"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

JOSÉ GSUÍNO & MENSALEIROS. DEU A ESCRITA...


E como diz a gíria dos bicheiros, "Deu a escrita".
Todos os mensaleiros condenados e presos já estão recebendo benefícios da leniente, instrumentalizada e vagabunda justiça Tupiniquim.
Agora é a vez do condecorado alcaguete e terrorista de butique José Gsuíno ir cumprir sua pena em casa.

Gsuíno que passou os últimos meses entre ataques de covardia e chiliques de bichice, consegue finalmente dar um beiço na lei e vai para casa, tomar banho quente, beber água mineral Perrier e dormir em confortáveis colchões de pena de Ganso Himalaio.

Como já "cumpriu" um sexto de sua pena ( quer dizer, nesse um sexto entra o tempo em que ele não ficou preso efetivamente enquanto enrolava num patético morre não morre nos hospitais de Brasilia) tem direito a progressão de regime, e como no aberto não há vagas, vai para casa.  Tudo muito bem elaborado e conduzido da melhor maneira de fazer a população de otária e beneficiar o máximo possível a bandidagem da estrela vermelha.

Era de se esperar que com a "aposentadoria" de Joaquim Barbosa, o instrumentalizado STF fizesse de tudo para livrar a cara dos mensaleiros.

E assim vamos caminhando no atoleiro da impunidade e da baderna institucionalizada, o povo Brasuca que tinha o STF como o último recurso da garantia constitucional se vê diante do que se tornou esse tribunal de cumpanherus. E do que sobrou de nossa combalida democracia.  

Está literalmente tudo dominado e corroído pela bandalheira, covardia e safadeza que se instalou na Pocilga.
E vc ladrão de galinhas, ou blogueiro de oposição, se cuide, pois o peso das leis certamente vai te pegar, claro, se vc for PTralha, político da base, black bloc, mensaleiro, sem terra, sem teto, blogueiro progressista ou amigo do rei tá liberado!!!

E ao final do circo que foi o julgamento do mensalão, a grana roubada não voltou, os bens não foram bloqueados as multas foram pagas com vaquinhas entre a quadrilha e até as medalhas de mérito recebidas das forças armadas não foram tomadas como manda o regulamento.

E como dizia Delúbio. 
"Tudo isso vai virar piada de salão" 

Ou seria...piada de plenário do STF?

Então...
 
11 de agosto de 2014
omascate

REVOLUÇÃO LENTA, GRADUAL E SEGURA

Artigos - Governo do PT

O processo de desconstrução, demolição ou implosão da ordem social envolve a derrubada de seus pilares. Entre eles, a instituição familiar, a disciplina, o respeito à lei, a religiosidade, e o direito de propriedade.

Mudanças sociais importantes se fazem por reforma ou por revolução? Tem-se aí pano para muita manga e a sobra ainda dá um colete razoável. No final do século 19 estabeleceu-se um debate acerca dos caminhos para alcançar a nova ordem social, política e econômica almejada pelos comunistas.

Alguns autores passaram a defender que os avanços nessa direção se fizessem através da luta sindical e das cooperativas.

Eram os reformistas. Rosa de Luxemburgo postou-se contra eles. Em 1900 publicou "Reforma ou Revolução?", condenando o reformismo e afirmando, entre outras coisas, que os sindicatos ocupam-se com lutar por melhores salários, sendo, portanto, órgãos de defesa do proletariado, mas não de ataque ao capitalismo.
Enfim, segundo Rosa, reformar serviria à conveniência do capital e só a revolução seria libertadora.

Essa tese se impôs com tamanha força entre marxistas de diferentes matizes que, passado um século, raros são os adversários das economias livres, de mercado, de empresa, que se assumem como reformistas. A opção revolucionária esteve no foco, por exemplo, de nossos conhecidos Fóruns Sociais Mundiais e de quantos a ele acorriam de toda parte. Em tais eventos renovavam-se, sobre muros e cartazes, os conhecidos dizeres - "Um outro mundo é possível".
Duvido que qualquer participante de tão prestigiadas congregações se assumisse reformista. O FSM, em si, era revolucionário. Discutia-se o modo de fazer a revolução. Jamais, substituí-la por reformas. O objetivo, sempre o mesmo: construir o possível "outro mundo".

Ora, edificar onde já existe algo cuja estrutura se considere inaceitável implica demolição. Em palavras da sociologia: revolução. O processo de desconstrução, demolição ou implosão da ordem social envolve a derrubada de seus pilares.
Entre eles, a instituição familiar, a disciplina, o respeito à lei, a religiosidade, e o direito de propriedade. A eliminação deste último pode ser alcançada acabando com ele ao modo cubano de 1959, que tanto encanta nossos governantes de hoje, ou enfraquecendo esse direito, adelgaçando e debilitando esse pilar, até seu ponto de ruptura.
Eis o que sempre esteve e está por trás das ações do MST, da Via Campesina, desse novo braço da luta revolucionária denominado MTST e dos muitos aparelhos assemelhados que, no Brasil, encontraram abrigo junto à CNBB, onde muitos confundem cristianismo com revolução social (se assim fosse, Jesus Cristo jamais teria subido à Cruz; teria feito uma revolução e seria merecedor de simples notas de rodapé nos livros sobre a história dos povos à leste do Mediterrâneo).

Está posto aí o motivo pelo qual, em recente invasão de propriedade urbana por militantes do MTST, apesar da ordem judicial de desocupação dada pelo magistrado do feito, a providência não foi autorizada pelo governador Tarso Genro que a retarda quanto pode.
O governador chegou a dizer que iria obter uma sustação da ação por noventa dias, ao que o juiz do caso, pacientemente, ensinou: o Estado nada tem a dizer numa ação da qual não é parte.
É a mesma intenção revolucionária que explica a ilimitada tolerância dos poderes de Estado com as tropelias do MST e esse jogo de palavras fuleiro, que chama invasão de ocupação.
E é também por ela que convivemos com tão excessiva tributação, espécie de desapropriação sem nome nem direito de defesa.
Que ao menos não possam presumir ignorância nossa sobre para onde, aos poucos, nos conduzem.

11 de agosto de 2014
Percival Puggina

GOTEJANDO

 

Censura 2
 
Depois de o Planalto enviar um funcionário a um seminário de internet em Cuba, tudo é possível. Cuba é o último lugar do mundo para fazer curso de internet… a não ser de guerrilha digital.
 
Por essas e outras, é irritante, mas não surpreendente, a informação da Folha e do Globo de que a rede do Planalto é usada para adocicar perfis de aliados, azedar dos adversários e plantar calúnias contra jornalistas críticos. A operação, além de indecente e possivelmente criminosa, é também de uma burrice gritante.
 
Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, afora serem queridos amigos, são dois dos mais premiados jornalistas do país. Logo, o ataque não foi só aos dois, mas a uma categoria inteira e a uma cidadania que exige liberdade de expressão e de crítica.
 
