"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

INACREDITÁVEL! ALUNOS DANÇAM FUNK COM HINO NACIONAL. "AS AUTORIDADES NÃO VÃO DEIXAR BARATO"

DELEGADO SEGÓVIA, "POR QUÉ NO TE CALLAS?"


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Fernando Segóvia, que pelo nome certamente tem ancestrais espanhóis, quiçá oriundos da encantadora Segóvia a poucos passos de Madri, está se saindo muito mal como diretor-geral da Polícia Federal. A primeira mancada foi em novembro de 2017, quando assumiu a direção geral da instituição. Referindo-se ao episódio da corridinha com a mala entupida de dinheiro vivo, que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG), então assessor do presidente Michel Temer e seu homem de confiança, empreendeu após receber mala e dinheiro do executivo Ricardo Saud, da JBS, Segóvia questionou publicamente se “uma única mala” seria suficiente para determinar se houve ou não crime.
Depois veio a nomeação de Felício Laterça, então delegado federal em Macaé, para ser o superintendente da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro. Não durou muito e Segóvia se viu obrigado a anular a nomeação por razões que nem precisam ser repetidas aqui. E agora, Segóvia mais uma vez abriu a boca e em entrevista acenou com a possibilidade do arquivamento do inquérito policial que investiga se o presidente Temer cometeu crime de favorecimento, no cabeludo caso do “decreto dos portos”.
DISSE O REI – Saiba o delegado-chefe da Polícia Federal que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF — a quem Segóvia é seu jurisdicionado e ao ministro Segóvia também deve obediência — já mostrou que vai ser muito mais rigoroso com o diretor-geral da PF do Brasil do que foi o Rei Juan Carlos da Espanha quando, na XVII Conferência Ibero-Americana realizada em Santiago do Chile, em 2007, não suportando mais as inoportunas e grosseiras intervenções de Hugo Chavez, que interrompia o discurso do primeiro-ministro espanhol José Luiz Zapatero, o Rei levantou-se e, dirigindo-se a Chavez,  furioso, disse em voz alta: “Por qué no te callas?”.
Delegado Fernando Segóvia, o senhor é apenas o diretor-geral da Polícia Federal. Sua autoridade perante seus subordinados, inclusive colegas seus, também delegados de polícia, é meramente administrativa. E nada mais do que administrativa. O senhor não preside inquérito policial algum. O senhor está, moral e legalmente impedido — caso não estivesse juridicamente impossibilitado, como está — de comentar, em público ou não, sobre inquérito que o senhor não preside e que, por descuido e ilegitimamente, esteja de toda a investigação inteirado. E ainda que presidisse, o decoro exigiria e exige o silêncio.
SEM ENTREVISTAS – Se Delegado de Polícia que preside inquérito policial não pode dar entrevistas nem revelar o que contém os autos do inquérito, muito menos seu chefe hierárquico e diretor-geral da instituição.
E mais: no escabroso caso do “decreto dos portos”, somente o ministro Luis Roberto Barroso (autoridade judicial) tem o poder legal para ordenar seu arquivamento. A prerrogativa do delegado de polícia (autoridade judiciária), que preside o inquérito policial, e do Ministério Público, que tenha solicitado sua instauração, não vai além do direito de pedir o arquivamento, pedido que pode ou não ser acolhido pela autoridade judicial, no caso o ministro Barroso. Delegado não arquiva inquérito policial, doutor Segóvia. Nem o Ministério Público, ainda que titular da ação penal que do inquérito possa gerar, tem a prerrogativa de arquivar inquérito policial.
Doutor Segóvia, parece que o senhor não está dando certo na chefia da Polícia Federal brasileira. Em tão pouco tempo, três mancadas. Que feio! O exercício do seu cargo exige solenidade, austeridade, discrição, independência, imparcialidade, serenidade, sabedoria jurídica e tantos outros deveres que o povo brasileiro espera de um diretor-geral da Polícia Federal.  E a polícia que o senhor passou a ser o chefe máximo é instituição criada para a defesa do Estado Nacional, a defesa do Brasil e de todo o seu patrimônio, material e imaterial.
NO PASSADO – Doutor Segóvia, saiba o senhor que, no passado não tão remoto, já tive como adversário (não, como inimigo), o então advogado Luis Roberto Barroso, num famoso pleito judicial aqui no Rio de Janeiro cujo resultado ultrapassou as fronteiras do país. O doutor Barroso joga limpo. Não se acovarda. Conhece a Ciência do Direito, numa visão, sublimação e plenitude que só os predestinados têm. E neste Brasil de hoje, qual o outro predestinado?
Doutor Segóvia, seja o mais reverente e verdadeiro,com o ministro Barroso, com a instituição Polícia Federal, com o Brasil e todo o seu povo. Somos mais de duzentos milhões a vigiar a sua atuação. E temos uma imprensa livre. Doutor Segóvia, para o bem do povo e para a felicidade geral da Nação, “por qué no te callas”? 

