A estratégia do PT de desconstruir a ex-ministra do Meio Ambiente, com uma campanha eticamente questionável, surtiu resultado. Marina perdeu entre 3 e 5 pontos percentuais em menos de uma semana e ainda não conseguiu estancar o sangramento.
O efeito colateral e calculado da artilharia petista é o renascimento de Aécio Neves (PSDB) na campanha. Enquanto Dilma parece já ter sugado o seu máximo de votos vacilantes de Marina, o tucano continua a galgar uma escalada de última hora, reduzindo sua distância para a segunda colocada. A dúvida do PSDB agora é se até domingo dará tempo para reverter o jogo.
Para o PT, como demonstram todas as projeções de segundo turno, Aécio é um adversário mais fácil de ser batido. Como Marina não apoiaria o tucano e o PSDB é um adversário desgastado nacionalmente, é mais evidente visualizar o triunfo de Dilma. Já Marina, apesar da fragilidade e da falta de reação mostrada no primeiro turno diante da avalanche petista, ainda, sim, é um inimigo mais forte e enigmático.
CHANCES
A ex-ministra do Meio Ambiente, ao contrário de Aécio e de Dilma, encarna um personagem mais próximo ao eleitor mais pobre e, ao mesmo tempo, é apoiada por uma parcela descolada de personalidades atribuindo um ar alternativo a sua candidatura. Caso sobreviva e avance ao segundo turno, mesmo combalida, Marina Silva ainda deixará a eleição em aberto.
Por sua vez, caso Aécio avance, independentemente se ameaçará Dilma – provavelmente, não – ele conseguirá uma importante vitória pessoal e, principalmente, dentro do PSDB. Seu nome continuará gravitando dentro do partido como uma opção para 2018, hipótese descartada se o mineiro naufragar no próximo domingo e amargar um terceiro lugar.
MÁQUINA PÚBLICA
São vergonhosos o uso da estrutura de órgãos estaduais e federais nestas eleições e a falta de punição para essas irregularidades. Em Minas Gerais, o mailing da Cemig foi usado para disparar propaganda de candidatos do PSDB – Pimenta da Veiga e Aécio Neves – para todos os funcionários.
Deputado estadual do PT em Minas, Durval Ângelo também admitiu explicitamente em vídeo divulgado pelo jornal "Estado de S.Paulo" o uso de funcionários e do aparato dos Correios no Estado para impulsionar a campanha da presidente Dilma Rousseff e do candidato do PT ao governo, Fernando Pimentel.
Tão absurdo quanto os atos é o silêncio de parte de eleitores engajados sobre esses escândalos no processo eleitoral e também na Justiça.
(transcrito de O Tempo)
04 de setembro de 2014
Murilo Rocha