"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 1 de janeiro de 2017

PARE DE CHORAMINGAR! 2016 FOI UM ANO EXCELENTE!!



2016 foi um ano cheio de acontecimentos marcantes. Apesar de duras derrotas, poucos anos foram tão comemoráveis. 
Por que a choradeira?

O filósofo francês Paul Ricœur possui uma tese ousada para uma das questões filosóficas mais intrincadas de todos os séculos, que ainda teve uma complicação no século XX com a teoria da relatividade: o tempo. Para Ricœur, a única forma como o homem de fato “percebe” o tempo é pela narrativa. Ou seja, não olhando segundos passando no relógio, mas quando acontecimentos formando algum todo coerente, contando uma história, com alguma versão de começo, meio e fim são apreendidos e captados pela mente. 
Se algo pode confirmar a tese de Ricœur, este algo foi o ano de 2016.

Foi um ano “cheio”, mesmo tendo o mesmo número de dias, horas e segundos de outros anos. Por isso, é um ano marcante, que entra na história, ao contrário de outros anos. Não importa sua posição política, seus gostos, seus interesses: 2016 foi um ano com tantos acontecimentos que será muito mais lembrado do que 2015, 2014, 2013. Sua significância é maior. O que cravou em nossas memórias também.

No tempo público, da política, dos grandes atos que entram para a história, 2016 foi pródigo. Muito mais coisas que decidirão os rumos futuros da história aconteceram em países que variam de relevância entre Tailândia e Estados Unidos da América. Para não falar do Brasil.

Graças a isso, muitos lamentam 2016 como um ano cheio de tragédias, mortes, atentados terroristas e, claro, derrotas políticas para os que queriam os seus queridinhos no poder. Spoiler: se há algo em 2016 que o torna idêntico aos outros anos, foi o tanto de gente morrendo, entre as significativas e as mortes completamente sem sentido. Muitas tristezas, dores e despedidas difíceis ocorreram em 2016, mas em uma medida nada maior do que a habitual.

No cenário mundial, em 2016 o Estado Islâmico perdeu tanto território que, de um conglomerado com poder de mando em um território com o tamanho aproximado do da Grã-Bretanha, se tornou um arquipélago com diversos “vácuos” no meio de seu território.

O ditador russo Vladimir Putin, que combate o Estado Islâmico ao lado de Bashar al-Assad, poderia ter acendido o pavio da Terceira Guerra Mundial caso Hillary Clinton, que combate Bashar al-Assad ao lado dos rebeldes que também formam o Estado Islâmico, ganhasse as eleições. Felizmente, o resultado do pleito americano, lamentado por toda a mídia globalista que nada entende sobre isso, trouxe uma possibilidade de paz tão impensável para o mundo que vimos Putin num bom humor extremo e surreal: agüentou o assassinato de um embaixador na Turquia, o teatrinho de Barack Obama para afirmar que ganhou as eleições e mesmo dois graves acidentes aéreos de gosto duvidoso sem esboçar reação.

Os atentados terroristas são sempre horrendos e causam mortes a serem lamentadas, mas foram em um número e poder de fogo razoavelmente menor do que em 2015. Alguns, como o de Nova York, mostraram que, num cenário otimista, os terroristas islâmicos e sua jihad estão fazendo seu canto de cisne, sabendo que uma única vida ferida para o Ocidente será tratada como uma tragédia, mas sabendo que seu poder de fogo, comparado à França de 2015, ao 7 de julho de 2005 em Londres ou ao 11 de setembro de 2001 na América, é coisa do passado.

Os terroristas muçulmanos, diga-se, continuam chamando seus atentados não de terrorismo, mas de jihad. Em seus vídeos e comunicados, sempre chamam seus adversários de “Cruzados”, palavra nunca traduzida fielmente pela mídia. Antes de um atentado numa feira de Natal em Berlim, os salafistas que promovem tal jihad cuidaram de degolar o padre Jacques Hamel, de 84 anos, na Normandia. O recado não poderia ser mais claro: enquanto a mídia fala em “extremistas” que não têm “nada a ver com a religião islâmica”, o mundo continua numa guerra de civilizações: a shari’ah islâmica e seus combatentes de um lado, a civilização ocidental, que permite religiosidade, laicismo e um certo leque de pensamentos mais abrangentes de outro. Se algo deve ser lamentado em 2016 é a incapacidade das pessoas em afirmarem o óbvio, com medo de serem tachadas de xxxxxistas e @@@@@fóbicos pela mídia.

Globalismo, aliás, é a palavra de 2016: enquanto a mídia insiste a fingir que coisas o Brexit, a eleição de Donald Trump, a renúncia de Matteo Renzi, o repúdio à União Européia, à ONU, às normas do Banco Mundial (que controla a educação global) e mesmo ao FMI sejam uma tendência de “nacionalismo” e “protecionismo” comercial, o que esta tendência de repúdio a instituições burocráticas com poder de mando e sem voto demonstra é que o globalismo, que sempre precisou atuar sem poder ser notado, financiado entidades que variam do Occupy Wall Street ao PSDB, da eleição de Hillary Clinton ao Mídia Ninja, foi percebido. E agora começa a ser nomeado.

