"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

NO SUPREMO, O INCÔMODO COM AS PRÁTICAS DE GILMAR MENDES CHEGOU AO LIMITE

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Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)
O barraco que parou o Supremo Tribunal Federal na quinta-feira não foi um incidente isolado. O ministro Luís Roberto Barroso apenas expôs em público o que outros juízes da corte já diziam em privado. O incômodo com as práticas de Gilmar Mendes chegou ao limite.
O copo transbordou quando Gilmar abandonou o tema em julgamento para ironizar uma decisão de Barroso em outro processo. Deu-se o seguinte bate-boca: “Não sei para que hoje o Rio de Janeiro é modelo”. “Vossa Excelência deve achar que é Mato Grosso, onde está todo mundo preso”. “E no Rio, não estão?”. “Nós prendemos. Tem gente que solta”.
CASO DIRCEU – Irritado com a lembrança, Gilmar acusou o colega de ter soltado o ex-ministro José Dirceu, que ele próprio libertou há seis meses. Barroso perdeu a paciência e reagiu. Sem quebrar o protocolo, chamou Gilmar de mentiroso (“Vossa excelência normalmente não trabalha com a verdade”), parcial (“Vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu”) e defensor de corruptos (“Não transfira a parceria que vossa excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”).
Barroso também disse que o colega “destila ódio o tempo inteiro” e sugeriu que ele ouvisse “As caravanas”, de Chico Buarque. A letra é um tratado sobre as relações políticas e pessoais no Brasil de 2017.
TRABALHO ESCRAVO – Na semana que precedeu o bate-boca, Gilmar voltou a causar constrangimentos para a imagem do Supremo. Ao defender a portaria escravagista do governo Temer, o ministro declarou que seu trabalho é “exaustivo, mas não escravo”. Ele despacha em gabinete refrigerado, circula em carro oficial com motorista e recebe R$ 33,7 mil por mês.
No dia seguinte, a PF informou que Gilmar trocou 46 ligações criptografadas com o senador Aécio Neves, denunciado por corrupção passiva e obstrução da Justiça. Barroso deve ter pensado nisso ao criticar o “Estado de compadrio” e dizer que “juiz não pode ter correligionário”.