Censura 1
 
Do ponto de vista político, é péssimo para Dilma Rousseff, mas é sobretudo um desastre para o PT, que já enfrenta alta rejeição, candidatos assustados e atritos de toda sorte.
Segundo o marqueteiro João Santana, eleições trabalham o imaginário popular. Pois o uso da sede da Presidência para golpes rasteiros só “vai gotejando” uma imagem ruim do PT, como diz Gilberto Carvalho.
 
Auto de fé
                                                                             Auto de fé
 
A hora é de falar de Mais Médicos, Minha Casa, Pronatec, não de o Planalto fazer jogo sujo que remete a mensalão, aloprados e manipulação da CPI. E também à estrela vermelha de dona Marisa no Alvorada, ao passeio da cadelinha em carro oficial, ao emprego da nora para não fazer nada no Sesi e ao contrato milionário do filho ― o Ronaldinho ― por baixo do pano.
 
A confusão entre público e privado corresponde às boquinhas e ao aparelhamento de Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil. Em nome de “uma causa” ― a dos poderosos e da elite de plantão. Os outros? Os outros são “contra os pobres”.
Se cabeças rolaram no Santander por avaliações de mercado, o que ocorrerá no Planalto por ações que nada têm a ver com o interesse público, o Estado e a nação?
 
(Eliane Cantenhêde, jornalista, é colunista da Folha de São Paulo)
 
11 de agosto de 2014
José Horta Manzano

A CRUELDADE DO FASCISMO ISLÂMICO


Reproduzo artigo de Denis Rosenfield, que não fala em fascismo islâmico - mas eu considero que é disto que se trata. O título original, "Jonas", não dá conta da gravidade dos acontecimentos em nome de seitas contrárias ao mundo moderno - islâmicos, como sempre, na linha de frente. Inimigos da Civilização Ocidental e da sociedade aberta, esses grupos intolerantes proliferam graças à tolerância do modo de vida que eles odeiam, infestado de relativismo cultural e moral:


Quando Deus veio a Jonas, instando-o a dirigir-se a Nínive para clamar “contra ela, porque sua maldade subiu à [Sua] presença”, a maldade referida era a dos pecados cometidos por seus habitantes. Na tradição profética, a missão do mensageiro de Deus consistia em produzir o arrependimento que seria seguido do perdão divino.

O que, hoje, está acontecendo nesta mesma região remete a outro tipo de maldade, a de terroristas islâmicos, abrigados em um autointitulado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, sigla Isil em inglês, que procura impor a ferro e fogo a sua cruel interpretação da Sharia islâmica. Para eles, outras religiões constituem algo por si mesmo imperdoável.

Este grupo se apoia no seguinte tripé da intolerância em relação a outras religiões: abandono de casas e bens, conversão ou execução, com preliminares violentas como a matança de homens e o estupro de mulheres. Qualquer culto que se oponha a seus desígnios torna-se imediatamente objeto desta forma de terror.

Quando o Mausoléu de Jonas foi destruído há poucas semanas, observávamos o prenúncio do que viria a ser a perseguição sistemática de cristãos, yazidis e muçulmanos xiitas.

Note-se que esta população cristã é uma das mais antigas do mundo, sendo constituída por poucas centenas de milhares de pessoas. O seu êxodo é já superior a cem mil crentes, fugindo da morte e violência. Não é melhor o destino da comunidade Yazidi, cuja religião de tipo monoteísta é formada por um sincretismo entre zoroastrismo, islamismo, cristianismo e judaísmo. Não importa, pois eles caem sob a rubrica dos “infiéis”, dos que devem ser extintos. Sua população fugiu para as montanhas e dezenas de crianças já foram mortas, enquanto 40 mil adultos encontram-se, sem água e comida, à beira da morte.

Observe-se que o Mausoléu de Jonas foi objeto de profanação precisamente por exprimir o reconhecimento de um profeta venerado por judeus, cristãos e muçulmanos. Na Bíblia, Deus lá aparece como magnânimo e benevolente, o que confere a esse livro uma significação particularmente ecumênica.

Isto é intolerável para o terror islâmico. Quem não segue os seus preceitos torna-se um infiel. Infiéis são cristãos, judeus, yazidis e muçulmanos de outras orientações. Nada muito diferente do que foi observado no Afeganistão quando os Talibãs também destruíram belas esculturas budistas, consideradas como heréticas.

Nada tampouco diferente do Estatuto do Hamas quando prega a exterminação dos judeus da face da Terra e a perseguição aos cristãos. O tronco é o mesmo, a diferença reside nos ramos que se desenvolveram segundo as peculiaridades de cada região. Al-Qaeda, Talibãs, Irmandade Muçulmana, Isil e Hamas são apenas ramificações de uma mesma doutrina, baseada no culto da morte e da violência.

Em alguns casos, o culto da morte não se manifesta somente no assassinato sistemático dos infiéis, não poupando crianças e mulheres, mas na educação dada às suas próprias crianças, formadas no ódio aos “infiéis” e para se oferecerem ao “martírio”. A leitura dos Estatutos do Hamas pode ser, neste sentido, muito ilustrativa. Seria interessante que os esquerdistas que os defendem incorporassem essas “premissas da morte” nos programas de seus próprios partidos. Teriam, pelo menos, o mérito da coerência, em vez de propagarem as mentiras do terror.

Particularmente eloquentes são as estatísticas que estão sendo apresentadas de mortes de palestinos em Gaza. Mais de 1.800 pessoas teriam lá morrido, supostamente por ataques “indiscriminados” de Israel. Curioso é que as fontes utilizadas são o Ministério da Saúde do Hamas e a ONU na região! Ou seja, é o próprio Hamas que fornece as cifras que são simplesmente transmitidas pelas agências de notícias, quando deveriam saber que a especialidade desta organização terrorista consiste na manipulação da verdade. O terror tem na mentira um instrumento de sua dominação.

O mesmo vale para a ONU, de nenhuma credibilidade na região. Três escolas — deve haver outras — já foram descobertas por serem abrigos de foguetes, algo denunciado por funcionário da própria organização. Uma clínica sua foi construída com explosivos dentro das paredes, para serem detonados quando da entrada de soldados israelenses. O que efetivamente aconteceu com a morte de três deles.

Note-se que a estatística apresentada é veiculada de maneira a produzir a percepção de que as Forças Armadas de Israel teriam como alvo os civis. A seguir este raciocínio, teríamos a conclusão esdrúxula e hilária de que os combatentes do Hamas não teriam morrido ou, talvez, nem mesmo existido. Israel estaria lutando contra moinhos de vento!

Israel calcula que em torno de 50% dos mortos são membros do Hamas. Boa parte das mortes civis foi produzida por escudos humanos, pois os terroristas se escondem em abrigos, os túneis, enquanto enviam os seus próprios civis para o martírio. Se Israel tivesse os civis como alvos não faria o combate por terra, que procura evitar precisamente a morte de civis. Arrasaria cidades, como foi a prática na Segunda Guerra Mundial. A BBC e o “New York Times” estão, agora, produzindo uma revisão geral dessas estatísticas por sua inconsistência e reduzida credibilidade.

Aliás, foi nesses dias descoberto um manual, o Manual do Terror, em que o próprio Hamas reconhece a utilização de escudos humanos e, mesmo, o caráter moral das Forças Armadas israelenses que, ao preservarem os civis, colocam os seus próprios soldados em situação de risco. Tornam-se, assim, alvos do terror.

