"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Confissão adiada


“Tenho dito para todo mundo: eu, quando terminar toda a votação sobre o mensalão, aí eu quero falar algumas coisas que eu penso a respeito disso”.

Lula, nesta quarta-feira, adiando mais uma vez a hora de confessar que não só sabia de tudo como esteve no comando o tempo tudo.

Ministro da Defesa

“Em homenagem aos princípios constitucionais, peço que se abra vista e que a defesa se manifeste”.

Ricardo Lewandowski, ministro do STF, ao defender que os mensaleiros que entraram com embargos infringentes não sejam presos, chamando os advogados dos réus para fazerem o papel que ele tem desempenhado desde o começo do julgamento.

Ordens superiores

“O quadro está mapeado e o processo será civilizado e sem rupturas. Em vários estados teremos duas candidaturas”.

Rui Falcão, presidente do PT, ao afirmar que a crise com o PMDB, que ameaçava romper com seu partido em disputas regionais, não causará nenhum problema desde que todos os militantes engulam sem engasgos todas as ordens do chefe Lula.

Pecados veniais

“Imagina perder automaticamente o mandato por causa de uma condenação criminal por uma briga de condomínio ou briga de trânsito? O Poder Legislativa ficaria nas mãos do Judiciário”.

Mozart Vianna, secretário-geral da Câmara dos Deputados, sobre o projeto de lei que prevê a perda imediata do mandato em casos  de condenação judicial, explicando que os pecados mais graves praticados pela turma da Casa dos Horrores são reclamar do barulho das crianças do apartamento vizinho e queixar-se do motorista do carro que está logo à frente por ter freado sem avisar.

Dúvida pertinente

“Garotinho, você é governo ou oposição?”

Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, nesta quarta-feira, durante a reunião de líderes promovida para tratar do Marco Civil da Internet, depois de meditar sobre as intervenções do deputado Anthony Garotinho, confessando não ter descoberto se o comandante da bancada do PR é de direita, de centro, de esquerda ou, como Gilberto Kassab e seu PSD, de lugar nenhum.

Nada a ver

“A execução orçamentária das emendas é de responsabilidade das prefeituras”.

Aldo Rebelo, ministro do Esporte, informando que não tem nada a ver com os R$ 1,2 milhão de emendas ao Orçamento que ele mesmo despejou em obras executadas em quatro municípios paulistas por empresas ligadas à Máfia do Asfalto.

Neurônio com fuso

“Não, não, isso não. Estou aqui fazendo uma visita de Estado e vocês ficam perguntando de eleição?”

Dilma Rousseff,  nesta segunda-feira, durante a visita ao Chile, sobre as possíveis consequências da briga entre Fernando Haddad e Gilberto Kassab, confessando que o neurônio solitário não consegue pensar ao mesmo tempo em dois assuntos, principalmente quando localizados em distingos fusos horários.
 

Tudo explicado

“Sendo assim, o serviço de táxi-aéreo aparece como o mais apropriado para atender essa necessidade, tendo em vista que nem todos os municípios brasileiros são atendidos pela aviação comercial regular”.

Trecho da nota informativa publicada no portal do governo do Distrito Federal para justificar a compra de um jatinho que ficará à disposição do governador Agnelo Queiroz, explicando que não existem voos comerciais entre Brasília e as cidades satélites.

Condenado confiante

“Agradeço muito a preocupação dos companheiros, mas julgamos que não é conveniente, neste momento, promover algum tipo de campanha deste tipo. Vamos esperar o término do julgamento”.

José Genoino, deputado federal pelo PT de São Paulo, condenado no julgamento do mensalão por formação de quadrilha e corrupção ativa, sobre a campanha destinada a arrecadar os R$ 468 mil da multa imposta pelo STF, revelando que ainda confia na eficiência da bancada dos ministros da defesa.

Turbilhão mental

“Estou vivendo um turbilhão na cabeça em que se mistura poesia e sangue”.

José Genoino, deputado federal pelo PT de São Paulo, condenado no julgamento do mensalão a seis anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha e corrupção ativa, mostrando que pensar em cadeia faz mal à cabeça.

14 de novembro de 2013
in Augusto Nunes, Veja

VALE A PENA RELER...

O estrategista trapalhão, a CPI da Vingança e a bancada dos sem-vergonha


PUBLICADO EM 25 DE MAIO DE 2012

Quem esconde bandidos em casa não deve procurá-los no porão do vizinho, descobriram os parlamentares do PT que embarcaram na aventura planejada pelo estrategista trapalhão. O ex-presidente Lula enxergou na CPI do Cachoeira a armadilha perfeita para a captura dos inimigos Demóstenes Torres e Marconi Perillo. Sem contar o providencialíssimo efeito colateral: o berreiro no Congresso evitaria que o julgamento dos mensaleiros monopolizasse as atenções que continuam convencidos de que ladrão merece cadeia.

Deu tudo errado: em parceria com José Dirceu, Lula acabou armando uma arapuca onde se enfiaram, além do senador do DEM e do governador do PSDB, também os companheiros Sérgio Cabral e Agnelo Queiroz, o empreiteiro Fernando Cavendish e outros fregueses da Delta. O comentário de 1 minuto para o site de VEJA registra que a CPI, ao seguir o caminho que Lula traçou para chegar ao coração do poder em Goiás, desembocou na trilha que margeia o penhasco.

Formada por representantes da aliança governista e dos partidos de oposição, a bancada dos sem-vergonha, amplamente majoritária, decidirá na próxima terça-feira o destino da CPI.  Aprovar a quebra do sigilo bancário da Delta e a convocação de Cavendish, Cabral, Perillo e Queiroz será o começo do salto no escuro. Deixar fora das investigações os bandidos de estimação será o fim da CPI.

Consumada a segunda hipótese, os deputados e senadores favoráveis à absolvição arbitrária dos pecadores não devem contar com o socorro de Lula. Se lhe pedirem que assuma a paternidade da trapalhada, o idealizador da CPI da Vingança dirá, mais uma vez, que não sabe de nada. Melhor justificar o voto cafajeste numa nota conjunta inspirada no carinhoso torpedo enviado por Cândido Vaccarezza a Sérgio Cabral, sem pontapés no português. Uma única frase é suficiente: “Eles são nossos e nós somos deles”.

14 de novembro de 2013
Augusto Nunes, Veja

O BRASIL DECENTE GANHOU

“Que seja lançado o nome do réu no rol dos culpados”.

Pode ser que a prisão em regime semiaberto nem seja efetivada. Pode ser que tenhamos embargos infringentes dos embargos infringentes ou outra decisão derivada da situação (mais uma vez!) criada por Lewandowski.

