"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 11 de janeiro de 2014

VAMOS ACABAR COM O ROUBO DE CELULARES?

Você sabia?

É praticamente impossível reaver celular roubado. Os ladrões logo passam adiante, e assim, de mão em mão, o rastro se perde.
É experiência desagradável, mas as bondosas companhias operadoras substituem rapidamente o chip e parecem não se importar com o destino do celular furtado.
Compreende-se: o que a operadora quer é consumo.
Mesmo roubado, o telefone periga trazer um novo cliente. Elementar, não?
 
Existe maneira de fazer que o telefone roubado, ainda que não seja devolvido, se torne inutilizável. Se todos agirem assim, aos poucos, os assaltantes perderão o interesse em roubar celulares. Leia com atenção.
 
Todos os celulares têm um numero de série único, sua impressão digital, seu ADN. Não há dois telefones no mundo com o mesmo código. Chama-se Código IMEI (=International Mobile Equipment Identity). É composto de um número de 15 algarismos. Somente o dono do aparelho pode conhecer o código. Para saber qual é o seu, basta teclar
 
* # 06 #
 
Só isso. Não pressione a tecla Enviar (=Send/Enter/Return). Na tela, aparecerá o código IMEI. Anote-o e guarde-o em lugar seguro. Acima de tudo, não vá anotá-lo no telefone.
 
Se lhe roubarem o celular, entre imediatamente em contacto com a operadora e indique o Código IMEI do telefone surrupiado.
 
O celular será bloqueado completamente e, ainda que o ladrão ponha novo cartão ou novo chip, nunca mais funcionará.
 
Se todos fizerem isso, o roubo de celulares cairá vertiginosamente.
 
Telefone celular (não recomendado para ministros)
Celular com garantia antifurto
 
É natural que as operadoras façam corpo mole e não mostrem grande empenho em dar essa dica a seus clientes. Para a operadora, que seja roubado ou não, um celular em circulação significa um cliente potencial a mais.
 
Essas instruções valem para o mundo todo. Se um dia você comprar um celular na Mongólia ou no Zimbábue, experimente e verá que funciona.
 
Interligne 28a
 
Quer checar o seu? Proceda assim:
 
1) Tecle *#06# e anote seu IMEI
 
2) Visite o site www.imei.info
 
3) Entre seu código IMEI. Você verá que, sobre seu aparelho, eles sabem mais do que você imagina.
 
Big brother is watching you. Boa sorte!
 
11 de janeiro de 2014
José Horta Manzano

PAGAMOS MESMO TANTO IMPOSTO? OU PAGAMOS UM BELO MICO?

Que nós vivemos em um dos países com as mais altas cargas tributárias do mundo, e também um dos mais corruptos, não há dúvida alguma. Mas estará correta a informação que anda circulando pelo Facebook, de que trabalhar 2.600 horas por ano só para pagar impostos? A resposta é: não, não está correta. 


mico_leao_de_cara_dourada.

Ontem eu repostei um artigo que havia sido publicado em outubro do ano passado no Estadão. O artigo repercutia uma denúncia publicada na prestigiosa revista Science quanto a um escândalo ocorrido entre as publicações científicas “open access” na internet: a fácil publicação de um artigo falso por mais de 150 periódicos.

Li e reli aquele artigo e no processo lembrei de uma informação que eu havia recebido anteontem no Facebook e – para meu constrangimento – repassado sem conferir previamente sua veracidade ou mesmo sua plausibilidade: a informação de que o brasileiro teria que trabalhar cerca de 2.600 horas por ano apenas para pagar seus impostos. De repente aquele número me chamou a atenção.

“Peraí! Qual é a proporção entre as horas trabalhadas para pagar impostos e as que sobram? Quantas horas o brasileiro trabalha por ano?”

E foi aí que me dei conta do que deveria ter percebido desde o início.

Uma semana de trabalho são 40 horas, ou 44 horas, na pior hipótese. 2.600 dividido por 40 daria um total de 65 semanas trabalhadas por ano só para pagar impostos. 2.600 dividido por 44 daria um total de 59 semanas trabalhadas por ano só para pagar impostos. O problema é que um ano só tem 52 semanas.

Não é que a informação seja falsa… A informação é ridiculamente falsa, é completamente absurda – e eu a repassei inadvertidamente, assim como milhares de pessoas no Facebook. 

E, uma vez que uma das informações contidas naquele panfleto virtual era tão ridiculamente falsa, o que pode ser dito a respeito de todas as demais informações que ele contém? Será que são confiáveis? 

O fato, meus caros, é que nós ainda não estamos adaptados ao mundo virtual. Sua velocidade de informação é muito maior do que aquela com que estamos acostumados a lidar – e isso tem conseqüências bastante significativas. 

Quando um amigo nos repassa uma informação, nós tratamos essa informação como se ela fosse proveniente deste amigo e portanto damos a essa informação a credibilidade que damos a nosso amigo.
O problema é que durante toda nossa evolução pré-internet a quantidade de informação que podia nos alcançar em um único dia era extremamente limitada e na maior parte das vezes podia ser conferida antes que recebêssemos inúmeras outras informações para processar. Mas a internet modificou radicalmente esta dinâmica, e normalmente nosso amigo está tão sobrecarregado de informações quanto nós – e tão desacostumado a questionar e “sem tempo” para checar essas informações quanto nós

Na internet, especialmente nas redes sociais, nosso amigo recebeu uma informação de um amigo que recebeu de um amigo que recebeu de um amigo e assim por diante até chegar a um amigo que recebeu a informação de alguma fonte que não lhe pareceu suspeita, mas que não era confiável. E nosso outro amigo também recebeu uma notícia interessante do mesmo modo. E o outro também. E mais o outro.
E assim somos sobrecarregados de informações não conferidas e que não temos tempo de conferir antes que a próxima informação chegue. 

É deste modo que surgem os hoaxes, ou boatos virtuais, que alcançam milhares ou até milhões de pessoas antes que alguém os confira e desminta – o que pode não ocorrer a tempo de evitar as consequências da multiplicação da informação falsa. 