O Isil tem em relação ao Hamas o mérito da coerência e, de certa maneira, da “honestidade”. Diz claramente que procura converter e executar os infiéis (cristãos, yazidis e xiitas), enquanto a organização de Gaza é dissimulada, procurando abusar da boa-fé dos ocidentais não judeus, apesar de visar igualmente aos cristãos. Colocam-se como “vítimas”, quando são os agentes do terror e da intolerância.
 
(O Globo).
 
11 de agosto de 2014
in Orlando Tabosi

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

                             É o PT levando ferro de todo lado!


 
 
11 DE AGOSTO DE 2014

ALOPRADOS AGORA VIRARAM "DOIDINHOS", SEGUNDO GILBERTO CARVALHO

“Lamentamos muito o que houve porque a pessoa que fez prestou dois desfavores [...] Agora paira a suspeita de que algum doidinho do Planalto tenha feito essa mudança. Essa pessoa fez mal feito e acabou jogando um problema para dentro do Planalto.”

Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência da República, falando sobre algum idiota que, muito provavelmente, a mando seu, usou a rede órgão do qual ele é o único responsável, para alterar perfis de jornalistas na Wikipédia.

Lamenta é o cacete! Trata-se de um mentiroso! Que ele não tente minimizar o absurdo que é enxovalhar as biografias de seus “inimigos” à base de mentiras, simplesmente atribuindo a ação a supostos “doidinhos”, já que, no seu partido, o PT, não tem ninguém que rasgue dinheiro. Muito pelo contrário, a única coisa que fazem é embolsar o nosso suado.

E já que o post é sobre a nefanda figura, uma pergunta que não quer calar: quando é que esse estroina vai falar sobre a sua participação no assassinato de Celso Daniel?
 
11 de agosto de 2014

NAS RUAS DO RIO

Agora, predomina o vidro fumê e é mais fácil fundir o motorista com a fábrica de sua máquina e até o modelo

Pensei em escrever: precisamos parar para pensar o trânsito. Que bobagem. Já estamos parados há algum tempo. Não vou discorrer sobre mobilidade urbana, um tema tão em moda. Nem apenas lamentar os R$ 29 bilhões que o Rio perde com os constantes engarrafamentos. Meu objetivo é, modestamente, investigar as mudanças que se passam em nossa cabeça, quando passamos a viver, com frequência, os engarrafamentos. Aqui no Rio, têm sido mais intensos para mim. Consola-me a esperança de que a cidade está melhorando para 2016 e que, nas Olimpíadas, poderemos nos mover tão livre e levemente nas pistas como os atletas de todo o planeta.

Minha referência é um conto de Julio Cortázar: “A autoestrada do sul”. O grande, em todos os sentidos, escritor argentino descreve um engarrafamento gigantesco na volta a Paris pela estrada do sul. Cortázar observa a atmosfera nervosa dos motoristas e nomeia as pessoas de acordo com seus carros: a moça do Dauphine, o soldado do Mercedes. Com o transcorrer do conto, passa também a chamá-los apenas pelo nome do carro: Peugeot, Citroën, etc.

Isso tem a ver com minha experiência. No engarrafamento de Cortázar fazia muito calor e as janelas estavam abertas. Agora, predomina o vidro fumê e é mais fácil fundir o motorista com a fábrica de sua máquina e até o modelo.

Quantas vezes não vi me dizendo:

— Aquele Corsa está mal parado, um Fox sacana avança pelo acostamento.

Não é apenas supressão do outro, transfigurado em máquina, que a leitura de Cortázar sugere. Há mudanças na percepção de tempo e espaço. Olhamos o relógio, como os personagens do conto, e lamentamos que os minutos estejam se passando, de fato, para quem escapou do engarrafamento. No conto de Cortázar, os helicópteros das rádios ainda não orientavam os motoristas. Hoje, posso saber que o tempo não corre para mim, mas está tudo normal na Helder Câmara e que na Ponte Rio-Niterói, infelizmente, estão tão encalacrados quanto nós. O engarrafamento cria castas no uso do tempo. Mas também no espaço, transforma nossa percepção. O horizonte é um Frontier e um Idea, mas sempre existe uma árvore para contemplar. Aos poucos, você começa a se irritar com árvore porque ela não sai do lugar, como se ali não fosse o seu lugar para sempre. A árvore paga o preço de ser uma referência, de me dar a ilusão de que deveria se mover, quando na verdade somos nós que não saímos do lugar. Não estamos desemparados. As rádios fazem programas destinados a atenuar a tensão nas horas do rush. Num deles, ouço a entrevista de um escritor que se apaixonou pela professora e queria ser bancário para conquistá-la, pois era casada com um bancário.

Você ri, até imagina que com a lógica o garoto jamais seria bancário e muito provavelmente escritor. Mas no fundo mesmo o que você quer é que o Idea mova sua respeitável traseira e você possa, de novo, sonhar em chegar em casa, subir com os equipamentos e tomar o esperado banho.

Tanto cheiro de gasolina em alguns trechos. Um fósforo aceso lançado no ar pode produzir fagulhas, quem sabe uma pequena explosão.

Há um momento em que o próprio rádio nos abandona. São sete horas em Brasília. Começa “A voz do Brasil” e aquelas vozes entoando “O Guarani” quase nos convencem de que o tempo é ilusão diabólica.

Se um dia fosse filmar engarrafamentos, usaria “O Guarani” como trilha sonora. No momento em que ecoa em todas as rádios dos carros, você se dá conta de que a noite avança, esquece de onde veio e para onde vai: caiu num limbo. Os urbanistas prometem bairros planejados nos quais se diverte, trabalha e compra. Mas isso é para um futuro muito distante. A tecnologia nos permite contatos imediatos, um permanente WhatsApp. Com tudo isso, continuarei nas ruas pois gosto de ver, ouvir, tocar e sentir o cheiro. Temo cair num engarrafamento em 2016, pensando em todo o sacrifício que fizemos para que o esporte internacional floresça, que excelentes negócios se façam, que o turismo cresça etc.

Uma coisa é certa: não ficarei furioso. Aprendi que não existe sentimento mais inadequado num engarrafamento. Belos tempos os do Paulinho da Viola, o sinal fechado: “Olá como vai? Eu vou indo e você tudo bem? Tudo bem, eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro e você?”.

Pegamos nosso lugar no futuro. E daí? Se disser ao BMW ou Citroën do lado olá como vai, está arriscado a ouvir:

— Não seja ingênuo. Vou bem, mas a lugar nenhum, nem eu nem você: estamos engarrafados.

Se for sete horas em Brasília, pelo menos, ouviremos os acordes do “Guarani”. Ouvimos isso desde crianças, em todos os lugares do Brasil à mesma hora, exceto os que vivem em fusos diferentes. Mas a hora deles sempre chega, mais cedo ou mais tarde. Os acordes do “Guarani” são só uma abertura: a ópera tem quatro atos. Tocada num engarrafamento faria brotarem no asfalto os índios de José de Alencar, autor do romance que inspirou Carlos Gomes: Peri vendendo Biscoito Globo, cocadas e água mineral. O engarrafamento é uma armadilha no tempo, uma cola no asfalto. Nele aprendemos o valor de uma frase que é ao mesmo pergunta e resposta: o que fazer?

