos do princípio. Acho que houve um erro estratégico desde o governo Lula na avaliação das forças que predominariam no mundo e da posição do Brasil na ordem internacional que se transformava. Não me refiro ao que eu gostaria que ocorresse, mas às tendências que objetivamente se foram configurando. Nossa diplomacia se guiou pela convicção de que um novo mundo estava nascendo e levou o presidente, em sua natural busca de protagonismo, a ser o arauto dos novos tempos. A convicção implícita era a de que pós-Muro de Berlim, depois de breve período de quase hegemonia dos Estados Unidos, pregada por seus teóricos do neoconservadorismo, e da coorte de equívocos da política externa desse país (invasão do Iraque, do Afeganistão, isolamento da Rússia, apoio acrítico a Israel em sua política de assentamentos de colonos, etc.) e dos desastres provocados por essas atitudes, assistiríamos a uma correção de rumos.

De fato, houve essa correção de rumos, mas a direção esperada pela cúpula da diplomacia brasileira e por setores políticos sob influência de alas antiamericanas do PT era a do "declínio do Ocidente", com a perda relativa do protagonismo americano e a emergência das forças novas: a China (o que ocorreu), o mundo árabe, em especial os países petroleiros, a África e, naturalmente, a América Latina como parte deste "Terceiro Mundo" renascido. Essa visão encontra raízes em nossa cultura diplomática desde os tempos da "política externa independente", de Jânio Quadros, e encontra eco nos sentimentos de boa parte dos brasileiros, inclusive de quem escreve este artigo. Sempre sonhamos com um mundo multipolar no qual "os grandes" tivessem de compartilhar poder e nós, brasileiros, pouco a pouco nos tornássemos parceiros legítimos do grande jogo de poder global.

Contudo uma coisa é desejar um objetivo, outra é analisar as condições de sua possibilidade e atuar para que, dentro do possível, buscando ampliar seus limites, nos aproximemos do que consideramos o ideal. Nisso é que o governo Lula calculou mal. Se a Europa, sobretudo depois da crise financeira de 2008, perdeu tempo em tomar decisões e está até hoje embrulhada na indefinição sobre até que ponto precisará integrar-se mais (compatibilizando as políticas monetárias com as fiscais), ou voltar, na linguagem de De Gaulle, a ser a "Europa das Pátrias", nem a China se perdeu nos devaneios maoistas nem os Estados Unidos no neoconservadorismo que acreditava que a América poderia agir como se fosse uma hiperpotência. Ao contrário, a China lançou-se às reformas para inverter o polo investimento/consumo, diminuindo aquele e aumentando este, e os americanos deixaram de lado a ortodoxia monetarista, recalibraram a sua política externa e se jogaram à inovação das fontes de energia. Hoje propõem uma coexistência competitiva, mas pacífica, com a China, baseada no comércio, e lançam cordas para que a Europa saia do marasmo e se incorpore aos Estados Unidos, que funcionariam como dobradiça entre a China e a Europa, formando um formidável tripé.

Enquanto isso, o Brasil faz reuniões com os árabes, que não deixam de ter sua importância, propõe negociações sobre o Irã em coordenação com a Turquia (imagine-se se os turcos fariam o mesmo, propondo-se a ajudar o Brasil para resolver o litígio das papeleiras entre Uruguai e Argentina...), abre embaixadas nas mais remotas ilhas para, com o voto de países sem peso na mesa das negociações, chegar ao Conselho de Segurança (da ONU). Por outro lado, comporta-se timidamente quando a Petrobrás é expropriada pela Bolívia, interfere contra o sentimento popular em Honduras, abstém-se de entrar em bolas divididas, como no conflito argentino-uruguaio, além de calar diante de manifestações antidemocráticas quando elas ocorrem nos países de influência "bolivariana".

Noutros termos: escolhemos parceiros errados, embora, em si mesma, a relação Sul-Sul seja desejável, e menosprezamos os atores que estão saindo da crise como principais condutores da agenda global, exceção parcial feita à China (neste caso, não há menosprezo, mas falta de estratégia). Perdemos liderança na América Latina, hoje atravessada pela cunha bolivariana que parte da Venezuela com apoio de Cuba, estende-se acima até a Nicarágua, passa pelo Equador e, abaixo, desce direto à Bolívia e chega à Argentina. No outro polo se consolida o Arco do Pacífico, englobando Chile, Peru, Colômbia e México, e nós ficamos encurralados no Mercosul, sem acordos comerciais bilaterais e, pior, calados diante de tendências antidemocráticas que surgem aqui e ali.

Ainda agora, na crise da Venezuela, é incrível a timidez de nosso governo em fazer o que deve: não digo apoiar este ou aquele lado em que o país rachou, mas pelo menos agir como pacificador, restabelecendo o diálogo entre as partes, salvaguardando os direitos humanos e a cidadania. O Mercosul desabridamente se põe do lado do governo de Maduro. O Brasil timidamente se encolhe, enquanto o partido da presidente apoia o governo venezuelano, sem nenhuma ressalva às mortes, ao aprisionamento de oposicionistas e às cortinas de fumaça que querem fazer crer que o perigo vem de fora, e não das péssimas condições em que vive o povo venezuelano.