É por este motivo que, apesar de toda a liberdade de expressão que a internet trouxe, em geral não podemos confiar no “jornalismo” da blogosfera e ainda precisamos conferir a veracidade da informação em uma fonte segura, ou seja, no portal de alguma grande empresa de comunicação. 
Verdade seja dita: as grandes empresas de comunicação agem com muito maior profissionalismo e de acordo com manuais de redação preparados ao longo de muitos anos de experiência justamente para evitar micos e tropeços que abalem sua credibilidade. 

Precisamos, portanto, cultivar o hábito de questionar as informações que nos chegam através do Facebook ou daquele blog superlegal cujo link nosso amigo compartilhou, para não colaborarmos com a transmissão das inúmeras informações falsas ou equivocadas que chegam até nós.
Será que nossos amigos fazem a lição de casa antes de compartilhar algo no Facebook? Será que o blogueiro que edita aquele blog superlegal faz a lição de casa antes de escrever seus artigos? 

Bem, eu aprendi a lição. E você deveria aprender também, e repassar este artigo para que seus amigos também aprendam.

11 de janeiro de 2014
 Arthur Golgo Lucas

BASTA!

Ou: a gota que faltava


Este artigo é um divisor de águas. Até aqui eu tolerei certas coisas que não devia em nome da “harmonia”, a partir daqui pretendo não tolerar mais. Daquilo que me faz mal, afastar-me-ei. 


Mafalda Basta

[Ler texto completo]

11 de janeiro de 2014
in pensar não dói
 

INCONGRUÊCIA

 

Ninguém jamais saberá dizer com exatidão quantos mortos deixou a Segunda Guerra (1939-1945). Estimativas situam a quantidade de vítimas entre assustadores 50 milhões e 70 milhões de pessoas. Foi o conflito mais mortífero que o planeta já conheceu.
 
Até o Brasil, posto que não tenha travado batalha em seu próprio solo, deplorou por volta de duas mil vítimas: mil militares da Força Expedicionária (FEB) enviada à Itália e mais mil civis massacrados em ataques de submarinos alemães contra navios de cabotagem da marinha mercante nacional junto às costas brasileiras.
 
Dieudonné M'bala M'bala
Dieudonné M’bala M’bala
 
Certos países da Europa Oriental chegaram a perder ¼ de sua população, uma monstruosidade. A Europa ficou profundamente marcada. Até hoje, passados quase 70 anos, ainda se fala da guerra como se tivesse terminado anteontem.
 
Milhares de homens, mulheres, anciãos e recém-nascidos foram sumariamente exterminados pelo simples fato de serem judeus ou ciganos. É tão estarrecedor que nós, que não vivemos aquela época, temos dificuldade em conceber que atos tão ignóbeis possam ter sido cometidos por seres humanos.
 
Essa perseguição racial foi pra lá de traumatizante. Em consequência, muitos países europeus inseriram em sua legislação dispositivos destinados a sufocar no nascedouro toda e qualquer manifestação racista. Na França, atos ou palavras que possam ser enquadrados como incentivo ao ódio racial são passíveis de processo criminal.
 
Uma coincidência interessante une três dos ditadores protagonistas da última guerra. Há uma dose de estrangeirice em todos eles.
Hitler, ao nascer, era súdito do Império Austro-Húngaro. Tornou-se alemão por naturalização.
 
Stalin tampouco nasceu russo, mas georgiano. Não precisou naturalizar-se, dado que a Geórgia ― hoje país independente ― era, à época, território pertencente ao Império dos Tsares.
 
Mussolini nasceu italiano, mas viveu anos da juventude como emigrante em terra estrangeira. Morou na Suíça, onde, aliás, seu espírito turbulento deixou marcas.
 
É curioso observar a frequência com que rebeliões, revoltas ou simples escândalos são protagonizados por pessoas cuja história de vida diverge da maioria.
 
A conflagração que abalou a França em maio 1968 era norteada por um estrangeiro (Daniel Cohn-Bendit). A política externa dos EUA foi conduzida, de 1969 a 1977, por Heinz (Henry) Kissinger, americano naturalizado.
O atual ministro dos Negócios Interiores da França ― cargo preeminente ― nasceu em Barcelona e emigrou ainda criança: Monsieur Vals é hoje francês naturalizado.
 
Dieudonné M'bala M'bala
Dieudonné M’bala M’bala
 
Os brasileiros, que já têm suficientes problemas internos, não devem estar muito preocupados com escândalos estrangeiros. Há um que está sacudindo a França já faz alguns dias. Está sendo causado por Dieudonné, um humorista que já está deixando de fazer rir. Alguns já o qualificam abertamente como ativista.
 
Nascido em 1966, Dieudonné M’bala M’bala é filho de pai africano da República dos Camarões e de mãe francesa. No começo de carreira, fazia graça, que é o ganha-pão de todo comediante. De uns tempos para cá, sabe Deus por que, decidiu enveredar pelo caminho perigoso do antissemitismo. Considerando-se que o homem é afrodescendente ― como diriam no Brasil ―, é surpreendente.
 
Suas piadas e seus esquetes adquiriram tons sombrios de estímulo ao ódio racial. Há quem goste ― há gosto para tudo. Mas 70% dos franceses desaprovam. O governo resolveu agir: proibiu seus espetáculos.
Os advogados do humorista invocaram a liberdade de expressão e conseguiram liminar para o show de 9 de jan°. A Justiça contra-atacou argumentando que, em vista do sério risco de perturbação da ordem pública, o espetáculo estava definitivamente anulado.
 
Foi uma primeira vitória. Mas o artista, que tem apresentações já programadas para os próximos meses, pretende contestar a proibição de cada espetáculo, um por um. Temos pela frente batalhas jurídicas a perder de vista.
 
A mim me choca ver um profissional do riso fazer graça ― e ganhar a vida ― tripudiando sobre a desgraça alheia. Além de ser contrário à lei, é comportamento indigno. Mais que isso, que um triste espetáculo antissemita seja concebido e estrelado por um afrodescendente, é, no mínimo, grotesco.
 