GUERREAR É PRECISO?

 
 
 

11 de agosto de 2014
Ferreira Gullar, Folha de SP

DILMA E AS ELEIÇÕES

Dilma tem que perder para o Brasil ganhar, mudando tudo radicalmente, tarefa que a presidente não fará sob pena de negar totalmente seu primeiro mandato. Esse é o dilema das eleições: mudar ou aprofundar o desastre. Seu governo se diz dos pobres e Marilena Chauí disse, na Convenção do PT, em momento de estupidez, que odiava a classe média. Contudo, o governo de Dilma, na parte tributária, machuca os pobres. Um estudo do professor de direito tributário da UFMG Paulo Adyr, meu ex-aluno do doutorado, prova a afirmação com sobras de mérito. 

Reproduzo aqui suas principais conclusões, ao meu sentir, irrespondíveis: A comparação internacional mostra que temos a 12ª maior carga tributária do mundo, atrás apenas da Suécia, da Dinamarca, da França, da Holanda, da Itália, de Israel, da Hungria, do Canadá, da Alemanha, da Polônia e do Reino Unido. E com que países poderíamos nos comparar quanto ao desempenho administrativo? A conclusão é clara: nossa carga tributária, embora não seja a mais alta, é, seguramente, a mais desfavorável do mundo. Ou seja: nenhum país paga tanto por tão pouco.

Cargas elevadas são bem suportadas por países de economia forte. Porém, num país miserável, como o Brasil, tendo em vista nossa capacidade de produzir riquezas, o limite suportável estaria situado em aproximadamente 25%. A tributação que ultrapassa o marco da nossa realidade econômica deságua na informalidade, na ilegalidade, na sonegação e na inibição do crescimento. É precisamente o que está a ocorrer.

Ademais, é gravíssima a ofensa à nossa capacidade contributiva. A grande marca de nosso sistema tributário atual é a regressividade. Num país em que não há renda, a tributação tende a se concentrar sobre o consumo. Nos EUA, 49% da arrecadação é oriunda da renda. No Brasil, 45% da arrecadação incide sobre bens e serviços. Renda e lucros respondem por apenas 19% (e esse patamar somente é atingido porque o Imposto de Renda brasileiro é confiscatório). Intensifica-se, dessa forma, a tributação indireta, que incide pesadamente sobre o pobre. A carga tributária suportada pelas famílias brasileiras que ganham até dois salários mínimos chega a 48%. Para as famílias que ganham 30 salários mínimos, a carga cai para 26%. Quanto mais pobre é o contribuinte brasileiro, maior é o impacto da tributação.

Questão gravíssima é a ofensa à capacidade contributiva das pessoas jurídicas o que se dá por diversas formas. Exemplo claro é a adoção da produção como parâmetro de tributação  um dos pontos menos inteligentes na organização de nosso sistema. Receita e faturamento, divorciados da lucratividade, não são manifestações de riqueza. As empresas operam com custos de produção diferenciados. Muitas delas estão a exibir faturamento que, embora expressivo, é superado pela despesa, não há capacidade contributiva alguma. A manifestação não é de riqueza, mas de endividamento. Todavia, PIS e Cofins incidem impiedosamente, empurrando a empresa para o precipício. 

Outra forma de agressão à capacidade contributiva reside na cobrança do tributo anteriormente ao fato gerador. Nesse sentido, tem havido redução dos prazos de pagamento. O prazo para o IPI, por exemplo, fixado em 120 dias, foi reduzido para 10 dias. O Imposto de Renda é pago muito antes de se saber qual será o lucro efetivo. A contribuição previdenciária é paga no segundo dia do mês, ocasião em que o fato correspondente (despesa com a folha de pagamento) ainda não ocorreu. E com o mecanismo da substituição tributária para frente, com base de cálculo fixada por presunção frequentemente superior ao montante da operação real. A incidência tributária anterior ao fato econômico implica endividamento da empresa para pagamento do tributo (pois o ingresso correspondente não ocorreu), atingindo o capital de giro imprescindível à própria sobrevivência empresarial. Nada mais desastroso.

Subsiste a cumulatividade na tributação sobre o consumo, a despeito de princípio constitucional que a proíbe. A adoção do sistema de créditos físicos, as restrições do crédito de PIS e Cofins no regime não cumulativo, as contínuas restrições de crédito de ICMS, a cumulatividade econômica remanescente na tributação sobre o consumo, agridem frontalmente a neutralidade de mercado. O tributo que deveria ser suportado pelo consumidor final (pois esse é o mecanismo próprio da tributação sobre o consumo) passa a onerar todas as etapas da cadeia de circulação. Tudo estimula a verticalização das empresas exatamente a contramão da modernização empresarial, num mundo que prega a contínua especialização. Com isso, perdemos competitividade e mergulhamos profundamente no nosso próprio atraso.

11 de agosto de 2014
Sacha Calmon, Correio Braziliense

ALOPRADOS FAZEM O DIABO


O hábito de enviar mensagens por meio de robôs com ataques a jornalistas independentes, e invadir sites ou usar os que são abertos, como a Wikipédia, para denegrir a imagem dos que consideram seus inimigos políticos, é um expediente comum dos militantes petistas aloprados.
Em 29 de outubro de 2011 esses marginais entraram na minha página na Wikipédia para incluir uma suposta notícia de que eu havia sido identificado pelo Wikileaks como informante do governo dos Estados Unidos, juntamente com outros jornalistas.

Na verdade, o Wikileaks havia divulgado uma série de telegramas do embaixador dos Estados Unidos, entre os quais relatos de encontros que mantivera comigo e com outros jornalistas, onde conversamos sobre diversos assuntos, inclusive as eleições presidenciais de 2010. Nada do que disse naquele encontro diferia do que escrevi nas minhas colunas naquela ocasião, nenhum segredo havia para ser informado.

O encontro de jornalistas com diplomatas estrangeiros é o que há de mais normal no mundo todo, e essa troca de opiniões faz parte de um relacionamento profissional que apenas mentes pervertidas, ou a soldo, podem transformar em uma atividade de espionagem .

Alertado, eu mesmo entrei no Wikileaks e retirei a peça infamante. Esta semana, vendo o que aconteceu com Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg, lembrei-me do episódio e mandei fazer um levantamento na Wikipédia para verificar se era possível, a partir do IP dos computadores, saber de onde haviam sido acionados.

Para minha surpresa, descobri que haviam feito, de junho de 2011 até 8 de agosto deste ano, diversas entradas em minha página na Wikipédia para acrescentar comentários desairosos ou informações falsas. Algumas dessas aleivosias foram retiradas pela própria direção da Wikipédia; outras por pessoas que discordavam do que lá estava escrito, como, por exemplo, de que eu, nas colunas, destilo meu ódio contra o ex-presidente Lula.