Assim como a Justiça Criminal pode, a partir de agora, ser qualquer outra coisa menos Justiça. Ou como (surpresa!) disse Barroso: um “carnaval de recursos”. Na falta de argumentos, contraprovas e defesas sólidas, apelou-se para as chicanas e filigranas, como assinalou Joaquim Barbosa.

Mas continuo otimista. Lutamos com o que temos. Comemoramos as vitórias que, se hoje são pequenas, podem ser um marco para o amanhã. Mantemos a dignidade exigindo que o Estado de Direito seja respeitado. Que a cidadania seja mais que um conceito que se jogou fora na era da mediocridade.

E por que o otimismo? Os mesmos nomes que constavam de decretos presidenciais de nomeações, de proposituras no Parlamento, nos convites oficiais, hoje estão lançados no rol dos culpados!

Eles não perceberam isso. A mediocridade e a ausência de ética política e humana desprezaram a condenação que envia o nome do culpado a uma lista de vergonha em cada canto do Brasil. Preferem ─ como a imoral lógica petista ensina ─ a vergonha a perder algo, seja uma pretensa batalha política, um projeto de poder totalitário ou simplesmente alguns centavos dos milhões roubados de todos nós.

A vergonha não está no cadafalso, mas nos motivos que levam alguém até lá. Os nomes dos quadrilheiros constam IMUTAVELMENTE no rol dos culpados. Fecha a biografia de canalhas.
Ganhamos. O Brasil decente ganhou.

14 de novembro de 2013
REYNALDO ROCHA

PIBINHO E MUTRETA: SUSPEITA DE PROPINA E SUPERFATURAMENTO NO MINISTÉRIO DA FAZENDA

Deu na revista Época desta semana. Escândalo no Ministério da Fazenda, acusação de propina e contrato superfaturado. Será que agora o ministro cai?

 
mantega dilma Pibinho e mutreta: suspeita de propina e superfaturamento no Ministério da Fazenda
Hummm! É melhor deletar esse negócio...
 
O Brasil enfrenta uma crise econômica assustadora: alta de preços, volta da inflação, PIB minúsculo. A incompetência do Ministério da Fazenda é sabida por todos, mas agora o caldo entornou. Além da péssima gestão, suspeita de trambique.
Segue trecho da reportagem desta semana da revista “Época”, do glorioso Diego Escoteguy – a íntegra pode ser lida no site da revista (com direito a inúmeros facsímiles de documentos):
Assessores de Guido Mantega são acusados de desvio de dinheiro – Uma empresa que detém contrato superfaturado com o Ministério da Fazenda é suspeita de pagar propina a dois assessores do ministro – Marcelo Fiche, chefe de gabinete de Mantega (à dir.), levou o amigo Humberto Alencar (à esq.) à assessoria da Fazenda. Ambos deram início à contratação da Partners.  
Em abril deste ano, a jovem Anne Paiva, secretária da empresa Part­ners, que detém contrato de assessoria de imprensa com o Ministério da Fazenda, dirigiu-se à agência do Banco do Brasil onde mantém sua conta bancária, na cidade de Sobradinho, nos arredores de Brasília.  
Contratada pela Partners desde janeiro, Anne cuidava das tarefas burocráticas da empresa na capital: atendia telefonemas, pagava contas, encaminhava documentos para os clientes. Ganhava R$ 1.300 por mês. Naquele dia de abril, disse Anne a ÉPOCA, ela sacou em dinheiro vivo, da mesma conta em que recebia seu salário, R$ 20 mil que haviam sido transferidos pela Partners de outra conta no Banco do Brasil – a conta em que o Ministério da Fazenda deposita, todo mês, o que deve à empresa.  
Anne afirma que acomodou o dinheiro num envelope, atravessou a cidade e subiu ao 5º andar do Ministério da Fazenda. Segundo seu relato, Anne encontrou quem procurava numa sala ampla próxima ao gabinete de Guido Mantega: o economista Marcelo Fiche, chefe de gabinete de Mantega e, hoje, segundo homem mais poderoso da Pasta. Entregou-lhe o envelope, como se fosse um simples documento. De acordo com Anne, Fiche não conferiu o conteúdo do envelope. Apenas sorriu e agradeceu. “Manda um abraço para o Vivaldo!”, disse Fiche ao se despedir, segundo o relato de Anne.  
Vivaldo Ramos é o diretor financeiro da Partners, uma empresa de Belo Horizonte. Era chefe imediato dela. Fora Vivaldo que avisara Anne, para sua perplexidade, que a Partners acabara de fazer um “depósito de suprimento” na conta dela.  
De acordo com Anne, fora Vivaldo que a mandara sacar o “suprimento” e entregá-lo a Fiche. Aquela foi a primeira das quatro vezes em que, segundo Anne, ela aceitou distribuir dinheiro a Fiche e a outro assessor de Mantega: Humberto Alencar, chefe de gabinete substituto e fiscal do contrato do ministério com a Partners – cabe a Alencar autorizar os pagamentos da Pasta à Partners. Ainda de acordo com Anne, Fiche e Alencar receberam, das mãos dela, um total de R$ 60 mil. Sempre em dinheiro vivo. As entregas, segundo Anne, aconteceram ao lado do gabinete de Mantega e no escritório da Partners em Brasília.  
Depois de fazer o quarto repasse de propina, Anne comunicou à Partners que não faria mais pagamentos. Temia o que poderia lhe acontecer se as autoridades descobrissem. Na manhã do dia 11 de setembro, Anne esteve na sucursal de ÉPOCA em Brasília para contar o que sabia. Por que ela decidira fazer isso? Anne afirmou que se casaria em breve e que, em seguida, se mudaria para a cidade natal do noivo.  
Em razão dessa mudança, deixaria o emprego na Partners. A princípio, narrou Anne, a Partners topara, em virtude dos bons serviços prestados por ela, pagar-lhe como se a tivesse demitido. Em seguida, a empresa mudara de ideia, sem dar explicações. Anne, portanto, estava indignada com o que considerava ser uma traição da empresa pela qual se arriscara. Temia ser obrigada a pagar mais impostos por causa da pequena fortuna que fora depositada em sua conta. “Diante de todo o estresse que passei, não quero ficar calada”, disse. “A pessoa que entrar lá no meu lugar (na Partners) passará por isso também.  
No dia em que a bomba estourar, quando alguém descobrir, lembrarão só da secretária.” Retribuição não parecia ser o único motivo de Anne. Ela também demonstrou, em diversos momentos, indignação moral com o esquema: “Não é justo o que eles (Partners e assessores da Fazenda) fazem. É dinheiro público, dinheiro seu e meu”. Ela repassou a ÉPOCA uma extensa documentação interna da Partners. Os papéis corroboravam seu depoimento.  
Tratava-se de e-mails, extratos de mensagens via Skype, comprovantes bancários, planilhas de pagamentos e cópias das prestações de contas da empresa ao Ministério da Fazenda. Comprovavam, entre outras irregularidades, que a Partners transferira altas somas para a conta dela e a orientara a entregar o dinheiro aos dois assessores de Mantega.  
Numa das mensagens de Skype, datada do dia 4 de julho deste ano, Vivaldo pede a Anne para entregar R$ 15 mil a Alencar. “Em Brasília, eu era o braço direito e esquerdo da Partners”, disse. “Servi de laranja por quatro vezes, para a empresa poder passar (dinheiro) ao chefe de gabinete do ministro.” (grifos nossos)
Incompetência e Corrupção