02 de novembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

CARAVANA DE LULA ESTÁ PRODUZINDO ENTREVISTAS PARA CAMPANHA ELEITORAL PELA TV

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Lula em Ipatinga (Minas) , com Dilma e Pimentel
O PT montou um palco, exclusivamente, para a edição mineira da caravana que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagonizou no Estado. Em Minas, Lula contou com uma estrutura que avançava, em forma de “I”, na direção do público, permitindo que o ex-presidente evoluísse à semelhança de astros do rock, isolando-se dos demais convidados deixados atrás.
Essa não foi a única alteração em comparação à caravana realizada no Nordeste, em agosto. Em Minas, Lula usou ainda um pequeno palanque móvel, que permitia a presença de algumas pessoas sobre um caminhão. De cima da estrutura, chamava moradores das cidades visitadas para entrevistá-los.
PARA A CAMPANHA – As alterações foram feitas para que Lula pudesse se destacar na produção das imagens da caravana. A partir de uma experiência ocorrida no Nordeste, Lula decidiu agora entrevistar seus admiradores. Nesta segunda-feira (30), um filme com as entrevistas será divulgado nas redes sociais.
Seu teor também poderia ser usado em sua eventual candidatura à Presidência. Por onde passa, Lula entrevista as pessoas – pergunta o que querem para o futuro e pede que deixem uma mensagem a seus pares, sejam estudantes ou agricultores.
No ato em Montes Claros, foi com o pequeno produtor rural chamado Braulino, 71. Questionado pelo petista sobre que país quer deixar aos netos, Braulino respondeu que se liberou do trabalho escravo aos 25 anos e quer terra, educação e saúde.
Afirmou ter dois filhos graduados e 30 cabeças de gado em seus 30 hectares de terra –antes da crise eram cem cabeças. Dirigindo-se a Dilma, disse: “eu acreditava que você era aluna do Lula”.
BANEFICIÁRIOS – A estratégia tem sido trazer beneficiários dos programas dos governos petistas para discursar. Dessa fala, Lula já emenda a intervenção.
Tratando de educação, em Diamantina, Lula interagiu com Maria de Lourdes, tia da estudante Bárbara Emanuella, estudante de escola pública que faz doutorado em Oxford (na Inglaterra), tendo passado antes por Harvard e pela Universidade da Califórnia (nos EUA) pelo programa Ciências sem Fronteiras.
Em Bocaiúva, segunda maior cidade de Minas em produção de mel, o público ouvia Elisabeth de Fátima dos Reis, membro da Cooperativa de Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemapi). Lula a questionou se não seria bom ter o mel incluído na merenda escolar da cidade. Ela respondeu que era “a maior luta da cooperativa”.
EQUIPE PRECURSORA – Nos oito dias de caravana, Lula contou com uma equipe precursora que averiguava a situação em cada cidade antes de sua chegada.
No ônibus, a caminho do lugar visitado, o ex-presidente recebia informações. Muitas das visitas eram agendadas na véspera, ou mesmo na manhã do mesmo dia, a pedido de políticos e líderes locais. A partir da quantidade de presentes, a organização da caravana decidia se Lula discursaria.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – É o tipo de entrevista que os profissionais de TV chamam de “improviso programado”. A equipe precursora escolhe as pessoas a serem entrevistadas e Lula as chama ao palco. É uma técnica ardilosa que dá bons resultados. (C.N.)


02 de novembro de 2017
Catia Seabra e Carolina Linhares
Folha

A FILA ANDA E JÁ ESTÁ CHEGANDO A HORA DE DIRCEU VOLTAR À PRISÃO FECHADA

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Volta de Dirceu à prisão já está para ser decretada
A discussão entre os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), na semana passada, deixou José Dirceu apreensivo. Ele foi citado pelos dois magistrados, que se acusaram mutuamente na sessão. Mendes disse que Barroso “soltou José Dirceu”. O magistrado, na resposta, afirmou que o petista seguiu preso mesmo depois do indulto concedido por ele com base em um decreto presidencial. E só foi solto depois de decisão da 2ª Turma do STF, integrada por Mendes.
A defesa de Dirceu acha que as citações podem ter impacto negativo sobre outros tribunais que ainda vão julgar o petista. “Ao usar na briga o exemplo de soltá-lo como se fosse algo negativo, quem vai ter coragem algum dia de inocentá-lo?”, diz o advogado Roberto Podval.
LADO CERTO –“Dirceu está solto porque tem direito. Barroso e Mendes tomaram decisões corretas sobre ele. Mas erram agora ao citá-lo, atrapalhando seus processos”, afirma o defensor.
Outra polêmica é a delação premiada. Numa reunião na semana passada na PGR (Procuradoria-Geral da República), Flávio Werneck, vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, disse apoiar a tese de procuradores de que a PF não pode fazer acordo de delação premiada. A posição bate de frente com a do delegado Leandro Daiello, diretor-geral da Polícia Federal.
O tema será julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). “Nosso papel é investigar. A fase de negociação de redução de penas é judicial e não compete a nós”, afirma Werneck, que também preside o sindicato dos policiais federais do DF.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O advogado de Dirceu faz seu trabalho pelo cliente, mas sabe que o ex-ministro logo estará de volta à prisão. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região condenou Dirceu por unanimidade, não há como reverter. Isso significa condenação em segunda instância, os prazos legais estão correndo e a prisão dele não tarda a ser decretada. A discussão de Barroso e Mendes prejudicou Dirceu, é claro, mas o destino dele já estava decidido. É claro que pode recorrer ao STJ e ao STF, mas as chances são mínimas. (C.N.)