Algumas manifestações da imprensa francesa estão aqui:
 
11 de janeiro de 2014
José Horta Manzabno

PERGUNTAR NÃO OFENDE E CALAR CAUSA GASTRITE

     PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR
 
 
POR QUE O TSE NÃO INVESTIGA A DENÚNCIA DE QUE AS URNAS ELETRÔNICAS SÃO FÁCEIS DE SEREM FRAUDADAS?
 
11 de janeiro de 2014

UM NOVO PAPEL PARA AS FORÇAS ARMADAS

                                                           
Cinquenta anos atrás, o ano começou envolto numa conspiração. Nas forças armadas, havia sido superada a idéia de que deveriam vigiar o presidente João Goulart para  completar seu mandato sem conseguir implantar as reformas de base por ele sustentadas em ritmo crescente. Já se tramava a queda do regime democrático em nome do combate ao comunismo, mero pretexto para as elites evitarem a perda de privilégios históricos. Elas usaram os militares como o cozinheiro   usa as  mãos do gato para tirar as castanhas do fogo.

Predominava, entre os  donos do poder  econômico e seus porta-vozes   a mentira  vinda dos Estados Unidos, de que a América Latina encontrava-se à mercê da guerra revolucionária e da guerra psicológica adversa. Simples artifício para impedir mudanças políticas, econômicas e  sociais necessárias à população. Da determinação de manter Jango prisioneiro, passaram à tentação de expurgá-lo da presidência da República, o que fizeram pouco depois, a 31 de março.  É claro que a equação não se desenvolveu de forma tão simples assim.

Do lado do chefe do governo existiam forças imaginando transformar as reformas   em  mudança das instituições. Marinheiros infiltrados por agentes provocadores tentaram a  quebra da hierarquia militar e falsos líderes sindicais imaginavam reproduzir sovietes nas  fábricas por eles controladas. João Goulart  buscava a justiça social e o avanço institucional,  mas não podia controlar  parte dos que, aliados às suas propostas,  pretendiam virar o país de cabeça para baixo. Acabou prevalecendo a força bruta, falaram as armas, impulsionadas pelas elites.

Por que se recordam aqueles tempos bicudos  de meio século atrás? Primeiro porque os vivemos. Depois, porque  o cenário mudou apenas pela metade. Continuam atentas e influentes  as forças empenhadas em manter  o predomínio de seus interesses econômicos e de seu controle sobre as arcaicas instituições de sempre. Apesar das reviravoltas no processo político, permanecem impondo suas diretrizes.  Tentam, agora, buscar identidades entre Jango e Dilma, ou seja, ameaçando a presidente da República de aceitar sua prevalência ou…

Ou o quê?  Porque agora não dispõem mais da capacidade de manipular as forças armadas, recolhidas à penitência de haverem imposto 21 anos de ditadura. Muito menos enfrentam a confusão de sindicatos de trabalhadores  em ebulição, ou de ideólogos furibundos  do passado.  Mas mantém-se na mesma intenção de  impor seus privilégios à  maioria da população, frágeis  carentes que somos  das  reformas de que  carecíamos e continuamos carecendo.

Dizem que o mundo anda para a frente. É verdade. Só que  fica complicado quando a gente vê os mesmos de sempre tentando impedir a evolução. Se não há mais militares para respaldá-los, não seria a hora de rejeitá-los? De relegá-los às profundezas, por conta do mal que já praticaram contra todos nós? Que tal se fossem as forças armadas a promover esse expurgo imprescindível, ainda que sem empalmar o poder, mas subordinando-se às necessárias instituições democráticas? Hoje, como há 50  anos atrás, os militares não provém das elites. Não integram aquela minoria de privilegiados pelo berço ou pelas malandragens financeiras.  Sofrem, como a maioria da população. Um dia podem despertar.  Mas do lado certo…

11 de janeiro de 2014
Carlos Chagas

TSE TIRA O PODER DO MINISTÉRIO PÚBLICO SOB CRIME ELEITORAL

          
TSE muda as regras e proíbe Ministério Público de investigar eleições
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tirou do Ministério Público (MP) o poder de pedir a instauração de inquéritos policiais para investigação de crimes nas eleições deste ano.
A partir de agora, promotores e procuradores terão de pedir autorização à Justiça Eleitoral para abrir uma apuração de suspeita de caixa dois, compra de votos, abuso de poder econômico, difamação e várias outras práticas.
 
Até a eleição de 2012, o TSE tinha entendimento diferente. As resoluções anteriores que regulavam as eleições diziam: “o inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante requisição do Ministério Público ou da Justiça Eleitoral”.
Para o pleito de 2014, os ministros mudaram o texto: “O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante determinação da Justiça Eleitoral”. Ou seja, o Ministério Público foi excluído.

O relator da nova norma, ministro José Antonio Dias Toffoli, que irá assumir o comando da Corte em maio, afirma que o tribunal mudou o entendimento histórico por duas razões: processos que não tinham o aval inicial da Justiça estavam sendo anulados; outra razão, garantir maior transparência.

“O Ministério Público terá que requerer à Justiça. O que não pode haver é uma investigação de gaveta, que ninguém sabe se existe ou não existe. Qualquer investigação, para se iniciar, tem que ter autorização da Justiça”, diz. “A polícia e o Ministério Público não podem agir de ofício.”