12 de fevereiro de 2018
Jorge Béja

O ABANDONO DAS CIDADES

Dinheiro existe, e muito. Faltam vergonha na cara, competência e espírito público

As pautas não estão dentro das redações. Elas gritam em cada esquina. É só pôr o pé na rua e a reportagem salta na nossa frente. Essa percepção, infelizmente, é a que mais falta aos jornais. Os diários perderam o cheiro do asfalto, o fascínio da vida, o drama do cotidiano. Têm o gosto insosso de hambúrguer em série.

O crescimento dos jornais depende de uma providência muito simples: sair às ruas, fazer reportagem. Só isso.

Você, amigo leitor, tem ido ao centro antigo de São Paulo? Faça o teste. É um convite à depressão. É uma cidade assustadora: edifícios pichados, prédios invadidos, gente sofrida e abandonada, prostituição a céu aberto, zumbis afundados no crack, uma cidade sem alma e desfigurada pelas cicatrizes da ausência criminosa do poder público. A cidade de São Paulo foi demitida por seus governantes. E nós, jornalistas, precisamos mostrar a realidade. Não podemos ficar reféns das assessorias de comunicação e das maquiagens que falam de uma revitalização que só existe no papel. Temos o dever de pôr o dedo na chaga. Fazer reportagem. Escancarar as contradições entre o discurso empolado e a realidade cruel. Basta percorrer três quarteirões. As pautas estão quicando na nossa frente.

Jornalismo é isso: mostrar a vida, com suas luzes e suas sombras. São Paulo, a cidade mais rica do País e um dos maiores orçamentos públicos, é um retrato de corpo inteiro da falência do Estado.

Também o Brasil, um país continental, sem conflitos externos, com um povo bom e trabalhador, está na banguela. Os serviços públicos estão à deriva. Basta pensar na educação.

A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional sul-coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. A assustadora falta de mão de obra com formação mínima é um gritante atestado do descalabro da “Pátria Educadora”dos governos petistas.

Políticos sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio. Muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão com sensibilidade e senso crítico.

O custo humano e social da incompetência e da corrupção brasileiras é assustador. O dinheiro que desaparece no ralo da delinquência é uma tremenda injustiça, uma bofetada na cidadania, um câncer que, aos poucos e insidiosamente, vai minando a República. As instituições perdem credibilidade numa velocidade assustadora.

Os protestos que tomaram conta das cidades precisam ser interpretados à luz da corrupção epidêmica, da impunidade cínica e da incompetência absoluta da gestão pública. Há uma clara percepção de que o Estado está na contramão da sociedade. O cidadão paga impostos extorsivos e o retorno dos governos é quase zero. Tudo o que depende do Estado funciona mal. Educação, saúde, segurança, transporte são incompatíveis com o tamanho e a importância do Brasil. Os gastos públicos aumentam assustadoramente. O número de ministérios ainda é uma piada.

São padrões de política em que a corrupção rola solta. A percepção de impunidade é muito forte. Ela empurra a democracia para uma zona de risco. Os governantes precisam acordar. As vozes das ruas, nas suas manifestações legítimas, esperam uma resposta efetiva, e não um discurso marqueteiro. A crise que está aí é brava. A gordura dos anos de bonança acabou. A realidade está gritando no bolso e na frustração das pessoas. E não há marketing que supere a força inescapável dos fatos. Os governos podem perder o controle da situação.

Campanhas milionárias, promessas surrealistas e imagens produzidas fazem parte da promoção de alguns políticos e governantes. Assiste-se, diariamente, a um show de efeitos especiais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. O marketing, ferramenta importante para a transmissão da verdade, pode ser transformado em instrumento de mistificação.

Estamos assistindo à morte da política e ao advento da era da inconsistência. Os programas eleitorais vendem uma bela embalagem, mas, de fato, são paupérrimos na discussão das ideias.

Nós, jornalistas, temos um papel importante. Devemos dar a notícia com toda a clareza. Precisamos fugir do jornalismo declaratório. Nossa missão é confrontar a declaração do governante com a realidade dos fatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.

Transparência nos negócios públicos, ética, boa gestão e competência são as principais demandas da sociedade. Memória e voto consciente compõem a melhor receita para satisfazê-las. Devemos bater forte na pornopolítica. Ela está na raiz da espiral de violência que sequestra a esperança dos jovens e ameaça a nossa democracia.

As cicatrizes que desfiguram o rosto de São Paulo e do Brasil podem ser superadas. Dinheiro existe, e muito. Faltam vergonha na cara, competência e um mínimo de espírito público.

Jornalismo é a busca do essencial, sem adereços, qualificativos ou adornos. O jornalismo transformador é substantivo. Sua força não está na militância ideológica ou partidária, mas no vigor persuasivo da verdade factual e na integridade da sua opinião.