02 de novembro de 2017
Mônica Bergamo
Folha

INFLAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS É CAMUFLADA PELA "CONTABILIDADE CRIATIVA"

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Ilustração reproduzida do Jornal Contábil
Apesar da aparência de normalidade nos Estados Unidos, o crescente sentimento de desesperança de seu povo, evidenciado pela epidemia de drogas, a nostalgia e o afundamento da classe média em dívidas, traz um alerta: algo está corroendo o poder de compra do famoso “americano médio”. Este processo de corrosão é bem conhecido pelos brasileiros, através de duros processos inflacionários. Mas lá a inflação estadunidense está a décadas dentro da meta (os místicos 2% ao ano). Ou pelo menos é o que diz o índice de preços ao consumidor.
Cabe lembrar que, em termos de contabilidade criativa, o Brasil ainda está engatinhando (apesar de já ter tido um afastamento presidencial pelo motivo). A vanguarda está, certamente, com os Estados Unidos da América, que disparou na liderança após o escandaloso estouro das agências de risco e derivativos podres de 2008 (que todo mundo hoje finge que não existiu).
“SUBSTITUIÇÕES” – Em 11 de outubro, o jornalista Max Keiser publicou um artigo citando alguns meandros da contabilidade da inflação medida pelo índice ao consumidor dos EUA. Dois fatos impressionantes: o uso das “substituições” (por exemplo, comparar o preço de 1 kg de bife bovino por 1 kg de hamburguer, posteriormente substituído por 1 kg de frango) e o uso dos “ajustes hedônicos”, onde ganhos de qualidade ou prazer com um produto reduzem a inflação.
Como para tudo se tem explicação, a justificativa para essas correções é boa. A substituição representa a mudança comportamental do perfil de consumo. O ajuste hedônico incorpora o ganho no conforto humano com a tecnologia. Por exemplo, uma TV de tubo de 21 polegadas custava R$ 800 há 10 anos, enquanto hoje se compra uma tv de LED de 32 polegadas por R$1.200. A inflação da tv, considerados os ajustes hedônicos, pode ser 0% em 10 anos, ou até negativa, dependendo de quanto se valora o prazer adicionado no novo aparelho.
UMA TENTATIVA – Acontece que as “substituições” são a forma das famílias fazer bater as contas, e não seu desejo de mudar o comportamento. Aqui no Brasil tivemos um episódio em que o ministro da Fazenda sugeriu às pessoas substituírem a carne por frango ou ovo. Certamente ele tinha conhecimento do método de cálculo estadunidense (e talvez um desejo latente de pedalar).
Em teoria, os ajustes hedônicos são uma via de mão dupla: se a qualidade de um produto ou serviço piora, a inflação deve subir. Em teoria apenas, pois estes ajustes nunca aconteceram. Na prática, não se encontra  nenhum episódio na história do índice de inflação que se tenha feito o ajuste hedônico negativo.
Exemplos de perdas de qualidade não faltam: passagens aéreas agora não incluem lanche, bagagem, espaço. A mesma TV de LED citada antes tem uma durabilidade de 5 anos, enquanto a de tubo durava, no mínimo, 10 anos.
PERDA DOS DIREITOS – Além disso,  de forma mais geral, a perda dos direitos dos cidadãos também induz a um ajuste hedônico negativo, pois todo direito removido precisa ser reforçado pelo trabalhador mediante dinheiro. São seguros, poupanças,  plano de saúde,  de previdência complementar, processos trabalhistas mais caros, toda uma gama de produtos que o sistema financeiro oferece para substituir os direitos reduzidos e que retratam, na prática, um processo inflacionário.
A inflação hedônica negativa da educação superior é outro exemplo: as pessoas pegam financiamentos para adquirir um produto (diploma) que já não entrega mais o retorno de antigamente  (carteira assinada). No final, sobra a dívida com emprego precário, transformando jovens de 25 anos em zumbis.
DOIS ALERTAS – Para a realidade brasileira, ficam dois alertas: (1) a qualquer momento alguém vai trazer (ou já trouxe) a ideia de aplicar substituições e ajustes hedônicos no IPCA, efetivamente baixando o placar da inflação; (2) toda redução de direito do trabalhador implica em um processo inflacionário oculto, pois troca um serviço de estado, fora do sistema do mercantilismo, por um serviço pago.
Em resumo, é preciso apreciar com moderação  os índices inflacionários (e, por consequência, o crescimento do PIB) como medida de qualquer coisa que se assemelhe a qualidade de vida do cidadão médio.