Quem percebe o globalismo, e sabe que ele é o inverso da globalização (a super-especialização comercial de cada país, permitindo que cada um, com seu governo independente e suas fronteiras muito bem definidas, comercializem entre si), passa a repudiá-lo. Mesmo sem a mídia dizer um pio, forçando todos a confundir o termo. Como um governo transnacional vai “funcionar”, desde sua base na London School of Economics, se partidos, variando do UKIP ao Alternative für Deutschland, têm sua plataforma mirando e nomeando seu inimigo avistado, mesmo sob uma campanha de desinformação ultrapassando as raias da calúnia da mídia?

O sentimento amargo de 2016 advém todo de uma única coisa: esta mídia, na qual todos nós já confiamos em algum percentual mais elevado antes de 2016, exagerou em sua dose de manipulação e, tentando dar um passo maior do que a perna, acreditou em seu poder de influência total na opinião pública, quando na verdade as pessoas, mesmo sem ter um contra-manual, perceberam seu engodo. Foi assim com Donald Trump. Foi assim com o Brexit. Foi assim com o “acordo de paz” com as FARC. Foi assim com o impeachment. Foi o ano em que a Veja passou a merecer o título de “ex-revista”.

Pessoas normais não têm como não ter um sentimento de luto por um ano em que os formadores de opinião, que uma vez ou outra já nos informaram sobre algo, se provaram um fracasso em um mundo mais complexo – quando não debandaram desabridamente para o lado inimigo. O que 2016 deixa de rastro de lágrimas é justamente tal sentimento, da traição ao desapontamento, de que um mundo que parecia ser mais fácil, de repente, se mostrou de uma complexidade absurda, e aqueles que estavam ao nosso lado estão em trincheiras inimigas, atirando em nós ao lado dos injustos.

E, no Brasil, tivemos o impeachment, um novo marco fundador. A partir deste momento, a narrativa política brasileira sempre tem como binômio básico não mais um discurso de “ricos” contra “pobres” que nunca se sustentou na realidade, mas saber se você estava de verde e amarelo na Paulista ou de preto quebrando coisas.

O impeachment, que parecia algo de somenos importância diante do tamanho da roubalheira do PT (por que não a impugnação de toda a candidatura? por que não a cassação do registro da sigla? por que dar sobrevida ao PT?) se mostrou, até para o mais pessimista, uma força simbólica maior do que qualquer grande realidade. O PT apostou por meses na narrativa de “golpe”, só comprada por ele próprio, para então passar alguns meses pedindo “eleições diretas”. Bastaram as eleições municipais, que escorraçaram o PT da relevância partidária brasileira, para os petistas ficarem completamente sem discurso. Quem pediria eleições diretas quando não se consegue ficar em quinto lugar? O impeachment, como processo jurídico e político, se revelou mais importante do que qualquer derrota apenas jurídica maior ao Partido dos Trabalhadores. Para piorar, opositores de última viagem do PT, como Eduardo Cunha, caíram junto na Lava Jato. Os petistas, ao invés de agradecer, tiveram de lamentar que sua mentira foi exposta ao público.

É graças a todo esse conjunto que este Senso Incomum, não muito mais velho do que 2016, acabou despontando entre o público leitor ávido por algo além da narrativa pronta da grande mídia. Por isso precisamos tanto de seu apoio em 2016, e precisaremos ainda mais em 2017, para continuar explicando o que a mídia desinforma e apresentando pensamentos novos e conteúdo que vá de encontro ao “consenso geral” que se mostra a cada dia atirando para mais longe do alvo.

2016 conteve algumas vitórias extremamente importantes, apesar de um rol de derrotas que foi o comum para os outros anos. É por isso que nós estranhamente estamos otimistas e agradecemos a todos pela companhia neste último ano, fiéis de que podemos, juntos, influenciar positivamente a mentalidade coletiva ainda mais em 2017.

Que tenhamos todos um grande ano! Feliz 2017 e continuem conosco! 


01 de janeiro de 2017
senso incomum

SUPOSTA FILIAÇÃO PARTIDÁRIA E FALTA DE SERIEDADE DE LIDERANÇAS DE MOVIMENTO DE RUA


Essa semana surgiu a informação de que uma das supostas lideranças do movimento de rua, a jornalista Joice Hasselmann, seria filiada a um partido de esquerda. 

A informação veio acompanhada de um documento do TSE indicando tal filiação. A jornalista veio a público nessa sexta-feira, mas não fez o que dela se esperava: ou reconhecer tal filiação e assumir o ônus político daí decorrente, ou dizer que se trata de homônimo, ou então negar tal filiação e denunciar ter sido vítima de uma fraude e de um crime. 
Em vez disso, ela desconversou, desqualificou o ativista que primeiro trouxe a informação, mandou beijinhos direto da mesa de um bar e ainda chamou seus (dela) seguidores de “povinho fofoqueiro” que se intromete em sua vida pessoal.

Em primeiro lugar, filiação partidária não é assunto de fofoca, é assunto político e é um tema de interesse público, que não diz respeito exclusivamente à vida privada da pessoa. Tanto o é, que a informação sobre a filiação partidária de qualquer cidadão ou cidadã é disponibilizada publicamente no TSE. 
Em segundo lugar, há um problema de postura: figuras públicas têm sim a obrigação de prestar certas informações e esclarecimentos ao público, especialmente a seus seguidores.