Agindo assim, como esperar que, chegada a hora, a comunidade internacional reconheça os direitos que cremos ter (e de fato poderíamos ter) de tomar assento nas grandes decisões mundiais? Fomos incapazes de agir, ficamos paralisados em nossa área de influência direta. A continuar assim, que contribuição daremos a uma nova ordem global? Chegou a hora de corrigir o rumo. Que a crise venezuelana nos desperte da letargia.

 
02 de março de 2014
Fernando Henrique Cardoso. O Estado de S. Paulo

O FRACASSO DA PETROBRAS


O balanço de 2013 da Petrobrás é a perfeita demonstração contábil de seu fracasso operacional. Ele deixa claro que, não fossem as vendas de ativos e alguns acertos contábeis, não existiria o lucro anunciado pela empresa, de RS 23,5 bilhões - e ressalte-se que, embora o valor impressione, é o terceiro pior dos últimos sete anos. Fosse a Petrobrás uma empresa de capital aberto sujeita à fiscalização de seus acionistas como são as demais com ações negociadas no mercado, e não uma estatal estritamente controlada por um governo que a transformou em instrumento de suas políticas econômica e partidário-eleitoral, seu Conselho de Administração teria destituído a diretoria executiva. Mas a maioria decisiva do Conselho e toda a diretoria fazem apenas o que o governo Dilma lhes determina. E o que lhes é imposto vem produzindo resultados financeiros desastrosos -e o plano de negócios da empresa para os próximos cinco anos não deixa dúvidas quanto à disposição do governo de manter o atual modelo -, com prejuízos para os investidores, que ainda acreditam no potencial da empresa, e para o País.
O lucro de 2013 é maior do que o de 2012, o que pode sugerir melhora na contenção de custos e no desempenho da empresa. Sua diretoria atribuiu a aparente melhora a diversos fatores, como o aumento da produção de derivados, os reajustes nos preços do diesel (20%) e da gasolina (11%), a redução de custos, a venda de ativos e a redução do impacto da desvalorização do real (que elevou os custos dos derivados que a empresa importa em quantidades crescentes) devido à mudança de práticas contábeis.

São fatores que influenciaram os resultados contábeis do ano passado. Pode-se imaginar, por exemplo, como seria o desempenho financeiro caso o governo não tivesse autorizado o aumento dos combustíveis -com grande atraso e insuficiente para evitar novas perdas.

Mas dois dos fatores apontados pela empresa merecem exame separado. A venda de ativos, que obviamente resulta na redução do patrimônio, engordou o caixa da empresa em RS 8,5 bilhões. Isoladamente, essa operação respondeu por nada menos do que 36% do lucro. Sem ela, o lucro teria sido de RS 15,1 bilhões.

Outro fator decisivo para assegurar o lucro contabilizado pela Petrobrás em 2013 foi aquilo que a empresa designou como contabilidade de hedge, referência à operação utilizada para proteção contra variações cambiais. Em julho do ano passado, a Petrobrás anunciou que passaria a diluir ao longo de sete anos parte do prejuízo causado pela variação cambial na sua dívida externa. Com isso, seus resultados serão maiores no presente e, consequentemente, maiores serão também os dividendos que ela repassará para o Tesouro. É um procedimento legal e, no caso da estatal, de grande impacto sobre seus resultados. Em seu balanço, a Petrobrás reconhece que a nova prática lhe permitiu reduzir em R$ 12,9 bilhões os impactos da valorização de 15,7% do dólar ao longo do ano passado.

Sem o efeito desses dois itens, o resultado seria um lucro bem menor, de RS 2,2 bilhões. Já a dívida da empresa não foi afetada por isso, razão pela qual cresceu 49,9% no ano passado, tendo chegado a R$ 221,6 bilhões, 3,5 vezes a capacidade de geração de caixa.

Tendo sido obrigada pelo governo do PT, desde a gestão Lula, a concentrar os investimentos no pré-sal, a Petrobrás perdeu eficiência na atividade de produção das áreas já exploradas (o que fez cair a produção média para 1,931 milhão de barris por dia, 2,5% menos do que produzia em 2012) e não ampliou sua capacidade de refino, o que a força a importar derivados para atender à demanda interna crescente. Como importa a preços de mercado e vende internamente de acordo com os preços controlados pelo governo, ela vem acumulando prejuízos na área de abastecimento (no ano passado, essa área teve prejuízo de RS 17,8 bilhões).