02 de novembro de 2017
Mathias Erdtmann

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 30/10/2017
02 de novembro de 2017

SER ESCOLHIDO MINISTRO DO SUPREMO NÃO É MAIS HONRA, É MANCHA NO CURRICULO

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Charge do Mariano (Charge Online)
O Mecanismo desvia recursos de municípios, dos estados e da União para políticos e empresários que prestam serviços ao estado. Todos os grandes partidos brasileiros fazem parte do Mecanismo. Ou seja, não escolhemos quem vai governar o país, escolhemos qual será o partido que vai comandar o Mecanismo a cada eleição.
Uma vez no poder, o partido ganhador promove o acerto de contas com os demais partidos do Mecanismo, de forma a garantir o controle das câmaras federais, estaduais e municipais. Quanto mais representantes um partido elege, maior é seu quinhão de corrupção. A isso chamamos de loteamento de cargos.
A hegemonia política do Mecanismo, resultado inexorável da vantagem competitiva que a corrupção lhe confere nas urnas, não apenas permite que políticos corruptos se digam ungidos pela escolha popular como garante que eles sejam julgados unicamente pelo Supremo Tribunal Federal. Os membros do STF, por sua vez, são escolhidos por indicação do presidente da República e aprovados pelo Senado. Ser escolhido ministro do STF não é honra, é mancha no currículo e indício de submissão ao Mecanismo. Não é de se espantar, portanto, que o tribunal tenha um vasto histórico de absolvição de políticos acusados de corrupção.
E O MENSALÃO? – A este ponto, o leitor deve estar se perguntando: se isso é verdade, como é que o julgamento do mensalão foi possível? A resposta é: uma vez indicado, um ministro do STF tem cargo vitalício. Logo, um ministro do STF que decida se voltar contra o Mecanismo, como fez Joaquim Barbosa no caso do mensalão, pode fazê-lo sem que o Mecanismo o expulse da Corte. (O Mecanismo não é infalível e, vez por outra, coloca alguém de bom caráter no STF.) Além disso, nem todos os ministros do STF defendem os mesmos interesses. Quando há guerra de quadrilha, como a que ocorreu entre PMDB e PT por ocasião do impeachment de Dilma, o STF pode se fragmentar e o Mecanismo fica vulnerável.
Foi para resolver de vez esse problema que Cármen Lúcia, atual presidente do STF, traiu todos os brasileiros honestos que pagam o seu salário. Lavou as mãos ao dar o voto de Minerva que submeteu a aplicação de sentenças do STF contra parlamentares à aprovação da Câmara e do Senado.
Ao fazê-lo, transformou o Brasil em um sistema de castas. Na casta inferior, estão 200 milhões de brasileiros que, se condenados na última instância da Justiça, são obrigados a cumprir pena. Na casta superior, estão 600 congressistas que, se condenados na última instância da Justiça, só cumprem pena se o Mecanismo deixar.
TRÊS PERGUNTAS – Essa decisão, de tão absurda, suscita três perguntas: 1) Será que o Mecanismo tem esquemas de corrupção (por exemplo, a venda de sentenças) que envolvem políticos influentes e juízes do STF? 2) O STF deixaria que um político envolvido em algum esquema de corrupção com um ou mais de seus ministros perdesse o mandato e se tornasse delator da Lava-Jato? 3) O STF faz parte do Mecanismo?
Eu sei, são perguntas duras. Mas não esqueça, caro leitor: o STF não esta aliviando políticos com comportamento questionável. Está aliviando políticos gravados e filmados negociando e recebendo (por meio de terceiros) malas com dinheiro vivo…
MUDAM DE POSIÇÃO – Note ainda que certos juízes do STF mudam de posição de acordo com o réu, como bem disse o ministro Barroso a cerca do seu histérico e desqualificado colega Gilmar Mendes. Além disso, a PF revelou que houve constante comunicação entre Gilmar Mendes e Aécio Neves, um sujeito que era réu no STF e que Gilmar ajudou a absolver. Por fim, a falta de reação da presidente do tribunal a esse e outros comportamentos inadequados desabona a própria Corte.
Não resta dúvida. Como diria o capitão Nascimento, o STF é uma farândula.