Façamos reportagem. Informação é arma da cidadania. E votemos bem. Seu voto, amigo leitor, pode virar o jogo.


12 de fevereiro de 2018
Carlos Alberto di Franco, O Globo
JORNALISTA.

CARNAVAL DO SETOR PÚBLICO

Os privilégios da casta que ocupa o governo são insustentáveis. Sem uma reforma liberal, nossa economia estará fadada ao abismo

A vida é dura, especialmente para o brasileiro, e o leitor tem total direito de relaxar um pouco no clima carnavalesco. Mas o assunto aqui é muito sério, e se trata do carnaval do setor público. Os privilégios da casta superior que ocupa os cargos de governo são simplesmente insustentáveis, e sem uma reforma liberal nossa economia estará fadada ao abismo.

Existe algo muito perto de uma luta de classes no Brasil, mas os capitalistas não são os exploradores, como queria Marx, e sim os explorados, ao lado dos trabalhadores. São eles que precisam ralar dobrado para sustentar um Estado inchado, com muitos marajás. Não há onde essa discrepância seja maior do que nas aposentadorias. O rombo da Previdência dos servidores públicos está chegando a incríveis R$ 300 bilhões! Em todas as esferas de poder há déficits crescentes, e a aposentadoria consome parcelas significativas da arrecadação fiscal. A conta não fecha. Ou algo é feito agora, ou será catastrófico nosso amanhã.

O governo Temer parece ter desistido da reforma previdenciária. A Prefeitura de São Paulo, por sua vez, ainda insiste na batalha, apesar de forte resistência dos grupos de interesse. O déficit do Regime Próprio de Previdência Social do Município de São Paulo foi de quase R$ 5 bilhões em 2017 (mais de 10% da receita municipal), e a gestão de João Doria apresentou um projeto de lei na Câmara de Vereadores para reformular o sistema e trazer os servidores públicos para um regime autossustentável, sem privilégios.

A reação, claro, não tardou. Os sindicatos de servidores, especialmente da educação, já estão anunciando greve e mobilizando seus vereadores para o confronto inevitável. Mas para bancar essa farra dos servidores, a sociedade paga o pato. O valor que sobrou para investimento na cidade foi de apenas R$ 1,1 bilhão. Faltam obras, políticas públicas do interesse de todos, pois os funcionários aposentados consomem o grosso do orçamento.

A solução não pode vir do aumento de arrecadação, pois o Brasil já tem imposto demais, e isso representa um fardo enorme nas costas de quem produz riqueza. Além disso, as despesas com os aposentados crescem em ritmo bem maior do que as despesas com os servidores ativos. Há um problema estrutural, que simplesmente não pode ser solucionado com mais receita.

Trocando em miúdos, ou o Brasil enfrenta o problema dos gastos públicos com coragem e transparência, ou teremos problemas econômicos ainda mais graves em breve. O carnaval pode estar animado, mas depois vem a realidade. E a dura realidade é que o carnaval do setor público impede o povo trabalhador de ser feliz durante o resto do ano. Passou da hora de declarar guerra aos privilégios do setor público.


12 de fevereiro de 2018
Rodrigo Constantino, Revista Istoé

O SONHO DO SULTÃO E AS "FAKE NEWS"