O novo plano de investimentos para os próximos cinco anos é mais realista do que o anunciado no ano passado, pois diminuiu de US$ 236,7 bilhões para US$ 220,6 bilhões. Mas o corte principal será feito justamente na área de abastecimento (fonte de elevado prejuízo operacional por falta de capacidade de refino), preservando-se os investimentos no pré-sal.
02 de março de 2014
Editorial O Estadão

BADERNA PATROCINADA


AMBIÇÃO REAL

 
 
02 de março de 2014
Editorial Folha de SP

O BLOCO DA BARGANHA

Em ano de trabalho parlamentar espremido entre o carnaval e a Copa do Mundo, com apenas 52 dias úteis de atividades no primeiro semestre para apreciação e aprovação de projetos, o governo entra no terceiro mês com um problema para resolver no Congresso. Depois de duas semanas de crise na base aliada, deputados de sete partidos governistas criaram um "blocão" que promete dar dor de cabeça à articulação política do Palácio do Planalto.
Parlamentares de PMDB, PDT, PTB, PP, PSC, Pros e PR uniram-se ao novato Solidariedade, do Paulinho da Força, e criaram o tal grupo independente. São cerca de 250 congressistas insatisfeitos com o governo que reclamam da falta de atenção dos ministros que despacham mais próximos da presidente Dilma Rousseff. A queixa maior é com a ausência de diálogo e, como consequência, da retenção das emendas parlamentares apresentadas ao Orçamento Geral da União.

O primeiro constrangimento o grupo "independente" já criou. Depois das denúncias de pagamento de propina pela empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras, os rebeldes governistas se aliaram à oposição e colocaram em votação requerimento com a finalidade de criar uma comissão externa para apurar as suspeitas de corrupção. A investigação só não foi aprovada graças à manobra do PT, que, apoiado no baixo quórum às vésperas do início da folia de momo, pressionou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pelo encerramento da sessão.

A próxima complicação a ser enfrentada pelo Planalto no parlamento já está em gestação: a votação do Marco Civil da Internet. O único partido contra era o PMDB. Com o alinhamento entre as legendas, as negociações com relação ao texto podem voltar à estaca zero. Ou seja, a partir de 11 de março, quando a promessa é de que o ano comece para valer no Congresso, muita chantagem nos bastidores vai tomar conta dos embates.

Responsável por debater e votar temas importantes que influenciam diretamente a vida dos brasileiros, o Congresso deveria primar por sair do ritmo banho-maria previsto para 2014. Se o interesse do governo é manter a pauta trancada para evitar a apreciação de temas polêmicos que possam respingar no projeto de Dilma pela reeleição, os parlamentes deveriam criar agenda própria até junho.

Temas importantes estão parados. Bom exemplo é o Plano Nacional de Educação, projeto que se arrasta há anos pelas salas do Legislativo. Outro é o que autoriza os créditos de complementos de atualização monetária em contas vinculadas do FGTS. E, por fim, a proposta que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal.

São todos assuntos que influenciam diretamente a vida da população. Essa agenda própria com data limite em junho é de suma importância. A partir daí, com o início da Copa e das convenções partidárias, tem início o recesso branco, que antecede as eleições de outubro. É a gazeta institucionalizada.
02 de março de 2014
Editorial Correio Braziliense

O CAMINHO DA PONDERAÇÃO

 
 
Durante as comemorações dos 20 anos do Plano Real no Senado Federal, seu criador, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não se deixou ficar sentado sobre os louros do sucesso da política monetária que comandou e revolucionou a economia nacional. Também se recusou a adotar uma retórica da crítica pela crítica aos adversários do Partido dos Trabalhadores (PT) que lhe sucederam na Presidência. Em vez disso, o tucano - eleito duas vezes em primeiro turno, tamanha foi a repercussão na vida do cidadão comum de seu plano de estabilização - tratou do futuro do País.
Em Brasília, Fernando Henrique Cardoso atuou como principal cabo eleitoral de um presidenciável do partido, o senador Aécio Neves, principal obstáculo à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Para ele, o Brasil clama por mudanças, por gente nova, e há uma "fadiga de material". Não se trata, propriamente, de uma novidade espetacular, pois, desde as manifestações nas ruas contra a péssima gestão do Estado brasileiro, esse desejo de mudança é público e notório.

Assim que as multidões deixaram as ruas no meio do ano passado, os institutos de pesquisa saíram a campo para pesquisar e constataram que nada menos do que 66% dos brasileiros entrevistados exigiam mudanças na gestão pública. Na semana passada, esse clamor se fez ouvir de novo: o instituto MDA, em levantamento patrocinado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), revelou que o anseio continua o mesmo. Apenas 12,1% dos entrevistados aceitam a manutenção do estilo da atual administração federal. Enquanto isso, 23,1% preferem manter algumas das ações do governo Dilma e 25%, a maioria de tais iniciativas. A maior parte dos consultados, 43,7%, porém, reivindica uma mudança total do que está sendo feito pela aliança liderada pelo PT. Ao constatar isso, Fernando Henrique Cardoso chamou a atenção para os 12 anos de gestão petista, embora não os tenha citado de forma explícita.

O que explicitou, isso sim, foi o reconhecimento de que o Brasil carece muito de líderes jovens e capacitados a procurar o sucesso fora das fórmulas e soluções do passado, no qual modestamente se incluiu. "Minha geração já passou. Nós já morremos. Não dá mais. Tem de passar (as responsabilidades) para outra geração", disse ele.

