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Acima o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, abaixo o majestoso edifício-sede da empresa em São Paulo. |
A Odebrecht vive a expectativa da iminente prisão de seus principais dirigentes, no âmbito da Operação Lava Jato, diante da suspeita de que a empreiteira seria a mais beneficiada pelo esquema de contratos obtidos mediante cartel, fraude em licitações e pagamento de propinas a autoridades e funcionários.
A favorita dos governos Lula e Dilma, inclusive na Petrobras, concentra quase 53% de todos os contratos.
Fontes da Odebrecht afirmaram que o “clima” na cúpula da empresa é desolador, com os preparativos para enfrentar a decretação de prisões.
No despacho em que mandou prender poderosos empreiteiros, o juiz federal Sérgio Moro cita a Odebrecht pelo menos 14 vezes.
Moro explica, na decisão, que não prenderia os diretores da Odebrecht “por hora”, sugerindo que a providência não estava descartada.
EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS
Os que acompanham este blog sabem que este é um espaço de defesa da democracia, da liberdade, sobretudo a liberdade individual. Ao mesmo tempo este espaço defende o capitalismo, a liberdade de mercado, a livre iniciativa, os empresários e empreendedores de todas as áreas.
Mas, por outro lado, este blog deplora e condena qualquer iniciativa que tente estabelecer a confusão entre as esferas pública e privada. Aliás, esta é a essência do Estado Moderno que se contrapõe às monarquias absolutistas e a toda e qualquer ditadura à direita ou à esquerda do espectro político pois ambas se sustentam justamente do escandaloso contubérnio entre os entes públicos e privados.
Com a notícia de possível envolvimento no petrolão de uma das maiores empresas brasileiras, a Odebrecht, segundo revela a coluna do jornalista Cláudio Humberto do site Diário do Poder, conforme a transcrição acima, vem a lembrança o fato do rumoroso caso da construção do porto de Mariel em Cuba, realizado pela Odebrecht.
Digo rumoroso porque até hoje os cidadãos brasileiros que sustentam o erário desconhecem o valor do aporte feito à ditadura cubana para financiar o gigantesco porto de Mariel. Sabe-se apenas que os recursos foram alocados pelo BNDES, mas o governo do Lula e da Dilma carimbaram a operação de secreta, virando as costas para o Congresso Nacional, invocando o sigilo bancário que, no caso, não cabe de forma nenhuma porque o BNDES é um banco público.
Como é dinheiro público o contrato de financiamento desse porto teria, por disposição Constitucional, de passar pelo crivo do Poder Legislativo.
A manobra do governo do PT configura, portanto, uma ilegalidade. Só isso seria motivo suficiente para o impeachment da Presidente da República.
Estranhamente, o Congresso permaneceu calado, sobretudo os parlamentares oposicionistas, pois já nem falo da famigerada 'base alugada' que se prepara para golpear mais uma vez a Constituição no caso da vergonhosa e criminosa maquiagem da LDO, que significa atirar no lixo a lei de responsabilidade fiscal. Neste caso supõem-se que no futuro imediato novas obras que tanto precisa o Brasil e os brasileiros serão realizadas não no Brasil, mas em Cuba e outras ditaduras comunistas ditas bolivarianas.
Vêm à tona, igualmente, as viagens de Lula como garoto-propaganda de empreiteiras como a Odebrecht. O fato não só foi admitido pelo presidente dessa empresa, Marcelo Odebrecht, mas ele próprio escreveu um artigo na Folha de S. Paulo, edição de 7 de abril de 2013, intitulado "Viaje mais, presidente", embora Lula já estivesse na condição do ex-presidente. Nesse escrito, Marcelo Odebrecht é incisivo, sente-se à vontade para defender Lula como garoto-propaganda de sua empresa no exterior, revelando sem qualquer pejo a proximidade e a intimidade que desfruta com Lula.
Dito isto, conclui-se que já existe no Brasil, a exemplo da Venezuela, a classe dos "boliburgueses", neologismo criado na Venezuela para designar os poderosos empresários bolivarianos, formado por duas palavras: burguês e bolivariano. São eles, lá como aqui, os principais sustentáculos do projeto comunista do Foro de São Paulo. Transcrevo na íntegra o artigo do Marcelo Odebrecht. Leiam:
VIAJE MAIS, PRESIDENTE
Minha tendência natural perante assuntos que despertam polêmicas, como as reportagens e os artigos publicados nas últimas semanas sobre viagens do ex-presidente Lula, é esperar a poeira baixar.