 A total imperícia do Ministério da Fazenda já provocou estragos demais no país. E agora mais essa história envolvendo a chefia de gabinete da pasta.
É provável que Dilma faça o jogo de cena tradicional de quando seus nomeados são pegos com a boca na botija: finge que ficou brava, demite algum subalterno, sem mexer na estrutura.
Mas dessa vez, ainda que o governo não tenha repúdio quanto ao que chama de “malfeito”, poderia ser ao menos mais firme por conta das patifarias da política econômica.
Resumindo: pede pra sair, Mantega!

14 de novembro de 2013
Gravatai Merengue

INCERTEZA NA ECONOMIA ATRASAM CRESCIMENTO DO BRASIL

                                                                                
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Y0XmYLfgG9c
                                    
Em entrevista ao Instituto Millenium, Armínio Fraga destaca três temas atuais da agenda econômica nacional: a insegurança no ambiente de negócios, a elevada carga tributária brasileira e poucos recursos para infraestruturam

14 de novembro de 2013

UMA AUSÊNCIA DE MODELO

Sou do tempo em que se discutia qual era o maior país do mundo. Éramos tão ignorantes e ingênuos que, mesmo neste vale de lágrimas, acreditávamos na existência de nações sem problemas.
Um sujeito dizia que a França era o cara; mas um outro arguia que não: o lugar era dos alemães porque, além da excelência nas suas máquinas inquebrantáveis, eles tinham reinventado a religião, a literatura e a música. Já um terceiro lembrava que os americanos ganharam o guerra e que, sem ter tido dissidências internas que desembocavam no terror ou no nazismo, davam valor à iniciativa individual e inventaram o filme colorido e musicado. Mal dizia isso, porém, um outro notava a velha Inglaterra da Revolução Industrial e do estado de bem-estar social. O primeiro país a equilibrar democracia com aristocracia, equilibrando ricos e pobres. Essas classes que em todo lugar viviam sem classe.

Era a deixa para alguém falar da União Soviética e situá-la como o modelo de um paraíso já em curso. Avassalador e irresistível como a manifestação mais clara das leis do progresso histórico, liberada pelo partido — esse instrumento da liberdade concreta e do fim do ardil burguês — do capitalismo condenado à morte pelo seu próprio funcionamento.

Assim era o nosso mundo, feito de países de elite: grandes, adiantados, civilizados e resolvidos. Neles, nada faltava e por isso eram o oposto do Brasil, onde faltava tudo
 
Tal era o debate nos meus tempos de juventude quando, numa praia de Icaraí sem poluição, eu ouvia o Pezinho, o Silvinho, o Enylton e o Moliterno, para ficar nos mais queridos, essas preocupações que se reproduziam na casa de vovô Raul quando meus tios discordavam sobre os melhores automóveis, navios, aviões e, creiam-me!, navalhas. Aliás, esse era o único assunto que fazia meu pai falar e introduzir no campo dos países exemplares a Suécia, pois somente ele barbeava-se com o inigualável aço de navalhas escandinavas.

Com a Suécia, surgia a Holanda. Uma Holanda conhecida pelos moinhos de vento, pois nada sabíamos de sua trajetória cultural marcada pelo calvinismo, pelo grande Espinosa e pelas suas famosas putas em vitrines, como a confirmar o que freudianamente sobra quando se combate extremadamente a sexualidade. Havia um imenso toque de provincianismo e pós-guerra nesses debates, razão pela qual surgia o Japão como eventual bandido e a China como uma espécie de doente perdido e, imaginem, irrecuperável.

À nossa pátria — esse Brasil feito de lusitanos, índios e negros escravos — que era o lanterninha do mundo, cabia o papel de ator estreante cujas linhas mal decoradas não convenciam no palco onde brilhavam esses gigantes “adiantados” que por suposto e definição haviam dado certo e resolvido tudo.

Isso era tão verdadeiro que ouvi de um professor que a própria língua já determinava o lugar das “raças humanas”, conforme era comum classificar as sociedades daqueles dias antigos e ferozes. “Tome o alemão. Só um sujeito inteligentíssimo pode dominar essa língua complexa, criativa e desenhada para a filosofia!”, dizia ele. “E o português?”, perguntou um colega. “Bem — respondeu o mestre sorrindo — a nossa língua pátria é boa para o samba, para a anedota e para o mais ou menos!”

Mais tarde, descobri que o professor havia tentado aprender alemão com um refugiado de guerra; um tal de Otto Folterer, e que o instrutor o havia feito desistir por “falta de inteligência”. Quando timidamente eu perguntei do meu canto como é que se explicava que na Alemanha as crianças falavam alemão, ninguém me deu atenção. Eram todos, como os gregos antigos, inteligentíssimos, tal como os holandeses, que, não sei bem por que, teriam essa afinidade com os helenos e os germânicos. Segundo a lenda, os holandeses seriam capazes de entender todas a línguas, desde que o estrangeiro falasse devagar, soletrando as palavras.

Foi o que ocorreu com o Soares quando ele viajou para o Holanda. Sem saber uma virgula de holandês, lembrou-se do detalhe e pediu ao esguio e atencioso garçom holandês um bife bem passado com fritas e um chope gelado pronunciando cada palavra monossilabicamente. Minutos depois, chegou o garçom com o pedido. “Como você me entendeu?” inquiriu o Soares. “Eu também sou da terrinha…” disse o holandês devagar, detendo-se como ele em cada silaba. “E por que Diabos — explodiu Soares — estamos falando holandês?”

Assim era o nosso mundo, feito de países de elite: grandes, adiantados, civilizados e resolvidos. Neles, nada faltava e por isso eram o oposto do Brasil, onde faltava tudo, até mesmo uma língua inteligente e um conflito brutal, mas indispensável ao progresso.