Ontem, retiraram qualquer juízo de valor sobre minhas atividades jornalísticas. O levantamento feito pelo jornal não indicou nenhum servidor de órgãos do governo, inclusive o Palácio do Planalto, nas agressões inseridas na Wikipédia contra mim. Os servidores utilizados são de Toronto, no Canadá, da Austrália e apenas um tem origem em São Paulo, mas não foi possível definir com precisão sua localização.

O que espanta no caso atual, em que Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg foram os alvos, é que as agressões partiram de computadores alocados no Palácio do Planalto, o que indica que essa ação de alterar perfis de jornalistas e pessoas consideradas inimigas já se tornou tão habitual para a militância petista que ela deixou de lado a cautela, utilizando até mesmo o Planalto para suas investidas ilegais.

É sintomático que jornalistas independentes tenham sido vítimas dessas ações de guerrilha na internet, pois desde que chegaram ao poder, em 2003, há um núcleo petista que tenta de diversas maneiras controlar a imprensa, a última delas com o tal controle social da mídia . Os conselhos populares fazem parte desse mecanismo de controle estatal que os petistas tentam impor à sociedade brasileira.

O fato de que os atos delinquenciais partiram de dentro do Palácio do Planalto os coloca muito próximos, pelo menos fisicamente, do centro do poder. O episódio revela, no mínimo, uma falta de controle do pessoal que trabalha no Palácio do Governo. Quando não a conivência de algum alto assessor com o crime contra a liberdade de imprensa numa campanha em que fazer o diabo estava previsto pela própria presidente Dilma Rousseff.

11 de agosto de 2014
Merval Pereira, O Globo

GOTEJANDO

BRASÍLIA - Depois de o Planalto enviar um funcionário a um seminário de internet em Cuba, tudo é possível. Cuba é o último lugar do mundo para fazer curso de internet... a não ser de guerrilha digital.

Por essas e outras, é irritante, mas não surpreendente, a informação da Folha e do "Globo" de que a rede do Planalto é usada para adocicar perfis de aliados, azedar dos adversários e plantar calúnias contra jornalistas críticos. A operação, além de indecente e possivelmente criminosa, é também de uma burrice gritante.

Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, afora serem queridos amigos, são dois dos mais premiados jornalistas do país. Logo, o ataque não foi só aos dois, mas a uma categoria inteira e a uma cidadania que exige liberdade de expressão e de crítica.

Do ponto de vista político, é péssimo para Dilma Rousseff, mas é sobretudo um desastre para o PT, que já enfrenta alta rejeição, candidatos assustados e atritos de toda sorte.

Segundo o marqueteiro João Santana, eleições trabalham o imaginário popular. Pois o uso da sede da Presidência para golpes rasteiros só "vai gotejando" uma imagem ruim do PT, como diz Gilberto Carvalho.

A hora é de falar de Mais Médicos, Minha Casa, Pronatec, não de o Planalto fazer jogo sujo que remete a mensalão, aloprados e manipulação da CPI. E também à estrela vermelha de dona Marisa no Alvorada, ao passeio da cadelinha em carro oficial, ao emprego da nora para não fazer nada no Sesi e ao contrato milionário do filho --"o Ronaldinho"-- por baixo dos panos.

A confusão entre público e privado corresponde às boquinhas e ao aparelhamento de Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil. Em nome de "uma causa" --a dos poderosos e da elite de plantão. Os outros? Os outros são "contra os pobres".

Se cabeças rolaram no Santander por avaliações de mercado, o que ocorrerá no Planalto por ações que nada têm a ver com o interesse público, o Estado e a nação?


11 de agosto de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP
 

O SANTANDER E O CAMINHO DA SERVIDÃO

Causou polêmica um comunicado recente do banco Santander a um grupo seleto de clientes com perfil de investidor. Nele, o banco trazia uma breve análise do cenário da economia brasileira e perspectivas, sugerindo aconselhamento de investimentos diante do cenário traçado. O governo, o PT e a presidente-candidata não gostaram nem um pouco da análise. Tanto pressionaram que até o presidente mundial do Santander se manifestou desculpando-se e reafirmando a confiança do banco no futuro da economia do Brasil. O analista responsável pelo comunicado acabou demitido.

Mas o que dizia de tão grave o tal informe do Santander? Além de um breve apanhado geral do cenário econômico atual (“baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente”), relacionava a queda da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de intenções de voto com as recentes altas no índice Ibovespa. O informe também afirmava que, caso a situação eleitoral mudasse em favor de Dilma, “o câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam a alta e o índice Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes”. Por fim, recomendava que, diante desse cenário, o cliente procurasse seu gerente de relacionamento para avaliar quais as melhores alternativas de investimento diante desse cenário.

Em suma, trouxe uma versão resumida de fatos concretos e objetivos da realidade brasileira que hoje influenciam as flutuações do mercado. Em nenhum momento o analista do Santander emitiu julgamentos de valor sobre os rumos tomados pela política econômica do atual governo. Apenas fez o que se espera de um profissional encarregado de aconselhar clientes sobre as melhores formas de investir seu dinheiro. Estaria sendo negligente e irresponsável se ignorasse o atoleiro econômico em que se encontra o Brasil. No mesmo sentido já haviam se posicionado grandes bancos estrangeiros, como o Deutsche Bank e o Goldman Sachs.

Mesmo que a análise do Santander estivesse equivocada, nenhum governo ou partido tem o direito de interferir na sua relação com seus clientes desta forma. Onde ficam a autonomia contratual do cliente do banco, sua confiança, a independência de seus analistas, a transparência? E a liberdade de expressão?

A valorização (e desvalorização) de ativos está diretamente relacionada a suas expectativas de valor futuro. Em um país como o Brasil, onde temos um profundo grau de intrusão governamental na economia, um canetaço do governo federal pode decidir o sucesso ou a falência de muitas empresas. Basta observar o que vem ocorrendo com a Petrobras e com as empresas do setor elétrico, pagando o pato do descontrole fiscal e monetário em vigor no país.

As reações da presidente e de seu partido são de uma gravidade que não pode ser ignorada. Quando a mão intervencionista muito visível do Estado acovarda até um dos maiores bancos da América Latina, é preciso refletir sobre o que resta a nós, reles mortais. “Trabalhe, pague impostos e fique de boca fechada” é o que parecem dizer. E assim seguimos, como o Santander, tecendo a corda de nossa própria forca.


11 de agosto de 2014
Fábio Ostemann, Gazeta do Povo, PR

A RODA DA FORTUNA

Dados da primeira prestação de contas das campanhas eleitorais reforçam percepção de que é grande o desgaste da presidente Dilma Rousseff

A primeira prestação de contas das campanhas eleitorais, divulgada há poucos dias pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), traduz em cifras a leitura que os principais grupos empresariais fazem a respeito do cenário político atual.

Os dados, relativos somente à arrecadação do primeiro mês de disputa, reforçam a percepção de que é grande o desgaste da presidente Dilma Rousseff (PT).

A essa altura do campeonato de 2010, a candidata do PT havia amealhado R$ 14,7 milhões. Seus dois concorrentes diretos, José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), contavam, respectivamente, com R$ 5,2 milhões e R$ 8,9 milhões.

