"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

NA RENOVAÇÃO POLÍTICA, O PROBLEMA É QUE OS INDIFERENTES SEMPRE PERMANECERÃO... INDIFERENTES


As renovações políticas, segundo a História, nunca foram feitas com conversas. Os grandes navegadores tiveram, sempre, que enfrentar grandes tempestades.
De nada adianta dizer que “a violência deve ser evitada” etc. Seria ótimo, pregar a paz e obter a paz. Mas historicamente isso não funciona desta forma.
 
Aí está o Papa Francisco, quase que de joelhos, implorando o fim do Deus Dinheiro, rebelando-se contra a Globalização da Indiferença etc. Mas os indiferentes… permanecerão indiferentes, pouco se importando com o destino dos menos favorecidos, cuja missão é trabalhar para enriquecer os “poderosos”.
 
O mundo capitalista é governado por quadrilhas sanguinárias, totalmente insensíveis aos reclamos dos povos. Ficou faltando alguém perguntar: “Onde, em qual país existe a tal democracia?; Onde, em qual país, existe o livre mercado?; Onde, em qual país, existem os direitos humanos?; Onde, em qual país, as eleições são livres e os povos manifestam-se sem a (fortíssima) interferência de poderosos e decisivos grupos financeiros?”
 
Aí estão os crimes revelados por Jimmy Carter, por Edward Snowden e pelas confissões da Siemens (que atua em todo o mundo)… E os terroristas, denunciados inapelavelmente, estão em toda a parte mascarados e infiltrados, produzindo a sensação de que o “povo é que decide tudo”, quando não decide nada. É apenas massa de manobra, desde sempre.
 
Meu tão querido e saudoso amigo João Saldanha costumava dizer: “Não tenham pressa: vocês têm duzentos anos para responder”. Na verdade, isso só muda com uma gigantesca “Rebelião das Massas”, como escreveu Ortega y Gasset.

23 de agosto de 2013
Almério Nunes

DEPUTADO PROTOCOLA PEDIDO DE IMPEACHMENT CONTRA SÉRGIO CABRAL



É evidente que o pedido será arquivado, porque o governador conta com ampla maioria na Assembléia Legislativa. Mas considero politicamente necessária tal iniciativa. Na minha opinião, o “governo” Cabral é o mais corrupto da história do RJ.

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O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) protocolou na terça-feira (20), na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), um pedido de impeachment contra o governador Sérgio Cabral (PMDB).

Freixo entrou com o requerimento baseado em uma reportagem publicada neste final de semana na revista “Veja”, que aponta vultoso crescimento do patrimônio da mulher do governador, Adriana Ancelmo, após a ascensão de Cabral ao Executivo.

De acordo com a reportagem, o escritório Coelho&Ancelmo Advogados saltou de três profissionais e 500 ações, em 2006, para 20 advogados e 10 mil ações em 2012.

A partir da posse de Cabral, o escritório da primeira-dama passou a contar em sua cartela de clientes com a Supervia e o MetrôRio, concessionárias de serviços públicos.

Ainda segundo ‘Veja’, Adriana tem rendimentos mensais de R$ 184 mil por sua participação no escritório. O salário do governador é de R$ 20,6 mil, quase dez vezes menor.

“Isso é um escândalo. Não pode ser tratado como uma questão privada, é uma questão pública a partir do momento que há um claro favorecimento da primeira-dama em contratos do escritório de advocacia vinculados ao governo cujo marido é o governador.

Há um favorecimento direto do governador como membro de uma unidade econômica que é a família”, disse Freixo. “É um crescimento desproporcional que nenhum outro escritório de advocacia teve.”

Para o deputado, a relação dos negócios de Adriana Ancelmo, seu papel como primeira-dama e a participação no governo não são transparentes e carecem de investigação.

“O metrô contratou o escritório dela pra questões trabalhistas sendo que o escritório não tem essa especialidade. É uma relação entre público e privado que tem que ser investigada.

A partir do momento que a primeira dama representa o governador num evento no Tribunal de Justiça, a partir do momento que a primeira dama ocupou cargo público independente de ser remunerado ou não, essa relação está evidente”, disse.

23 de agosto de 2013
Mário Assis

Carolina Farias e Felipe Martins
(UOL)

"TEMOS PRESSA DE QUÊ"?



A pergunta formulada pelo ministro Ricardo Lewandowski escancara, pelo mero sacudir de ombros, a nudez sem pudor do Judiciário brasileiro. Na voz de um representante da mais alta Corte do país, ela confessa o descaso, o desdém e a inoperância da Justiça, a sua quase inutilidade, o seu desmazelo sem culpa. Pior. A pergunta convalida não apenas a inércia desse Poder como o nivela, por baixo, aos demais, hoje execrados pela sociedade em estado de revolta.

Os juízes não têm pressa, os idosos têm pressa, os oprimidos têm pressa, os aflitos têm pressa, as vítimas têm pressa e todos aqueles que têm “fome e sede de justiça”.

O Judiciário centraliza conhecimento, erudição, talento, vaidade, preguiça às vezes. Tudo isso somado conduz a magistratura à dissertação interminável sobre os temas mais complexos, mediante a citação de doutrinas de distintos autores nacionais e estrangeiros, preferentemente estrangeiros, mortos e vivos, preferentemente mortos.

O breve trâmite da demanda sucumbe, muita vez, em benefício do tolo exibicionismo. A celeridade da Justiça perde relevância em confronto ao preciosismo da técnica jurídica, à exaltação pedante e ilusória do aperfeiçoamento processual. O rápido socorro para evitar a injustiça é mero detalhe. O tempo do homem na Terra não se compatibiliza com a ampulheta do Judiciário.

INDIGNAÇÃO

A indignação dos magistrados, quando interpelados, essa sim, se manifesta num piscar de olhos: “A Justiça está lá, ainda que não a possam ver, ainda que não estejam vivos para desfrutá-la”.
A Justiça está obesa, há muito não toma um banho, não se exercita, não sua a camisa, só se espreguiça. Esqueceu que para cumprir o seu papel neste mundo deve retornar para a morada da simplicidade, do estoicismo da vocação, da compostura. Pode ser que lá, em algum lugar próprio para o retiro do espírito, a Justiça renove os seus votos de virtude, relembre o propósito da sua existência e compreenda que a sua única obrigação é dar a cada homem, com a necessária presteza, independentemente de quem seja e dos títulos que ostente, o direito e o dever de colher nesta terra o fruto que semeou. A irritante lerdeza dos juízes constitui o melhor antídoto para prestação jurisdicional plena.

O Diretor Executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, declarou, em recente entrevista, que o Brasil tem a pior Justiça do mundo. Talvez se deva a afirmação em tela aos arroubos da retórica. Seja como for, o desabafo impertinente foi ouvido sem reação dos atingidos. De outro lado, pegando carona no filme recentemente lançado, “Flores Raras”, é significativa a observação da poetisa Elizabeth Bishop (no livro) de que “o Brasil não tem solução face à sua letargia e egoísmo”. Mais uma vez, posto que insensata, a declaração em apreço incomoda porque ali há verdade.