O problema de conduta como a da jornalista diante de episódios desse tipo reflete um problema geral que ocorre com os movimentos de rua surgidos em tempos recentes: suas supostas lideranças (que a rigor não são lideranças, mas porta-vozes alçados a essa condição por força das circunstâncias) confundem o comportamento que se espera de uma autêntica liderança política com o comportamento blasé e afetado e previsível de aspirantes a pseudocelebridade. 
Esperemos que nos próximos a jornalista esclareça de fato essa questão principalmente junto a seu público, e que passe a tratá-lo com mais respeito.

Atualização:

Como é de conhecimento público, a jornalista Joice Hasselmann está sendo processada por Lula. O advogado de Joice se chama Adib Abdouni, autor do livro Operação Lava Lula. 
Na apresentação do livro, o autor afirma ter sido sempre simpatizante da ideologia de esquerda e que foi filiado ao PC do B, além de ter apoiado as candidaturas de Lula e Dilma, como se pode ver na foto abaixo, que é uma reprodução da capa e da abertura do livro.
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01 DE JANEIRO DE 2017
crítica naciional

UOL EXPLICA POR QUE ACHA QUE 2016 FOI "UMA TRAGÉDIA" E ENTREGA SEU ESQUERDISMO



Uma publicação do portal UOL traz, de uma vez por todas, a verdadeira razão para que parte da imprensa esteja vendendo a ideia de que 2016 foi um “ano terrível”. Abaixo, o parágrafo que deixa tudo isso muito claro:

“Impeachment, eleição de Donald Trump, tragédia aérea, leis impopulares, movimento estudantil, delações contra políticos, crise no Rio de Janeiro e Olimpíada. Esses foram apenas alguns dos fatos deste agitado 2016.” Fonte: Retrospectiva: De impeachment a tragédia, relembre em funk como foi 2016 – TV UOL

Vamos desconstruir? Sim, vamos.

Impeachment: É um dos fatos mais positivos do ano. Conseguimos nos livrar de uma ditadura que nos transformaria em uma Venezuela. Evidentemente, é um evento negativo para a extrema-esquerda. Logo, o UOL se entregou.

Eleição de Donald Trump: Em nível mundial, é um dos fatos mais positivos do ano. Hillary caminhava para, num terceiro mandato esquerdista, roubar as liberdades dos americanos. Iria nomear mais três juízes da Suprema Corte e encerrar a democracia nos EUA. Ela perdeu. Claro que o evento foi terrível para os totalitários.

Delações contra políticos: Outro fato extremamente positivo. Aliás, a Lava Jato teve seu melhor ano em 2016. Só os corruptos tem a chorar.

Tragédia aérea: É terrível, de fato, mas tragédias de grande porte ocorrem todos os anos. Não é suficiente para catalogar o ano como terrível.

Leis impopulares: O truque da extrema-esquerda é mencionar as reformas do governo Temer e chamá-la de “impopulares”, quando na verdade foram extremamente importante para o povo, como a PEC do Teto. Decerto as leis são impopulares nos corredores do PT.

Movimento estudantil: Aqui tudo começou com boas vitórias para a extrema-esquerda, que se converteram em derrotas após terem sido forçados a sair das escolas invadidas. Com a popularidade da extrema-esquerda invasora caindo, esse é mais um evento positivo para o Brasil.

Crise no Rio de Janeiro: Tivemos a revelação da crise, o que dá uma dimensão de quão terríveis as coisas estavam nos últimos anos. Agora eles poderão fazer algo para reverter. No fundo, a revelação da crise é positiva.

Olimpíada: Qual o problema com as Olimpíadas? Nada.

Agora tudo faz sentido. A imprensa está realmente irritada com a queda do PT e com a ascensão de Trump nos EUA. Não que isso seja uma surpresa, pois já escrevi a respeito do assunto há dias por aqui mesmo. Contudo, é bom ver a mídia admitindo.

A maneira mais apropriada de aproveitarmos isso é apoiarmos a continuidade do que se iniciou. Dilma caiu? Ótimo. Agora queremos que ela seja presa, junto com Lula de preferência. O PT perdeu as eleições municipais? Ótimo. Agora queremos que ele perca as estaduais e federais também. Devemos focar nossa energia e nosso tempo na desconstrução destes adversários maiores, e isso inclui também boa parte da imprensa e dos jornalistas.

É como o caso de Jorge Pontual, que fez a piadinha com a morte de Carrie Fisher. Pouco importa se ele fez “na inocência” ou não, nós temos que lembrar que ele e toda a equipe de jornalistas da Globo News ficaram com a calcinha molhada durante a cobertura da morte de Fidel, temos que lembrar que eles mentiram para nós sobre as eleições americanas, sobre o Brexit, entre outras coisas. É para esculhambar mesmo!

Que venha 2017 e que ele seja ainda pior para a extrema-esquerda.

Em tempo: fica uma dica para o UOL. Se quiser fazer o jogo do isentão, esconda os motivos. Ao entregá-los, se queimaram de vez.