Quando eu olho para a crise europeia, apavoro-me com o radicalismo político americano que paralisa o governo, vejo como a grande esquerda francesa e russa esboroou-se, tenho uma certa nostalgia desse nosso Brasil inocente, mas que também faz espionagem, explora os médicos cubanos, derruba viadutos, sonha com censura e que, de fato, tem uma língua tão ou mais complicada que o alemão.
Essa língua que os nossos políticos já estão falando por conta das eleições…

14 de novembro de 2013
Roberto DaMatta

MERCOSUL EM BAIXA


Rubens-Barbosa
O Tratado de Assunção que criou o Mercosul, em seu artigo 1º, prevê a liberalização do comércio entre os países membros, com o objetivo de se chegar, numa segunda etapa, a uma integração econômica.
Levando em conta seu objetivo inicial, o Mercosul, o principal projeto da política externa do Governo Lula/Dilma, está seriamente abalado e sem perspectiva.

A agonia começou com sua politização. A visão partidariamente distorcida dos 12 últimos anos fez com que o objetivo comercial fosse perdido, com retrocesso em todas as áreas, e o grupo se transformasse em fórum de debates políticos e sociais.
As medidas restritivas contrárias ao Mercosul — sobretudo da Argentina, desviando nossas exportações para concorrentes asiáticos —, a insegurança jurídica, a inclusão, por motivação política, da Venezuela, da Bolívia e proximamente do Equador, a falta de apoio para a defesa dos interesses setoriais e a dificuldade para integrar as empresas nas cadeias produtivas de valor agregado tornaram o Mercosul, no momento atual, menos atraente para o Brasil.

A visão partidariamente distorcida dos 12 últimos anos fez com que o objetivo comercial fosse perdido, com retrocesso em todas as áreas, e o grupo se transformasse em fórum de debates políticos e sociais
 
Enquanto a Ásia, por um lado, realiza uma ampla integração produtiva com acordos de livre comércio entre China, Japão e Coreia; entre a Asean e os EUA; e começa a se desenhar um acordo comercial entre a UE e os EUA, o Mercosul, de seu lado, só assinou três acordos comerciais (com Israel, o Egito e a Autoridade Palestina).

A única negociação em curso do Mercosul é com a União Europeia. Espera-se que, depois de mais de 12 anos, consigamos chegar a um acordo de livre comércio com os demais membros do Mercosul. Caso isso não seja possível, o Brasil deveria libertar-se das amarras da negociação conjunta de produtos e serviços que poderiam ser liberalizados, para negociá-los separadamente com terceiros países.

Em recente reunião de coordenação na Venezuela, os países membros reiteraram o interesse em concluir um acordo de cooperação e comércio com a União Europeia. No fim do encontro, o presidente venezuelano, Maduro, disse esperar que, na reunião presidencial do Mercosul de dezembro em Caracas, seja assinado acordo político para criação de uma zona de desenvolvimento econômico compartilhado na América Latina integrada pelo Mercosul, pela Aliança Bolivariana dos Povos da América, pela Petrocaribe e pelo Caricom.

Em reunião entre Brasil e Argentina, no inicio do mês, o Brasil reclamou da demora da Argentina em finalizar a elaboração da lista de produtos que, junto com as de Brasil, Paraguai e Uruguai, deve ser entregue à União Europeia em breve. Na reunião técnica do Mercosul, no dia 15, o Brasil deveria deixar claro que entregará as ofertas de produtos com ou sem a Argentina. A “paciência estratégica” com a Argentina deveria ter um limite.

A fidelidade do Brasil ao projeto de integração é a única garantia da não desintegração do subgrupo regional. É por isso mesmo que o Brasil, ao contrário do que acontece atualmente, deveria assumir sua liderança efetiva e propor a revisão das regras do Mercosul para restabelecer os objetivos econômicos e comerciais iniciais do bloco.

14 de novembro de 2013
Rubens Barbosa

AFINAL, QUEM SÃO OS RACISTAS?

      
          Artigos - Movimento Revolucionário        

Será tão difícil entender, mesmo com todos os exemplos históricos, que o progresso não pode ser alcançado por meio de líderes raciais ou étnicos?

Alguns anos atrás, uma pessoa disse que, de acordo com as leis da aerodinâmica, um abelhão não pode voar.  Mas os abelhões, alheios às leis da aerodinâmica, vão em frente, contrariam os dizeres dos especialistas, e voam assim mesmo.

Algo semelhante ocorre entre as pessoas.  Enormes e tediosos estudos acadêmicos, bem como melancólicos e sombrios editoriais de determinados jornais, são produzidos às pencas lamentando o fato de que a maioria das pessoas pobres e negras não consegue ascender socialmente, e que isso seria uma fragorosa demonstração de discriminação. 
 
O curioso é que, em vários países ao redor do mundo, inclusive naqueles países chamados de terceiro mundo, vários imigrantes extremamente pobres, principalmente oriundos da Ásia, não apenas conseguem prosperar mesmo sendo de uma cultura totalmente distinta, como também conseguem enriquecer sem jamais recorrer a favores especiais e a políticas de ação afirmativa.
 
Normalmente, estes imigrantes asiáticos chegam a um novo país praticamente sem nenhum dinheiro, sem nenhum conhecimento do novo idioma e sem nenhuma afinidade cultural.  Eles frequentemente começam trabalhando em empregos de baixa remuneração.  Mas trabalham muito.  A norma é trabalharem em mais de um emprego.  Trabalham tanto que conseguem poupar e, após alguns anos, utilizam esta poupança para empreender.  Muitos abrem um pequeno comércio, no qual continuam trabalhando longas horas e ainda continuam poupando, de modo que se tornam capazes de mandar seus filhos para a escola e para a faculdade.  Seus filhos, por sua vez, sabem que seus pais não apenas esperam, como também exigem, que eles sejam igualmente disciplinados, bons alunos e trabalhadores.
 
Vários intelectuais já tentaram explicar por que os imigrantes asiáticos são tão bem-sucedidos tanto em termos educacionais quanto em termos econômicos. Frequentemente chega-se à conclusão de que eles possuem algumas características especiais.  Isso pode ser verdade, mas seu sucesso também pode ser atribuído a algo que eles não têm: "líderes" e autoproclamados porta-vozes lhes dizendo diariamente que são incapazes de prosperar por conta própria, que o sistema está contra eles, que eles não têm chance de ascender socialmente caso não sigam os slogans repetidos mecanicamente por estes líderes e sociólogos, e que por isso devem se juntar sob o rótulo de "vítimas do sistema" e exigir políticas especiais e tratamento diferenciado.
 
Vá a qualquer país, seja ele rico ou em desenvolvimento, e pesquise sobre a existência de "líderes" e de grupos de interesse voltados para a promoção de políticas de ação afirmativa para os asiáticos. Você não encontrará. Você não encontrará sociólogos dizendo que os imigrantes asiáticos, por serem minoria e por estarem culturalmente deslocados, estão em desvantagem e que por isso o governo deve criar leis de cotas para ajudá-los a ascender socialmente.
 