Dessa vez, resolvi agir de modo diferente porque entendo que está em jogo o interesse do Brasil e o legado que queremos deixar para as futuras gerações.
As matérias, em sua maioria em tom de denúncia, procuraram associar as viagens a propósitos escusos de empresas brasileiras que as patrocinaram, dentre elas a Odebrecht.
A Odebrecht foi, sim, uma das patrocinadoras da ida do ex-presidente Lula a alguns dos países citados. E o fizemos de modo transparente, por interesse legítimo e por reconhecer nele uma liderança incontestável, capaz de influenciar a favor do Brasil e, consequentemente, das empresas brasileiras onde quer que estejam.
O ex-presidente Lula tem feito o que presidentes e ex-presidentes dos grandes países do hemisfério Norte fazem, com naturalidade, quando apoiam suas empresas nacionais na busca de maior participação no comércio internacional. Ou não seria papel de nossos governantes vender minérios, bens e serviços que gerem riquezas para o país?
Nos últimos meses, o Brasil recebeu visitas de reis, presidentes e ministros, e todos trouxeram em suas comitivas empresários aos quais deram apoio na busca de negócios.
Ocorre que lá fora essas ações são tidas como corretas e até necessárias. Trazem ganhos econômicos legítimos para as empresas e seus países de origem e servem para a implementação da geopolítica de governos que têm visão de futuro, como o da China, por exemplo, que através de suas empresas, procuram, cada vez mais, ocupar espaços estratégicos além fronteiras.
Infelizmente, aqui o questionamento existe, talvez por desinformação. Permitam-me citar alguns números. A receita da Odebrecht com exportação e operações em outros países, no ano de 2012, foi de US$ 9,5 bilhões e nossa carteira de contratos de engenharia e construção no exterior soma US$ 22 bilhões.
Para atender a esses compromissos, mobilizamos 2.891 empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços. No conjunto, elas exportaram cerca de 60 mil itens. Dessas, 1.955 são pequenas empresas e, no total, geraram 286 mil empregos em nosso país. É uma enorme cadeia de empresas e pessoas que se beneficia de nossa atuação em outros países e, obviamente, se beneficia também do apoio governamental a essa atuação. Esse apoio se dá, dentre outras formas, com os financiamentos do BNDES para exportação que, no caso da Odebrecht, é bom que se frise, representam 18% da receita fora do Brasil.
Estamos em 22 países, na grande maioria deles há mais de 20 anos, e exportamos para outros 70. Como ex-presidente, Lula visitou sete, e esperamos que ele e outros governantes visitem muitos mais.
Esses números falam por si, mas decidi me manifestar também porque não quero que disso fiquem sentimentos de covardia ou culpa para as pessoas que trabalham em nossa organização.
Quero minhas filhas e os familiares de nossos integrantes de cabeça erguida, orgulhosos do que nós e outras empresas brasileiras temos feito mundo afora, construindo a Marca Brasil para além do samba e do futebol, ao mesmo tempo em que contribuímos para a prosperidade econômica e justiça social nos países e comunidades onde atuamos.
A inserção internacional nos tornou um país socialmente mais evoluído e comercialmente mais competitivo porque gerou divisas, criou empregos, permitiu trazer novas tecnologias e estimulou a inovação.
O tratamento que está sendo dado por muitos às viagens do ex-presidente Lula é míope e reforça entre nós uma cultura de desconfiança.
Caminhar na construção de uma sociedade de confiança, fundada no respeito entre empresas, entre estas e o poder público e entre o poder público e a sociedade será muito bom para todos nós.
MARCELO ODEBRECHT, 44, engenheiro civil, é presidente da Odebrecht S.A., empresa holding da Organização Odebrecht
CONCLUINDO
Quem leu o artigo acima constata que Marcelo Odebrech conclui com a seguinte afirmação: "Caminhar na construção de uma sociedade de confiança, fundada no respeito entre empresas, entre estas e o poder público e entre o poder público e a sociedade será muito bom para todos nós."
Sim. Eu e todos os brasileiros concordamos com a afirmação. Entretanto, não são os valores morais e éticos destacados por Odebrecht que parecem nortear as relações entre os empresários e o governo do PT. Que o diga o deletério e escandaloso caso do petrolão.
30 de novembro de 2014
in aluizio amorim