Como qualquer brasileiro responsável, o ex-presidente está preocupado com o acirramento do debate político neste ano de eleições para a Presidência da República e os governos estaduais. Mesmo reconhecendo que a guerra nos palanques faz parte do jogo da democracia, nem sempre limpo (pois "sem emoção ninguém consegue transmitir nada"), ele fez votos para que esta campanha, pelo menos, "não seja de insultos nem de dossiês falsos, toda essa coisa".

Ele próprio contribuiu para esse apaziguamento ao discordar do presidenciável tucano Aécio Neves, ao seu lado, que prenunciou "anos difíceis" para o sucessor de Dilma, qualquer que seja ele, porque o País estaria "mergulhado num ambiente de desesperança e descrença no futuro". FHC contemporizou: "Eu me preocupo, mas não posso ser injusto e dizer que o governo não controla a inflação. A inflação, comparada com a do início do Plano Real, que era de 20%, 30% ao mês, agora é de 6% ao ano. (...) Agora o Brasil está com um compasso diferente do compasso do mundo. Tem que ajustar. Vamos ser otimistas. Eu sou otimista. Não temos que ficar apenas jogando pedra. Temos que construir".

Tal ponderação condiz com o conselho de mais velho dado a Aécio. "Temos um bom candidato. (...) Ele tem que dizer ao País: é isso, tem um caminho, o caminho é esse", pontificou o ex-presidente. Com sua bagagem de cientista social respeitado no mundo inteiro, ele tocou no ponto nevrálgico da fragilidade da oposição à atual aliança governista: a falta de propostas concretas que animem o eleitor a evitar o "mais do mesmo", que é, no fundo, o mote da campanha pela reeleição de Dilma. O eleitor quer mudar, sim, mas também exige garantias de que a mudança venha para melhorar sua vida.

02 de março de 2014
Editorial do Estadão

RABO DE SARDINHA


Quando se trata de política externa, há quem prefira ser cabeça de sardinha e quem prefira ser rabo de baleia. No primeiro caso, o país assume a liderança de um grupo menor; no segundo, aceita ser liderado para fazer parte de uma aliança mais abrangente. O PT preferiu ser rabo de sardinha. Essa é a melhor metáfora para definir a atual postura geopolítica do Brasil. O Merco-sul é uma camisa de força ideológica que afeta negativamente nossa economia. Enquanto países como Peru, Colômbia, Chile e México criaram a Aliança do Pacífico e fecharam diversos acordos bilaterais de livre-comércio, o Brasil insiste na fracassada união aduaneira com os bolivarianos.
Um a um, os países do Mercosul afundam em crises de enorme proporção. E por onde anda Marco Aurélio Garcia? Por que o Itamaraty está tão calado ultimamente? José Miguel Vivanco, diretor da ONG human rights Watch, falando sobre a desgraça venezuelana, denunciou a omissão do governo brasileiro, que, segundo ele, não age como o líder regional que pensa ser.

De fato, chama atenção o ensurdecedor silêncio de nossos diplomatas e governantes. A única leitura que se pode extrair disso é que o Brasil não é líder nem mesmo do minguado bloco do Mercosul. O governo brasileiro conseguiu nos transformar em saco de pancada de seus companheiros de ideologia.

Evo Morales abusa do Brasil e sempre sai impune. Chegou a enviar tropas para invadir instalações da Petrobras em seu país, e ficou por isso mesmo. Violou nossa soberania ao vistoriar um avião da FAB em 2011. Como prêmio, recebe empréstimos do BNDES e a cumplicidade do Itamaraty ao manter aprisionado um senador de oposição por mais de 400 dias em nossa embaixada em La Paz.

A Venezuela é outro país que pode sempre contar com a conivência de Brasília. Com muita pompa, foi anunciada a bilionária refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, uma parceria entre a Petrobras e a PDVSA, a estatal de petróleo venezuelana. Após vários anos sem esta pingar um só dólar, a refinaria acabou incorporada pela Petrobras, com grandes prejuízos.

Retaliação? Nem pensar. O Brasil tem sido um incansável aliado do chavismo e fez de tudo para que a Venezuela entrasse no Mercosul, apesar de não atender às exigências do bloco, a começar pela cláusula democrática. Lula chegou a gravar mensagem de apoio para a campanha de Nicolás Maduro, intrometendo-se em assuntos internos do país.

O resultado está aí: a Venezuela mergulhou em uma guerra civil, a economia vive em convulsão com hiperinflação, e o caos social é total, com a violência fora de controle. É possível encontrar as impressões digitais do PT nessa confusão toda, e não podemos esquecer que esse é o modelo que o partido defende. A Argentina, que também caminha rapidamente para uma tragédia, já ignorou cláusulas tarifárias do Mercosul sem resposta à altura por parte do Brasil. Sua política industrial restritiva, impondo barreiras ao comércio com o Brasil, chegou a afetar duramente nossa indústria automobilística, e nada foi feito.