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Donald Trump acha que agora só tem “fake news”
Um sultão todo poderoso acordou desesperado. Sonhou que havia perdido todos os dentes. Ao despertar, mandou chamar o adivinho da Corte para as devidas interpretações.
– Que sonho terrível! Cada dente perdido significa a perda de um parente de Vossa Majestade.
– Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui, insolente!
Enfurecido, o sultão chamou os guardas e ordenou que lhe dessem 50 chibatadas.
Mandou chamar outro bruxo, que foi logo interpretando o sonho do sultão:
– Meu grande e excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
O sultão sorriu. Sua fisionomia iluminou-se. Chamou o guarda e mandou dar 200 moedas de ouro ao novo adivinho.
Quando o adivinho saía do palácio, um guarda lhe disse ao pé do ouvido:
– Incrível, sua interpretação do sonho foi a mesma de seu primeiro colega. Ao primeiro, o sultão mandou dar 50 chibatadas. A você 200 moedas de ouro.
– Meu amigo, tudo depende da maneira de dizer. O fato é o mesmo, a comunicação pode ser interpretada a favor ou contra. O importante é dizer o que a plateia ou o interlocutor quer ouvir.
UMA ARTE – Conclusão: a comunicação é uma arte. É como pedra preciosa. Se atirarmos nos olhos de alguém, pode ferir. Se a embalamos e oferecemos com ternura, é amizade e alegria.
Em tempos de “fake news”, de buscar todas as mídias para se tornar conhecido e de fazer da comunicação uma ferramenta de primeira necessidade, nada como relembrar de um texto de anos atrás.
Na França o debate sobre as “fake news” esta indo a pleno vapor. Quem é a favor, aplaude, quem é contra, repele. O presidente Emmanuel Macron, que é um líder moderno e esperto, já encontrou a solução: vai fazer uma lei que está sendo chamada Lei da Primavera, para definir as “fake news”. Já começa enquadrando os ingleses e americanos. Se a França tem como traduzir por que pedir a tradução em inglês?
APOIO DOS FRANCESES – O anúncio de Macron informa que a pesquisa Odoxa mostra o apoio dos franceses ao projeto para lutar contra as “fake news” em período eleitoral.
Este movimento pode fazer temer uma rejeição maciça à ideia. De fato, sobre 54.300 mensagens postadas em quatro dias, praticamente a metade exprimia uma rejeição clara ao controle dos conteúdos pelo Estado.
O espectro da censura foi largamente denunciado mas essas reações refletiram sobretudo a visão deformadora da realidade da opinião pública. Em compensação a opinião pública no conjunto, tem largamente uma posição contrária. Este é o ensinamento maior da sondagem.
FAKE NEWS – A expressão designa falsas informações que circulam na internet, afinal vazia de sua substância. O Figaro chama a atenção para o termo que surgiu na campanha presidencial americana. Apareceu finalmente no dicionário de Donald Trump. Nas últimas semanas o presidente dos Estados Unidos não parou de denunciar as “fake news”: compreendam, as informações segundo as mentiras das mídias desonestas.
O que é uma “fake news”? Dar uma definição curta que engloba todas as facetas não é coisa fácil, sobretudo em francês. Sempre traduzida por “falsas informações” a expressão “fake news” perdeu uma parte de seu senso original. O inglês distingue “fake” de “falso”, o que é errado, o que é falsificado.

12 de fevereiro de 2018
Sebastião Nery

ROBERTO FREIRE FIZ QUE NEGOCIARÁ CANDIDATURA DE HUCK PELO PPS APÓS O CARNAVAL


Huck ‘teria protagonismo’, se concorresse pelo PPS
Em meio às especulações se disputará ou não a Presidência, o apresentador Luciano Huck tem procurado não fechar as portas dos partidos que pretendem dar a ele a chancela de candidato à sucessão de Michel Temer.
Depois de uma conversa com o líder tucano Fernando Henrique Cardoso na última semana, ao mesmo tempo em que vem se encontrando com representantes do DEM, Huck deixou para depois do Carnaval uma nova rodada de negociação com o PPS. O partido tem declarado interesse no nome do apresentador para a disputa.
CARTA-COMPROMISSO – Nos últimos meses, o PPS tem estreitado relações inclusive com o movimento Agora, do qual Huck faz parte e com quem o partido assinou uma carta-compromisso para um trabalho conjunto no cenário eleitoral. Seria essa, inclusive, uma forma de criar, eventualmente, uma base de sustentação de Huck no Congresso.
“As negociações estão mais do que abertas. Falamos por telefone quando ele estava em Paris e ficamos de falar novamente logo depois do Carnaval “, disse o presidente nacional do PPS, Roberto Freire.
PROTAGONISMO – Freire, no entanto, procurou deixar claro que, até o momento, não há qualquer certeza sobre os rumos do apresentador, ao menos no ambiente eleitoral. “Essa decisão (de ser candidato à Presidência) é muito solitária, mas deixamos claro que ele teria aqui, no partido, protagonismo no processo decisório das eleições”, diz o presidente do partido, para quem tal situação difere das condições no PSDB, onde o governador Geraldo Alckmin tem se mostrado insatisfeito com o “namoro” do partido com o apresentador.
“O Huck tem percebido o quanto o PSDB enfrenta esse problema de falta de unidade em prol de uma candidatura”, disse Freire. Ele e Huck devem se reunir nos dias seguintes ao Carnaval, caso o apresentador mantenha a intenção de concorrer. A ideia do encontro seria, por parte do PPS, traçar uma estratégia para tentar lançar o nome do apresentador o quanto antes.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A possível candidatura de Huck ao Planalto ainda é uma incógnita. O apresentador tem se aproximado de cúpulas partidárias, se aconselhado com velhos cardeais, mas ainda está mergulhado no medo de “entrar numa aventura” e, após ter saído da Vênus Platinada, saborear a traição. Sabe que se quiser ser candidato, precisará ter disposição de abraçar o risco, envolvendo a exposição de sua vida pessoal e a possibilidade de amargar uma derrota nas urnas. A amigos, Huck já confessou mudar de ideia ao menos “cinco vezes por dia”. Periga não ser presidente, ficar sem espaço na emissora, juntamente com a esposa Angélica, deixando, ambos, de receberem seus milionários salários. (M.C.)