Infelizmente, é exatamente esta linha de raciocínio, só que em relação aos negros, que vem sendo diariamente propagada por acadêmicos e sociólogos irresponsáveis. Eles são a versão humana das leis da aerodinâmica, que dizem precipitadamente que determinadas pessoas não podem ascender e prosperar a menos que haja um empurrão do governo.
 
Aquelas alegações morais que foram feitas no passado por gerações de genuínos líderes negros — alegações que acabaram por tocar a consciência de várias nações e que viraram a maré em prol dos direitos civis para todos — hoje foram desvalorizadas e apequenadas por uma geração de intelectuais, sociólogos e autoproclamados "líderes" de movimentos raciais que tratam os negros como seres abertamente incapazes de prosperar sem a ajuda destes pretensos humanistas, os quais agem abertamente de acordo com uma agenda política de escusos interesses próprios.
 
O que é perfeitamente perceptível é que, ao longo das gerações, as pessoas que dizem falar em prol do "movimento negro" sofreram uma mutação de caráter: se antes possuíam uma alma nobre, hoje não passam de charlatães descarados. Após a implantação definitiva de políticas de ação afirmativa nos EUA, esses charlatães perceberam que era muito fácil ganhar dinheiro, poder e fama ao redor do mundo ao simplesmente se dedicarem à promoção de ações e políticas raciais que são totalmente contraproducentes aos interesses das pessoas que eles próprios dizem liderar e defender.
 
No passado, vários outros grupos de imigrantes também representavam minorias que tinham tudo para ser consideradas oprimidas e discriminadas, pois chegavam a outros países quase sem nenhum dinheiro, com pouquíssima educação e com total desconhecimento da cultura local, mas que não obstante ascenderam por conta própria, muito provavelmente porque não foram "privatizadas" por líderes raciais.  Imigrantes e outras minorias que nunca tiveram "porta-vozes" e "líderes" raramente dependeram de subsídios do governo e quase sempre apresentaram altos níveis educacionais obtidos com o esforço próprio.
 
Grupos que ascenderam da pobreza à prosperidade raramente o fizeram por meio de líderes étnicos ou raciais. Ao passo que é fácil citar os nomes de vários líderes do "movimento negro" ao redor do mundo, tanto atuais quanto os do passado, quantos são os lideres étnicos que defendem os interesses dos asiáticos ou dos judeus em países em que eles são a minoria?
 
Ninguém pode negar que há anti-semitismo e que já houve discriminação aos asiáticos.  Sempre houve. Mas eles nunca seguiram "líderes" cujas mensagens e atitudes serviram apenas para mantê-los presos à condição de bovinos.
 
Essa postura de dizer aos seus "seguidores" que eles são mais atrasados, tanto econômica quanto educacionalmente, por causa de outros grupos "opressores" — e que, portanto, eles devem odiar estas outras pessoas — tem paralelos na história recente.  Essa foi a mesma motivação utilizada pelos movimentos anti-semitas no Leste Europeu no período entre-guerras, pelos movimentos anti-Ibo na Nigéria na década de 1960, e pelos movimentos anti-Tamil, que fizeram com que o Sri Lanka, outrora uma nação pacífica e famosa por sua harmonia intergrupal, se rebaixasse, por influência de intelectuais, à violência étnica e depois se degenerasse em uma guerra civil que durou décadas e produziu indescritíveis atrocidades.
 
Será tão difícil entender, mesmo com todos os exemplos históricos, que o progresso não pode ser alcançado por meio de líderes raciais ou étnicos? Tais líderes possuem incentivos em demasia para promover atitudes e políticas polarizadoras que são contraproducentes para as minorias que eles juram defender e desastrosas para o país. Eles se utilizam das minorias para proveito próprio, atribuindo a elas incapacidades crônicas que supostamente só podem ser resolvidas por políticas que eles irão criar. Eles são os verdadeiros racistas.

 14 de novembro de 2013

Thomas Sowell um dos mais influentes economistas americanos, é membro sênior da Hoover Institution da Universidade de Stanford. Seu website: www.tsowell.com.

Publicado no site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

Tradução: Leandro Roque

URUGUAI: O DR. VÁZQUEZ, O DEUS CASTRO E O CAMINHO MACONHEIRO AO SOCIALISMO


          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
No Uruguai de hoje, um exemplo característico da profunda revolução nas mentalidades, nos costumes e nos princípios morais que a Frente Ampla leva a cabo, é a recente aprovação na Câmara dos Deputados de uma lei que legaliza o consumo, a produção e a venda de maconha. 


1. O Dr. Tabaré Vázquez, o ex-presidente do Uruguai pela esquerdista Frente Ampla, preparando sua nova candidatura presidencial, viajou recentemente à Havana para o indispensável ritual de queimar incenso ante o deus Fidel Castro.


2. Vázquez contou detalhes de sua visita ao paraíso comunista, durante a celebração do 9º aniversário da primeira vitória presidencial da Frente no Uruguai. Parece que em uma longa entrevista com o deus Castro, este se dignou fazer-lhe um elogio:“Vocês, Tabaré, estão fazendo as coisas bem. Continuem como estão, porque hoje pensar em fazer uma revolução é coisa de loucos”. E lembrou-lhe da meta que o Dr. Vázquez e os frentistas não devem perder de vista: continuar “construindo o caminho para o socialismo” (La República, Montevidéu, 01 de novembro de 2013, página 03).

3. O que é fazer “as coisas bem”, para o deus Castro? Parece ser o fato de que as esquerdas uruguaias, incluindo os ex-guerrilheiros tupamaros - que foram derrotados na aventura violenta que pretendia transformar o pequeno porém estratégico Uruguai em uma nova Cuba, e que na ocasião ganharam o repúdio das maiorias - tenham-se metamorfoseado de tal maneira, que tenham enfeitiçado o país de tal modo, que hoje estejam governando há mais de 9 anos, com a perspectiva de continuar fazendo-o. A revolução armada foi substituída por uma revolução nas mentalidades, muito mais eficaz para desconstruir o Uruguai sem sobressaltos, e para evaporar os princípios cristãos das almas dos uruguaios.

4. Para que a anestesia que adormece o Uruguai não passe, e para que na próxima campanha presidencial seus correligionários não façam gestos “de loucos” que possam sacudir o país da letargia em que jaz, o Dr. Vázquez citou também o deus Karl Marx, que advertiu sobre o perigo que representam para a revolução certos “gestos” aparentemente “heróicos”, mas na realidade imprudentes, que possam despertar os adormecidos e, portanto, “servir ao inimigo”.