LIÇÕES DE CIDADANIA

É pena que o eminente ministro Joaquim Barbosa não consiga se conter e prossiga transitando no Tribunal com insolente e agressiva desenvoltura, impedindo, assim, o precioso momento para oferecer lições de cidadania a alguns colegas, tão a seu gosto.
Mas é com muito maior pesar que se assiste o ministro Lewandwski dar de ombros e admitir para a sociedade que a Justiça não tem pressa. Quem sabe ele irá perceber um dia que o Brasil rasteja por que as instituições não o permitem manter-se de pé? Quem sabe um dia ele renuncia à vaidade do voto prolixo e faz Justiça ligeira para aqueles que esperam e não podem mais esperar? Quem sabe o Ministro se dê conta, arrependido, de que o seu exemplo de tolerância para com a morosidade pode nortear o procedimento de milhares de magistrados? Quem sabe ouvirão os juízes um dia o grito de desespero da sociedade de joelhos e também se curvem à urgência do povo brasileiro por Justiça?

(artigo enviado por Mário Assis)

23 de agosto de 2013
Francisco de Assis Chagas de Mello e Silva 

FIDEL, PINOCHET Y OTRAS COSITAS MAS

 

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Blá, blá, blá, e pau! Foi…
Vão enfiar 4 mil “médicos” cubanos no Norte e no Nordeste, os bastiões que o PT ainda segura bem a golpes de “bolsas”. O salário vai ser pago diretamente ao governo cubano o que formal e precisamente caracteriza “trabalho escravo” na legislação brasileira, tipificação de crime que, em grande parte é obra do PT.  Quem será que vai mandar nesses caras, o Ministério da Saúde ou os velhotes lá de Cuba a quem eles terão de estender a mão todos os meses pra recuperar um pedacinho do que estaremos lhes pagando?

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Agora, divertido mesmo é imaginar o que faria o PT se o governo brasileiro da época resolvesse importar médicos chilenos e pagar o salário deles ao general Pinochet…

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O PMDB atua em relação aos governos que “apoia” (e ele apoia rigorosamente todos) com a mesma abordagem de um especulador profissional da Bolsa. Não lhe interessa a mínima se o governo ou o país estão indo para cima ou despencando para o inferno. Tudo que ele tem a fazer é colocar-se sempre na contramão de modo a ganhar tanto “na alta” quanto “na baixa”.
Dilma enfraqueceu? A economia vai mal? Ameaça ficar fora de controle?
Ótimo! Toca ameaçar derrubar os vetos da Presidência que podem agravar essa situação. Chove dinheiro! (As emendas parlamentares saltaram de R$ 1,4 bilhão nos sete meses anteriores para R$ 1,2 bilhão nos primeiros nove dias de agosto).
O PT elegeu um “poste“? É preciso fincá-lo forte?
Ótimo! Quanto foi que custou a maré de alta  até aquele pico de mais de 70%?
Pra frente ou pra trás, o PMDB “se enche” sempre, e tanto mais quanto maiores forem as oscilações. Sobretudo se bastantes para por o país em pânico.

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Flagraram o Renan comprando uma casa de R$ 2 milhões em Brasília. Salário de senador, é claro, não dá pra isso e nós estamos carecas de saber que não é atrás dele que corre quem se lança àquelas alturas. Mas cabe especular: será que ele já está gastando por conta da “supersafra” de desgraças?

aula1

Desde que se iniciou a sequência de marolinhas vindas da expectativa de mudança da política de expansão monetária dos Estados Unidos, por aqui é um tsunami atrás do outro.
Fomos, em ritmo de cavalo-de-pau, do dedo na cara do mundo para o dedo no…
O real foi a moeda que mais se desvalorizou no planeta, o que vale dizer que o governo do PT é, neste momento, o mais desacreditado do mundo.

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O crescimento do emprego está minguando em todos os setores da economia. Nas capitais já está andando 11 mil pra trás pela primeira vez desde 2003.
No comércio, onde a situação é a pior de todas, as contratações decresceram 93%.
A agricultura, onde governo não chega, é como sempre quem segura as pontas. Ainda está contratando forte.

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Na contramão, continuam crescendo exponencialmente os gatos de dólares por brasileiros no exterior.
Não vai parar.
A camada mais alta da “nova classe média” descobriu, lá fora, quanto custa essa nossa tão festejada malandragem; esse sistema de corrupção socializada onde não ha quem não desfrute – pessoa, categoria ou classe – de pelo menos um privilegiozinho concedido por algum político.
Tudo, lá em Nova York ou Miami onde não tem privilégio nem “legislação super avançada” pra “beneficiar” ninguém, do luxo ao lixo, custa 1/3 do que custa aqui. De modo que o dolar pode subir tres vezes antes que começe a ser mau negócio comprar lá e não aqui.

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O “bolsa-empresário” do BNDES dividido entre aquela dúzia e meia de “campeões nacionais” escolhidos a dedo entre os amigos do presidente custa, entre subsídios e custos das dívidas que os sustentam, 24 bi por ano, exatamente o mesmo que custa a “bolsa família”, dividida entre 11 milhões de lares com uma média de quatro miseráveis em cada um.

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Não dá mais pra segurar. Ou a gasolina sobe ou a Petrobrás explode. Daqui a pouco o povo vai ter de pagar pra se livrar do carro que ganhou da Dilma.

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E no meio desse tiroteio todo só mesmo a nossa boa Marta Suplicy, vanguarda do proletariado e da libertação sexual, continua impávida, zelando pelos interesses nacionais. Ela acaba de liberar R$ 2,8 milhões da Lei Rouanet de apoio à cultura para o estilista Pedro Lourenço fazer desfiles de moda em Paris.
Isso fortalece a imagem do Brasil no exterior”.

23 de agosto de 2013
vespeiro

FIM DE LINHA

Para provar que a nação está caduca, Dilma se junta com Haddad e Mercadante para falar de Educação

O Brasil transformou-se no paraíso dos absurdos. Preocupada com a queda de sua popularidade e temendo as consequências do coro “Volta Lula”, a presidente Dilma Rousseff escolheu São Paulo como destino prioritário. Tanto é assim, que nesta semana a petista aterrissou duas vezes na capital paulista.

A primeira, logo no começo da semana, foi para participar de evento em São Bernardo do Campo, berço do sindicalismo nacional e redutor político da maior ameaça ao seu projeto de reeleição – Lula.

O segundo pouso na Pauliciea Desvairada, na quinta-feira (22), serviu para que Dilma participasse de evento voltado à Educação, ao lado dos “companheiros” Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, e Aloizio Mercadante, ministro da Educação.

A situação política nacional é tão caótica e decadente, que Dilma tenta se escorar no alcaide paulistano, que por conta do pífio desempenho como prefeito da maior cidade brasileira procura abrigo na seara da presidente da República. Para reforçar essa ópera bufa nada melhor do que um especialista em autoplágio – Aloizio Mercadante, o irrevogável.