A ditadura cubana recebe afagos - e muitos recursos - do governo petista. O BNDES financiou o Porto de Mariel na ilha, coisa de bilhão. A presidente Dilma argumentou que foi uma decisão estritamente econômica, endossada por Marcelo Odebrecht, o maior beneficiado pela transação. Alguém acredita?

Como ficou claro, o governo petista fez uma escolha ideológica. Transformou nossa política externa em uma extensão de seus interesses partidários, mesmo que, para tanto, nossa economia fosse sacrificada. E nem vamos falar de outras questões, como os direitos humanos, ignorados no programa Mais Médicos, que importa cubanos na condição de escravos.

Tudo isso tem custado muito caro. Nossa balança comercial está negativa. O Brasil perde a oportunidade de estreitar laços com países desenvolvidos, por puro preconceito ideológico. Prefere se unir aos fracassados bolivarianos, ou perdoar a dívida de países africanos a pretexto de obter deles apoio para conseguir assento no Conselho de Segurança da ONU.

O governo faz "caridade" com dinheiro do povo, estimula a sobrevida de regimes nefastos e ainda prejudica nossa economia. Poderia, como fizeram o governo do Chile e o do Peru, optar por se integrar ao mundo civilizado, mesmo com lugar apenas na cauda. Poderia pelo menos liderar o bloco regional. Em vez disso, o PT, com sua cabeça de bagre, fez do Brasil um rabo de sardinha.

O governo brasileiro poderia, como fizeram o do Chile e o do Peru, optar por se integrar ao mundo civilizado, mesmo com lugar apenas na cauda. Em vez disso, o PT, com sua cabeça de bagre, fez do Brasil um rabo de sardinha
02 de março de 2014
Rodrigo Constantino, Revista Veja

SAMBA E PAGODE


O BRASIL BRUTO, NA MEDIDA


RESISTÊNCIA À DITADURA


ARRECADAÇÃO CRIATIVA


OLHE COM QUEM ANDA


 
02 de março de 2014
J. R. Guzzo, Revista Exame

SUPLICY, SENECTUDE OU ESPERTEZA?

Eduardo Suplicy, 24 anos do nada absoluto.
Este ano de 2014 o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) completa 24 anos seguidos como senador da república.

São apenas 24 anos de fidelidade canina ao PT, onde a legislação do nada e de porra nenhuma se tornaram a marca registrada de um cidadão que vai levando votos de gente que acha ele fofinho ou, um arauto à honestidade.

Honestidade não está apenas no não roubar ou desviar diretamente o dinheiro público, mas a maior desonestidade está em fechar os olhos e apoiar mesmo que veladamente toda sorte de maracutaias promovidas por seus pares em ideologia e na manutenção do poder de um grupo que chegou a ele apenas para se dar bem.

Suplicy tem se destacado por sua ineficiência como senador e acima de tudo, como um neo-bobo da corte no reino da vagabundalha.


Não é incomum vermos o decrépito senador torturando seus pares cantando ou recitando baboseiras em uma  insana postura de tripudiar do já tão desacreditado congresso federal.
 
Já vimos o velho senador andando de cuecas pelos corredores do senado para um quadro em um dos mais bizarros programas da TV aberta da Pocilga.

Não é incomum Suplicy servir de "pauta" para pseudo programas cômicos e se propor a ser "pilhado" por engraçadinhos de plantão. Ele deve acreditar que a exposição na mídia não tem preço, até quando faz papel de pateta ou de idiota.

Não acompanho a carreira política do velho senador, mas tenho a impressão que a cada ano que passa ele fica cada vez mais idiota, não é uma idiotia patológica, é uma idiotia planejada, estudada, uma espécie de personagem que ainda angaria simpatia de parcela de cretinos que votam e mantém esse inerte no Senado. Suplicy é o bobo da corte mais bem pago da história do mundo.

O momento agora foi a "bronca" via imprensa amestrada que o velho senador deu no VALENTE Ministro do STF, Joaquim Barbosa.

Entre as bobagens vomitadas por Suplicy contra Barbosa entra a indefectível "Ele é o primeiro ministro negro do STF", ou a velha, ¨Barbosa foi indicado ao cargo pelo EX presidente Defuntus Vagabundus".
Em outras palavras a indicação de Barbosa para o STF tem as vertentes do agradecimento eterno.

Barbosa,  que por ser negro e ter tido a oportunidade em "chegar lá" por indicação do EX presidente deveria dizer amém a tudo e não resguardar a constituição, o estado de direito e muito menos o povo brasileiro, Barbosa estava lá, negro e indicado, para servir aos interesses dos ratos Vermelhos e bando, e sua postura no caso do mensalão foi entendida como a cobra que mordeu a mão que a criou. TRAIDOR!!!

O que incomodou a PTralhada na verdade foi a condenação da cúpula do PT, o trabalho primoroso do Ministro teve o resultado desastroso para o partido e seus bandoleiros, mas as manobras imorais promovidas por ministros "brancos" e eternamente agradecidos tanto ao EX presidente quanto a atual PresidANTA, traidores da pátria levou ao mais imoral resultado que a suprema corte da nação já teve o desprazer de promover.

