A inspiração do título deste artigo me veio da leitura de um texto de autoria do economista André Lara Resende. Intitulado “O mal-estar contemporâneo”, saiu publicado recentemente no suplemento semanal de fim de semana do jornal “Valor”, e tenta compreender, com o talento dos Lara Resende, esta terrível doença espiritual que o romantismo chamou “le mal du siècle”, aplicada ao Brasil lulopetista.
Para Chateaubriand, em “Le Génie du Christianisme”, o grande mal apareceu devido à discrepância entre o verdadeiro objeto do desejo humano, que considerava infinito, e os objetivos que os seres humanos poderiam na realidade alcançar.
Botando a lupa no Brasil de hoje, não será difícil flagrar esse “mal-estar difuso”, disseminado país afora em doses de dolorida insatisfação da alma, envolvida não só em melancolia, mas também de impaciência com o mundo como é, com os obstáculos que se colocaram ao cumprimento do desejo do ser humano.
Entre nós, Lara Resende coloca o foco da questão na esfera da economia para observar que, a partir do segundo ano do governo petista, acalmados os mercados financeiros, sempre assustados com uma reviravolta à esquerda, entrou em cena o lulopetismo, e passou a pôr em movimento o que se denominou “o seu projeto”, se é que existiu.
Este, na opinião do autor, que adoto integralmente, “revelou-se flagrantemente retrógrado”: desenterraram o nacional-desenvolvimentismo, de raízes estatais, fizeram renascer a sobrevalorização cambial e promoveram a desindustrialização.
Na esfera político-partidária, caprichou-se no banquete da corrupção generalizada, na qual se fartaram os vetustos fregueses do poder, especialistas “na lógica dos escândalos”.
ESTOCADA
Vale transcrever a estocada : “O projeto nacional-desenvolvimentista combina o consumismo das economias capitalistas avançadas com o produtivismo soviético. Ambos pressupõem que o crescimento material é o objetivo da atividade humana. Aí está a essência de seu caráter anacrônico”.
Esquerda petista, base aliada, seu nome é anacronismo.
Há que terminar, o espaço é curto, venha o economista José Alexandre Scheinkman, desde 1999 professor da Universidade de Princeton:
1) Contenção do preço de gasolina: funcionou como imposto para o etanol. Qualquer economista teria entendido isso. Será que os Estados Unidos iriam criar um imposto para software de telefone?
2) Conteúdo nacional na indústria de petróleo: vai encarecer a produção de petróleo e atrasar no pré-sal. Toda barreira tem alto custo.
3) Dólar: O câmbio tem a ver com o que acontece não só com o cenário externo. Existe desânimo com o Brasil. Quando o governo faz truque nas contas fiscais, cria-se desconfiança sobre a seriedade do país, e metas fiscais soam como mentiras.
4) Inflação: A ideia é de que o teto da meta tenha virado o centro da meta.
5) Manifestações: Há uma classe política que parece autista em relação a esses problemas e uma cultura de dar privilégios a grupos, sem pensar no preço para a sociedade.
Ah! Voraz “mal du siècle”. (transcrito de O Tempo)
Este, na opinião do autor, que adoto integralmente, “revelou-se flagrantemente retrógrado”: desenterraram o nacional-desenvolvimentismo, de raízes estatais, fizeram renascer a sobrevalorização cambial e promoveram a desindustrialização.
Na esfera político-partidária, caprichou-se no banquete da corrupção generalizada, na qual se fartaram os vetustos fregueses do poder, especialistas “na lógica dos escândalos”.
ESTOCADA
Vale transcrever a estocada : “O projeto nacional-desenvolvimentista combina o consumismo das economias capitalistas avançadas com o produtivismo soviético. Ambos pressupõem que o crescimento material é o objetivo da atividade humana. Aí está a essência de seu caráter anacrônico”.
Esquerda petista, base aliada, seu nome é anacronismo.
Há que terminar, o espaço é curto, venha o economista José Alexandre Scheinkman, desde 1999 professor da Universidade de Princeton:
1) Contenção do preço de gasolina: funcionou como imposto para o etanol. Qualquer economista teria entendido isso. Será que os Estados Unidos iriam criar um imposto para software de telefone?
2) Conteúdo nacional na indústria de petróleo: vai encarecer a produção de petróleo e atrasar no pré-sal. Toda barreira tem alto custo.
3) Dólar: O câmbio tem a ver com o que acontece não só com o cenário externo. Existe desânimo com o Brasil. Quando o governo faz truque nas contas fiscais, cria-se desconfiança sobre a seriedade do país, e metas fiscais soam como mentiras.
4) Inflação: A ideia é de que o teto da meta tenha virado o centro da meta.
5) Manifestações: Há uma classe política que parece autista em relação a esses problemas e uma cultura de dar privilégios a grupos, sem pensar no preço para a sociedade.
Ah! Voraz “mal du siècle”. (transcrito de O Tempo)