02 de novembro de 2017
José Padilha
O Globo

NA CONTRAMÃO DO GOVERNO, MINISTRO DEFENDE A PRISÃO APÓS SEGUNDA INSTÂNCIA

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Torquato raspou a barba e voltou ao normal
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, defendeu nesta segunda-feira (30) a execução da pena após condenação do réu em segunda instância. A medida é vista pela força-tarefa da Lava Jato como uma das mais importantes para o combate à corrupção e o fim da impunidade.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu duas vezes manter o entendimento favorável à prisão após confirmação da sentença judicial em segundo grau, mesmo que ainda existam recursos pendentes. Há, porém, uma ação que pede a suspensão da execução da pena nesta fase e a Corte, dividida, examinará o assunto novamente. Nos bastidores, o comentário é que ministros podem mudar o voto dado anteriormente, o que torna o julgamento do caso imprevisível.
BIOGRAFIA DO STF – “A alegada motivação política não fica bem para a biografia do Supremo”, afirmou Torquato Jardim, em referência à possível mudança de posição da Corte. “Sou a favor do recolhimento na segunda instância. Deve-se manter a decisão anterior.”
A opinião do ministro da Justiça reforça declarações do juiz Sérgio Moro, que conduz os inquéritos da Lava Jato na primeira instância, em Curitiba. Ao participar, na terça-feira, do Fórum Estadão Mãos Limpas e Lava Jato – promovido em parceria com o Centro de Debate de Políticas Públicas -, Moro disse que o Supremo teve sensibilidade para perceber que “justiça sem fim é justiça nenhuma”. O juiz lembrou que alguns integrantes da Corte afirmam, agora, que podem rever sua posição. Argumentou, porém, haver uma expectativa da sociedade de que isso não ocorra.
SEGUNDA INSTÂNCIA – Para Torquato Jardim, existe “uma enormidade de habeas corpus” no Supremo, mas é preciso aceitar que o julgamento probatório ocorre, de fato, na segunda instância. Recentemente, o ministro do Supremo Gilmar Mendes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrou-se favorável à prisão somente após um recurso especial passar pelo crivo do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que já é a terceira instância.
Procuradores da Lava Jato sustentam, por sua vez, que brechas na lei facilitam inúmeros recursos por parte dos acusados, fazendo até mesmo “caducar” a punição.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Deu a louca no mundo. Aleluia, irmão! Jamais pensei que fosse concordar com o ministro Torquato Jardim, porém me enganei absurdamente. Diante de suas declarações, fica estabelecida uma nítida divisão no governo – de um lado, o ministro da Justiça apoiando a prisão após sentença criminal em segunda instância, e do outro lado, todo o resto do governo, defendendo ardentemente a libertação de todos os corruptos. O ministro falou em biografia do Supremo, mas parece estar defendendo agora sua própria biografia, que era excelente até ele passar a defender os interesses da bancada da corrupção. Parabéns, ministro, resista até o fim e conte conosco. (C.N.) 