AE
11 de janeiro de 2014

O PROCESSO DE "NARCOTIZAÇÃO" LATINO AMERICANO, OU MELHOR, 'LADINO' AMERICANO DE NARCOTIZAÇÃO TEM AVANÇADO



O processo de ‘narcotização’ latino americano, ou melhor ‘ladino’ americano de narcotização tem avançado: 

 1. primeiro, pelo enfraquecimento das Instituições Policiais, sobretudo do órgão de repressão às drogas ilícitas;

2. depois é transferida a sua competência para outro órgão, instituindo-se órgãos concorrentes e superpostos para executarem a mesma atividade fim;

4. promove-se então uma insidiosa campanha midiática para a desmoralização e o descrédito das Organizações Policiais, inclusive pela utilização do duplo discurso dos apologistas da retórica dos direitos humanos, em detrimento de investimento em meios operacionais e capacitação dos policiais para o exercício de suas atividades com eficiência e eficácia, o que gera indisciplina, desobediência, descumprimento das leis, instabilidade e insegurança coletiva, além da incapacidade das instituições em alcançar metas e objetivos preconizados em eventuais políticas públicas que o Estado, quando tem ‘vontade política’, eventualmente pretenda implantar, resultando na ineficácia da ação governamental. 
Paradoxalmente, à medida que a sociedade exige maior eficiência e eficácia da polícia, diminuem-se-lhe os poderes de investigação em favor dos demais órgãos encarregados da persecução criminal, sem que haja melhores resultados, aumenta a crise e as autoridades públicas fingem que não percebem a relação de causa e efeito.

Tais fatores, aliado à falta de modernização administrativa e operacional; politização das funções de direção em detrimento da hierarquia e da capacitação técnica e profissional; improvisação permanente em razão da crônica escassez de recursos, ocasionando dependência a comportamentos delinqüenciais, restringindo o devido planejamento; à falta de uma política de Estado consistente, precisa e voltada para o interesse da sociedade; ausência de mecanismo de acompanhamento, controle e avaliação das ações policiais com ênfase à proteção e segurança do cidadão, sem descurar da firmeza na prevenção e repressão ao crime organizado; e de uma legislação processual penal de cunho prático operacional leva inexoravelmente à atual situação de implosão do sistema jurídico penal.

5. Agrava-se ainda a situação com a marginalização de amplos setores da economia pelas excessivas medidas que visam alterar a ordem jurídica vigente para atender muitas vezes os desejos e interesses de grupos privados cooptados pela (des) governança para se auto assegurarem vantagens, em detrimento do interesse público. 

6. Logo há um clamor público para utilização das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) nas atividades de segurança pública, submetendo-as à força corruptora do narcotráfico e do crime organizado a que inevitavelmente sucumbe seu alto escalão.

O fato é que a utilização das forças armadas em atividades policiais revela-se historicamente contraproducente, especialmente em países onde os direitos humanos são violados cotidianamente, com inevitáveis reflexos no aumento da criminalidade e da corrupção.

A única justificativa para adoção da estratégia militar no enfrentamento da questão das drogas e do crime organizado é a ausência de políticas públicas eficazes nas áreas social, econômica, educacional, justiça e segurança, revelando tão somente a falência das instituições civis, cuja função essencial é prover a segurança e o bem estar da sociedade.
7. Por último, tem-se o domínio territorial sobre o Estado pelas organizações criminosas envolvidas no crime organizado e tráfico de substâncias entorpecentes. É o Estado paralelo, no estilo mafioso.

O ‘processo colombiano’, contido pelo “Plano Colômbia”, mediante forte aporte de recursos financeiros e materiais pelos EUA, repetiu-se no Peru e na Bolívia, e, agora no México, cujo resultado, além do desvio de seus escassos recursos em funções que lhe eram estranhas, teve a oposição da população civil pelos efeitos negativos com relação aos direitos humanos, a criminalidade e ao Estado Democrático de Direito.

A Bolívia do governo Evo Morales ‘expulsou’ a DEA (Drug Enforcement Administration - órgão federal de repressão às drogas ilícitas dos EUA) de seu território, facilitando as exportações de drogas para o Brasil, cuja Polícia Federal está concentrada em “operações” contra a corrupção que domina os órgãos estatais brasileiros; a Venezuela do chavismo de Chávez Frías fez o mesmo e juízes denunciam o envolvimento das Forças Armadas e do próprio defunctus teniente-coronel presidente, no tráfico de drogas ilícitas, que expandiu com muita ‘eficiência’ as ‘exportações’ para a Europa. 

 Na Argentina do eixo bolivariano segue o mesmo processo. Os juízes ‘demandam’ ação efetiva do Executivo para conter o narcotráfico.

Porém, no México diante da falência do Estado na repressão ao crime organizado, está havendo uma reação. Confira “Las autodefensas avanzam en México”...

http://internacional.elpais.com/internacional/2014/01/05/actualidad/1388947127_151089.html
 
11 de janeiro de 2014
graça no país das maravilhas

"RESPEITEM SARNEY E PAREM DE PRECONCEITO" - AFIRMOU LULA



Enquanto vigora o papinho de “oligarquia pra lá”, “oligarquia pra lá”, o médico Igor Lago fez uma postagem brilhante em sua página pessoal no Facebook. Durante uma visita ao Maranhão, Lula foi indagado sobre sua relação com a “oligarquia”. A resposta veio em forma de uma defesa estridente de José Sarney. Ao lado dele, Roseana Sarney.

Portanto, se você é lulista e caso Lula não tenha mudado de ideia, “respeitem Sarney e parem de criticá-lo. Sarney contribuiu muito para este país”.

Agora vocês sabem o motivo do silêncio do Governo Federal em relação ao que acontece no Maranhão, certo?
 

11 de janeiro de 2014
graça no país das maravilhas

LÓGICA ELEITORAL?


 
 
Raciocínio que circula pela internet:

1 - O ladrão comum rouba dinheiro, relógio, corrente, carteira, automóveis e/ou celular.

2 - Os políticos roubam: felicidade, saúde, habitação, educação, pensões e/ou trabalho.

3 - O primeiro ladrão escolhe você! O segundo ladrão foi escolhido por você!

Analise, pense nisso e aja em conformidade: ESCOLHA, inteligentemente, OS SEUS PRÓXIMOS LADRÕES.

 

"BIG BROTHER" GLOBAL

 

A NSA, dos EUA; tem tecnologia para controlar comunicações a nível global. Edward Snowden revelou o escândalo
 
Nenhum cidadão do Mundo está a salvo de espionagem dos países que dominam os mais sofisticados programas tecnológicos, diz especialista

Podem os EUA intercetar e-mails e telefonemas trocados entre Portugal e os Estados Unidos? A resposta é sim.