A presidente escolheu a maior cidade brasileira para abrigar a cerimônia de assinatura do milionésimo contrato do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) desde 2010. O Fies oferece cobertura de até 100% do valor da mensalidade de universidades particulares, podendo ser pago após o aluno concluir o ensino superior.

Durante o evento, que como sempre contou com pílulas de ufanismo, Dilma destacou a aprovação pelo Congresso do projeto de lei que prevê o investimento dos royalties do pré-sal na Educação. A presidente lembrou que em 2014 o orçamento federal da Educação contará com mais R$ 2 bilhões, dinheiro que virá das profundezas oceânicas.

Mercadante, soberbo como sempre, aproveitou a ocasião para falar sobre os programas da pasta, sendo prontamente endossado pelo antecessor e não menos incompetente Fernando Haddad. Mercadante e Haddad quase protagonizaram um jogral para desfiar as conquistas do Ministério da Educação, como se o ensino no Brasil fosse a oitava maravilha do mundo.

Dilma e seus “red boys” podem gazetear à vontade, pois nem mesmo o dinheiro advindo de todo o petróleo do planeta será capaz de melhorar a Educação brasileira. A grande questão está na qualidade do ensino, mas o governo insiste em despejar dinheiro em ações pirotécnicas que servem como cortina de fumaça para o caos. De nada adiantam os programas oficiais que garantem acesso ao ensino universitário, por exemplo, se os alunos são totalmente despreparados.

Não é preciso nenhum esforço do raciocínio para constatar a dura realidade que vive a Educação brasileira. No momento em que o Ministério da Educação se vale do pleonasmo “inserir dentro” para rechear o texto de campanha publicitária da pasta, não há como pensar em futuro minimamente promissor.

Agora, para descerrar a cortina de mais um capítulo do golpe que levará o Brasil à ditadura comunista, o governo petista de Dilma Rousseff anuncia o lançamento do programa “Mais Professores”, fórmula barata encontrada pelos palacianos para ludibriar a opinião pública.

O Brasil foi arruinado pela sandice de um grupelho liderado por um lobista de empreiteira que acredita ser a reencarnação de Messias, mas enquanto a nação se desmancha o povo brasileiro insiste em não enxergar o óbvio. Enfim, como disse certa vez um conhecido comunista de botequim, “nunca antes na história deste país”.

23 de agosto de 2013
ucho.info

AUDÁCIA DOS BOFES

PMDB ignora o escrúpulo e leva ao ar programa político em que a estrela maior é o papa Francisco

Se até agora a política era considerada a arte da incoerência, a partir de quinta-feira (22) pode ser rotulada facilmente como uma homenagem ao descaramento. Isso porque, na noite de ontem, o PMDB abusou da ousadia e levou ao ar um programa político em que a estrela maior foi ninguém menos que o papa Francisco.

Durante boa parte do programa, aproximadamente oito minutos, atores contratados para falar sobre democracia dividiam a cena com o chefe da Igreja Católica, que em sua recente estada no Brasil mostrou ser muito popular.

Que os políticos desconhecem as fronteiras da imoralidade todos sabem, mas pegar carona na popularidade e na simpatia do papa foi uma mostra de inconteste de falta de escrúpulos. O mais interessante é que somente nos dois minutos finais é que o programa do PMDB exibiu a imagem de políticos.
Numa mostra de que a falta de bom senso não tem limite, pelo menos no PMDB, na telinha da tevê apareceu uma trinca que é verdadeira ode ao pecado: Michel Temer, vice-presidente da República; Renan Calheiros, presidente do Senado Federal; e Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados.

Nos derradeiros dois minutos do programa, a estrela foi Michel Temer, que na maior parte do tempo apareceu ao lado do papa Francisco. A coincidência da abusada incursão televisiva do PDMB ficou por conta de Renan Calheiros, que horas antes de o programa ir ao ar ocupou as manchetes nacionais por ser o mais novo operador do milagre da multiplicação.
Com um salário bruto de R$ 25,6 mil mensais, Renan comprou por R$ 2 milhões uma mansão em Brasília, sendo que parte desse montante será pago em parcelas semestrais de R$ 152 mil.

O programa do PMDB, um direito garantido pela legislação eleitoral, teve o seu lado bom. Mostrou aos brasileiros, mais uma vez, que políticos fazem qualquer para ludibriar a opinião pública. Até mesmo pegar carona na imagem do papa. Mas depois que a ateia Dilma Rousseff posou de carola no Vaticano, vale tudo, como cantava o saudoso Tim Maia.

23 de agosto de 2013
ucho.info

PMDB APOSTA NA IGNORÂNCIA DO POVO E USA PROGRAMA PARA FALAR DE DECÊNCIA, MORALIDADE, RETIDÃO E CORAGEM

 

Face lenhosa – No ousado programa político que levou ao ar na noite de quinta-feira (22), o PMDB, na maior parte do tempo, insistiu no tema democracia.

Como se o povo brasileiro não soubesse da realidade, o partido, que é o maior da chamada base aliada, abriu o programa usando cada letra que forma a palavra democracia para patrocinar um acinte contra o telespectador.

Contratados pelo PMDB, um time de competentes atores abriu o programa ligando cada letra a outras palavras: D – de decência, E – de eficiência, M – de moralidade, O – de ordem, C – de compromisso, R – de retidão, A – de ação, C – de coragem, I – de intuição, A – de altruísmo, de abnegação, de amor pelo outro.

Um partido político que com certa frequência cai na boca do povo por causa dos escândalos que protagoniza, não pode balbuciar as palavras acima. Até porque, quem conhece as entranhas da política nacional sabe que DECÊNCIA é exclusividade de uma ínfima minoria no PMDB.

EFICIÊNCIA, no entendimento do PMDB, é o que brota do desgoverno de Roseana Sarney.

MORALIDADE é assunto que o alagoano Renan Calheiros conhece bem e discute com as vacas que custearam o seu caso extraconjugal com Mônica Veloso.

ORDEM foi o que o caudilho José Sarney distribuiu aos quatro cantos para blindar o filho investigado pela Polícia Federal e censurar o jornal “O Estado de S. Paulo”.

O único COMPROMISSO do PMDB, no momento, é aprovar no Congresso as matérias de interesse do governo petista, desde que a contrapartida surja na frente.

RETIDÃO foi o que pensou o senador Edinho Lobão quando, antes de se retratar, retirou a palavra ética do novo código de conduta do Senado.

AÇÃO foi o Henrique Eduardo Alves viu no Maracanã, depois de voar com sua turma em avião da FAB e no Rio de Janeiro acompanhar a final da Copa das Confederações.

CORAGEM teve Eduardo Paes ao sugerir que o papa Francisco rezasse missa em um pântano camuflado.

INTUIÇÃO foi o que levou o agora sumido José Borba a participar do Mensalão.

ALTRUÍSMO é um detalhe da personalidade de Sérgio Cabral Filho, que ganhou destaque nos voos de helicóptero para Mangaratiba e nas farras parisienses financiadas por Fernando Cavendish.