12 de fevereiro de 2018
Flávio Freire
O Globo

VIDA DE HUCK ESTÁ SENDO DEVASSADA E O JATO FINANCIADO PELO BNDES É SÓ O COMEÇO


BNDES diz que a operação foi absolutamente normal
O apresentador Luciano Huck, que tem conversado com partidos e políticos sobre uma possível candidatura à Presidência, usou, em 2013, um empréstimo de R$ 17,7 milhões do BNDES para comprar um jatinho particular da Embraer. O financiamento, do programa BNDES Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), teve como beneficiária a Brisair Serviços Técnicos e Aeronáuticos Ltda., da qual Luciano e Angelica Huck são sócios, e o Itaú como instituição financeira intermediária.
A Brisair, que funciona em parte de uma sala na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no seu registro na Receita Federal, consta como tendo atividades de“ consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica” e, secundariamente, “administração de caixas escolares” e “atividades de apoio à educação, exceto caixas escolares “.
Os juros do empréstimo, datado de 29 de maio de 2013, foram de 3% ao ano, com 114 meses de amortização para o pagamento. A compra foi feita por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que destinava-se a financiar investimentos de empresas, compra de bens de capital (máquinas e equipamentos), ações de pesquisa e desenvolvimento e exportações.
JUROS SUBSIDIADOS – O programa oferecia juros subsidiados — ou seja, parte do empréstimo era coberta pelo Tesouro, já que a correção era inferior aos 6,75% da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada até o ano passado nos empréstimos do BNDES. O Tesouro também bancava a diferença entre a Selic e a TJLP nos empréstimos via PSI. Desde o início do empréstimo para a compra do avião, a Selic foi de 10,8% ao ano em média.
A informação da compra da aeronave foi antecipada pelo blog “Tijolaço”. Procurada, a assessoria de Luciano Huck diz que “o Finame é um programa do BNDES de incentivo à indústria nacional, por isso financia os aviões da Embraer”. Afirma, também, que Huck usa o avião duas vezes por semana para gravar seu programa para a TV Globo.
A matrícula do avião é PP-HUC. Segundo o registro na agência Nacional de Aviação Civil (Anac ), a aeronave comporta oito passageiros e pertence atualmente ao Itaú, sendo a Brisair sua operadora.
BNDES – Em nota, o BNDES afirma que as condições seguiram as “definidas pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI), vigente à época, com taxas de juros fixas entre 3% a.a. e 3,5% a.a.”. Segundo o banco, as taxas eram oferecidas a qualquer empresa que obtivesse financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos.
“Até dezembro de 2017, havia 1.036.572 operações registradas no BNDES com as condições do PSI, o que demonstra a pulverização do programa entre milhares de empresas de todo o Brasil”, diz o banco. Ainda de acordo com a nota, o processo de concessão de financiamento do BNDES Finame é realizado por meio de agentes financeiros credenciados, que podem ser bancos, cooperativas e agências de fomento, por exemplo. “O BNDES repassa os recursos para os agentes, que analisam o risco de crédito e decidem pela concessão do financiamento.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É desse jeito que a Embraer vende seus jatinhos aos milionários brasileiros. A operação é rotineira, nada tem de irregular. O mais interessante é que Luciano Huck nem sequer definiu o impasse sobre a sua candidatura e já está experimentando a devassa que sua vida vai sofrer, como risco que toda corrida eleitoral exige. Sua vida pessoal começou a ser revirada. E isso é só o começo. Política não é Caldeirão. (M.C.)

12 de fevereiro de 2018
Deu na Folha

GUERRA DE NARRATIVAS

Sair do País por um tempo, ainda que breve, sempre é bom. Em especial para nos desintoxicarmos das narrativas que circulam intensamente no Brasil. O Brasil de hoje vive uma guerra de narrativas. Membros do Ministério Público anunciam, a cada instante, que a Operação Lava Jato pode acabar por isso e por aquilo. Outros dizem que as eleições presidenciais só serão legítimas com a participação do ex-presidente Lula na disputa. Ou que a democracia brasileira caminha para o abismo porque o 4º Tribunal Regional Federal confirmou a condenação de Lula e ainda aumentou a pena estipulada na primeira instância. Pelo seu lado, o juiz Sérgio Moro justifica receber auxílio-moradia dizendo que o benefício compensa a falta de reajuste salarial entre a classe, mesmo sendo dono de apartamento na cidade em que vive.

Adversários da Reforma da Previdência afirmam que não existem privilégios a serem combatidos no sistema previdenciário brasileiro. Outros apregoam a impossibilidade de votá-la, embora o tema esteja na pauta. O que será que vai acontecer? Apesar do alarmismo de alguns, a Lava-Jato não morreu nem vai morrer sem antes causar mais estragos na política nacional.