Carlos Marinho, juiz desembargador e perito em informática, explica ao CM que a tecnologia da Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana é tão sofisticada que tem capacidade para isso. "A comunicação por Internet pode ser filtrada, porque está em rede", explica. Quanto às chamadas, o perito diz que se "o sistema for digital e estiver numa rede mundial, é possível chegar a ele".

A denúncia de Edward Snowden - o informático que revelou a existência de programas de espionagem dos EUA - ativou o debate sobre privacidade, proteção de dados e segurança dos cidadãos na Internet. Carlos Marinho não tem dúvidas de que Portugal e o Mundo "não estão a salvo dos sistemas de espionagem devido à sofisticação tecnológica".

Ainda assim, diz que "legislativamente estamos protegidos" através de uma diretiva Europeia. "Nem os serviços secretos podem fazer o que lhes apetece", assegura. Contudo, adverte para a complexidade da "produção de prova". "Conseguimos provar que o NSA intercetou um e-mail que enviou, para alguém em que dizia EUA? Sem prova, nenhum tribunal dá razão", diz o magistrado. E mesmo que se conseguisse provar, "não há propriamente a possibilidade de um tribunal português condenar a NSA", remata. 

Entretanto, "a Rússia, Israel, a Índia e a China" também estão a "entrar nesse sistema de filtragens". "Hoje estamos a ser vigiados por muitos Big Brother", conclui.

11 de janeiro de 2014

SOBRE A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE SOCIEDADES LIBERAIS E SOCIALISTA

    Se liberais e socialistas não conseguem pelo menos concordar que a vida deve ser preservada e protegida a todo custo, não podemos sequer começar a discutir uma das principais diferenças entre o sistema liberal e o sistema socialista.

 
CYNARA
 
Um Sistema Visa a Proteção da Vida, o Outro Visa a Proteção do Partido
 
A consequência de um sistema que visa uma ditadura como sistema ideal coloca todo o poder do estado nas mãos de um grupo de indivíduos. Isso significa que os sistemas judiciário e legislativo desse estado não serão nunca imparciais.
O julgamento de alguém acusado de qualquer que seja o crime nunca será justo já que todos os membros do corpo de funcionários do Estado seguem recomendações do partido. Em uma sociedade governada por homens com ideais deterministas e controladores que sacrificam a vida de muitos pelas vidas de poucos, a oposição se transforma em um atentado contra a soberania nacional.
 
Qualquer um que usa a lógica contra a paixão socialista é tido como inimigo número um do Estado. Inimigos devem ser eliminados para a mente revolucionária socialista.
 
Em um sistema liberal que tem como sistema de governo leis que protegem o indivíduo de um governo que pode tentar expandir seus poderes de forma negligente, opositores tem o direito de exercerem oposição. O debate é de fato protegido por lei. A vida do opositor é protegida por lei, porque a lei é cega às diferenças entre cidadãos daquela nação.
 
Em um sistema que visa a centralização do poder nas mãos de um grupo que segue uma modalidade política apenas e que tem visões políticas uniformes tem uma tendência natural de atuar como opressor daqueles que ousam discordar.
 
Como a Ideologia Comunista Justifica a Violência
 
É importante lembrar que o próprio Karl Marx usava o termo ” ditadura do proletariado,” que foi usado pela primeira vez por Joseph Weydemeyer, para descrever o sistema político ideal do Estado socialista perfeito.
Apologistas marxistas geralmente dizem que Marx nunca desafiou seus seguidores a derramarem sangue em nome de sua ideologia,  mas o argumento que a maioria dos socialistas usa para justificar o assassinato em massa de seres humanos tem raízes maoístas, portanto marxistas também.
 
Mao Zedong, o revolucionário comunista chinês fundador do partido comunista da China e líder do país durante alguns dos anos mais sangrentos e ainda nebulosos da história, seguia a tradição Marxista-Leninista. Ele justificou o ato de violência contra qualquer “classe” de pessoas em seu “Relatório sobre uma investigação do Movimento Camponês em Hunan” em 1929.
“A revolução não é um jantar, ou escrever um ensaio, ou pintar um quadro, ou fazer bordados, que não pode ser tão refinado, tão agradável e gentil, tão temperado, gentil, cortês, comedido e magnânimo. Uma revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo qual uma classe derruba outra.”
Um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra.
 
Desonestidade ou Ingenuidade?
 
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Ao afirmar que a violência é sim uma forma legítima de revolta contra quem tem o poder, socialistas muitas vezes ingênuos ou propositalmente desonestos, acabam ignorando certas noções básicas que todos nós como humanos já desenvolvemos naturalmente desde os tempos mais primitivos.
 
O indivíduo sempre entendeu que a cooperação é a forma mais segura de assegurar a sua própria sobrevivência. Nossa tendência natural em seguir certos princípios básicos como a preservação da vida é deixada de lado quando passamos a acreditar que o resultado final será positivo.
A violência atual, justificamos com o nosso intelecto, vale a pena por que o sangue derrubado agora ou a dor que hoje alguém experimenta, não poderão ser comparadas a felicidade do coletivo no futuro.
 
Quando passamos a justificar o apoio a políticas agressivas ou ideologias radicais que negam a lógica, a experiência, o direito de propriedade, as leis da economia e o limite do poder do Estado em relação ao indivíduo, abrimos mão de qualquer responsabilidade pelos nossos atos enquanto homens e mulheres absolutamente donos de nossas razões.
 
Nos transformamos em mais um membro de um exército marchando na direção de um futuro cruel. Um futuro que hoje é a realidade de milhares, talvez milhões de humanos que tiveram o infortúnio de terem nascido em um país como a Coréia do Norte onde pessoas nascem em cativeiro, são jogadas em campos de concentração ou são fuziladas por motivos mal investigados mesmo após terem trabalhado a vida inteira pelo Partido.
 
Saber que em um lugar como o Brasil, jovens prestam homenagem a sistemas ditatoriais e comunistas como a Coréia do Norte é um atestado da nossa falta de visão, noção do que vem a ser responsabilidade pessoal e nossa aparente tendência ao mimetismo social por conta da nossa falta de independência intelectual.
 