5. No Uruguai de hoje, um exemplo característico da profunda revolução nas mentalidades, nos costumes e nos princípios morais que a Frente Ampla leva a cabo, é a recente aprovação na Câmara dos Deputados de uma lei que legaliza o consumo, a produção e a venda de maconha. A iniciativa aprovada habilita os maiores de 18 anos a adquirir em farmácias até 40 gramas mensais, ao preço de 2,5 dólares por grama, além da possibilidade de auto-cultivar até seis plantas e formar clubes de maconheiros. Essa incrível lei está em estudo em uma comissão do Senado, e a Frente Ampla pretende aprová-la neste mês de novembro.

6. A própria presidente do Brasil, Dilma Rousseff, correligionária ideológica da Frente
Ampla uruguaia, acaba de enviar ao Uruguai uma missão encabeçada por seu principal assessor em matéria de drogas, e por parlamentares desse país, para solicitar que essa lei não seja aprovada, porque o Uruguai se transformaria em provedor de maconha para todos os estados sulinos da gigante nação brasileira (El País, Montevidéu, 02 de novembro de 2013).

7. No caso de que a lei de legalização da maconha se aprove, o conselho do deus Castro a seu discípulo, o virtual candidato presidencial Dr. Tabaré Vázquez, poderá consolidar-se nessa pequena, porém influente nação, como um inédito e demolidor “caminho maconheiro ao socialismo”.

8. Os apontamentos de Destaque Internacional são breves comentários interativos, de caráter oficioso. Os comentários destinam-se a chamar a atenção sobre temas “politicamente incorretos” e que costumam ficar à margem, apesar de que são vitais para a sociedade. Nossa finalidade é a de estimular debates e remover anestesias paralisantes. São bem-vindas sugestões, opiniões e críticas.

Alguns editoriais anteriores sobre o Uruguai:

Referéndum uruguyo: ¿”sabio”pro-aborto e anti-vida? -http://www.cubdest.org/1306/c1306plebiscitouy.html
Desconstrucción a la uruguaya: mujiquismo, tubo de ensayo y grumos - http://www.cubdest.org/1306/c1306plebiscitouy.html
El Uruguay secuestrado: radicales de izquierda, Ley de Caducidad e voluntad popular - http://www.cubdest.org/1306/c1306plebiscitouy.html
Uruguay: Frente Amplio, urticaria de huelgas y deshilachamiento -http://www.cubdest.org/1306/c1306plebiscitouy.html
Apontamentos de Destaque Internacional - 04 de novembro de 2013. Responsável: Javier González - e-mail: destaque2016@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.  (para enviar opiniões, pedir remoção, etc.) - Este editorial pode-se difundir livremente, sem necessidade de citar a fonte.

14 de novembro de 2013

Tradução: Graça Salgueiro

SEM FUTURO NO PARAÍSO


          Artigos - Movimento Revolucionário        

O prof. Lessa tem algum futuro na sociedade burguesa. No comunismo, nenhum. Quanto menos resistência haja ao comunismo, mais inimigos imaginários o governo comunista vai matar. 

No livreto Abaixo a família monogâmica, que circula na internet sob o patrocínio  de um "Instituto Lukács", o sr. Sérgio Lessa, criador dessa entidade e professor de uma universidade federal onde ensina os horrores do capitalismo e as belezas do comunismo, escreve: "Os comunistas não propõem a poligamia, do mesmo modo como não defendem a monogamia. Não defendemos o descompromisso afetivo e pessoal que caracteriza algumas propostas de 'amor livre', assim como recusamos o moralismo monogâmico hoje predominante. Estamos propondo que as relações amorosas devam ser pautadas apenas e tão somente pelas decisões livres, emancipadas, das pessoas."
 
Qual a diferença entre o "amor livre" e "relações amorosas pautadas tão somente por decisões livres"? Talvez seja a diferença entre um triângulo e uma figura plana de três lados, mas não é isso o que interessa no momento.
 
O que interessa é que o professor Lessa, com a sua idealização do paraíso amoroso socialista, é o protótipo do "verdadeiro crente", que não sobrevive por muito tempo num regime comunista de verdade. 
 
Os que esperam do comunismo um jardim dos prazeres estão sempre entre as  vítimas do novo regime quando ele sai do papel para a realidade. Isso aconteceu na URSS, na China, em Cuba, no Vietnam, no Camboja, etc. Só não acontecerá aqui se Deus for brasileiro – o que é algo impossível tanto para os crentes quanto para os ateus.
 
Lessa repete quase "ipsis litteris" o ideário de Karl Radek, um dos pioneiros da Revolução Russa e, sob certos aspectos, um grande cérebro. Sob certos aspectos, mas não naquele que o assemelha ao Prof. Lessa. Por inspiração de Radek, o Estado soviético dos primeiros anos fomentou de tal modo a destruição da família monogâmica que, decorrida uma geração, a massa de adolescentes sem pais identificáveis que se espalhou pelas ruas de Moscou, assaltando e matando, passou a ser designada popularmente como "os filhos de Karl Radek".
 
Quando o homem caiu em desgraça, Stálin teve o requinte de mandá-lo para um presídio de delinquentes juvenis, onde o velho bolchevique morreu esmurrado e  pisoteado por aqueles mesmos jovens dos quais fora o avô espiritual.
 
O professor Lessa pode imaginar, talvez, que o stalinismo seja um episódio encerrado da história do comunismo; entretanto, muita gente não acredita que seja assim e fará todo o possível para que não seja assim. 
 
Nos últimos anos, à medida que a esquerda consolida seu poder hegemônico e não deixa espaço para nenhum risco de contestação, as cobras, sentindo-se seguras, vêm saindo das tocas e silvando alto e bom som aquilo que antes só ousavam cochichar no escuro: a apologia de Stálin ressoa por toda parte no mundo bloguístico nacional, e ela não é um movimento espontâneo de opinião – é a expressão uniforme de uma militância organizada, decidida e feroz.
 
À luz da História, é insensato imaginar que, nas fases mais adiantadas da implantação do comunismo, a "linha dura" stalinista não acabará por prevalecer, como sempre, sobre os sonhadores e utopistas de toda sorte, e por dar a eles o destino que deu a Karl Radek.
 
A matança comunista intensifica-se quando, não havendo mais oposição política ou militar organizada, o regime se defronta com a resistência passiva que a natureza das coisas oferece à implantação de uma economia impossível.
 
Nada excita mais a fúria do governo comunista como esse inimigo difuso, sem rosto, incontrolável e, a rigor, invencível. Aí a sociedade inteira – incluindo os mais apolíticos e inocentes – passa a ser vista como um depósito inesgotável de traidores, de sabotadores, de "agentes da burguesia". E é preciso matar todos.
 
Entre eles, obviamente, têm prioridade os tagarelas incômodos que cobram de uma economia de misérias a produção mágica de um paraíso erótico repleto de "relações amorosas pautadas por decisões livres".
 