Lula será ficha-suja e nem por isso a democracia brasileira irá para o abismo. Com ou sem Lula, as eleições serão legítimas. Aliás, mais legítimas do que as últimas, turbinadas pelo doping ilegal e imoral das doações por dentro e por fora (via caixa dois). A reforma da Previdência, apesar de ir contra os interesses das corporações, será aprovada, nem que seja aos poucos e em fatias. Moro e os demais juízes continuarão a receber auxílios diversificados mesmo obtendo reajustes salariais.

A guerra de narrativas sempre fez parte da realidade humana. A questão atual é a sua intensidade, por conta dos avanços tecnológicos. Qualquer um pode se inserir no mundo midiático com suas narrativas pessoais. Daí surgirem, do nada, blogueiros e youtubers a caminho da consagração. Em sendo uma guerra, quem é a vítima? Basicamente, a verdade. O que fazer?

Ter uma postura cética acerca de tudo o que é dito é uma boa decisão. Sabemos que a verdade está contaminada. Aliás, sempre esteve. É preciso filtrar o que é dito. Devemos também desenvolver mecanismos de validação sobre quem diz o quê e como. Afinal, não podemos duvidar de tudo e de todos a todo o momento. Paradoxalmente, duvidar e ter confiança são os melhores caminhos para bem viver no mundo de hoje. A questão é saber como. A saída é a reflexão. Como disse Virginia Wolf, o único conselho que uma pessoa pode dar para outra sobre ler notícias “é não seguir conselho de ninguém, seguir seus instintos, usar sua razão e chegar às suas próprias conclusões”.

Vale para a guerra de narrativas dos tempos atuais.


12 de fevereiro de 2018
Murillo de Aragão, Revista Época

O IMPORTANTE E O FUNDAMENTAL

O verdadeiro líder político novo, hoje, será aquele capaz de sensibilizar a sociedade para problemas que emperram o desenvolvimento

Para a maioria dos brasileiros, conforme atestaram diversas pesquisas de opinião nos últimos anos, a corrupção está entre os principais problemas do País. O tema já levou milhões de pessoas às ruas em protestos os mais diversos e mobiliza a opinião pública toda vez que as autoridades envolvidas na luta contra a corrupção denunciam complôs para prejudicar seu trabalho.

Da mesma maneira, causa profunda indignação popular a exposição dos privilégios de parte do funcionalismo público, em especial quando comparados à situação difícil por que passam milhões de brasileiros desempregados ou em atividades de baixíssima remuneração e escassa proteção legal.

Todo esse dispêndio de energia cívica é plenamente compreensível, pois é inegável que tanto a corrupção como as benesses concedidas a servidores públicos são extremamente prejudiciais ao País. No entanto, diante dos imensos desafios que o País enfrenta há décadas para mudar de patamar de desenvolvimento - a começar pelo fato, inaceitável, de que metade da população ainda não tem acesso a esgoto tratado -, é o caso de questionar se o País não está dedicando esforço excessivo ao que está apenas na superfície dos problemas, deixando para depois o enfrentamento de suas causas primárias.

É um equívoco imaginar, como muitos fazem, que os entraves do País estarão superados assim que todos os corruptos estiverem na cadeia e todos os privilégios do serviço público forem cancelados. Na hipótese de que a ladroagem de políticos e as benesses de servidores acabassem da noite para o dia, o País amanheceria certamente muito satisfeito, mas os problemas de fundo, que não parecem abalar hoje a maioria da população, permaneceriam intocados.

A corrupção e a privatização do Estado pelas corporações de funcionários públicos e outros grupos de interesse são resultados do gigantismo estatal, cuja gênese está na presunção de que o Estado deve interferir em quase todos os aspectos da vida nacional, sempre tendo como princípio que o cidadão brasileiro é tão incapaz que precisa ser protegido por uma descomunal estrutura jurídica e burocrática. Não é à toa que os lobbies de funcionários públicos e os políticos que fazem a vida servindo como mercadores de favores do Estado se dedicam de corpo e alma à demonização de qualquer reforma que represente uma rachadura nessa estrutura.

Sempre que alguém se propõe a mudar tal estado de coisas, por meio da racionalização do Estado, esses grupos tratam de qualificar a iniciativa como uma conspiração para cassar direitos dos mais pobres.

Esse tipo de campanha de desinformação, infelizmente, tem sido muito bem-sucedida, a tal ponto que a maioria dos brasileiros, por exemplo, segue sendo contrária à reforma da Previdência, malgrado o fato de que a proposta não tira nenhum direito, e confere ao presidente Michel Temer, defensor das reformas, apenas um dígito de popularidade.

Ademais, nenhum dos candidatos com alguma chance de vencer a eleição presidencial de outubro faz uma defesa enfática das reformas nem procura mobilizar a opinião pública para os desafios de longo prazo do País. Quem se apresenta como o “novo” na política não parece fazê-lo para desafiar o velho discurso político que representa a manutenção do atraso, e sim somente para se dizer honesto e prometer o combate aos privilégios e à roubalheira. O último “novo” que se elegeu com esse discurso contra a corrupção e contra os “marajás” do serviço público foi Fernando Collor, em 1989. Não é preciso dizer mais nada.