01 de janeiro de 2017
ceticismo político

RANGEL TATTOO STUDIO

O estúdio Rangel Tattoo, em Salvador, reproduz arte na pele com muita maestria e competência. Olha só abaixo algumas tatuagens.
Tatuador Diego Rangel
Tatuador Nill Ojuara
Tatuador Nill Ojuara
Tatuador Diego Rangel

01 de janeiro de 2017

in notícias da paulicéia

CRISE ECONÔMICA: CRESCE O NÚMERO DE IMÓVEIS RETOMADOS PELA CAIXA POR FALTA DE PAGAMENTO

ATÉ O INÍCIO DE DEZEMBRO, INSTITUIÇÃO COLOCOU À VENDA 8.626 UNIDADES RETOMADAS

NÚMERO DE UNIDADES RETOMADAS PELA CAIXA ECONÔMICA EM 2016 FOI 16% MAIOR DO QUE NO ANO ANTERIOR (FOTO: NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO)


O veterinário M., de 35 anos, acaba de se mudar pela segunda vez na vida. Arrumou as roupas no armário, terminou de embalar os móveis novos, para serem vendidos, e montou a cama de casal em seu antigo quarto, na casa dos pais, na zona sul de São Paulo. 
Foi para lá que ele voltou após perder o emprego e ter o apartamento leiloado pelo banco, em agosto. “Da outra vez, choramos de saudade. Agora, de decepção.”

A busca pela moradia própria se transformou em pesadelo para milhares de brasileiros neste ano. Até o início de dezembro, a Caixa colocou à venda – por meio de leilões, concorrências públicas ou venda direta – 8.626 imóveis retomados por falta de pagamento do financiamento, 16% a mais que no ano passado.

O aumento no número de unidades ofertadas pelo banco, que detém quase 70% de todo o financiamento imobiliário do País e 4,35 milhões de contratos ativos, não é por acaso. Desde 2012, o total de imóveis retomados por inadimplência pela Caixa cresce. Os dados mais recentes mostram que, entre 2014 e o ano passado, a recuperação de propriedades aumentou 53,8%.

É uma reação em cadeia, explica Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, que reúne executivos de finanças. Crise e desemprego minaram o potencial de renda do brasileiro e reduziram sua capacidade de manter as contas em dia. Sem recursos, ele começa a atrasar as parcelas da casa por um, dois, três meses, até não poder mais negociar com o banco.

“Grande parte dos mutuários aderiu ao financiamento imobiliário aproveitando o momento de facilidade de crédito no período pré-crise. Só que os contratos são longos, podem durar 35 anos, e a recessão pegou todos de surpresa no meio do caminho. A retomada de imóveis pode crescer mais, pois o cenário que nos levou a isso não foi dissipado.”

“Para o banco, a retomada é uma dor de cabeça. Ele tem de arcar com custos como condomínio e IPTU e manter uma estrutura interna para lidar com esses imóveis. O importante é entender que a compra do imóvel não é para todo mundo. Embora dentro do limite de 30% da renda, a prestação fica muito mais alta do que se pagava de aluguel”, diz Marcelo Prata, do Canal do Crédito, que compara produtos financeiros.

Quando detectada a incapacidade de pagamento, o morador pode tentar vender o imóvel, negociando com o banco a transferência da dívida, ainda que abaixo do preço de mercado, para evitar problemas maiores.

Moradia de risco. Ainda que seja a moradia da família, o imóvel financiado pode ser retomado e vendido pelo banco. Na maioria dos casos, o banco notifica o mutuário após o primeiro mês sem pagamento, e o processo de retomada do imóvel ocorre quando o atraso passa de 90 dias.

Nesse intervalo, o mutuário pode tentar diluir as parcelas em atraso aumentando as próximas mensalidades, ou estender o tempo de financiamento, caso o contrato não seja no prazo máximo permitido pelo banco.

“Em muitos casos, o banco aceita negociar com o inadimplente uma vez, mas fecha as portas de negociação caso ele fique em atraso de novo”, afirma Tathiana Cromwell, da Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências (Amspa).

A lei diz que o mutuário pode receber a diferença entre o valor de retomada e o preço de venda do imóvel a terceiros. Se o morador deve R$ 100 mil ao banco e o bem foi leiloado por R$ 200 mil, ele quita a dívida e recebe os R$ 100 mil restantes.

“Quem entra na espiral de negociação, negativas e possibilidade de perder a casa vive o pior dos mundos. Tenta entrar na Justiça para rever valores, fica na expectativa de ter a casa leiloada e, quando o banco não tem um interessado no primeiro leilão, em que o imóvel é vendido pelo preço avaliado, tem de fazer um segundo, e o valor só cobre a dívida, na maioria dos casos”, lembra Tathiana.

Segundo a Caixa, o porcentual de imóveis retomados pela instituição em 2015 equivale a 0,3% do total em carteira. Além disso, “as medidas legais de retomada do bem, previstas em contrato, apenas são adotadas após o esgotamento da negociação entre o banco e o cliente”.

Maiores compradores. O casal sorri, enquanto levanta a placa para dar um lance na casa da Chácara Japonesa, zona sul de São Paulo. O investidor pede para que sejam reabertas as ofertas para um apartamento de dois quartos. Pela internet, compradores disputam uma unidade na zona oeste. No último leilão de imóveis da Caixa do ano em São Paulo, a uma semana do Natal, o público é pequeno e heterogêneo.

Profissionais estimam que o número de leilões aumentou 30% desde o ano passado. O agravamento da crise ajudou a atrair um outro perfil de interessados.

Há alguns anos, a maioria dos compradores de imóveis retomados pelos bancos era formada por investidores experientes, que buscavam oportunidades de arrematar propriedades com até 50% de desconto, para revender no futuro.

Com o desaquecimento do mercado imobiliário, porém, esse comprador tem cedido espaço a quem procura um imóvel para morar. Há do casal de servidores públicos que quer sair do aluguel “e comprar uma casa maior, para acomodar as crianças”, ao taxista que arrematou uma casa avaliada em R$ 600 mil por R$ 366 mil, “para dar de presente de casamento à filha”.