11 de janeiro de 2014
in reaçonaria

SUPREMO NUNCA APROVOU INTERVENÇÃO FEDERAL, MESMO DIANTE DE GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS

   

http://www.conversaafiada.com.br/wp-content/uploads/2012/11/charge-bessinha_criterios-do-stf.jpg


Apesar da morte de 62 detentos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, capital do Maranhão, e dos atos de violência praticados na cidade, ordenados por líderes de facções criminosas que atuam dentro do presídio, o possível pedido de intervenção federal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, poderá ser rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A Corte nunca aprovou uma intervenção em um estado, mesmo em outras situações idênticas de violência.

Os procuradores federais no Maranhão pediram a Janot que entre com o pedido de intervenção federal no STF. Durante reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, na quinta-feira (9) em Brasília, o subprocurador-geral da República, Aurélio Veiga Rios, manifestou apoio ao pedido. Rios justificou o apoio em face dos atos de violência ocorridos no estado. “O que estamos vendo é uma situação de absoluto descalabro do ponto de vista da dignidade humana”, disse.

Conforme entendimento firmado durante o julgamento de vários pedidos, o Supremo definiu que a intervenção é uma medida extrema, e que deve haver prova da continuidade da crise institucional para ser decretada. Diante do plano emergencial anunciado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pela governadora do Maranhão, Roseana Sarney, a maioria dos ministros do Supremo pode entender que a intervenção não se justifica devido às medidas tomadas.

HÁ CINCO ANOS…

Em 2008, o ex-procurador-geral da República Antônio Fernando Souza protocolou no STF um pedido de intervenção federal em Rondônia, devido à crise de segurança no Presídio Urso Branco, em Porto Velho. Há cinco anos, a ação tramita no STF e ainda não foi julgada.

Na ação, Antônio Fernando relatou que, em oito anos, houve mais de 100 mortes e dezenas de lesões corporais ocorridas em motins, rebeliões de detentos e torturas praticadas por agentes penitenciários. Na época, o presídio abrigava mais de 1.500 internos, porém, tinha capacidade para 420. Diante da gravidade dos fatos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), cobrou medidas efetivas para acabar com os atos de violação dos direitos humanos. Em maio de 2011, o governo assinou um pacto de melhorias no sistema prisional do estado.

Outros pedidos de intervenção por falta de pagamento de precatórios e reintegração de posse foram rejeitados pelo STF. Em 2010, após a prisão do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, o então procurador-geral da República Roberto Gurgel não conseguiu aprovação do Supremo para intervenção. Na época, a Polícia Federal desencadeou a Operação Caixa da Pandora, investigação que apurou a existência de um esquema de compra de apoio parlamentar na Câmara Legislativa do Distrito Federal, que ficou conhecido como mensalão do DEM.

11 de janeiro de 2014
André RichterAgência Brasil

LIRA NETO, GRAMSCI E OS MESQUITA

 

Álbum Julinho
Julio e Marina Mesquita e filhos em Louveira, 1934 (Ruy Mesquita atrás, em pé)
Tentando refrear a custo o “refugão” que trotava de lado, dava cabeçadas na rédea e ameaçava disparar “Ladeirão” acima, o menino foi derrotado na passagem do portal aberto no muro alto que levava à casa da fazenda: o cavalo atirou-se contra o mourão do lado direito de tal modo que, de cima da sela, ele teve o lado do corpo e da cabeça violentamente “esfregados” na tora de madeira que arrematava o portal.

A orelha direita fervia quando, finalmente, ele conseguiu desmontar e foi só então que sentiu a sangueira que lhe descia pelo pescoço. Levou as duas mãos ao ferimento e sentiu que um rasgo se tinha aberto no ponto em que ela se ligava à cabeça.

Com a dificuldade que lhe impunha o aparelho ortopédico que sustentava a perna direita afetada pela poliomielite, subiu chorando os tres lances de escadas que levavam ao terraço da frente do casarão sem sequer notar a barulheira do rádio que chiava fortemente lá no fundo.

Ao assomar ao longo corredor que compunha o terraço pela largura inteira do frontispício da casa no segundo andar viu, lá no fundo, a figura de sua mãe, o corpo dobrado sobre os joelhos, soluçando alto.

_ Meu deus! Meu deus! Está tudo acabado! Está tudo perdido…
A cena travou-lhe o choro a meio da garganta mas o sangue continuava a descer.
_ Mamãe! Mamãe! Olhe o que me aconteceu!
Dona Marina levantou os olhos, o rosto desfeito em lágrimas, deu uma rápida olhada no machucado do filho e disse-lhe, embargada, meio às pressas.
_ Fazemos uma compressa, chamamos o Antoninho Niero e você vai com ele para São Paulo procurar tio Raul…

Álbum Ruy Mesquita
Ruy Mesquita

Antoninho Niero tinha o único automóvel “de praça” do vilarejo de Louveira e tio Raul era o irmão médico de minha avó. Era o 14 de junho de 1940 e o serviço de ondas curtas da BBC de Londres acabara de anunciar a queda da França.

Os nazistas estavam desfilando por baixo do Arco do Triunfo da Étoile, no centro de Paris, fato que Getulio Vargas comemoraria com um discurso que começava com estas palavras: “Uma nova aurora desponta para humanidade…

Sessenta e tantos anos depois quando, no mesmo velho casarão da fazenda Conceição do Barreiro, em Louveira, São Paulo, Ruy Mesquita descreveu, pela enésima vez, essa cena a uma roda de jovens amigos de seus filhos e netos, a voz subitamente se lhe embargou e seus olhos ficaram marejados. E para minha surpresa, senti no ato que a emoção que acabara de trair aquele senhor tão pouco afeito a demonstrações do gênero à beira dos 80 anos foi, ainda, a da criança desatendida pela mãe num momento de emergência.