O verdadeiro líder político novo, hoje, será aquele capaz de sensibilizar a sociedade para problemas que emperram o desenvolvimento e que deveriam desde sempre ser considerados intoleráveis num país com a riqueza e o potencial do Brasil, como a falta de saneamento básico, a precária infraestrutura nacional, a baixa produtividade e o estado cronicamente lastimável da educação e da saúde. Sem prejuízo da necessária luta contra a corrupção, é para essas questões fundamentais, tão vergonhosas quanto antigas, que o Brasil deveria dedicar sua mais profunda indignação.


12 de fevereiro de 2018
Editorial O Estadão

A VITÓRIA SOFISTA

A vantagem da democracia é o fato de ela limitar o poder por torná-lo lento e pesado


Diga a VERDADE: alguém pode dizer, com certeza, quem tem razão nas discussões ao redor da condenação do Lula?

Antes de você tentar encaixar minha pergunta num dos campos ideológicos em disputa ao redor do destino do Lula e do PT, respire um pouco. Hoje, xinga-se mais rápido do que o coração consegue bater. Não que eu não tenha uma simpatia maior por um dos lados; mas essa simpatia não é meu tema hoje.

Os sofistas venceram o debate com Platão (428/427 a.C.-348/347 a.C.). Os sofistas eram aqueles caras que afirmavam que "o homem é a medida de todas as coisas" -- foi Protágoras (481 a.C.-411 a.C.) quem disse isso. Simpáticos à democracia, esses pensadores negavam a existência da verdade absoluta, defendida por Platão. Protágoras venceu Platão: a democracia é sofista. E as inúmeras consequências desse fato nem sempre são contempladas na reflexão pública.

Há uma impossibilidade estrutural na percepção da verdade na democracia, simplesmente porque todo mundo fala o tempo todo. As mídias sociais só pioram essa

tagarelice na democracia. Platão acusava a democracia de ser retórica, argumentativa e demagógica. Ele tinha toda a razão. Essa

crítica de modo algum justifica uma defesa da tirania ou totalitarismo. Deve, sim, nos deixar atentos para tagarelice.

Muitos entendem que, ao trazer à tona fatos como esse, eu estaria propondo alguma forma de niilismo político ou defendendo algum modo de anarquismo. Na minha juventude, fui anarquista. Hoje, confio menos na humanidade e no "povo" para defender tal utopia. Prefiro a tagarelice confusa à simplicidade de uma visão utópica.

A grande vantagem da democracia é o fato de ela limitar o poder justamente porque o torna lento, pesado, confuso, falastrão e dependente do marketing. Tudo que parece vício se transforma em virtude nesse processo. Mas essa percepção é difícil de manter no dia a dia.

A grande virtude da democracia é a sua incapacidade de "entregar" uma verdade política e moral acerca do mundo, além de sua própria inapetência à evidência última dos fatos. Essa inapetência é sua "estranha" virtude básica. Claro que, com a complexidade, a multiplicidade e o gigantismo da sociedade contemporânea, esses traços só se intensificam.

Voltemos aos últimos dias no Brasil. Não falemos da tagarelice comum, mas da multiplicidade de opiniões vindas do debate público especializado --de gente, portanto, capaz e preparada para esse debate.

A impressão que se tem é de que existem argumentos razoáveis para ambos os lados. Simplificando a coisa: por "ambos os lados" quero dizer aqueles que são a favor da condenação, isto é, entendem que ela se deu dentro do âmbito legal objetivo, e, do outro lado, aqueles que entendem que a condenação foi fruto de "interesses ideológicos". Teria sido a condenação jurídica ou política? Minha resposta: as duas se misturam.

Sem supor, necessariamente, que haja mau-caratismo em qualquer dos dois argumentos, eu posso, sim, supor que não haja como chegar a uma resposta "clara e distinta" para essa controvérsia no âmbito da verdade absoluta. Posso entender que, na democracia, "tudo é política" e que, portanto, magistrados podem, sim, ter interesses corporativos, ideológicos e/ou econômicos. Da mesma forma, também o podem os intelectuais, assim como --por que não?-- manifestantes a favor da igualdade social.

Todos podem ter posições cunhadas a partir de valores exteriores à "verdade pura dos fatos" --antes de tudo porque ela, na verdade, não existiria. Tudo é interpretação ou hermenêutica (para você ter um termo a mais em seu repertório sobre a catástrofe da expectativa em favor de uma verdade pura no mundo político).

Ao contrário do que parece -- e do que nossos inteligentes bonzinhos gostariam de dizer --, as tais câmaras de eco das mídias sociais (o nome dado às bolhas de opiniões que as pessoas frequentam repetida mente na vida em rede) são parte da vida democrática off-line.