ABNEGAÇÃO foi que levou Wagner Rossi a ser ejetado do cargo de ministro da Agricultura.

E AMOR PELO OUTRO, por que não pela outra… Bem, esse é um assunto que merece ser tratado com cuidado para que casamentos não sejam desfeitos. Afinal, poucos são os rebanhos no Brasil capazes de justificar financeiramente algumas puladas de cerca.
E AMOR PELO OUTRO, por que não pela outra… Bem, esse é um assunto que merece ser tratado com cuidado para que casamentos não sejam desfeitos. Afinal, poucos são os rebanhos no Brasil capazes de justificar financeiramente algumas puladas de cerca.

23 de agosto de 2013
ucho.info

AS FONTES DO "WHITE SKIN PRIVILEGE"

                        
          Internacional - Estados Unidos
O racismo não mais é sistêmico na América, apenas episódico. Existe, certamente, mas não mais controla a vida dos negros e de outras minorias. Racismo não mais serve de explicação do porque na América alguns são bem sucedidos e outros não.Dinesh D’Souza, The End of Racism

Quando falamos de racismo devemos distinguir claramente preconceito de discriminação. O primeiro, um fenômeno individual, impossível de extinguir, já a discriminação, sim. O preconceito, se não combatido pode levar à discriminação e vice-versa. Mais freqüentemente ambos são associados de uma forma ou de outra.
O preconceito pode estar presente, mas para haver discriminação são necessárias leis discriminatórias que façam com que este preconceito se mostre em todo o seu vigor. Leis discriminatórias sem preconceito manifesto ou latente não ‘pegam’, mas se houver, exacerba-os.
Um exemplo clássico com conseqüências terríveis são as Leis Raciais de Nüremberg de 1935: foi um rastilho acendido num barril de pólvora previamente preparado para explodir.
 

Para o estudo do atual estado de coisas nos EUA é necessário contextualizá-lo historicamente. Lá o fenômeno foi semelhante após o fim da Guerra Civil na chamada ‘Era de Reconstrução’ do país. Deu-se o fim da escravidão dos negros nos Estados do Sul, que lhes trouxe liberdade, mas leis discriminatórias foram impostas para que, mesmo libertos, os caminhos para o progresso individual fossem bloqueados e se tornasse impossível sua integração.
Logo após o fim da escravidão o racismo permaneceu de facto em todo o país. Mas, como os EUA são uma Federação, logo foram instituídas em vários Estados da extinta Confederação leis e códigos de conduta que a tornaram de jure. Os EUA ficaram, assim, divididos em relação aos negros: no Sul, o racismo tornou-se de jure, no Norte, permaneceu de facto. Mesmo antes das leis discriminatórias foram formados grupos organizados como a Ku Klux Klan por brancos que não admitiam o fim da escravidão e dos privilégios dos donos das plantations, que se viram subitamente sem a velha mão de obra gratuita.

A primeira Ku Klux Klan foi fundada pelo general Nathan Bedford Forrest da cidade de Pulaski, Tennessee, em 1865. Seu objetivo era impedir a integração social dos negros recém-libertados, como por exemplo, adquirir terras, ter direitos concedidos aos outros cidadãos, como votar. Em 1872, o grupo foi reconhecido como uma entidade terrorista e foi banida dos Estados Unidos.
A segunda Klan foi fundada em 1915, em Atlanta, por William J. Simmons. Este grupo foi criado como uma organização fraternal e lutou pelo domínio dos brancos protestantes sobre os negros, católicos, judeus e asiáticos, assim como outros imigrantes. Famoso pelos linchamentos e outras atividades violentas, chegou a ter 4 ou 5 milhões de membros na década de 1920, incluindo muitos políticos.

As leis discriminatórias nos EUA (Jim Crow Laws [1] - 1876-1965)

Foram aprovadas as Leis Jim Crow, que entraram em vigor em 1876-77 e vigoraram até 1965. Estas leis, locais ou estaduais, tornaram a segregação até então dominada pelos costumes, em segregação de jure: a separação com status ‘igualitário’ entre brancos e negros num sistema de castas. Este sistema tornou-se um verdadeiro modo de vida, mais do que uma série de leis, principalmente, mas não somente, nos estados do sul e fronteiriços.
Os negros foram relegados ao status de cidadãos de segunda classe, o que explica o ‘igualitário’ mencionado acima: as leis definiam ‘com justiça’ os direitos e deveres de ambas as castas que deveriam permanecer segregadas.

Na verdade, a segregação levou os negros a um estado de inferioridade legalizado. Jim Crow representou a legitimação do racismo. Muitos pastores e teólogos cristãos ensinavam que os brancos eram o ‘povo escolhido por Deus’ enquanto os negros eram malditos e destinados a serem servos. Assim, mais uma vez, Deus foi invocado para justificar o injustificável.

Craniologistas, eugenistas, frenólogos [2] e adeptos do darwinismo social, sustentavam que os negros nascem inferiores aos brancos intelectualmente e a integração racial, que incluiria casamentos mistos, levaria à idiotização dos últimos. Assim eram ensinadas as crianças de ambas as raças e os jornais e revistas sistematicamente ridicularizavam os negros que por sua vez, não podiam ser proprietários de meios de comunicação de massa. Tais leis apenas tornavam legais os antigos Códigos para Negros (1800-1866) que já restringia os direitos civis e a liberdade.

jimcrowfountain É impossível detalhar aqui todos os aspectos das leis Jim Crow. Resumidamente: a segregação atingia a educação pública e os transportes, os espaços públicos (havia praças e ruas às quais os negros não podiam freqüentar). Banheiros, restaurantes e bebedouros eram exclusivos para cada uma das duas raças.

A segregação se estendia às Forças Armadas e até mesmo a detalhes da vida cotidiana: um negro não poderia apertar a mão de um branco, nem acender o cigarro de uma mulher branca, negros não podiam ter gestos afetivos entre si em público, principalmente beijar-se, pois era considerado ofensivo aos brancos.
Os brancos deviam ser apresentados aos negros, nunca vice-versa e o nome do branco era precedido do “Mr.”, o do negro, não. Se um negro andasse num carro dirigido por branco devia sentar-se no banco traseiro ou, no caso de caminhão, no compartimento de cargas.
As normas de etiqueta, raramente mencionadas por historiadores, eram estritas e, em certo sentido, muito mais sofridas e humilhantes.

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Stetson Kennedy, autor do Jim Crow Guide [3] mostra algumas regras simples para as conversas entre brancos e negros. Um negro não podia:
- dizer ou insinuar que o branco estava mentindo;
- insinuar intenções desonrosas de um branco;
- sugerir que o branco pertencesse a uma classe economicamente inferior;
- demonstrar conhecimento ou inteligência superior à do branco;
- praguejar contra um branco;
- rir ou mostrar-se zombeteiro com um branco;
- comentar sobre a aparência de uma mulher branca;


As leis e o sistema de etiquetas eram reforçados por violência, real ou ameaçada: o simples ato de beber num bebedouro para brancos punha em risco sua casa, seu emprego e suas próprias vidas. Um branco podia bater num negro impunemente. O aspecto mais perverso é que os negros sequer podiam recorrer às autoridades, pois a polícia, os promotores, os juízes e os carcereiros eram todos brancos. A mais extrema forma de violência eram os linchamentos.