02 de novembro de 2017
Deu em O Tempo
(Agência Estado)

PARA DERROTAR LULA, MERCADO FINANCEIRO ACEITA ATÉ ELEGER BOLSONARO

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Em rodas de conversas, analistas do mercado financeiro já dizem que, se o segundo turno da eleição presidencial for entre o ex-presidente Lula e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), preferem este último. Avaliam que a eleição de Lula causaria um susto na economia e uma das reações seria a disparada do dólar. As projeções são de que a cotação da moeda norte-americana poderia ficar entre R$ 5 e R$ 6. O temor desses economistas é que Lula deve levar vantagem na disputa se a abstenção for muito alta, uma vez que as pesquisas mostram que o petista já tem 30% do eleitorado.
Ao menos duas pesquisas já indicaram o 2.º turno entre Lula e Bolsonaro. A mais recente, do Ibope, mostra o petista com 35% ante 15% do deputado.
Jair Bolsonaro gostou das pesquisas e programou nova rodada de contatos internacionais. Desta vez, vai ao Japão, Coreia do Sul, Itália e Inglaterra. Como se sabe, ele já foi aos Estados Unidos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Ainda é cedo para se fazer esse tipo de análise, mas a especulação e a boataria sempre caminham juntas. Por enquanto, cerca de 56% do eleitorado não querem saber do assunto, pois 30% estão indecisos e 26% querem votar em branco ou nulo. Pesquisas só valem depois do primeiro mês de propaganda eleitoral pela TV(C.N.)


02 de novembro de 2017

Andreza Matais
Estadão

HÁ ALGO NO AR E O SUPREMO PODE SE RECUPERAR DESSE PROCESSO DE DESMORALIZAÇÃO

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Charge do Alpino (Yahoo Brasil)
Não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes, parece que o vento virou e surgiu uma perspectiva de que o Supremo Tribunal Federal possa se redimir e vencer o atual processo de desmoralização que está enfrentando, não somente por conta de decisões de Gilmar Mendes (ele, sempre ele), mas também dos demais ministros, pois cometem erros, embora nem todos possam ser acusados de se equivocar propositadamente.
Há alguns considerados imutáveis, como Gilmar Mendes e Marco Aurelio Mello (os dois se tornaram inimigos, não se falam há anos e seus votos são juridicamente imprevisíveis) ou Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli (pela comovente e constrangedora fidelidade que demonstram às suas raízes petistas). Mas eles são apenas quatro, num plenário com onze integrantes. Isso significa que a ampla maioria, formada pelos outros sete ministros, pode recuperar a velha chama e recolocar o Supremo Tribunal Federal no patamar de respeitabilidade que necessita resgatar.
SONHAR NÃO É PROIBIDO – É claro que se trata apenas de um sonho, mas pode se concretizar, porque estão surgindo fortes indícios nesse sentido, diante das recentes manifestações de Luís Roberto Barroso, que já se tornou a maior liderança do Supremo e acaba de colocar Gilmar Mendes em seu devido lugar, e de Alexandre de Moraes, que ensaia se libertar da influência que o presidente Michel Temer exerce sobre ele, por serem amigos íntimos, e acaba de dar uma palestra em que defendeu a liberdade dos juízes, vejam como as coisas mudam nessa vida louca.
E o esforço de recuperação do Supremo ganhou nesta segunda-feira uma força enorme, devido ao posicionamento corajoso do ministro da Justiça, Torquato Jardim, que se descolou da orientação de Temer e alertou que o Supremo precisa recuperar sua biografia e tem de manter a jurisprudência da prisão após sentença condenatória em segunda instância.
Torquato deu um grito de independência logo após a Advocacia-Geral da União se curvar totalmente à Operação Abafa, com a ministra Grace Mendonça apresentando vergonhoso parecer contra a prisão após segunda instância, para inviabilizar a Lava Jato e permitir a libertação de todos os seus réus, além de outros grandes criminosos, como o ex-senador Luiz Estevão, o jornalista Pimenta Neves e o goleiro Bruno Fernandes.
FORA DA OPERAÇÃO ABAFA – Em tradução simultânea, isso significa que o Supremo começa a acordar do pesadelo e está saindo fora a Operação Abafa, claramente liderada no Judiciário pelo tucano Gilmar Mendes, que no início da Lava Jato era implacável contra réus petistas, mas mudou de posição depois que a luta contra a corrupção começou a atingir o PSDB e o PDMB. Este revertere ficou claro e notório, foi até destacado por Luís Roberto Barroso na discussão em plenário, semana passada.
Quando o Supremo apodrece, como está acontecendo, o país perde seus valores, tudo em volta passa a não fazer mais sentido. É como aquele famoso ditado calhorda: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Equivocadamente, Jean-Paul Sartre atribuiu esta frase a Dostoievski em “Os Irmãos Karamazov”, mas na verdade o genial escritor russo jamais escreveu isso. Sartre fez uma adaptação de um trecho em que o personagem Mitia, um dos irmãos Karamazov, procede a um questionamento: “Que fazer, se Deus não existe, se Rakitine tem razão ao pretender que é uma ideia forjada pela humanidade? Neste caso, o homem seria o rei da terra, do universo. Muito bem! Mas como ele seria virtuoso sem Deus?”.
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P.S.
 – A indagação de Dostoievski agora se repete no Brasil. Aqui entre nós, sem um Supremo virtuoso, para onde este país irá? (C.N.)