“O público é menor nesta época do ano, mas tem crescido. Muita gente que iria comprar um imóvel com uma construtora ou imobiliária tem vindo empolgada pelos descontos”, diz Fernando Cerello, da Megaleilões, responsável pelo evento. Especialistas recomendam que o interessado visite o entorno do imóvel e se informe sobre os preços, para fazer um bom negócio.

Ocupado. Como a maioria das unidades ofertadas está ocupada, a Caixa lembra que o imóvel é vendido no estado em que se encontra, muitas não podem ser visitadas por dentro, e a responsabilidade de desocupação é do comprador. É o caso da corretora Maria Nazaré Nunes, de 50 anos.

Ela tem planos para a casa de R$ 150 mil, em São Bernardo do Campo, que comprou no leilão. “Não está fácil de vender agora, mas posso conseguir até R$ 250 mil depois. Por experiência, a retirada do antigo morador leva cerca de seis meses e, mesmo que ele não queira sair, ele acaba saindo.”

“A Justiça não é padronizada, pode demorar 60 dias ou um ano para que o arrematante entre no imóvel”, diz André Zalcman, da Zukerman Leilões. (AE)


01 de janeiro de 2016
diário do poder

TEMER PRECISA FAZER REFORMA MINISTERIAL, MAS NÃO TEM FORÇAS PARA EXECUTÁ-LA





A única mudança no Planalto é a tintura que Temer agora usa  
O presidente Michel Temer não quis confirmar se pretende fazer uma reforma ministerial no ano que vem. Após fazer um longo balanço à imprensa sobre as ações de seu governo, ele foi perguntado sobre o assunto, mas mostrou-se evasivo: “Vamos esperar o ano que vem” – despistou.
Desde a saída de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo, no mês passado, ele ensaia mexer em outros nomes na Esplanada, para reacomodar a base aliada. Para o lugar de Geddel, sexto ministro de Temer a cair, já teria sido convidado o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
Seu nome, no entanto, ainda não foi confirmado porque o governo teme ver o movimento interpretado como interferência direta do Planalto na disputa pela presidência da Câmara, já que Imbassahy pretendia concorrer com outros nomes do Centrão e com o atual presidente, Rodrigo Maia, que quer se reeleger e para isso conta com o apoio velado do governo.
SEM CRISES – Na fala de 25 minutos, Temer não mencionou as crises por que passou sua administração, como as menções a ele próprio e a ministros próximos em delações premiadas da Odebrecht. Nesse pronunciamento, o presidente agradeceu o trabalho do Legislativo, repetiu que o apoio da base é “importantíssimo” para levar à frente as reformas desejadas pelo governo e destacou que conseguiu aprovar neste fim de ano a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e todas as emendas individuais, de bancada e ainda quitar os restos a pagar desde 2007.
“Nós temos tido no Congresso 88% de fidelidade da base governista, algo importantíssimo para levar adiante todas as reformas. O fato de termos aprovado a LDO ainda neste exercício para vigorar no ano que vem, há muito tempo não tínhamos essa espécie de aprovação. Outro fato inédito foi o pagamento de todas as emendas individuais e também as emendas de bancada neste ano. Pagamos também os restos a pagar que datam de 2007, foram todos quitados neste ano” – afirmou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Ter maioria no Congresso é fácil, qualquer governo consegue – basta comprar apoio no atacado e no varejo. Quanto à reforma do Ministério, a possibilidade é remotíssima, embora necessária, não somente em nome da competência, mas sobretudo em nome da moral e dos bons costumes. Mas Temer não vai mexer (ou não pode mexer). A única mudança visível no Planalto é o progressivo escurecimento da cabeleira do presidente. Dentro em breve, os cabelos de Temer estarão tão escuros quanto os de Edison Lobão ou de Jáder Barbalho(C.N.)