A Suprema Corte praticamente endossou as leis Jim Crow no processo Plessy versus Ferguson, de 1896, sobre o uso segregado (‘separado, mas igual’) de vagões de trem na Louisiana, que não foi considerado inconstitucional.

O fim da segregação e o surgimento do ‘white skin privilege’

Se um grande número de americanos acreditar que o racismo, apesar de não estar presente na ações ainda está oculto na profundidade de nossas vidas, esperando para explodir numa conflagração de ódio, tal como aconteceu no caso Trayvon [v], Jamais será possível um mundo compartilhado.Ben Shapiro,  na FrontPage Magazine

A oposição a este estado de coisas veio crescendo, principalmente após a II Guerra Mundial. Nas décadas de 50 e 60 do século passado surgiram ao movimentos pelos direitos civis organizado preponderantemente por negros mas crescentemente apoiados por brancos, principalmente nos Estados do Norte.

A segregação nas escolas públicas foi declarada inconstitucional pela Suprema Corte em 1954, no processo
 Brown versus Board of Education considerando que a segregação contrariava a 14ª Emenda que reza, em sua Secção 1.:

‘Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitos, portanto, à esta Jurisdição, são cidadãos americanos e dos Estado no qual residem. Nenhuma lei estadual poderá reduzir os privilégios e imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos, nem nenhum Estado poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade ou propriedade sem o devido processo legal (rule of Law)
, nem negar a qualquer pessoa em sua jurisdição a proteção igualitária das leis’.
Nos considerandos da decisão a Corte reconheceu que ‘escolas separadas, mas iguais’ eram inerentemente desiguais.

O resto das Jim Crow Laws foi rejeitado pelo Civil Rights Act de 1964 e pelo Voting Rights Act de 1965. O primeiro proibiu a discriminação com base em raça, cor, religião, sexo ou origem nacional. O segundo reforçou a 15ª Emenda: ‘O direito dos cidadãos dos Estados Unidos de votar não será negado ou reduzido por nenhum Estado em razão de raça, cor ou condição prévia de servidão’ [5].

Se o fim da segregação foi um ótimo negócio para os negros que estavam interessados em progredir, foi um péssimo negócio para os ativistas negros e brancos de esquerda que, assim, perderam uma arma ideológica importante para destruir por dentro as instituições americanas.


Como afirmei no artigo anterior a expressão ‘white skin privilege’ (privilégio da cor branca) só veio a ser cunhada e popularizada pelos Weatherman Underground, os radicais do Students for a Democratic Society (SDS) em 1970 quando começaram uma guerra contra a ‘Amerikka’, termo usado para estigmatizar os EUA como uma nação dominada pela Ku Klux Klan. Os grandes amigos de Obama, os terroristas Bill Ayers e sua mulher Bernardine Dohrn clamaram para todos os brancos renunciarem a seus privilégios e se juntarem a eles na luta racial que já estava em progresso. A idéia de ‘white skin privilege’ acabou se tornando um artigo de fé entre os ‘progressistas’. Nada escapa deste conceito, nem mesmo a Constituição e os Founding Fathers.

O fundamento deste conceito é criar uma falsa idéia de que o fim da segregação não trouxe aos negros imensas vantagens e explorar ressentimentos, rancores e inveja dos negros suscetíveis. Na área jurídica já vimos como sorrateiramente se instalou a regra de dois pesos, duas medidas. O que antes era legalmente favorável aos brancos e, portanto passível de ser combatido, tornou-se algo etéreo e indiscernível à observação dos fatos.

O que significa de fato ‘white skin privilege’? A idéia de que a discriminação acabou, mas não acabou! Entendem? Por trás das leis igualitárias elas não são aplicadas igualmente a brancos e negros. E isto é verdade, só que ao contrário do que afirmam os ativistas como Jesse Jackson e Al Sharpton, grandemente emulados por Obama e seu procurador-geral, Eric Holder, e os multibilionários negócios do show business com Oprah Winfrey, que acabou de lançar um filme, The Butler, no qual Oprah faz uma narrativa racial na qual o Presidente Obama seria uma exceção à regra racista generalizada [vii].

Mas se o racismo na América está num nível muito baixo e se a vasta maioria dos americanos não apenas não são racistas, mas ativamente anti-racistas? Isto não é o suficiente para Oprah: ‘Grande número de pessoas acham que se eles não usarem a palavra nigger para falar dos negros e não terem más intenções em relação a ele isto não é racismo’.
Mas a esquerda é assim mesmo, acreditam que se o racismo não existe aparentemente ele se encontra no âmago da mente dos brancos e que a única coisa a fazer para expurgar o racismo da mente é aderir à ‘filosofia’ de gente como Oprah, Obama, Holder, Al Sharpton, Jesse Jackson e tantos outros.

Eles não desejam um futuro compartilhado. Querem é chantagem emocional! E estão conseguindo em grande parte seu intento. A América é um país onde os brancos são freqüentemente percebidos como racistas até prova em contrário. E a única maneira de provar sua ‘inocência’ é se comportar como manda o establishment negro, por exemplo, o National Action Network (ver algumas das últimas ações na timeline) do Rev. Al Sharpton que eclipsou Jesse Jackson como mais importante líder racista americano.


Quando se esperaria encontrar um negro general quatro estrelas Chefe do Estado Maior Conjunto e futuramente Secretário de Estado? E ser sucedido por outra negra nesta função? Prefeitos e governadores negros no Sul? Um dos maiores intelectuais dos EUA, um negro (Thomas Sowell) e outro, Dinesh D’Souza, um indiano que segundo ele mesmo, é mais escuro do que Obama? Mas não, estes não são negros ‘de verdade’; para a esquerda, foram cooptados pela ‘cultura branca’. Negros de verdade são os que ainda estão em estado de pobreza (como se não existissem brancos em pior situação).

Que ainda exista preconceito é óbvio, nunca acabará e ele também vem da parte dos negros. ONGS multibilionárias sustentam ações racistas, com destaque para National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), American Civil Liberties Union (ACLU), Center for Constitutional Rights, Bill of Rights Defense Committee, National Lawyers Guild.

Pode-se afirmar que o que impera hoje nos EUA é oblack skin privilege’, que será o assunto do próximo artigo. 

23 de agosto de 2013
Heitor De Paola  

Notas:

* - Este texto é continuação do artigo ‘O Privilégio de Cor’.

[ii] A expressão Jim Crow é uma denominação estereotipada ofensiva e pejorativa dos negros do Sul, surgida no século XIX, primeiramente relatada em 1838. Também significa a discriminação étnica legal e compulsória especialmente contra os negros (Merriam-Webster). Sua origem provável é a Jump Jim Crow, uma canção e dança caricata dos negros surgida para satirizar as políticas populistas do Presidente (1828-1837) Andrew Jackson (Dictionary of American English). Suponho que tenha a ver com crow, corvo, uma ave negra que pula sobre carniça (pura especulação do autor).