Na cabeça de um senador a imoralidade não é bem imoral quando é para "aliviar" para seus companheiros, as leis e o povo que se danem, o que importa é ver a impunidade fazendo o serviço sujo de livrar a cara de vagabundos protegidos e amigos do "honesto" senador. 
Viram, não é necessário meter a mão na grana para ser desonesto, a desonestidade intelectual e ideológica fazem muito mais estragos do que o simples roubar.

A desonestidade está em quando um senador da república dá carteiradas na porta de um presídio para visitar fora de hora seus companheiros ladrões e corruptos que estão em cana por seus crimes...
Ladrões e corruptos, condenados e presos, tudo bem... Quadrilheiros... NUNCA!!!
 
Prestar solidariedade para um vagabundo preso é uma desonestidade com os brasileiros direitos, trabalhadores que respeitam as leis e cumprem com suas obrigações.
Mas nada disso atinge a imagem do "fofinho" e "honesto" senador, afinal a parvalhice e o patetismo que ele tão bem incorpora cria uma aura de bondade que leva eleitores sem noção a votarem mais e mais vezes nesse carí$$imo traste.


E eu, assim como uma legião de Brasucas tivemos preconceito contra o palhaço Tiririca na câmara federal.
E quando percebemos, o palhaço é Suplicy. Tiririca apenas está lá para ganhar dinheiro e votar no que mandarem, não que isso não seja um problema para o povo, mas dos males o menor. Agora, Suplicy está lá para prejudicar a nação.


E veremos o velho pateta acumulando eleições sobre eleições se perpetuando no senado federal, custando uma bala em grana pública para ser mais de porra nenhuma.
E tem gente que ainda reclama do Sarney? Suplicy é tão perigoso quando a múmia do Maranhão.

Suplicy é mais outro espertalhão que se dá bem usando a burrice de um povo que vota porque o candidato é "fofinho"...
 
02 de março de 2014
omascate

EDUARDO SUPLICY: 24 ANOS DO NADA ABSOLUTO


Este ano de 2014 o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) completa 24 anos seguidos como senador da república.

São apenas 24 anos de fidelidade canina ao PT, onde a legislação do nada e de porra nenhuma se tornaram a marca registrada de um cidadão que vai levando votos de gente que acha ele fofinho ou, um arauto à honestidade.

Honestidade não está apenas no não roubar ou desviar diretamente o dinheiro público, mas a maior desonestidade está em fechar os olhos e apoiar mesmo que veladamente toda sorte de maracutaias promovidas por seus pares em ideologia e na manutenção do poder de um grupo que chegou a ele apenas para se dar bem.

Suplicy tem se destacado por sua ineficiência como senador e acima de tudo, como um neo-bobo da corte no reino da vagabundalha.

Não é incomum vermos o decrépito senador torturando seus pares cantando ou recitando baboseiras em uma  insana postura de tripudiar do já tão desacreditado congresso federal. Já vimos o velho senador andando de cuecas pelos corredores do senado para um quadro em um dos mais bizarros programas da TV aberta da Pocilga.

Não é incomum Suplicym preço, até quando faz papel de pateta ou de idiota. servir de "pauta" para pseudo programas cômicos e se propor a ser "pilhado" por engraçadinhos de plantão. Ele deve acreditar que a exposição na mídia não te

Não acompanho a carreira política do velho senador, mas tenho a impressão que a cada ano que passa ele fica cada vez mais idiota, não é uma idiotia patológica, é uma idiotia planejada, estudada, uma espécie de personagem que ainda angaria simpatia de parcela de cretinos que votam e mantém esse inerte no Senado. Suplicy é o bobo da corte mais bem pago da história do mundo.

O momento agora foi a "bronca" via imprensa amestrada que o velho senador deu no VALENTE Minsitro do STF, Joaquim Barbosa.

Entre as bobagens vomitadas por Suplicy contra barbosa entra a indefectível "Ele é o primeiro ministro negro do STF", ou a velha, ¨Barbosa foi indicado ao cargo pelo EX presidente Defuntus Vagabundus".

Em outras palavras a indicação de Barbosa para o STF tem as vertentes do agradecimento eterno.

Barbosa,  que por ser negro e ter tido a oportunidade em "chegar lá" por indicação do EX presidente deveria dizer amém a tudo e não resguardar a constituição, o estado de direito e muito menos o povo brasileiro, Barbosa estava lá, negro e indicado, para servir aos interesses dos ratos Vermelhos e bando, e sua postura no caso do mensalão foi entendida como a cobra que mordeu a mão que a criou. TRAIDOR!!!

O que incomodou a PTralhada na verdade foi a condenação da cúpula do PT, o trabalho primoroso do Ministro teve o resultado desastroso para o partido e seus bandoleiros, mas as manobras imorais promovidas por ministros "brancos" e eternamente agradecidos tanto ao EX presidente quanto a atual PresidANTA, traidores da pátria levou ao mais imoral resultado que a suprema corte da nação já teve o desprazer de promover.