Histórias…

Nunca me lembrei tanto das descrições de meu pai dos tempos da sua adolescência e juventude, morando com os tios numa casinha modesta de parede meia – a família economicamente asfixiada, os pais exilados, o jornal O Estado de São Paulo, até hoje a única fonte de renda dos que carregam esse sobrenome, ocupado militarmente pelos soldados da ditadura – acompanhando num mapa pontuado de alfinetes na parede do quarto onde dormia com os primos o desenrolar da guerra na Europa que – eles sabiam bem – selaria, para bem ou para mal, o destino da família, quanto durante a leitura do segundo volume do “Getulio”, de Lira Neto, que relata o que se passou no Brasil entre 1930 e 1945.

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A “guerra” de 32

E era este o cenário que aqueles adolescentes precocemente amadurecidos pela adversidade acompanhavam todas as noites ao som das ondas curtas da BBC de Londres porque simplesmente não havia de quem esperar nada aqui mesmo no Brasil.

Como disse no artigo anterior, o país inteiro – “explorados” e “exploradores” das categorias marxistas em que nossos intelectuais com carteira assinada em Brasília insistem até hoje – estava, todo ele, gostosamente entregue à exploração sem aspas da ditadura getulista.

Tendo tido acesso a documentação até então inédita para escrever seu livro, Lira Neto não pôde evitar de pintar Getulio Vargas como o monstro sanguinário, cínico, nazista, antisemita e inimigo figadal da “democracia dos liberalóides” que ele confessa ter sido a cada minuto que viveu em seu diário pessoal.

Mas mesmo enquanto descreve os atos bárbaros que lhe ditavam esses sentimentos alimentados desde o berço por sua formação primitiva, Lira Neto não consegue disfarçar a sua admiração pelo ditador e, sobretudo, a sua disciplinada antipatia pelos escassos democratas autênticos da “Era Vargas” que, na falta de fatos que lhe sustentem essa opinião, surgem sempre de passagem em seu livro,
profilaticamente cercados dos apôdos de “elitista, “quatrocentão” e outros adjetivos da panela no Brasil ainda farta da luta de classes.

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A caminho do exílio (JMF é o 3ro em pé, da esquerda para a direita)

Ponha-se de lado o erro factual de chamar “quatrocentão” o neto de um imigrante miserável e analfabeto vindo do Norte de Portugal que, como ele, arrancava da pena o seu viver no jornal que o pai voltara contra os fazendeiros escravocratas e mais um imperador de troco em plena São Paulo do Ciclo do Café e ele próprio pusera na liderança da guerra que, sob sua batuta, São Paulo teve o desplante de declarar contra o ditador em cujas tetas o Brasil inteiro mamava.

Lira Neto chapa por baixo toda a imprensa da época como uma horda indistinta de vendidos. Registra a destruição e os empastelamens de redações de jornais e até a tortura e morte de jornalistas empregados ordenados por Getúlio. Alonga-se, sempre que pode, nas mamatas e sabujices tramadas e havidas entre o ditador e alguns donos de jornais, mas subtrai deliberadamente aos seus leitores as exceções a essa regra, não, obviamente, por desconhecê-las.

Além de ser “do ramo” e conhecer bem esse lado da história, provavelmente até por testemunhos diretos ouvidos quando, ainda nas redações, não tinha sequer concebido o plano de tornar-se historiador, Lira Neto é um pesquisador eficiente demais para merecer esse perdão.
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Julio Mesquita Filho e o retrato do pai
Ele torce sempre, ainda que inconfessadamente, para o bandido, no mínimo desqualificando os “mocinhos”, mesmo contra  toda a evidência dos fatos não apenas por ser gaucho como Getulio foi, o que não é coisa pouca para se superar. É que na cabeça feita de Lira Neto ha de haver, por trás de tudo que venha da “classe dominante”, uma razão de interesse pessoal, um preço, uma jogada desonesta. Nada, nunca, é fruto de um imperativo moral. Tudo sempre é fruto de um cálculo e de um interesse escuso e danem-se os fatos. Esta é a lei.

O rancor especial que ele mostra contra São Paulo e contra o jornal O Estado de São Paulo que sustentaram praticamente sozinhos a resistência contra a ditadura getulista, negando, por absoluta omissão do registro desses fatos, o preço que seus donos pagaram por nunca terem sido “Chatôs”, é a prova mais contundente dessa distorção mas não a única.

São especialmente marcantes, nesse sentido, os capítulos em que, numa mesma sequência, o autor argumenta diretamente, coisa que não se tinha permitido fazer em nenhuma outra passagem dos dois primeiros volumes de sua obra, para negar a “vitoria moral” de SP em 32, embora seja obrigado a relatar, logo na sequência, a nomeação de Armando Sales de Oliveira, cunhado de Julio Mesquita Filho, como interventor em São Paulo por um Getúlio militarmente vitorioso mas politicamente enfraquecido a ponto de ser constrangido a fazer o que mais odiava na vida: recuar e ceder.

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Em seu livro a sugestão que fica não é a de uma vitória dos paulistas mas a de um gesto gratuito de magnanimidade do ditador que os paulistas responderam mal agradecidamente e, no extremo, até com felonias.

O fato dos dois cunhados terem aproveitado esse hiato entre exílios para fundar a USP e trazer para animá-la os melhores cérebos daquela época em todo o mundo, plantando, finalmente, o primeiro centro de disseminação do conhecimento científico e de pesquisa universitária digno desse nome no Brasil, também é sonegado aos leitores de Lira Neto, com certeza em função dessa mesma “incompatibilidade de teses”.

Sua descrição da Revolução Constitucionalista de 32 acaba sendo meio enigmática pelo inexplicado conflito entre seu esforço para isolá-la como uma espécie de capricho de uma elite alienada e a realidade histórica da adesão do Estado inteiro a um movimento em que todos arriscavam a própria vida.