[iii] Frenologia: pseudociência baseada no exame de características da personalidade de acordo com a conformação do cérebro e suas protuberâncias.
[iv] Estas e demais informações são encontradas em Jim Crown Museum of Racist Memorabilia, em texto do Dr. David Pilgrim, da Ferris State University.
[vi] Embora eu tenha sido acusado de ‘apologia negativa’ dos EUA por meu artigo A Excepcionalidade Americana, note-se aqui que esta acusação não passa de ignorância ou má fé, já que toda a Constituição e as leis americanas são ‘no negativo’: não afirmam direitos, mas negam o que deve ser rejeitado. O autor da crítica, um ferrenho monarquista e lusófilo reacionário, deveria estudar um pouco mais para criticar. Acrescento que homeland, que significa somente ‘nação de moradia’, nada tem a ver com o conceito greco-romano de ‘pátria’ que impera entre nós e não consta em nenhum artigo da Constituição Americana. Uma nota ao pé de página é o máximo que essas críticas merecem.
[vii] Ben Shapiro, Front Page Magazine, 21/08/2013: 'Oprah: Just Because You’re Not Racist Doesn’t Mean You’re Not a Racist'

TRÊS PROBLEMAS DO CONSERVADORISMO BRASILEIRO

           
          Artigos - Conservadorismo 
A quantidade de ditos conservadores que se empenha na criação de grupelhos virtuais para despejarem ali toda a sua justa indignação é muitíssimo superior àquela de pessoas que tem verdadeira preocupação em estudar os problemas brasileiros.

Para qualquer pessoa que tenha mais de dois neurônios em bom funcionamento e os utilize com alguma freqüência, não é nenhuma novidade saber que qualquer um que ouse adotar uma opinião contrária ao
mainstream sofre na carne – às vezes, literalmente – as conseqüências de tal ousadia.
O patrulhamento ideológico, que se generalizou naquilo que convém chamar de “politicamente correto”, é exercido diuturnamente em todas as esferas da vida humana, de sorte que, hoje em dia, é praticamente impossível não ser lembrado de que algumas opiniões e posturas devem ser convenientemente trancafiadas num cofre e lançadas no fundo do mar em nome do bom-mocismo.

No entanto, por mais que grupelhos alinhados ideologicamente com as gangues mais sangrentas do pedaço – não importa se nunca promoveram, realmente, um derramamentozinho de sangue: o fato de Hobsbawm ter apoiado os massacres stalinistas sem nunca ter tomado parte deles fazia do ilustríssimo historiador, na melhor das hipóteses, um genocida potencial – reinem em nossa vida cotidiana quase sem serem questionados, não são esses grupelhos, ou as respectivas gangues originárias, muito menos a massa informe de inocentes (ou idiotas) úteis por eles cooptada, que representam o real perigo para os conservadores.
O maior perigo para os conservadores são... eles mesmos. Não que haja algum problema intrínseco ao fato de ser conservador, evidentemente. No entanto, há sim um problema em ser (ou em se dizer) conservador em um lugar como o nosso Brasil varonil. Na verdade, há três problemas principais, e todos eles estão relacionados aos próprios conservadores.

O primeiro problema é o ativismo estéril. Existe uma certa ânsia muito típica do brasileiro em suprir uma curiosa necessidade existencial: sentir que está fazendo alguma coisa útil quando, no fim das contas, trata-se apenas de muito barulho por nada.

Um exemplo muito curioso disso é o último fetiche tupiniquim: os protestos-que-começam-pacíficos-mas-sempre-terminam-em-quebradeira. Levados por uma vontade incontrolável de preencherem suas existências vazias e sacudirem a letargia da rotina, uma verdadeira manada de gente bisonha acorreu (continua fazendo-o) para as ruas sob a ilusão pueril de estar mudando o Brasil. Isso já era esperado – volto aqui a me referir às pessoas que usam seus dois neurônios, que fique claro.
O que é realmente de impressionar é que alguns ditos conservadores – para não me referir a outros setores da “direita”, essa coisa que, exceto a intelligentsia, ninguém sabe o que é – compraram a idéia de que os protestos fossem um indício de que o “gigante” tivesse “acordado” e apoiassem essas vergonhosas exibições públicas de vadiagem e indigência mental.

O segundo problema é a tentação de emular os revolucionários. E sejamos francos: alguns ditos conservadores de redes sociais (e que, pelo visto, não fazem mais nada da vida além de fuçar em redes sociais) chegam à beira do ridículo em seu esmero para macaquear trejeitos, jargões e conceitos praticamente imortalizados pela caterva marxista.
Chega-se ao absurdo de se imitar até mesmo a generalizada burrice das mais novas gerações da esquerdalha, que, ao contrário dos velhos comunistas ortodoxos e dos primeiros gramscianos, não se preocupam em ler sequer as obras revolucionárias básicas.
Não há, por parte dessas pessoas, nenhum tipo de esforço, por menor que seja, em tentar compreender as origens da situação periclitante em que vivemos, nem sinal de que entendam que, antes de mudar uma situação, é preciso conhecê-la bem.

O terceiro problema é, na minha humilde opinião, o pior de todos: a covardia. Enquanto o ativismo e a macaquice podem ser controlados a contento com um bom choque de realidade – meia dúzia de palavrões pedagógicos no melhor estilo Olavão, por exemplo – e doses periódicas de vida intelectual, a covardia é um mal mais ou menos profundo e arraigado que representa o sucesso prático da doutrinação e da patrulha. E por que ele é o pior dos três problemas?
Porque ele significa que o dito conservador desiste de antemão de fazer o certo e reconhece a inevitabilidade de seu fracasso.
A covardia do dito conservador brasileiro é a assunção, tácita ou não, de que não adianta nada tentar resistir ao tsunami vermelho que tem devastado o País há décadas, que lutar pelos valores basilares da civilização – luta que só encontra seu real começo na observação, análise e compreensão da nossa realidade – é inócuo, que a guerra cultural já está perdida e só nos resta uma “retirada honrosa”.
Há quem chame isso de prudência. Eu chamo isso de pusilanimidade, fraqueza, poltroneria, frouxidão.

A quantidade de ditos conservadores que se empenha na criação de grupelhos virtuais para despejarem ali toda a sua justa indignação é muitíssimo superior àquela de pessoas que tem verdadeira preocupação em estudar os problemas brasileiros, compreendendo suas origens, seu desenvolvimento e, coeteris paribus, seus possíveis desdobramentos futuros.
Menor ainda é o número de pessoas que, investidos dessa preocupação, resolvem romper a ensurdecedora espiral do silêncio e se arriscam de diversas formas para poder ajudar outros a compreenderem onde estamos, porque tudo chegou a esse ponto e como podemos mudar.
Essas pessoas têm dedicado um bom pedaço de suas vidas – não raro, toda sua existência – a fazer com que se rompa a hegemonia ideológica e cultural perversa sob a qual vivemos, não em troca de qualquer prêmio ou recompensa, mas movidas por basicamente um sentimento: a defesa da verdade.