02 de novembro de 2017
Carlos Newton

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 28/10/2017
02 DE NOVEMBRO DE 2017

CUNHA DESISTE DE FAZER DELAÇÃO E SONHA EM SER LIBERTADO POR ALGUM TRIBUNAL

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Charge do Tacho (Jornal de Novo Hamburgo)
Preso há um ano, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desistiu, por ora, de tentar convencer a Procuradoria-Geral da República (PGR) a aceitar um acordo de delação premiada. O político, que já teve uma proposta de delação negada na gestão de Rodrigo Janot, decidiu aguardar pelo menos até o julgamento de sua apelação no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, previsto para novembro. Cunha foi condenado em março pelo juiz Sergio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de dividas, e tenta reverter a decisão na segunda instância.
O ex-deputado já havia redigido mais de cem anexos e parou de trabalhar na sua eventual delação. Nas últimas semanas, ele passou a se dedicar a tentar desconstruir as acusações contra ele, lendo as delações premiadas que o incriminam. As que os incriminam mais são a do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto e a do operador Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB da Câmara.
NÃO DEU CERTO – Há cerca de três meses, antes de Rodrigo Janot deixar a PGR, Cunha tentou fazer um acordo de delação premiada com órgão. Depois de receber a negativa com o argumento de que entregava apenas os inimigos e poupava os amigos, ele fez uma nova tentativa e enviou um emissário para falar que queria reabrir as negociações. As portas estavam fechadas. A ideia do político era retomar as conversas quando Raquel Dodge assumisse, o que aconteceu em 18 de setembro.
Cunha tem se animado com decisões como as absolvições feitas pelo TRF-4 em relação ao tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso no Paraná há mais de dois anos. Vaccari teve duas condenações do juiz Sergio Moro revistas pela segunda instância. Além disso, avalia que a delação da JBS pode cair e que ele tem condições de mostrar mentiras do acordo de Funaro a ponto de abalá-lo.
O ex-deputado pediu que documentos, como a delação do operador, fossem incluídos no processo que responde em Curitiba, mas a solicitação foi negada pelo mesmo TRF-4.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O problema de Cunha é esperteza demais. Antes de ser preso, ele passou várias semanas se reunindo diariamente com Lúcio Funaro na residência oficial de presidente da Câmara, preparando um dossiê para obrigar Temer e os caciques do PMDB a pressionarem o Supremo e a Procuradoria-Geral da República para poupá-los na Lava Jato. Foi esse material que Funaro usou para fechar a delação. Cunha demorou a se decidir e agora não há mais interesse na delação dele, que ainda sonha em ser libertado pelo TRF-4, pelo STJ ou pelo STF, não necessariamente nesta ordem(C.N.)