O prof. Lessa tem algum futuro na sociedade burguesa. No comunismo, nenhum. Quanto menos resistência haja ao comunismo, mais inimigos imaginários o governo comunista vai matar. Isso é da natureza mesma do comunismo. A fase da tomada do poder jamais é tão mortífera quanto a "construção do socialismo" que vem em seguida. 
 
As grandes matanças na URSS, na China, no Camboja ou em Cuba aconteceram quando já não havia resistência organizada. E em parte alguma o comunismo terá encontrado tão pouca resistência organizada quanto no Brasil.
 
Quem pensa que odeio comunistas é louco. Sei que, quando vier o comunismo, noventa por cento deles sofrerão como cães. Desejar poupá-los disso é ódio? Combater o comunismo é um ato de caridade para com os próprios comunistas. Ninguém matou tantos deles quanto Stálin, Mao Dzedong e Polpot.
 
Qualquer comunista que não fosse um hábil puxa-saco, carreirista abjeto e delator de companheiros estaria mais seguro na Itália de Mussolini ou na Espanha de Franco do que na URSS, na China Comunista ou no Camboja. Uso o exemplo da Itália e da Espanha só para enfatizar, com casos reais, o quanto o comunismo é perigoso para os comunistas. Mais do que qualquer regime fascista. Nem falo da segurança e bem-estar que os comunistas desfrutam nas democracias ocidentais. Não pode ter sido  coincidência, nesse sentido, que o pensamento marxista se desenvolvesse muito mais no Ocidente do que nos países comunistas. O fundador de um instituto com o nome de Georg Lukács deveria pensar nisso. 
 
No mundo soviético o autor de História e Consciência de Classe só escapou de coisa pior porque, já em idade avançada, aceitou a humilhação, curvando-se ao beija-mão oficial. Na atmosfera ocidental de livre discussão, tornou-se pai de uma tradição de pensamento que dura até hoje.

14 de novembro de 2013
Olavo de Carvalho

Publicado no Diário do Comércio.

ALANA: CUIDADO, ESTA ONG QUER CUIDAR DOS SEUS FILHOS

             
          Artigos - Globalismo        

Volto a chamar a atenção de todos para as atividades do Instituto Alana, uma ONG marxista adepta da Nova Ordem Mundial, que sob pretexto de querer proteger a infância, promove a doutrinação ideológica socialista, milita ativamente em favor da censura - principalmente da propaganda publicitária - e luta para destruir os valores da civilização livre ocidental e substituir-se ao controle dos pais.

O lugar do Instituto Itaú com a sua ONG ALANA é em lugares como Cuba e Venezuela.
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Já escrevi vários artigos sobre esta entidade, e afirmo: se você, leitor, tem conta no banco Itaú, a sua forma de combater esta instituição que se aproveita da sociedade livre para destruí-la é retirar sua conta e migrar para outro banco.

Desta feita, o Instituto Alana vem com a campanha “Prioridade Absoluta”, que segundo declara, visa informar os cidadãos sobre a desinformação da população sobre os direitos das crianças., especialmente com relação ao Art. 227 da Constituição, que diz:

Artigo 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, COM ABSOLUTA PRIORIDADE, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Mas atenção, que a militância ongueira a serviço da governança mundial socialista não descuida de emprestar à sua imagem grande zelo com extremoso profissionalismo com vistas a angariar a simpatia da opinião pública no afã de conduzi-la a seus propósitos coletivizantes.


Em várias cidades, o Instituto Alana tem promovido a Feira da Troca de Brinquedos, que incentiva as crianças a trocar seus brinquedos umas com as outras. O Instituto Alana propõe-se a defender a infância e as crianças, e a ideia de trocar brinquedos até que pode ser bastante instrutiva e divertida.
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Por trás das lúdicas oficinas e dos mais ternos discursos em prol de uma infância mais rica em amor e respeito, há uma diligente organização que move recursos a fundo perdido em ativismo judicial e lobbyes políticos com o objetivo de censurar a propaganda comercial, controlar a mídia e substituir-se aos pais no mister de educar seus filhos.

Em 03 de maio de 2012, o Instituto Alana divulgou uma 
tendenciosa e maliciosa notícia sobre alegadas “diretrizes” elaboradas pela OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde, durante o World Nutrition 2012,no sentido de defender a regulação de promoção e publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gorduras e sódio voltadas para o público infantil, que foi propriamente contestada pelo Conar, em 11 de maio de 2012, nos seguintes termos:
Em relação à nota “Idec a Alana cobram governo sobre regulação da publicidade infantil”, publicada ontem pelo propmark online, cabe importante esclarecimento. Ao contrário do que as duas entidades têm divulgado, o que a Opas anunciou não pode ser chamado de ‘diretrizes’, tampouco de ‘recomendação’ com a chancela da entidade. Como deixa claro o próprio documento, disponível no site www.paho.org, o que se divulgou é apenas ‘a opinião dos membros da Consulta de Especialistas na qualidade de pessoas físicas, não necessariamente refletindo a opinião da Opas, de suas instituições associadas ou países de origem".

Gilberto C. Leifert
Presidente do Conar
Aprendam: quando vocês se depararem com qualquer texto que faz o pieguíssimo uso de um verbo no infinitivo com função de substantivo, é porque nesse mato tem coelho! Pois, ora se meu faro anticomunista me falha! Em um cartaz de uma feira de brinquedos realizada em São Paulo, no Parque do Ibirapuera, em 2012, estava escrito: “porque brincar é fundamental, mas a infância não é mercadoria.”


Quem é que em sã consciência há de alegar que uma criança é uma “mercadoria” por viver em uma sociedade em que os cidadãos desfrutam do sistema de livre empreendedorismo? Percebam como os comunistas facilmente tramam intrigas! O problema, meus amigos, é que por mais estapafúrdias que sejam, derrubáveis mesmo por um mero sopro de bom senso, há muita gente de cabeça vazia que se deixa levar.

Além disso, o Instituto Alana já tratou de protestar a rede de lanchonetes McDonald’s por sua campanha publicitária que consistia e fazer apresentações do palhaço Ronald McDonald’s em escolas públicas e privadas. Em 07 de outubro de 2009, escrevi o artigo 
Homocracia na Floresta, no qual denunciei uma campanha de homossexuais em Boa Vista - AC, com a participação de Preta Gil, que consistia em travestis de reputação altamente duvidosa e espalhafatosamente trajados a adentrar em escolas públicas para pregarem a ideologia gaysista. Não sei se o Instituto Alana tem conhecimento de ações deste tipo, que se multiplicam pelo país, porém desconfio que isto não mereça ser alvo de seu militantismo.

Há pessoas que imaginam - julgando com o próprio ego - terem sido suas próprias infâncias mais ricas que as desta geração, e associam sua pretensa superior felicidade ao fato de não terem tido o acesso que a garotada de hoje aos modernos brinquedos.