Neste ano, os R$ 10,1 milhões acumulados pela petista a deixam atrás, nesse quesito, de Aécio Neves (PSDB), com R$ 11 milhões, e pouco à frente de Eduardo Campos (PSB), com R$ 8,2 milhões.

Se fatores ideológicos e apoios incondicionais guiam parte das doações, é inegável que o pragmatismo preside as escolhas dos maiores contribuintes. Poucos arriscariam todas as fichas em apenas um postulante, sobretudo se suas chances de vitória fossem pequenas --daí por que um mesmo grupo costuma dividir seus recursos entre os concorrentes.

Chama a atenção, assim, que Dilma, hoje no comando da máquina pública federal e com 36% das intenções de voto, tenha arrecadado menos que Aécio, com 20%. Quatro anos atrás, a petista detinha quase o triplo das verbas de Serra, com quem estava empatada nas pesquisas de julho.

Verdade que, considerando as simulações de segundo turno e a avaliação do governo, o favoritismo de Dilma se diluiu muito neste ano. Ainda assim, parece haver, nas diferenças entre os dois cenários, mais do que mero cálculo de retorno sobre o investimento.

Aos olhos dos financiadores, Aécio parece mais palatável do que Dilma, seja pelo desempenho pífio da economia no atual mandato, seja pela expectativa de uma gestão menos intervencionista.

O próprio diretório nacional do PT enfrenta dificuldades para encontrar doadores. O partido há 12 anos alojado no poder ocupa o oitavo lugar na lista de arrecadação e juntou R$ 6,2 milhões --menos, em valores atualizados, que na primeira prestação de contas de 2010, quando era o terceiro colocado.

Enquanto o PT parece ter sido prejudicado pelo estilo Dilma de fazer política, o PMDB se beneficiou. Dirigindo a Câmara e o Senado, a legenda tornou-se particularmente importante para quem perdeu interlocução com o Planalto. Trocando em miúdos, o partido já arrecadou R$ 28,5 milhões, sendo o líder isolado nesse aspecto.

Tudo somado, seria o caso de dizer, com ou sem trocadilho, que a roda da fortuna começa a girar.

 

OS ALOPRADOS DO PLANALTO

A reprodução, na forma e conteúdo, da atual campanha do PT em relação às anteriores reflete o esgotamento de uma fórmula vitoriosa enquanto a maquiagem da realidade resistiu aos efeitos do tempo.

A crise da economia é o desfecho de um ciclo populista que se mostra insustentável desde que o contribuinte despertou da anestesia de consumo a que foi submetido em favor de um projeto cujo objetivo único é o da permanência no poder.

O recurso aos mesmos métodos de sempre já não se mostra, por isso, eficiente. A substituição do debate pela desqualificação dos adversários, a comparação com o governo do PSDB (já lá se vão 12 anos), o discurso antiprivatização, a terceirização dos erros - ora à imprensa, ora a causas externas - se mantêm sedutores para uma parcela cada vez menor do eleitorado.

Nesse contexto, ressurgem os chamados aloprados, termo cunhado pelo ex-presidente Lula para desvincular o governo de ações sujas que vão da quebra de sigilos à difamação de adversários, agora operadas de dentro do Palácio do Planalto.

O que há de novo nessa ação é o fato de os aloprados de ontem, militantes de campanha, agora atuarem dentro do governo, como mostra a alteração de perfis de jornalistas na internet a partir de computador do Palácio do Planalto.

O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, responsabilizado por Lula, em 2006, pela seleção dos aloprados que produziram dossiês falsos contra o candidato da oposição, José Serra, participa da campanha em cargo oficial.

De sua secretaria, o governo coordenou a ação de desmoralização da CPI da Petrobrás, dando conhecimento prévio a diretores da empresa das perguntas que lhes seriam feitas na comissão, o que está muito longe da normalidade da preparação de depoentes.

Já havia o PT, antes, produzido uma lista negra de jornalistas, divulgada pelo seu vice-presidente, Alberto Cantalice (RJ), em um ato de cunho fascista, que remete à dedução legítima de que lista bem mais ampla circula em órgãos do governo com meios de prejudicar profissionais a partir do acesso a dados pessoais cuja proteção é garantida constitucionalmente.

A volta dos aloprados à cena eleitoral revela que a expressão jocosa com a qual o ex-presidente os classificou funciona para eles como uma espécie de licença para delinquir, protegidos pela versão de que agem à revelia do partido e do governo.

Mas, uma vez dentro do Planalto e de outros órgãos públicos, muitos com representação regional, não cabe mais o silêncio da presidente Dilma Rousseff em relação a esses delitos.


11 de agosto de 2014
João Bosco Rabello, Estado de S.Paulo

A FORÇA DOS NULOS, BRANCOS E INDECISOS

Não cruzem os braços, não sejam meros espectadores. Vamos votar, está combinado?

Eles são 24%, quase um quarto do eleitorado brasileiro. Tenho simpatia por esse exército de deserdados, órfãos, ou qualquer nome que se queira dar aos 34 milhões de brasileiros aptos a votar, mas dispostos a abrir mão de escolher o próximo presidente. Os dados são da última pesquisa do Ibope, divulgada na quinta-feira.

Tenho simpatia, mas, diante da encruzilhada em que se encontra o Brasil, sinto vontade de dizer: escolham um candidato, mesmo que não estejam totalmente convictos, mesmo que tenham de cobrar depois. Sou contra o voto obrigatório, por considerar o voto um direito e não um dever. Mas, se assim é a lei em nosso país, vamos votar em alguém, está combinado?

Não cruzem os braços, não sejam meros espectadores, não se apoiem na falsa comodidade de pensar que nada têm a ver com isso que está aí. Numa democracia, somos todos responsáveis, em algum grau, pelos rumos da cidade, do Estado e do país.

São vários os sentimentos por trás da vontade de anular ou deixar branco o voto, cara a cara com a urna. Desencanto, revolta, indiferença, impotência, desinformação, desconfiança. Vontade de não se misturar à corja de políticos que só sabem aumentar os impostos e roubar a educação, a saúde, a habitação, o transporte, a segurança. Mentem com desfaçatez. E roubam até dos pobres.

Simpatizo com os nulos, brancos e indecisos, mas jamais consegui, na hora de votar, assumir esse “protesto” inútil. Lamento que o eleitor jovem tenha se afastado, diante da sucessão de escândalos e alianças sujas no partido que mais prometeu ética na recente história política brasileira. Entre 2010 e 2014, caiu 31% o número de eleitores entre 16 e 18 anos. Por que, Lula? Por que, Dilma? Por que, oposição? É uma questão de agenda, arrogância, credibilidade ou tudo junto?

Muitos jovens também se desiludiram com a violência e o vandalismo dos protestos de rua. Protestos que começaram vestidos de branco e terminaram de preto. Numa ditadura, o extremismo se entende. Numa democracia, é patético. Foi covarde e nojenta a repressão policial – de uma truculência e omissão inaceitáveis. Mas os autoproclamados líderes dos protestos afastaram o povo, que não quer um país em chamas.