Na cabeça de um senador a imoralidade não é bem imoral quando é para "aliviar" para seus companheiros, as leis e o povo que se danem, o que importa é ver a impunidade fazendo o serviço sujo de livrar a cara de vagabundos protegidos e amigos do "honesto" senador.  Viram, não é necessário meter a mão na grana para ser desonesto, a desonestidade intelectual e ideológica fazem muito mais estragos do que o simples roubar.

A desonestidade está em quando um senador da república da carteiradas na porta de um presídio para visitar fora de hora seus companheiros ladrões e corruptos que estão em cana por seus crimes...Ladrões e corruptos, condenados e presos, tudo bem..
Quadrilheiros... NUNCA!!! Prestar solidariedade para um vagabundo preso é uma desonestidade com os brasileiros direitos, trabalhadores que respeitam as leis e cumprem com suas obrigações.
Mas nada disso atinge a imagem do "fofinho" e "honesto" senador, afinal a parvalhice e o patetismo que ele tão bem incorpora cria uma aura de bondade que leva eleitores sem noção a votarem mais e mais vezes nesse carí$$imo traste.

E eu, assim como uma legião de Brasucas tivemos preconceito contra o palhaço Tiririca na câmara federal.
E quando percebemos o palhaço é Suplicy, Tiririca apenas está lá para ganhar dinheiro e votar no que mandarem, não que isso não seja um problema para o povo, mas dos males o menor. Agora, Suplicy está lá para prejudicar a nação.

E veremos o velho pateta acumulando eleições sobre eleições se perpetuando no senado federal, custando uma bala em grana pública para ser mais de porra nenhuma. E tem gente que ainda reclama do Sarney? Suplicy é tão perigoso quando a múmia do Maranhão.
Suplicy é mais outro espertalhão que se da bem usando a burrice de um povo que vota porque o candidato é "fofinho"...
 
02 de março de 2014
omascate

UMA PÁGINA DA HISTÓRIA DE CUBA

Morreu Huber Matos, verdadeiro herói cubano

Morreu em Miami, aos 95 anos, Huber Matos Benítez, revolucionário cubano de 1959. Ele foi o primeiro a passar pelo infindável martírio que a adesão de Fidel ao marxismo-leninismo, posterior à sua malfadada revolução, impõe ao povo de Cuba.

Presto minha homenagem a esse valente cidadão, verdadeiro herói, com todos os méritos e dores inerentes a tão qualificador substantivo.

Em reverência a ele transcrevo um trecho do meu livro “Cuba, a Tragédia da Utopia”.

***
 
São vários os casos emblemáticos na caminhada de Fidel sobre cadáveres rumo ao poder absoluto, sempre secundado pelo mano Raul. Um deles é o do comandante Hubert Matos. Na hierarquia revolucionária não havia coronéis nem generais. O posto máximo era o de comandante. Huber Matos entrou em Sierra Maestra e em combates que se seguiram, após intermediar uma operação considerada decisiva para a vitória de Fidel: o fornecimento de armas e munições, em meados de 1958, para a arremetida final contra o exército de Batista. Ganhando o posto de comandante e contando com a confiança de Fidel, passou a divergir dele quando percebeu o alinhamento comunista de seu líder. Ele relata sua amarga experiência no livro “Como llegó la noche”.
Ainda em janeiro de 1959, Fidel o declarou como o terceiro homem da revolução. Na ocasião, os principais comandantes eram Fidel, seu irmão Raul, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e Huber Matos. O próprio Matos se declarou surpreso com a designação que recebeu: “Primero estoy yo, luego Raúl y después estás tú”. Com efeito, Fidel não tinha muita confiança no equilíbrio de Che, Raul tinha ciúmes de Che e ambos desdenhavam Camilo, a quem consideravam um tipo boêmio com pouca rigidez de espírito (embora tivesse grande apelo popular, o que desagradava profundamente o Líder Máximo).
Matos relata que certa feita, ainda nos primeiros meses de 1959, após visitar uma obra no porto de Havana onde Fidel falou aos operários, retornando os dois pelo Malecón, perguntou ao chefe sobre seus planos para concretizar a promessa de participação dos operários nos resultados das empresas. E Fidel lhe respondeu: “No Huber, eso no lo podemos hacer, porque si propiciamos que los trabajadores tengan independencia económica, de ahí a la independencia política no hay más que un paso. No podemos!”.
Diante do que estava percebendo, Matos enviou a Fidel uma carta pessoal, apontando divergências e afirmando que não tinha qualquer intenção de criar problemas para a revolução. Na carta, pedia seu afastamento, em caráter irrevogável do posto de comando que detinha em Camaguey. Foi o que bastou para ser levado a julgamento por alta traição em outubro de 1959.
 