01 de janeiro de 2017
Catarina Alencastro
O Globo

PARA OS DESEMPREGADOS, 2017 SERÁ APENAS MAIS UM FELIZ ANO VELHO


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Charge do Bruno (chargesbruno.blogspot.com)
O gráfico acima é a melhor ilustração da tragédia vivida pela economia brasileira nos últimos dois anos. A curva mostra a aguda e constante deterioração do mercado de trabalho. A taxa de desemprego medida pelo IBGE subiu de 6,5% no fim de 2014 para os atuais 11,9%. Transformando em números, a quantidade de brasileiros desempregados saiu de 6,5 milhões de pessoas para 12,1 milhões, ou seja, praticamente dobrou.
É um exército de pedreiros, faxineiros, enfermeiros, motoristas, engenheiros, dentistas, jornalistas etc —o equivalente a toda a população da cidade de São Paulo, a oitava mais populosa do mundo— sem trabalho e sem renda.
No fim de 2014, a crise já estava instalada, mas demorou a atingir o mercado de trabalho. As empresas esperam até o último momento para dispensar colaboradores, porque o custo de contratar, treinar e demitir é muito alto.
APÓS AS ELEIÇÕES – Como mostra o gráfico, esse momento chegou após as mais recentes eleições presidenciais. Quando a ex-presidente Dilma se reelegeu e ficou claro que a política econômica seria mantida, as empresas desistiram e começaram a demitir.
Desde então, Dilma sofreu um impeachment e uma nova equipe econômica vem tentando mudar os rumos da política fiscal. Mas a recuperação da economia não vem e a curva de desemprego teima em não ceder. Por quê?
O motivo mais concreto é a alta capacidade ociosa das empresas. Muitos setores investiram pesadamente para atender a uma demanda que se revelou apenas uma bolha, provocada por estímulos fiscais —o setor automotivo é o exemplo mais contundente.
ESTOQUES ALTOS – As empresas estão com estoques altos, turnos de trabalho reduzidos e máquinas paradas. Nessa conjuntura, não pensam em investir ou contratar e só o farão quando a retomada da economia for sólida, o que ainda não dá sinais concretos de ocorrer.
Com o governo Temer acuado pelas revelações da Lava Jato, ninguém sabe se o ajuste fiscal será mantido até trazer os efeitos desejados. Na média, os analistas esperam um crescimento de 0,5% do PIB no ano que começa no próximo domingo.
Em novembro, os dados mostram que a população teve algum alívio, porque o rendimento real parou de cair em relação a outubro, por conta da significativa queda da inflação, que deixou de corroer o poder de compra. Mas as notícias boas param por aí.
FELIZ ANO VELHO – As previsões para o mercado de trabalho estão longe de significar um “Feliz Ano Novo”. O presidente Michel Temer prevê uma recuperação no segundo semestre de 2017, mas pode estar sendo otimista. O especialistas dizem que já vão comemorar se o desemprego parar de subir e ficar tudo igual no ano que vem.

01 de janeiro de 2017
Raquel Landim
Folha

SETE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA TAMBÉM PASSAM A INVESTIGAR PROPINAS DA ODEBRECHT


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As grandes obras no exterior foram financiadas pelo BNDES
Pelo menos sete países da América Latina anunciaram investigações sobre pagamento de propinas por executivos da empreiteira brasileira Odebrecht, em troca de vantagens em contratos públicos – Peru, Equador, Colômbia, Argentina, Venezuela, Pananá e México. As medidas foram tomadas em reação à divulgação de documentos nos quais o Departamento do Estado dos Estados Unidos confirmou que a Odebrecht pagou mais de US$ 1 bilhão, cerca de R$ 3,3 bilhões, em propina a funcionários de governos em 12 países.
As informações foram divulgadas após a confirmação de que a empreiteira assinou acordo de leniência com autoridades dos Estados Unidos, Suíça e do Brasil simultaneamente.
PERU – Diante das novas denúncias, a procuradoria do Peru decidiu reabrir uma investigação na qual o atual presidente Pedro Pablo Kuczynski, é acusado de favorecer a Odebrecht em uma concessão pública durante o período em que ocupou cargo no Conselho de Ministros.
Kuczynski negou ter recebido dinheiro quando comandava o Conselho de Ministros no governo do ex-presidente Alejandro Toledo, que ocupou o cargo entre 2001-2006. Kuczynski disse que apóia a investigação sobre as denúncias. “Eu posso garantir que não recebi nada, nem sei de nada. Obviamente, deve-se investigar tudo isso e sou a favor de uma profunda investigação”, disse.
EQUADOR – O governo do Equador anunciou que pediu ao Ministério Público que investigue supostos pagamentos de propina pela Odebrecht no país. Uma das principais obras feitas pela empreiteira foi a construção do metrô da capital, Quito.
Em 2008, o atual presidente, Rafael Correa, expulsou a Odebrecht do país sob a alegação de que houve irregularidades da usina hidrelétrica de San Francisco, financiada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
COLÔMBIA – Por meio do secretário de Transparência da Presidência da República, Camilo Enciso, a Colômbia anunciou que vai cancelar todos os contratos nos quais ficar comprovada que a Odebrecht pagou propina.
“No momento em que for demonstrado de maneira clara que houve pagamento de subornos, o estado colombiano não duvidará de nenhuma maneira em tomar as decisões necessárias para terminar de maneira unilateral seus contratos e para evitar que a Odebrecht continue tendo negócios no país”, disse Enciso.
Argentina – O órgão responsável pelo combate à corrupção na Argentina informou que pediu informações à força-tarefa de investigadores da Lava Jato para obter informações mais detalhadas sobre as denúncias de que US$ 35 milhões foram pagos em propina para funcionários públicos entre 2007 e 2015, fato que teria ocorrido durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner.
VENEZUELA – Parlamentares oposicionistas ao governo do presidente venezuelano Nícolas Maduro afirmam que vão investigar as denúncias por meio da Comissão de Controladoria do Parlamento.
As suspeitas são sobre supostos pagamentos de propina a funcionário do governo de Maduro e do ex-presidente Hugo Chavez.
PANAMÁ – O governo do Panamá prometeu processar e punir integrantes do governo, que teriam recebido mais US$ 59 milhões em propina.
O Ministério Público local informou que pedirá informações aos Estados Unidos sobre o caso.
MÉXICO – O governo mexicano e a Pemex, estatal petrolífera, informaram que abriram investigação para apurar o suposto pagamento de aproximadamente US$ 10 milhões para que a Odebrecht fosse beneficiada em contratos da estatal.

