A Polícia Federal está investigando um saque de € 1,6 milhão feito em uma conta na Suíça que as autoridades acreditam ser do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
Condenado no julgamento do mensalão, Pizzolato está foragido desde a decretação de sua prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em novembro de 2013.
Sua família diz que ele está na Itália, país do qual tem cidadania –o que impossibilita sua extradição segundo as leis locais; no máximo, ele poderá ter um segundo julgamento na Itália.
A investigação foi revelada na edição de hoje do jornal "O Estado de S. Paulo". Segundo o jornal, autoridades suíças auxiliam a PF no rastreamento da movimentação da conta.
O período do saque também não está determinado. Segundo a
Folha apurou, a PF trabalha com a hipótese de que Pizzolato preparou a sua fuga durante meses, uma vez que sua condenação inicial foi conhecida no fim de 2012 –a prisão só ocorreu após a análise de seus recursos, e foi ordenada pelo STF no dia 15 de novembro.
FUGA
Condenado a 12 anos e 7 meses de detenção em regime fechado, o próprio Pizzolato divulgou por meio de seu advogado, um dia após a expedição de seu mandado de prisão, uma nota dizendo que havia fugido para a Itália com o objetivo de escapar das consequências de um "julgamento de exceção".
Além disso, alegou que gostaria de ver seu caso sendo novamente analisado pela Justiça italiana, onde não haveria pressões "político-eleitorais". Devido à sua cidadania, ele estaria em relativa segurança na Itália, uma vez que o país europeu não extradita seus nacionais.
Pizzolato só poderia ser preso se o Brasil conseguisse fazer com que a Justiça italiana abrisse um processo relativo aos crimes do mensalão e, após novo julgamento, o condenasse. Isso tudo, porém, seria algo extremamente difícil de acontecer, segundo especialistas em direito internacional ouvidos pela
Folha.
Tão logo sua carta foi divulgada, a Polícia Federal incluiu o nome de Pizzolato na chamada difusão vermelha da Interpol, deixando-o na lista internacional de criminosos procurados.
Henrique Pizzolato
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Henrique Pizzolato com os produtos publicitários dos projetos patrocinados pelo Banco do Brasil
ROTA
Amigos do ex-diretor disseram que, para chegar à Itália, Pizzolato teria seguido de carro do Rio de Janeiro até a fronteira com o Paraguai, cruzando-a a pé. Em outro carro teria ido até a fronteira com a Argentina, ingressando também à pé naquele país.
De lá, com um documento provisório, que pode ser emitidos por consulados a alguém que teve seu passaporte extraviado, teria voado para a França e, por fim, sempre segundo informações de seus amigos, teria seguido por terra para a Itália.
Oficialmente, a PF não se manifesta sobre as investigações. No começo do mês, o diretor-geral da corporação, Leandro Daiello, afirmou em audiência na Câmara dos Deputados que o paradeiro de Pizzolato ainda era desconhecido da PF e que ele estava sendo procurado dentro e fora do Brasil.
Segundo policiais ouvidos pela
Folha, de lá para cá não houve grandes mudanças na investigação. Dentro da PF há pelo menos duas visões distintas sobre o processo de localização do ex-diretor.
Um grupo entende que falta um empenho maior nas investigações. Alega que encontrar Pizzolato não é uma das prioridades da instituição e que, caso fosse, seria possível ter chegado ao paradeiro do condenado 43 dias após a expedição do mandado de prisão.
Outro grupo entende que, passados os primeiros dias da fuga, o melhor a fazer é dar liberdade ao fugitivo para que ele se descuide e acabe por deixar um rastro detectável pelas autoridades, o que possibilitaria a descoberta de seu paradeiro. Policiais alegam, contudo, que a espera de um escorregão normalmente é demorada –e um descuido pode eventualmente nunca chegar a acontecer.
| Editoria de Arte/Folhapress | |
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CONDENADO
CRIMES Corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro
PENA 12 anos e 7 meses de prisão em regime fechado, mais uma multa de R$ 1,3 milhão
O QUE ELE FEZ Em 2003 e 2004, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil autorizou o repasse de R$ 73,8 milhões que a instituição tinha no fundo Visanet para a DNA, agência de publicidade do empresário Marcos Valério que tinha contrato com o BB e foi usada para distribuir dinheiro a políticos. Pizzolato recebeu R$ 336 mil do esquema
O QUE ELE DISSE Pizzolato afirmou durante o julgamento que o dinheiro que recebeu era destinado ao PT e foi entregue a um emissário do partido. Ele se queixou do fato de que outros executivos do banco autorizaram repasses de recursos do Visanet e não foram processados. Ele nega que o dinheiro tenha sido desviado para o mensalão
17 de janeiro de 2014
Folha S.Paulo