É tão disciplinado o seu esforço por negar o papel de Julio Mesquita Filho e de São Paulo nos acontecimentos dessa época que a grande falha do livro são os saltos que ele dá, sempre de repente, da conformidade geral reinante para as grandes manifestações, sempre brutalmente reprimidas a tiros, que estouram esporadicamente em São Paulo contra Getúlio ao longo de todo aquele período.
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Manifestação de estudantes contra Getulio em SP. Ruy Mesquita estava lá e houve mortos e feridos. A bandeira da foto está preservada no saguão do jornal O Estado de S. Paulo.
Ele as registra como se tivessem sempre surgido do nada, dispensando fermentação prévia, e mergulhado de volta no nada. Os paulistas – “elitistas” e “quatrocentões” ou não – que sacrificam a vida nessa luta fazem-no, em seu livro, sempre em nome de nada.
Mas há que perdoá-lo. “A nossa crise não é só política”, como escreveu Arnaldo Jabor esta semana, “é psiquiátrica”.
 
O livro de Lira Neto continua sendo um grande livro e foi escrito, afinal de contas, neste pais onde os 32 partidos políticos existentes sentem-se na obrigação, por imperativo de sobrevivência, de declarar-se “de esquerda”; onde “progressista” é quem recorre a qualquer grau de violência física ou moral para que tudo se conserve como sempre foi e “conservadores” são os quatro ou cinco gatos pingados que, a cada geração, pagam o preço de tomar posição a favor de que as coisas progridam para mudanças reais.

Ainda que incapaz se superar todo o errado que lhe foi incutido a vida toda como certo nesta pátria do triunfo de Antônio Gramsci, Lira Neto dá sucessiavs provas de já estar começando a desconfiar de algumas de suas certezas…

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11 de janeiro de 2014
in vespeiro

CASO SNOWDEN: É LEGITIMO ROUBAR SEGREDOS VERGONHOSOS DO GOVERNO E PUBLICÁ-LOS

 



Um novo livro, recém-lançado, revela pela primeira vez a identidade de um grupo de ativistas norte-americanos que assaltaram escritórios do FBI, roubaram documentos sensíveis e vazaram os documentos para jornalistas.
A maioria dos norte-americanos já nem se lembram desse assalto, porque o fato foi logo encoberto pela importância das revelações vazadas, que incluíam o ataque contra dissidentes internos operado por um programa inconstitucional em que o FBI trabalhava, o COINTELPRO.

“Os assaltantes jamais foram apanhados”, escreve Mark Mazetti no New York Times, “e os documentos roubados que eles anonimamente enviaram por correio a jornalistas viriam a ser a primeira gota de uma avalanche de revelações sobre espionagem interna em grande escala e operações ilegais, pelo FBI, contra grupos norte-americanos dissidentes.

Betty Medsger, do Washington Post, foi uma das jornalistas que receberam documentos enviados pelos ativistas. Escreveu sobre “o documento que talvez fosse o mais terrível dos que foram roubados: um memorando de 1970, que dava uma primeira pista da obsessão de Hoover contra qualquer tipo de dissidência” – lembra Mazetti no NYT.

“O memorando exigia que os agentes aprofundassem as entrevistas com ativistas pacifistas e membros de grupos de estudantes dissidentes.” “Essa ação fará aumentar a paranoia endêmica naqueles círculos e ajudará a fixar a ideia de que há um agente do FBI por trás de cada caixa de correio” – dizia a mensagem do comando do FBI.

VIGILÂNCIA GENERALIZADA

Outro documento, assinado pelo próprio Hoover, revelava a vigilância generalizada, ativa nos campus universitários, contra grupos de estudantes negros.
Mas o documento que teria o maior impacto contra o reinado do FBI em todas as atividades da espionagem doméstica foi um cabeçalho de mensagem, datado de 1968, em que se lia uma palavra até então desconhecida: Cointelpro.

Nem os assaltantes que roubaram os documentos nem os jornalistas que os receberam conheciam o significado daquela palavra e assim continuaram por muitos anos.
Só quando Carl Stern, da rede NBC News, requisitou e obteve judicialmente outros documentos do FBI, nos termos da Lei da Liberdade de Informação, afinal se conheceram os primeiros contornos do Cointelpro – forma abreviada de “Programa de Contrainteligência”.

Desde 1956, o FBI mantinha uma caríssima campanha de espionagem contra líderes dos movimentos pelos direitos civis, organizadores políticos e suspeitos de simpatizarem com o comunismo, e trabalhava para semear a discórdia e a desconfiança entre os membros de vários desses grupos.
No bojo da sombria litania de revelações, havia uma carta de chantagem, enviada anonimamente por agentes do FBI ao Reverendo Dr. Martin Luther King Jr., em que ameaçavam divulgar casos extraconjugais, se ele não cometesse suicídio.

“Não se tratava só de espionar cidadãos norte-americanos”, disse Loch K. Johnson, professor de Assuntos Públicos e Internacionais na University of Georgia, que era então assessor do senador Frank Church, Democrata do Idaho. “O objetivo do Cointelpro era destruir vidas e arruinar reputações.”

À época, o assalto e os vazamentos subsequentes foram ferozmente condenados. Mas, com o tempo, os abusos do FBI chegaram afinal às manchetes, o que levou a consideráveis esforços para reformas, entre meados e o final da década dos 1970s.

CONDENAÇÃO

Hoje, a atividade do FBI de J. Edgar Hoover é condenada quase universalmente (até por funcionários do governo, pelo menos em público). Os assaltantes jamais foram descobertos.
A caçada foi suspensa, porque se estabeleceu o consenso de que haviam feito algo de bom. Agiram em nome do interesse do povo dos EUA, porque o governo dos EUA operava contra a Constituição.
Cometeram ato de ilegalidade, mas os crimes do estado eram piores.

Difícil não ver aí muitas semelhanças com o que fez Edward Snowden. Prevejo que o desenvolvimento da atual controvérsia ecoará os eventos que se seguiram ao assalto, em 1971, contra escritórios do FBI.

Não tardará, e os que hoje condenam Snowden como criminoso e traidor serão sobrepujados por um consenso crescente de que a apropriação de documentos do estado, depois entregues a jornalistas, expôs novos crimes terríveis cometidos pelo governo contra o interesse público.
Sem dúvida, a história trabalha a favor de Snowden.

(artigo enviado por Sergio Caldieri)