No explosivo noticiário sobre a guerra de extermínio entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é impressionante a falta de exatidão nas informações. Na sexta-feira, por exemplo, os sites dos jornais noticiaram que um depoimento do ex-diretor de Informática da Câmara, Luiz Antonio Eira, ouvido pela força-tarefa criada por Janot, teria reforçado as suspeitas de que Cunha foi o verdadeiro autor de dois requerimentos protocolados em 2011 para investigar empresas fornecedoras da Petrobras que pagavam propinas ao PMDB e haviam deixado de fazê-lo.
Como se sabe, o diretor Eira foi demitido semana passada pelo presidente da Câmara, que alegou a ocorrência de fraude no Departamento de Informática para lhe envolver no escândalo da Petrobras.
Na mesma ocasião, para demonstrar inocência, Cunha distribuiu a todos os membros da CPI da Petrobras documentos mostrando que os textos que registram como de sua autoria os requerimentos foram redigidos ou incluídos no sistema da Câmara um mês depois de a deputada Solange ter protocolado os pedidos de informações.
FORÇA-TAREFA
No início da semana, a força-tarefa criada por Janot, formada por dois procuradores, dois peritos e um oficial de justiça, esteve na Câmara e fez a apreensão de todos os documentos e registros referentes ao caso. A busca terminou terça-feira, mas ainda não se divulgou nada, apenas que a autoria dos documentos pelo login de Cunha foi atestada pela Secretaria de Pesquisa e Análise da Câmara, uma notícia velha e superada.
E agora surge a informação de que o depoimento do ex-diretor de Informática teria complicado a situação de Cunha, mas sem explicar os motivos, deixando tudo no ar.
Cá entre nós, é muito pouca informação para um assunto da máxima gravidade e que envolve duas das maiores autoridades do país. A opinião pública tem direito de saber quem está com a razão: o presidente da Câmara ou o procurador-geral da República?
E neste caso não há alternativa. Um dos dois está mentindo descaradamente, numa questão fácil de se saber a verdade.
CADÊ A RESPOSTA?
O que falta é apenas uma resposta técnica dos peritos, que esclareça – de forma clara e sem controvérsia – se o registro da autoria dos requerimentos por Eduardo Cunha realmente foi feito um mês após os pedidos da deputada Solange terem sido apresentados. Apenas isso. Todo o resto, como diria Roberto Carlos, são apenas detalhes.
O fato, que não admite discussão, é que o sistema de informática da Câmara pode fornecer esta informação a qualquer momento, diretamente e sem delongas, porque a data em que tudo é redigido fica registrada no rodapé do documento, a não ser que seja deletado sem salvar. O programa usado na Câmara é muito comum, praticamente todas as grandes empresas e corporações o utilizam, qualquer técnico de informática o conhece.
Então, por que tanta demora? A quem interessa este suspense? Queremos saber quem é o vencedor do troféu Mentiroso do Ano: Cunha ou Janot?
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PS - Lula e Dilma não podem participar da disputa do troféu Mentiroso do Ano, por serem considerados “hors concours”.
09 de maio de 2015
Carlos Newton