Há quase 142 milhões de eleitores no Brasil. De acordo com a última pesquisa do Ibope, Dilma Rousseff (PT) tem 38%; Aécio Neves (PSDB), 23%; Eduardo Campos (PSB), 9%; outros, 6%. Os nulos, brancos e indecisos somam 24%. Mais que o segundo colocado na disputa para a Presidência.

Trinta e quatro milhões de brasileiros, a dois meses das eleições, não têm em quem votar para presidente, por rejeição ou desinteresse. No mundo, somente 37 países têm mais habitantes – não eleitores – que nosso exército de órfãos da política.

Esse enorme contingente é valioso para todos os candidatos, porque quem já decidiu dificilmente mudará o voto, a não ser que a campanha revele algo catastrófico. Até agora, a disputa anda tão fria nas ruas que lembra a Copa do Mundo. Provavelmente continuará assim, incendiando apenas as redes sociais, que têm estado intragáveis com a invasão dos militantes.

Campos, na ansiedade de subir para dois dígitos e conquistar os indecisos, afiou um discurso de terceira via, pela educação em tempo integral em todas as classes sociais, e afirmou: “Os únicos que não governarão com Renan, Sarney e Collor somos nós, Marina e eu”.

A nova classe média, cortejada pelo PT, anda ressabiada. Segundo uma pesquisa do Data Popular, 32% da classe C acha desesperadora a situação. Para 69%, está difícil pagar as contas de manutenção da casa e de comida. Com malabarismos, a classe C tenta fazer o gasto caber no orçamento. Um exercício que o governo ignora. Os gastos públicos aumentam sem parar. O Planalto sabe que o povão não lê nada sobre economia, e muitos nem recebem conta de luz.

Se você não quiser ou não puder apagar a luz e se mudar do Brasil, pense bem antes de votar nulo ou branco. Informe-se e decida. É aqui, neste país onde crescem os filhos e os netos, que as mudanças precisam acontecer. Todos os candidatos sabem disso. Tanto que os três prometem mudar.

Não dá para conviver com esse noticiário escabroso de roubalheira oficial, escolas depredadas e sem professores, hospitais sem higiene, sem leitos, sem equipamento e sem médicos, barracos sem sistema de esgoto, mares e lagos poluídos, assaltantes e PMs que matam e estupram.

É nocivo para a saúde ver como o Brasil maltrata os honestos e enriquece larápios. Vote em Dilma. Vote em Aécio. Vote em Campos. Mas vote mesmo, na hora da verdade.

 

O PT MOSTRA QUE TEM GABARITO

A mídia golpista está de novo chateando o governo popular. Só porque os missionários do PT no Planalto, no Congresso e na Petrobras foram flagrados montando uma farsa na CPI da estatal, essa imprensa burguesa que não tem mais o que fazer está novamente com manchetes escandalosas.
Parece até que não conhece o modus operandi de Dilma, Lula e companhia.

Para um governo que forja suas próprias contas - a céu aberto, para todo mundo ver, qual o problema em forjar uma sessão de CPI? Nada de novo no front.
O problema, esse sim escandaloso, não está na encenação, mas no palco.

O Brasil assistiu - sonolento, como sempre - ao sepultamento da CPI do Cachoeira em 2013. Três meses depois, os brasileiros inundaram as ruas para um basta contra alguma coisa que eles não sabiam (não sabem) o que era.
Nem um único pedestre, ativista, ninja ou mascarado fez alguma pálida referência ao escândalo. Tratava-se de uma conexão mafiosa entre um mega bicheiro e uma mega empreiteira - a escolhida pelo governo popular para fazer a maior parte das obras do PAC.
A Primavera Burra não viu que o Caso Cachoeira, se devidamente investigado com o clamor das ruas, passaria a limpo boa parte da República.

Mas é perda de tempo falar de manifestações que hoje discutem se os pimpolhos incendiários podem ou não tramar em liberdade a explosão da cabeça do próximo inocente.
Os novos donos do Brasil - os milionários imperadores do oprimido - sabem bem que nenhum lunático tranca-ruas desses corre o menor risco de entender o truque da elite vermelha. Por isso, a CPI do Cachoeira descansa em paz.
Ela havia sido fomentada por Lula para atingir adversários do PT. Quando o oráculo viu que o caldo entornaria para dentro de casa, mandou parar a brincadeira. Nada como um líder.

E assim caminhava também a CPI da Petrobras, montada carinhosamente pelo governo com todas as cartas marcadas, para morrer a quilômetros da praia.
A CPI do Cachoeira ainda tinha tido momentos insalubres, com o companheiro Collor, escalado por Dilma, Lula e Sarney para babar seu ódio contra a imprensa e tentar jogar areia nos olhos da opinião pública (como se precisasse).

Na CPI da Petrobras, não foi preciso nada disso. Trabalho limpo, manipulação governista tranquila, maioria anestésica garantida - ninguém sabe, ninguém viu doleiro nenhum, muito menos ouviu falar onde fica Pasadena.

Mais um escândalo posto magistralmente em banho-ma-ria pelos companheiros, só esperando que a chegada da Copa do Mundo lhe desse o golpe de misericórdia - natural e indolor.
Nem o mau humor dos 7 a 1 vexatórios lembrou ao distinto público a central de negociatas em que foi transformada a maior empresa brasileira. Tudo corria normalmente, até que surge a denúncia bombástica: os depoentes que responderam sobre a Petrobras na CPI são acusados de receber previamente as perguntas que lhes foram feitas pelos integrantes da Comissão.

A farsa em si não tem problema nenhum. Desde que o Brasil reelegeu Lula alegremente com o mensalão nas costas, a farsa está liberada. A CPI da Petrobras já era uma farsa antes da farsa, infestada de companheiros para não investigar nada.
É como se você tivesse comprado o professor para lhe dar nota 10, depois montasse outro golpe para roubar o gabarito da prova! Tudo bem que sua vocação para o roubo seja forte, mas por que se arriscar tanto?

O caso do gabarito das questões da CPI para dirigentes da Petrobras é incrível, porque ali todos são índios da mesma tribo: perguntadores e perguntados servem à missão suprema de preservar o projeto de sucção do PT ao reeleger Dilma Rousseff. Essa operação para marcar as cartas já marcadas é, portanto, altamente intrigante.
Um bom investigador diria, sem piscar: ainda há algum segredo valioso nessa história. Ainda bem que esse investigador não existe. O trabalho vai sobrar de novo para a imprensa burguesa, coitada. Como exploram essa elite branca.

É sempre um espetáculo assistir à ação coordenada do PT entre empresa estatal, Congresso e Palácio - naquilo que o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso já explicou que não é quadrilha.
Seja qual for o nome do esquema, tem a chance de chegar à perfeição se Dilma for reeleita. 