Graças a Deus, (ainda) vivemos em um país com algum resquício de produção econômica por mãos privadas. O mercado não é um jogo de soma-zero. O mercado é a soma das interações voluntárias e mutuamente benéficas entre as pessoas! Ninguém faz negócio acreditando estar levando prejuízo. Quem compra um lápis que seja, julga que o objeto adquirido vale mais que o dinheiro abdicado.

Graças a Deus, vivemos em uma sociedade de livre mercado (ou quase!). O mercado é como um grande mutirão, no qual as pessoas vão ajustando suas ações, preferências e trocas conforme vão percebendo o quanto melhor todos vão ficando! Se vivêssemos em uma sociedade em que as pessoas não pudessem ajudar umas às outras trocando as coisas que menos precisam pelas que mais precisam com outras pessoas de desejos recíprocos, então estaríamos vivendo em uma sociedade escravocrata, pois nada diferente é que em um lugar em que alguém somente tenha que dar sem receber nada em troca.

Querem ver um outro indício da aura vermelha que resplandece sobre as cabeças desta instituição? Leiam este trecho da palestra de 
Christopher Clouder – Presidente do Fellowship das escolas Waldorf para o Reino Unido e Irlanda e o CEO do Conselho Europeu para a Educação Waldorf em Bruxelas, co-fundador e diretor internacional da Alliance for Childhood:
É difícil vir ao Brasil e não citar Paulo Freire, cujo discernimento a respeito da educação era incrível. Há trinta anos ele definiu o que hoje é a Aliança, antes mesmo de sua criação: ”a busca pela humanidade completa, no entanto, não pode ser feita através do isolamento ou individualismo, mas somente por meio de companheirismo e de solidariedade”.
A Alana tem nomes de peso em sua direção. Quem exerce a sua presidência é a Sra. Ana Lúcia de Matos Barreto Villela, que também é ninguém menos que uma das maiores acionistas do grupo Itaú-Unibanco e uma das duas mulheres entre os dez brasileiros mais ricos.


Duvido muito que a Sra Ana Lúcia tenha tido uma infância austera no que diga respeito a brinquedos, ou ainda, que seus filhos, se os têm, sejam privados do acesso ao que de melhor há - não no chinfrim e deprimido mercado brasileiro – mas no americano! E quem ousa apostar que um dia ela há de renunciar à sua condição de bilionária banqueira, logo a atividade reputada entre o público como a mais voraz representante do capitalismo?

Respondam a si mesmos: quem tem mais acesso aos mais modernos e variados brinquedos e ao gozo de uma infância saudável, no seguro regaço da família? As crianças norte-americanas ou as cubanas? As europeias ou as norte-vietnamitas?

A vida e a obra da Sra Ana Lúcia de Matos Barreto Villela representam um fenômeno dos tempos modernos que foi mui propriamente reconhecido pelo genial filósofo e economista Ludwig von Mises, quando se refere aos “primos”, em contraposição aos membros da corporação familiar que realmente tocam ao barco, a quem ele genericamente denomina “patrões”. Em sua obra 
A mentalidade anticapitalista, ele assim discorre nas seguintes passagens:
Muitos “primos” se consideram prejudicados pelos acertos que regulam sua relação financeira com os patrões e com a empresa da família. Mesmo que esses acertos tenham sido feitos por decisão do pai ou do avô, ou através de um acordo firmado por eles mesmos, acham que estão recebendo muito pouco e que os patrões recebem demais. pouco familiarizados com a natureza da empresa e do mercado, estão convencidos — como Marx — de que o capital automaticamente “gera lucros”, não veem motivo para que os membros da família encarregados da condução dos negócios ganhem mais do que eles. totalmente incapazes de apreciar corretamente a significação dos balancetes e dos extratos de lucros e perdas, veem em cada atitude dos patrões uma sinistra tentativa de enganá-los e despojá-los do patrimônio herdado. Brigam constantemente com eles. (P. 29)

A briga familiar entre patrões e “primos” diz respeito apenas aos membros do clã. Mas assume maior importância quando os “primos”, para irritar os patrões, juntam-se aos anticapitalistas e financiam todo tipo de aventuras “progressistas”. Os “primos” dispõem-se a apoiar greves até mesmo nas fábricas de onde provêm seus próprios rendimentos.4  É sabido que a maior parte das revistas “progressistas” e dos jornais “progressistas” depende totalmente dos subsídios que eles fornecem. esses “primos” sustentam universidades progressistas, colégios e institutos destinados à “pesquisa social” e patrocinam todo tipo de atividades do partido comunista. na condição de “parlatórios socialistas” e de “tribunas bolchevistas”, desempenham papel importante no “exército proletário” em luta contra o “funesto sistema do capitalismo”. (P.30)

Tenham, por favor, a devida compreensão de que não estou a comparar a vida pessoal da Sra Ana Lúcia aos estereótipos comportamentais citados por von Mises, que podem muito bem parecer impróprios, no tanto em que esta senhora tenha até uma vida bastante intensa de afazeres. Não obstante, tomemos em consideração que os fatos ao que o ilustre austríaco vivenciou reportam-se a quase um século atrás, ou a duas ou três gerações antecessoras, isto é, no tempo em que os “primos” ainda não haviam tomado o poder das empresas, hoje consolidado nas mãos de seus descendentes já criados naturalmente segundo os valores social-marxistas.


Meus caros leitores: Como vocês vêm, os bancos estão completamente mancomunados com o projeto de poder socialista globalizado, e não tem sido por outra razão que têm apoiado com vetustos recursos as campanhas eleitorais do PT, principalmente de Lula e de Dilma Rousseff.

Tudo o que temos às mãos, são, pois, nossa disposição em não ceder a educação dos nossos filhos a estes mal-intencionados.

Certa vez publiquei em meu blog 
um vídeo de pouco mais de três minutos no qual uma simples mãe defende o seu direito de educar sua prole, com base na mera explicação aos seus pequenos que eles irão receber o que ela puder dar, nas medidas de suas possibilidades, como confeiteira.

Peço veementemente aos que ainda não o assistiram, que o apreciem, e que enxerguem na simplicidade daquela mãe a mais alta sabedoria e o mais legítimo amor que um ser humano pode consagrar a outro. Não há “educadores”, “pedagogos” e “especialistas” do diabo-a-quatro – jamais(!) que substituam sua função delegada por Deus! Pelo contrário, estes, via de regra, não passam de engenheiros sociais, militantes de causas espúrias, que pretendem fazer de nossas crianças as suas cobaias! Repudiemo-los veementemente, sempre que pudermos! Esclareçam os pais dos amigos e amigas dos seus filhos e unam-se a eles! E tenham a certeza: nós vamos vencer!
14 de novembro de 2013
Klauber Cristofen Pires