01 de janeiro de 2017
André Richter
Agência Brasil

GRUPO INTERNACIONAL SE ESPECIALIZOU EM RECUPERAR BENS DESVIADOS PELA CORRUPÇÃO


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Investigação achou contas de Maluf nas Ilhas Jersey
A divulgação dos documentos conhecidos como “Panama Papers” e as investigações da operação Lava Jato sobre o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca em 2016 escancararam a atuação de advogados que criam empresas sediadas em paraísos fiscais, as offshores, com o objetivo de ocultar dinheiro sujo desviado. Mas há um grupo de advogados que atua exatamente do outro lado desse balcão. Em 2004, a Câmara de Comércio Internacional organizou uma rede de profissionais de diferentes escritórios para atender vítimas de fraudes, corrupção e crimes comerciais, a FraudNet.
Além das tradicionais medidas judiciais, os advogados montam times investigativos para descobrir onde estão os ativos tirados ilegalmente de entes públicos e privados. Hoje o grupo conta com 76 membros distribuídos em diferentes escritórios de advocacia de 66 países.
CASO MALUF – Advogados da FraudNet já trabalharam para clientes brasileiros em casos de grande repercussão. O mais famoso deles foi o processo na Corte da Ilha de Jersey iniciado em 2009 contra duas empresas offshore – Kildare e Durant – cujo controle foi atribuído ao ex-prefeito e atual deputado federal Paulo Maluf (PP-SP).
A Procuradoria Geral do Município de São Paulo contratou advogados da rede que atuam em Jersey, que acusaram as companhias de receberem dinheiro desviado por Maluf na gestão dele à frente da Prefeitura de São Paulo, que foi de 1993 a 1996. O desvio teria se dado principalmente a partir de grandes obras viárias como a Avenida Águas Espraiadas.
Com base em provas fornecidas pelo Ministério Público paulista, a Justiça da ilha reconheceu o vínculo de Paulo Maluf com as empresas e as condenou a devolverem US$ 32 milhões aos cofres públicos brasileiros. Maluf sempre negou ter cometido qualquer crime ligado às duas companhias. A investigação também citava o nome do filho do ex-prefeito Flávio Maluf.
JUIZ LALAU – Membros da FraudNet também foram contratados pela administração pública no caso dos desvios nas obras de construção do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo, que levou à condenação do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau. Na esfera privada, a rede atuou no caso do Banco Santos, do banqueiro Edemar Cid Ferreira, que teve falência decretada em 2005 e deixou um rombo de R$ 3,6 bilhões, assim como no caso Petroforte, da terceira maior distribuidora brasileira de petróleo, que faliu em 2003 com mais de R$ 1 bilhão em débito.
No Brasil, os representantes da FraudNet são o advogado João Accioly, da Advocacia Sobrosa & Accioly, do Rio de Janeiro; Antenor Madruga (Brasília), do escritório Feldens Madruga, de Brasília; e Henrique Forssell, do Krikor Kaysserlian Duarte e Forssell Advogados Associados, com escritório em São Paulo.
SEM RECURSOS – Último brasileiro a ser convidado a integrar a FraudNet, Accioly diz que os custos para contratar os serviços de profissionais da rede em casos de grandes fraudes são de, em média, US$ 5 milhões (cerca de R$ 16,4 milhões).
O advogado reconhece que muitas vezes as vítimas não têm recursos suficientes para bancar a contratação de membros da FraudNet. Ele aponta, porém, que surgiram no mercado fundos de investimento que patrocinam as empreitadas para recuperar ativos, em troca de uma grande fatia do bolo em caso de sucesso.
“O crescimento do ‘litigation funding’ (financiamento para adoção de medidas judiciais) tem permitido o acesso a uma Justiça efetiva a quem em outras épocas estaria privado pelos próprios fraudadores dos recursos necessários para se defender”.
MAPA DA MINA – Ao detalhar à reportagem a sua atuação, o advogado João Accioly, um dos brasileiros que constam do rol de profissionais que atuam na FraudNet, conta que certa vez tomou conhecimento sobre um documento elaborado por um fraudador que seria uma espécie de “mapa da mina” para seus clientes.
Logo em seguida, ele deu início a uma pesquisa para saber quais os locais de trabalho que o tal fraudador havia ocupado nos últimos anos – e descobriu que em um deles havia um cofre. Então, João Accioly pediu autorização ao inquilino à época e, após examinar o cofre, encontrou o documento.
Muitas vezes, o trabalho inclui também a contratação de investigadores para fazer campanas e seguir pessoas cuja movimentação pode revelar os locais onde estão os valores desviados por meio das fraudes.
CAMINHO DAS PEDRAS – Segundo Accioly, quando um fraudador entra em um carro de luxo, um iate ou uma mansão, por exemplo, ele pode estar indicando o “caminho das pedras” para o sucesso da FraudNet.
Em 2013, a FraudNet foi uma das organizadores do Seminário sobre Fraude Internacional, Recuperação de Ativos e Cooperação Transnacional de Insolvência, que reuniu, em São Paulo, profissionais de mais de 40 países. À época, foram apresentados dados estarrecedores.
Segundo a FraudNet, a corrupção prejudica os fluxos financeiros globais em cerca de US$ 3,5 trilhões por ano. Mais de 43% das empresas reportam às autoridades pelo menos um significativo crime econômico internacional por ano e suas perdas estimadas vêm aumentando significativamente.