11 de agosto de 2014
Guilherme Fiuza, Revista Época

VÍDEO: A GUERRILHA DO ARAGUAIA - PARTE 06

VÍDEO: A GUERRILHA DO ARAGUAIA - PARTE 05

VÍDEO: A GUERRILHA DO ARAGUAIA - PARTE 04

VÍDEO: A GUERRILHA DO ARAGUAIA - PARTE 03

VÍDEO: A GUERRILHA DO ARAGUAIA - PARTE 02

VIDEO: A GUERRILHA DO ARAGUAIA - PARTE 01

LEILÃO PRECIPITADO

 
11 de agosto de 2014
Editorial Gazeta do Povo, PR

EQUÍVOCOS DA POLÍTICA ENERGÉTICA


Muito antes de as chuvas rarearem, esvaziando os reservatórios e derrubando a produção de energia hidrelétrica no país, era notória a dificuldade de investir nesse setor no Brasil. Mesmo pequenas centrais hidrelétricas, as PCHs, podem levar 10 anos da fase de estudos à conclusão das obras.
A demora na análise de projetos, em especial em relação ao licenciamento ambiental, desestimula o investimento. E quem se aventura sabe que terá outros problemas pela frente, como os interesses estranhos à área energética contrabandeados para o meio pela mão forte do Estado - por exemplo, na administração dos preços, não a favor da oferta, mas com o fim único de controlar a inflação.

Assim vai rolando a bola de neve em que se transformou a crise de energia no país. Com a capacidade de investimento prejudicada e obrigado a evitar o racionamento, o setor teve de bancar o custo mais alto das termelétricas, que, além de mais caras, são poluidoras.

Pelo menos três efeitos colaterais logo se fizeram sentir: o endividamento das distribuidoras; a sobrecarga dos cofres públicos, chamados a socorrê-las com R$ 18,5 bilhões, até agora - sem contar R$ 17,8 bilhões em empréstimos contraídos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica; e a perda da qualidade da matriz energética, das mais limpas do mundo, contaminada pela emissão de gás carbônico, com o acionamento das usinas movidas a óleo combustível.

A esta altura, o somatório de adversidades lança dúvidas até sobre a suficiência do sistema interligado para garantir o abastecimento. O círculo vicioso poderia ter sido quebrado lá atrás, se, em vez de ação intervencionista na economia, o governo tivesse feito o dever de casa, desburocratizando os procedimentos de concessão de outorgas. Para se ter ideia, mais de 600 projetos de PCHs estão na fila da análise, apenas esperando a aprovação do órgão regulador para o início das obras.

Segundo a Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, a demora empata investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, que poderiam acrescentar nada menos que 8 mil megawatts/hora à produção nacional. Isso apenas em relação às pequenas centrais hidrelétricas, cujos reservatórios, pelo tamanho menor, impactam bem menos o meio ambiente.

A perigosa inércia governamental preocupa a população. Pesquisa do Ibope, feita a pedido da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, constatou que 75% dos cidadãos consideram de muito alto a médio o risco de escassez de fornecimento de energia. E 83% são favoráveis a campanha de incentivo à economia de eletricidade, de modo a evitar a falta de luz ainda este ano.

Mas nem isso é feito. Ainda que sem convencer, o governo insiste no discurso de que o sistema segue seguro. O equívoco tampouco ajuda a campanha à reeleição da presidente Dilma. Afinal, não derruba o fantasma do racionamento que paira no ar nem permite que o eleitor exerça a disposição e o direito de contribuir. Sem contar que dois terços dos brasileiros também desaprovam as tarifas pagas, consideradas altas, e 77% reclamam o direito de produzir energia em casa, seja por meio de painéis solares, seja por fontes eólicas.

11 de agosto de 2014
Editorial Correio Braziliense

LULA ORDENOU "IR PRA CIMA" DA CPI. A TURMA DA PETROBRAS OBEDECEU...

SÓ NÃO CONTAVA COM A CANETA ESPIÃ QUE GRAVOU TUDO! VEJA O VÍDEO COMPLETO PASSO A PASSO!

Clique AQUI para ver o vídeo completo
Na edição passada, VEJA revelou uma fraude perpetrada por funcionários graduados da Presidência da República e da Petrobras, em parceria com a liderança do PT no Senado, para desmoralizar a CPI que investiga a empresa e engambelar a opinião pública.
Documentada em um vídeo com cerca de vinte minutos de duração (que pode ser visto AQUI na íntegra), a trapaça funcionava da seguinte forma: os investigados recebiam as perguntas dos senadores com antecedência e eram treinados para responder a elas, a fim de evitar que entrassem em contradição ou dessem pistas capazes de impulsionar a apuração de denúncias de corrupção na companhia.
 
Pegos de surpresa e sem poderem negar o conteú­do do vídeo, os governistas trataram de interpretá-lo a seu favor. O relator da CPI da Petrobras no Senado, José Pimentel (PT-CE), negou a existência de armação entre investigadores e investigados.
Funcionários do Planalto admitiram a parceria com a Petrobras e os parlamentares, mas sustentaram que ela foi feita em benefício do bom funcionamento dos trabalhos da CPI, e não para fraudá-la. Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, saiu-se com a tese de que a combinação de depoimentos em CPIs “vem desde Pedro Álvares Cabral”.
Seria, portanto, um trabalho corriqueiro, normal. Normal não é. É crime. Pode até ser prática antiga, ninguém sabe, mas esta é a primeira vez que a malandragem vem a público em som e imagens.
 
Integrante da base governista, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) afirmou que, durante a CPI dos Correios, os investigados jamais receberam as perguntas previamente nem foram ajudados pela equipe técnica da comissão nas respostas. Por um simples motivo: para avançar, uma apuração precisa surpreender seus alvos e for­çá-los a revelar aquilo que querem esconder, justamente o contrário da meta perseguida pela fraude governista.
 
“Uma investigação de verdade pressupõe pegar o investigado de surpresa”, disse Serraglio. “Como falar em investigação se já se sabe tudo o que será perguntado e respondido. Imagine um promotor ou um delegado alertando o investigado sobre quais questionamentos serão feitos a ele. Isso é ridículo.”
A indignação do deputado é plenamente justificada. Ele conhece o poder depurador que uma CPI bem conduzida pode ter na vida política brasileira.
 
Serraglio, que é advogado, foi relator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão e cujo relatório final serviu de prova para a cassação de deputados e a prisão de petistas, como o ex-ministro José Dirceu.
Se durante a CPI dos Correios houvesse distribuição de gabarito e acordo clandestino entre investigadores e investigados, o marqueteiro Duda Mendonça dificilmente teria admitido que recebera no exterior, via caixa dois, o pagamento pelos serviços prestados à campanha presidencial de Lula em 2002.
Outras confissões também seriam contidas nos bastidores. “A CPI dos Correios fez com que o pessoal se blindasse. Desde então, houve um desvirtuamento das CPIs.
 
Não adianta nada a Constituição garantir à minoria o direito de investigar se a maioria se acha no direito de fechar as portas para a investigação”, declarou Serraglio. Escaldado pelos resultados da CPI dos Correios, o ex-presidente Lula sempre ordenou ao PT que tratorasse as comissões parlamentares seguintes. Foi assim com a CPI do Cachoeira e com a CPI da Petrobras de 2009. Em abril deste ano, Lula mandou o PT “ir para cima” da nova CPI da Petrobras. Missão dada, missão cumprida.