Fidel compareceu pessoalmente ao julgamento para acusar seu antigo companheiro, tomando como base de acusação o fato de que a notícia da renúncia de Matos circulava abertamente na província que ele dirigia e suscitava reações de antagonismo à revolução entre os soldados.
A leitura da ata da sessão é uma evidência dos critérios partilhados pelos tribunais revolucionários. Matos é acusado de voltar atrás de seu juramento de lealdade, de atingir com sua renúncia o vigor da revolução, de tentar destruir com seu gesto o patrimônio simbólico  e espiritual da revolução. Resumo da missa: condenado a 20 anos de prisão”.  
 
***
Huber Matos cumpriu integralmente essa sentença, do primeiro ao último dia, por ordem do canalha que há mais de meio século infelicita a nação cubana e recolhe tanto apreço do aparelho político-partidário que governa nosso país.
 
02 de março de 2014
Percival Puggina

SE DILMA NÃO FOSSE DILMA

 


Ao se desligar do programa “Mais Médicos”, a doutora Ramona Matos Rodriguez abriu a caixa de Pandora desse suspeitíssimo convênio firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para locação de médicos cubanos.
 
Ramona exibiu à imprensa cópia do seu contrato com uma certa sociedade anônima “Comercializadora de Serviços Médicos” e informou que dos 10 mil reais por cabeça, pagos pelo Brasil, ela só recebia o equivalente a mil reais no câmbio atual.
 
Ou seja, confirmou ganhar apenas aqueles 10% que eu, desde o início das tratativas para vinda dos médicos, afirmei que constituíam o padrão para contratos desse tipo na Castro & Castro Ltda. – antigamente conhecida como ilha de Cuba -, empresa familiar com sede e foro na cidade de Havana. E ainda há quem ouse se referir a tais negociatas como evidências da “admirável solidariedade” da Cuba comunista para com os necessitados do mundo. Vê se eu posso!
 
Em torno de dona Ramona se formou a primeira das encrencas que haverão de cercar esse convênio nascido nas confabulações do Foro de São Paulo (aquela supranacional esquerdista que a imprensa brasileira faz questão de solenemente desconhecer). Muitas outras encrencas virão porque tudo que é mal feito em algum momento cobra conserto.
 
APENAS UM CLUBE
O problema é que Dilma, apesar de seus 40 ministros, não tem um ministério nem dirige um governo. Ela preside um clube, destinado ao lazer dos sócios, vale dizer, dos partidos políticos que compõem sua base de sustentação.
Tivesse ela um bom ministro do Trabalho, este lhe diria que a situação dos cubanos é totalmente irregular perante a legislação brasileira (a doutora Ramona já anuncia que vai buscar na Justiça do Trabalho o que lhe é devido pelo Brasil).
 
Tivesse ela um bom ministro da Saúde, ele a advertiria sobre a deficiente formação média dos profissionais médicos formados em Cuba.
 
Tivesse ela um bom ministro da Defesa, ele haveria de alertá-la para os riscos decorrentes da importação, em larga escala, de agentes enviados por um país que, desde 1959, se caracteriza por infiltrar e subsidiar guerrilheiros no resto do mundo.
 
Tivesse, Dilma, uma boa ministra de Direitos Humanos, menos fascinada por ideologia e mais pela humanidade, esta iria às últimas consequências para impedir que o Brasil protagonizasse escancarado ato de escravidão, trazendo os cubanos sob as condições postas por Havana.
 
Tivesse Dilma um bom ministro da Fazenda, ele certamente lhe demonstraria o quanto é abusivo pagar um overhead de 900% em relação a cada profissional enviado pelos Castro. Tivesse ela um bom ministro da Economia, este abriria um berreiro para mostrar que a contabilidade desse convênio é altamente prejudicial ao interesse nacional diante da desproporção entre o valor do serviço prestado no Brasil e o montante enviado para a matriz cubana.
 
Tivesse Dilma um bom ministro da Justiça, ele ficaria de cabelos em pé diante do atropelo que esse contrato produz nos mais comezinhos princípios de Justiça e na legislação nacional.
 
Tivesse Dilma um bom ministro da Previdência Social, ele mostraria ser líquido e certo o caráter regressivo ao governo de qualquer ação dos médicos cubanos em busca de seus direitos previdenciários porque o patrão de fato desses profissionais é o governo brasileiro.
 
Tivesse Dilma um bom ministro de Relações Exteriores, ele lhe mostraria o quanto resulta negativo à imagem do Brasil o conhecimento internacional das bases em que o país firmou esse convênio.
 
FESTA E GRANA
Mas Dilma preside um clube. E se o clube está nem aí para suas verdadeiras ocupações, menos ainda haverá de estar para quaisquer preocupações. O clube, afinal, gosta mesmo é de festa e grana.
 
Se Dilma não fosse Dilma e tivesse um bom ministério, se estivesse ocupada em solucionar problemas estruturais em vez de ficar quebrando galhos e agradando parceiros, ela teria atendido à reivindicação dos médicos brasileiros.
 
Há muito tempo eles pedem uma carreira atrativa no serviço público, a exemplo de outras que iniciam em postos remotos e, gradualmente, promovem seus integrantes para centros maiores. Mas Dilma é apenas Dilma.

02 de março de 2014
Percival Puggina