01 de janeiro de 2017
Deu em O Tempo

LEMBRANDO DARCY RIBEIRO E SUA MANEIRA MUITO ESPECIAL DE ACREDITAR EM DEUS

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Em um programa da série “Roda Viva”, o jornalista Fernando de Barros e Silva pergunta a Darcy Ribeiro: “O senhor acredita em Deus?” E Darcy respondeu:
“É claro. Seria uma soberba, uma prepotência não acreditar. Eu posso lhe dizer que não posso provar que Deus existe, posso lhe dizer que Deus está com dívida comigo, tem que me acender de fé, mas veementemente. É claro que eu sou um ser ético. E ser ético é um ser que luta pelas coisas, por causas impessoais, e claro que tem uma atitude diante de uma divindade, que eu não posso afirmar que não existe, que não posso provar que existe, mas é claro, essa é minha atitude de profundo respeito. E, por exemplo, inclusive tem a parte sentimental. Eu fui à minha cidade Montes Claros, Minas Gerais. Há um mês morreu a minha mãe, mestra Fininha, com noventa e tantos anos, a mulher que mais alfabetizou crianças – a rua principal tem o nome dela. Então fui lá para a morte da minha mãe. Fiquei lá, uma tristeza terrível. Você ver mãe morta é uma trombada terrível. Tava lá, a minha mãe parece que diminuiu – eu não a via ha muito tempo. Eu fiquei sentido. Então comecei a fazer o que eu fazia quando ela estava viva, pedir a benção: “Bença, mãe”. E ela me abençoava dizendo: “Deus te abençoe, meu filho, que Nossa Senhora do Perpétuo Socorro o proteja”. Eu quase que ouvia ela dizendo. Eu fiquei muito sentido, muito emocionado. E nessa emoção as mulheres estavam rezando, tinham uma amigas dela, velhas, todas rezando. E uma disse: “Não reza, vamos cantar”. E eu comecei a cantar:”No céu, no céu, com minha mãe estarei…” que é uma cantiga de procissão. Quer dizer,esse catolicismo nosso está impregnado no fundo de nós. Esse sentimento muito sério, muito profundo, ainda que você não seja um militante religioso, você está impregnado disso.”

01 de janeiro de 2017
Carmen Lins

NOVAS DELAÇÕES DA ODEBRECHT AMPLIAM INVESTIGAÇÕES EM SETE ESTADOS


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Charge do duke (dukechargista.com.br)
Quase três anos após o início da operação Lava Jato, policiais federais e procuradores da República envolvidos nas investigações preveem desdobramentos em ao menos mais sete Estados em 2017. A conta leva em consideração as suspeitas sobre obras e desvios de dinheiro público que surgiram até agora.
Após o desmembramento do processo imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o compartilhamento de informações com o Ministério Público de outros Estados, operações “filhotes” da Lava Jato já foram deflagradas em São Paulo, Rio, Goiás, Pernambuco, Rondônia e no Distrito Federal. A expectativa da força-tarefa é de que, com a delação de executivos da Odebrecht, o número de operações até dobre.
Apenas nos documentos apreendidos na 35.ª fase da Lava Jato, a Omertà, os investigadores encontraram e-mails e pedidos de pagamento via Setor de Operações Estruturadas, batizado como “departamento de propinas”, atrelados a 27 projetos espalhados em 11 Estados – RJ, SP, BA, RS, PE, RN, PR, CE, PI, ES e GO. São obras que vão desde a expansão do metrô em São Paulo e no Rio aos estádios da Copa em Pernambuco, Rio e Bahia.
DELATORES – A colaboração da empreiteira baiana, alvo de ao menos quatro fases da operação em 2016, também vai dobrar o número de delatores. Segundo o Ministério Público Federal, até agora eram 71 pessoas signatárias de acordos. Com a Odebrecht, a investigação ganhará mais 77 delatores, que já se comprometeram a entregar pagamentos indevidos em cerca de 100 projetos espalhados pelo Brasil e outros 13 países.
Além de inquéritos nos locais onde as obras foram realizadas, investigadores esperam uma espécie de “efeito colateral” da delação da Odebrecht em outras empreiteiras. Advogados já foram avisados de que ao menos a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez terão seus acordos revistos para inclusão de novos fatos narrados pelos executivos da empreiteira baiana.
Ao recall nos acordos somam-se ainda as novas potenciais delações. Só de empreiteiras, estão na fila da Procuradoria-Geral da República a Mendes Júnior, a Delta Engenharia, a EIT Engenharia, a Galvão Engenharia e a OAS.
NOVO RECORDE – Com essa convergência de fatores, a expectativa dos investigadores da Lava Jato é de que em 2017 os números de operações batam novo recorde, a exemplo do que ocorreu em 2016, quando foram realizadas 17 ações e 20 denúncias foram oferecidas
Fora de Curitiba, foi no Rio onde as investigações mais avançaram neste ano. Após receber material oriundo da 16.ª fase da Lava Jato, o juiz Marcelo Bretas autorizou três outras operações – Irmandade, Pripyat e Calicute. Esta última foi a primeira ação conjunta entre a força-tarefa de Curitiba e outro núcleo de investigação. O resultado foi, além do avanço das apurações sobre desvios na Eletronuclear, a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, de sua mulher, Adriana Ancelmo, e dos seus principais auxiliares da época que comandou o Palácio da Guanabara.
Em São Paulo, a Lava Jato resultou na Operação Custo Brasil, que investiu contra um suposto esquema de pagamento de propina e fraudes em contratos no Ministério do Planejamento. No Distrito Federal, a Operação Janus investiga pessoas ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e levou coercitivamente para depor Taiguara dos Santos, sobrinho da ex-mulher de Lula.

01 de janeiro de 2017
Deu em O Tempo
(Agência Estado)