Viveríamos em câmaras de eco permanentes? Mesmo os mais preparados para o debate? Seriam nossa opiniões "objetivas" ou, antes de tudo, fruto de nossas simpatias anteriores aos "fatos"?


12 de fevereiro de 2018
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

NOTA AO PÉ DO TEXO

Muita filosofia para tratar de um tema tão simples e tão transparente. E acrescente-se que não se trata de simpatia ou campos ideológicos, salvo se ignorarmos toda uma demonstração legal de provas e delações constantes, em que o 'dito cujo' surge como o 'poderoso chefão'. Delação dos que lhe  eram mais próximos, que estavam a sombra dos reservados bastidores onde se tramava a divisão do butim.
Querer sofismar sobre evidências é um pouco demais...
E acredito que mal maior da democracia não é "limitar o poder", posto que não é o que estamos assistindo, sendo
 justamente o contrário (embora seja um pouco forçado dizer que o Brasil é um país democrático...).
A meu ver, o mal maior da democracia é seu fundamento númérico de voto obrigatório (uma grande jogada!). Sem ele, a recente profissão de 'marqueteiro', ou maquiador de pilantras, não existiria nas proporções que 'tragicamente' assistimos.
m.americo

PARLAMENTARES DO PSDB E DO PSB DESISTEM DE FILIAÇÃO AO PSL, APÓS CHEGADA DE BOLSONARO


Bolsonaro vai se filiar oficialmente em março
A ida do deputado Jair Bolsonaro (RJ) para o PSL para ser candidato à Presidência da República pelo partido fez um grupo de pelo menos outros 12 deputados federais desistir de se filiar à legenda. O grupo era formado principalmente por parlamentares jovens dissidentes do PSDB e PSB.
Capitaneados pelo deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), esses parlamentares negociavam a filiação com a ala do PSL intitulada de “Livres”, tendência libertária que comandava 12 diretórios estaduais e que era liderada por Sérgio Bivar, filho do deputado federal e ex-presidente da legenda Luciano Bivar (PE).
VIÉS LIBERAL – Nas conversas, Bivar prometia aos deputados que o PSL mudaria o nome para “Livres” e que o novo partido passaria a atuar como uma espécie de “movimento”, com viés liberal tanto na economia quanto na política. “Não ia ser um partido de caciques comandando e o resto sabendo depois”, disse Coelho.
Os deputados do PSDB que conversaram com o PSL fazem parte da ala conhecida como “cabeças-pretas”, tucanos mais jovens que demonstram descontentamento com o governo Michel Temer. Entre eles, estavam o próprio Coelho, Pedro Cunha Lima (PB), Mariana Carvalho (RO) e Pedro Vilela (AL).
“Quando eles (PSL) procuraram esse grupo de pessoas para conversar, procuraram com um proposta de que o partido seria diferente, viraria Livres, com mudança do estatuto. Um partido que teria instrumentos de participação da sociedade, que seria moderno. Mas acho que abortaram essa ideia”, afirmou Daniel Coelho.
DIÁLOGO – Com a frustração com o PSL, o deputado disse que conversa com outros 10 partidos, entre eles o Podemos, mas que ainda não tomou decisão se sairá do PSDB. “Minha prioridade é o PSDB, mas quero que o partido me permita, de fato, uma participação da ala mais jovem. Está tendo pouco diálogo conosco”, afirmou.
O tucano reclama que ele e Mariana perderam os espaços que tinham na executiva nacional, atualmente presidida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato ao Planalto pela legenda. “Até colocaram pessoas jovens de idade, mas que não têm a mesma posição nossa”, declarou. Segundo Coelho, os senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE) tentaram aumentar o diálogo com os cabeças-pretas quando presidiram o partido.
“Dali para frente não houve diálogo, e agora estamos sem saber os rumos que tomará o partido. Antes, era consultado. Agora sei dos movimentos pela imprensa”, reclamou. Mariana, Cunha Lima e Vilela também decidiram, por ora, permanecer no PSDB. A deputada, que foi vice-presidente nacional do PSDB até o ano passado, assumiu a presidência do partido em Rondônia e analisa possível candidatura ao governo do Estado.
COMANDO –  Bolsonaro acertou a ida para o PSL no início de janeiro. Como é deputado federal, ele e os integrantes de seu grupo que são parlamentares só vão se filiar oficialmente em março, durante a janela para livre troca de partidos, sem risco de perda de mandato. Na negociação, ele exigiu ter o comando da sigla, o que já foi efetivado.
Em convenção na última segunda-feira, dia 5, Luciano Bivar pediu licença da presidência do PSL até novembro. No lugar dele, assumiu interinamente Gustavo Bebiano, advogado de Bolsonaro. Ele deve ficar no cargo até abril, quando o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, deve assumir o comando da sigla.

12 de fevereiro de 2018
Igor Gadelha
Estadão