02 de novembro de 2017
Bela Megale e André De Souza
O Globo

MARQUETEIRO DE TEMER JÁ É QUEM COMANDA TODA A COMUNICAÇÃO DO PLANALTO

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Mouco dirige as gravações dos vídeos de Temer
Os pagamentos do governo federal à agência de publicidade Calia Y2 Propaganda e Marketing – que pertence a um irmão de Elsinho Mouco, marqueteiro de Michel Temer – cresceram 82% na gestão do presidente. Os gastos com a empresa somaram R$ 102,1 milhões nos 476 dias após o peemedebista assumir (equivalentes a 15 meses e meio, até 31 de agosto), ante R$ 56 milhões em período idêntico, transcorrido até o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, em 12 de maio do ano passado.
O levantamento foi feito pela Folha em dados disponíveis no Portal da Transparência até sexta (27). O site disponibiliza os desembolsos de ministérios e autarquias, por exemplo, excluindo estatais.
EM ALTA… – Em todo o período de Dilma (janeiro de 2011 a maio de 2016), a média mensal de despesas com a Calia foi de R$ 3,3 milhões, contra cerca de R$ 6,5 milhões no governo Temer. Os valores foram atualizados pela inflação. Só este ano, os desembolsos de janeiro a agosto alcançam R$ 64 milhões, mais do que em qualquer ano de administração da petista.
Elsinho Mouco foi o responsável por campanhas eleitorais de Temer e presta serviços ao PMDB há pelo menos 15 anos. Com o impeachment, passou a ser responsável pela imagem do presidente. Cunhou o slogan “Ordem e Progresso”, que remonta aos primórdios da República, e o “Bora, Temer” para contrapor a “Fora, Temer”.
Em agosto, assumiu o cargo de diretor na agência Isobar (antiga Click), que cuida da estratégia oficial para redes sociais, e passou a receber indiretamente do governo, tendo uma sala dentro do Palácio do Planalto.
NO NOME DO IRMÃO – A Calia está em nome de Gustavo Mouco, sócio-administrador da empresa, que é irmão de Elsinho. Além dos contratos com o governo, a agência informa em seu site ter como cliente a Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB. A Pública Comunicação, da qual Elsinho é diretor e procurador, tem contrato com a entidade.
O incremento das receitas da empresa se deve, principalmente, a contratos assinados sob Temer. Em janeiro, o Ministério da Saúde, controlado pelo PMDB, fechou com a Calia e outras três concorrentes a prestação de serviços de publicidade por um ano, ao custo de R$ 205 milhões. A agência era fornecedora da pasta, mas houve nova licitação.
Após denúncia de uma das participantes da concorrência, a corregedoria do ministério abriu investigação para avaliar a possibilidade de fraude. Em recurso, a Plá Publicidade reclamou que houve um episódio que deu margem para troca de resultados.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
O marqueteiro Elisinho pode ser mouco, mas na verdade enxerga longe e está aproveitando o mandato de Temer vai reforçar a saúde financeira de sua família. No Planalto, ele não tem cargo, mas tem sala e equipe própria, que ele chama de funcionários “terceirizados”. Discretamente, agora é Mouco quem manda nas Secretarias de Comunicação e de Imprensa, empenhado em decolar a campanha de Michel Temer pela reeleição. (C.N.)


02 de novembro de 2017
Fábio Fabrini
Folha