O pior que podemos fazer com essas pessoas é idolatrá-las como se fossem gurus iluminados, seres míticos que ousaram roubar o fogo dos deuses em benefício de nós, meros mortais. É exatamente isso o que a caterva revolucionária faz com seus falsos profetas, prestando a essas figuras sinistras um culto que em quase nada deve ao sacrifício de Moloch. Um legítimo conservador não se presta a nenhum culto de personalidade; ele sabe que a melhor maneira de honrar essas pessoas que admira é ler seus trabalhos, ouvir suas palestras, divulgar sua produção intelectual e, a exemplo deles, também alcançar um nível de compreensão da realidade que lhe permita, dentro de seu pequeno raio de atuação, resgatar outras pessoas da espiral do silêncio.

Enquanto não abandonar seu ativismo, sua macaquice e, sobretudo, sua covardia, o dito conservador brasileiro continuará a ser o que sempre foi: carne para o moedor revolucionário. Ao contrário dos outros, será um pedaço de carne consciente de que está a caminho do triturador e que, em grande medida, aceitou isso como seu destino inexorável.
 
Felipe Melo
23 de agosto de 2013

RÉPLICA AO TEXTO DO SR. EMIR SADER

           
          Artigos - Movimento Revolucionário        
lobaoguitv
Sr. Emir Sader,

Tomo a liberdade de interpretar como diretas as suas indiretas à minha pessoa pelo singelo fato de ter escolhido o meu rosto para emoldurar o seu artigo, e mesmo que o senhor não tenha tido a hombridade de mencionar o meu nome, sinto-me na obrigação de lhe enviar a minha réplica. Sendo assim, vamos começar por partes:

1) Se existe essa transição de esquerda para a direita, me parece muito claro que o inverso é absolutamente verificável.
O próprio Paulo Maluf, o José Sarney, o Fernando Collor, o Severino Cavalcanti, o Renan Calheiros entre tantos outros fazem parte integrante e fundamental da base aliada do PT. Todos com calorosa acolhida e, por que não dizer, com ardorosa defesa por parte de nossos grandes pensadores da esquerda (consulte sua colega, Marilena Chauí e pergunte o que ela acha atualmente do Paulo Maluf.
É comovente perceber o amor, o carinho e admiração que ela nutre por ele nos dias de hoje). Portanto, sua tese começa a se desmoronar logo no segundo parágrafo do seu artigo. 


2) O processo de conversão ao que o senhor se refere é algo mais simples e direto. Basta ter o mínimo de bom senso e uma inteligência mediana para se constatar a canoa furada que é a esquerda e seu lamentável histórico. É um mimo da sua parte achar que a URSS é o único repositório de quaisquer críticas tecidas à esquerda. Não, meu nobre companheiro.
 
Não há na história da humanidade um só caso de que possamos nos jactar de alguma pálida forma que seja, da esquerda tendo um papel bem sucedido como modelo político. Todos foram um retumbante fracasso.
Na URSS, na China, no Vietnã, Camboja, em Cuba, agora, na Venezuela, na Europa Oriental, na Albânia, na Coréia do Norte, Angola e por aí vai… Todos regidos por tiranetes caricatos. E não temos apenas a disseminação da miséria nesses povos, temos verdadeiros massacres, os maiores genocídios da história se concentram justamente nas administrações comunistas. Isso é fato irrefutável, portanto, o Stálin ser comparado a Hitler acaba sendo, por incrível que pareça, um eufemismo.
Não me parece muito consistente o senhor querer fazer crer a qualquer criatura com mais de dois neurônios que Cuba é uma democracia plena, onde se respeita os direitos fundamentais do cidadão. Isso é um fato também.
Não há o que discutir, lhe restando apenas o direito um tanto suspeito de ser um tiete de um regime deplorável. No entanto, o Brasil trava relações diplomáticas intensas com os irmãos Castro, auxiliando  sua administração com polpudas quantias do NOSSO dinheiro para aquela bela e tão maltratada ilha. E isso na maior cara de pau!


3) No quinto parágrafo do seu artigo o senhor faz uma alusão de casos de pessoas que são “recompensadas pela direita”. Mas que direita? Praticamente TODOS os órgãos estão comprados pelo governo!
A maioria esmagadora dos intelectuais e artistas desse país está se lambuzando toda com gordas verbas federais e deformando sua funções primordiais para se transformarem em militantes cínicos (eu mesmo fui laureado com uma polpuda verba pela lei Rouanet, verba essa que recusei peremptoriamente).


E daí a inversão dos fatos: vocês são os chapas-brancas! Vocês são os militantes e patrulheiros ideológicos de plantão! Vocês se locupletam com verbas públicas! Vocês são a força de engenharia social de um governo corrupto e incompetente e isso é muito feio, pra não entrar muito fundo na questão.
O rebelde aqui sou eu,  companheiro. O espaço que recebo dessa tal mídia de direita a qual você se refere é cada vez mais exíguo. Só consegui fazer um programa de televisão em TV aberta e todos aqueles que costumava frequentar por tantos anos me fecharam suas portas até o presente momento, embora, malgrado todas as tentativas (inclusive a sua) de detratar e inviabilizar o meu livro, ele continua entre os mais vendidos por mais de 20 semanas. Sorry…


manifestoQuando sai alguma matéria sobre o Manifesto do Nada na Terra do Nunca é sempre no intuito de denegrir de forma capciosa o seu conteúdo e, não raro, também a minha pessoa e minha conduta, da mesma forma que o senhor comete neste artigo.

Estou cansado de ler resenhas e crônicas me esculhambando, afirmando coisas absurdas como ser eu a favor da ditadura, da tortura, do regime militar.
Eu jamais tomei esse tipo de posição!

Eu simplesmente não acredito em quem pegou em armas nos anos 60 pra “defender a democracia” porque isso não aconteceu! Eles (o senhor estava nessa também, não?) lutavam por uma outra ditadura! E esse é um cacoete mórbido que virou tabu investigar e isso é péssimo para todos nós.

Não acredito em pessoas como o senhor, que não passa de um filósofo de meia tigela, jogando pra sua galera, achando que vai se criar cagando goma pra cima de mim. Não vai!

Não admito ninguém ficar questionando a validade da minha qualidade artística, principalmente em se tratando de alguém que nada mais fez do que mostrar ser um analfabeto musical de amplo espectro.
De outra forma não se arvoraria em tecer tão estúpido comentário em detrimento de uma porca e covarde estratégia pretendendo me despotencializar por uma suposta e inexistente decadência musical. Isto é, antes de mais nada, patético para a sua já tão combalida reputação.


Para concluir, quero deixar bem claro ao senhor e aos seu leitores uma coisa: se informe mais a respeito de quem está falando, nutra-se de mais prudência, vai por mim… Tente enxergar o próprio rabo e pare de projetar a sua mediocridade, sua obtusidade e sua venalidade em outros, principalmente quando pode ter a infelicidade de se deparar com pessoas assim como… eu.

Portanto, um dever de casa para o companheiro Emir Sader: escreva cem vezes no seu caderninho: "Escriba de aluguel é o caralho."

Lobão.
23 de agosto de 2013

SOBRE A BIOGRAFIA "DIRCEU"

          Artigos - Governo do PT        
capadirceu
Escrito por Carlos Andreazza

Nosso destemido editor Carlos Andreazza, da editora Record, dá um belíssimo chega-pra-lá no jornalista Mario Sergio Conti - que parece estar disputando com Breno Altman a vaga de carregador oficial de malas de José Dirceu - no artigo "Sobre a biografia 'Dirceu'", publicado hoje pela Folha de S. Paulo.
Conti, para quem não sabe, é aquele que descreveu em detalhes o enterro da arquiteta Lúcia Carvalho na revista Piauí, cuja edição seguinte - imagine - trouxe uma cartinha da dita-cuja, quem sabe escrita do além...
Agora este senhor tão cuidadoso quanto independente quis apontar uns errinhos no extraordinário livro de Octávio Cabral sobre o "chefe de quadrilha" do mensalão, usando o expediente-padrão das esquerdas de tentar invalidar uma obra em função de imprecisões irrisórias, não raro elas mesmas imprecisas. "Xingue-os do que você é; acuse-os do que você faz", recomendava Lenin, fielmente seguido pelos Altmans e Contis da vida. Andreazza neles, porra!

Urge ressaltar que picuinha nenhuma logrou apontar um só erro estrutural capaz de comprometer o conjunto desse memorável trabalho.
 
Todo o trabalho biográfico está sujeito a erros. É preciso reconhecê-los e repará-los imediatamente, com seriedade e energia, na exata mesma medida em que se deve repelir --chamando pelo que é, lembrando o momento em que se dá-- a ação coordenada dos que tentam minar a credibilidade de uma notável e já consagrada reportagem.

Como editor de Otávio Cabral em "Dirceu", posso afirmar e reafirmar o que norteou a produção e a publicação do livro --marcos, aliás, que fundamentam os 70 anos do Grupo Editorial Record: a busca da verdade; o compromisso com a correção; a inegociável cultura da independência; o valor da liberdade; o desejo incontornável de contar histórias importantes e de difundir informações decisivas, da melhor forma, por meio do melhor texto.

Não é à toa, portanto, que já tratamos da próxima biografia a ser escrita por Otávio Cabral: porque, para muito além de seu talento e da promissora carreira de autor, é um jornalista honesto, competente, que está, antes e acima de tudo, a serviço da própria consciência --isto, algo cada vez mais raro.

Ainda que todos os erros apontados por Mario Sergio Conti em "piauí", e repercutidos por Morris Kachani nesta Folha, procedessem, e ainda que aquilo que de fato estava errado não tivesse merecido reparo imediato (e anterior ao texto de Conti), não seria um inventário ressentido de miudezas -- levantamento espantoso, que talvez só o biografado pudesse fazer igual -- a derrubar o primoroso trabalho jornalístico de Otávio Cabral em "Dirceu".

Agora que o mensalão volta à pauta do Supremo e, pois, às manchetes dos jornais, momento em que parece haver, em diversas frentes, uma ofensiva por desqualificar tudo quanto possa ser inconveniente aos condenados, urge ressaltar que picuinha nenhuma, por habilidosa que seja, logrou apontar um só erro estrutural --uma só falha grave, de peso-- capaz de comprometer sequer minimamente o conjunto do memorável trabalho de apuração jornalística e de reconstituição histórica de Otávio Cabral em "Dirceu".

Ninguém precisa reconhecer a relevância de se produzir e publicar uma biografia não autorizada como essa num país acovardado como o Brasil, em que os espaços para o exercício do contraditório mínguam progressivamente e em que bárbaros muito bem remunerados pelo Estado partilham a coragem de ser sempre a favor.

Pode-se bancar uma bem-sucedida carreira de repórter de gabinete com mentiras e rabo preso, mas não se alcança um sucesso como o de "Dirceu" --exatos 37 mil livros vendidos em menos de três meses-- senão com verdade e clareza.

Nesta hora em que o destino de graúdos está em xeque e em que se investe pesadamente na mistificação, convém atentar para o risco de que a dita imprensa livre --mais ou menos sem perceber-- sirva de cavalo aos que se valem do jornalismo para pervertê-lo em obscurantismo e atraso.
É muito bom ser independente, mas sem jamais nos esquecermos de que há quem não o seja.


Carlos Andreazza
 é editor-executivo da Editora Record.

Sinopse da biografia ‘Dirceu’:
 
Daniel, Hoffmann, Carlos Henrique, Pedro Caroço. Cubano, argentino, brasileiro. Todos foram – são – José Dirceu, personagem cuja trajetória se confunde com a história da esquerda latino-americana na segunda metade do século XX, e particularmente com a do Brasil, já no século XXI. Em um trabalho investigativo de fôlego, o jornalista Otávio Cabral reconstitui a vida deste emblemático político.

“Tão fundamental quanto as pesquisas foram as entrevistas com 63 pessoas que conviveram diretamente com Dirceu desde sua infância em Minas Gerais até o julgamento do mensalão. Com esses depoimentos, foi possível desvendar passagens desconhecidas de sua vida, como o exílio em Cuba e a clandestinidade no Brasil durante os anos 1970, além de bastidores inéditos de sua atuação no PT, no governo e no mensalão. Boa parte dos entrevistados pediu para não ser identificada, prática consagrada no jornalismo, as chamadas declarações em off”, afirma Otávio Cabral.

Dirceu foi líder estudantil em 1968, protagonista do histórico congresso da UNE em Ibiúna. Capturado, seria um dos presos trocados pelo embaixador americano. Expatriado e isolado em Cuba, quedou-se protegido por Fidel Castro, que o escolheria para comandar – já com um novo rosto – um foco guerrilheiro no Brasil.

Desbaratado o movimento, encarcerados ou mortos cada um de seus integrantes, sobreviveria para mergulhar num longo período de clandestinidade, a ser somente interrompido, em 1979, pela anistia. Livre, conheceria o sindicalista Lula, fundaria o PT e se tornaria o mais afamado articulador político do petismo – mentor do programa que isolaria setores sectários do partido para construir a mais poderosa e inclemente máquina eleitoral da história do país.

Em 2003, pela via democrática que não ajudara a construir, alcançaria o Palácio, ministro mais importante de um presidente eleito pela esperança. E então o mensalão... De súbito desempregado, era o mais novo consultor da República, capitalista convicto, lobista feito milionário. E então o julgamento do mensalão... A condenação. 

“José Dirceu, que completou 67 anos em 16 de março de 2013, pouco antes da conclusão desta biografia, segue dizendo que só vai revelar seus segredos depois dos 80 anos. Procurei nestas páginas apresentar, treze anos antes, os fatos que realmente importam”, conclui o autor.

23 de agosto de 2013
Nota de Felipe Moura Brasil