"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

COMUNISMO SÓ FUNCIONA NA MISÉRIA


Karl Marx falhou: como cientista e até como profeta. Esse fracasso já foi referido em coluna (Será que Deus existe?). Mas faltou acrescentar um pormenor: Marx nem sequer previu que a sua "luta de classes" seria substituída por uma perpétua "imitação de classe".

O proletariado não desejava destruir o sistema capitalista. Pelo contrário: desejava antes participar nele, imitando a burguesia –nos seus hábitos e gostos– e desfrutando dos mesmos confortos materiais que só o capitalismo permite.

Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para os confrontos em Hong Kong, com os manifestantes a exigir respeito pelas eleições de 2017 na ilha. Pequim ficou em estado de alerta.

Entendo: em 1989, o PC chinês contemplou a desagregação do comunismo na Europa com horror. Consta até que o líder de então, Deng Xiaoping, terá ficado assustado com os fuzilamentos sumários do encantador casal Ceausescu, na Roménia.

O colapso da União Soviética, pouco depois, deixou o aviso: não bastava reprimir uma população miserável, como aconteceu na Praça de Tiananmen. Era preciso responder aos anseios da população, o que significava abrir as portas a um "capitalismo de Estado" controlado.

Fatalmente, o PC chinês ignorou a maior fraqueza da teoria marxista: o capitalismo, e mesmo o "capitalismo de Estado", não se limita a matar a fome e a permitir carros ou roupas de grife.

Cedo ou tarde, a emergência de uma classe média significa também que as massas desejam mais: coisas intangíveis como liberdade, participação política e até o direito de governar.

Em Hong Kong, essas reivindicações podem ser explicadas (e reforçadas) pela tradição de liberdade que já existia antes da devolução britânica em 1997.

Mas, como informa a revista "The Economist", essas reivindicações são já sentidas em todo o país –de tal forma que uma das prioridades do regime nesses dias foi ocultar da população continental a "Revolução dos Guarda-Chuvas" de Hong Kong.

Durante décadas, vários especialistas sobre a China formularam a questão clássica: será possível ter uma sociedade capitalista sem o tipo de liberdades de uma sociedade democrática?

As imagens de Hong Kong são a primeira e promissora resposta. E são também uma confirmação histórica: para o comunismo funcionar, é importante que uma sociedade seja mantida rigorosamente na miséria.


06 de outubro de 2014
João Pereira Coutinho, Folha de SP

POLÍTICA, CORRUPÇÃO E PIZZA


Ninguém dá bola para corrupção em política. Nenhum estrato social. Nem rico nem pobre


Dito de forma direta, o que quero dizer hoje é: ninguém está nem aí para corrupção em política. Nenhum estrato social. Nem rico, nem pobre, nem culto, nem artista, nem inteligentinho. Pega bem dizer que se está, mas é pura afetação de salão. Coisa de burguês. A prova é que com ou sem Petrobras, no final, será servida uma grande pizza.

Escândalos se acumulam (e não me refiro apenas aos bolivarianos atualmente no poder), mas ninguém está nem aí. Justificativas sustentam toda e qualquer defesa de políticos ou partidos corruptos ou suspeitos de corrupção.

A democracia tem uma dimensão circense e as eleições são seu clímax.

Sim, são afirmações céticas. O senso comum pensa que ser cético é duvidar da existência de Deus. Isso é ceticismo de criança. Qualquer um duvida da existência de Deus. Quem se leva muito a sério por isso é que é meio bobo.

E a razão pra ninguém estar nem aí para corrupção é que nossa relação com a política não é racional, como dizem que é. Somos mais facilmente racionais quando compramos pão francês do que quando pensamos em política. "Consciência política" é tão fetiche quanto "carma".


Não existe essa tal de consciência política, mas sim simpatias, empatias, interesses, taras, fanatismo que travestimos de "consciência política".

A única racionalidade possível na política é a de Maquiavel, que continua sendo o filósofo da política mais sério até hoje: a razão da política é a conquista e manutenção do poder a qualquer custo.

Desde o século 18 e a falsa afirmação de que a política redimirá o mundo (pecado do suíço Rousseau), abriu-se um novo "mercado" das mentiras políticas: aquele que diz que a política pode ser "ética".

A democracia tem uma vocação para a retórica, já dizia Platão. Mas, reconheçamos, não há regime melhor. Nela, o circo das "escolhas éticas" se acumulam ao sabor do marketing e das justificativas do que preferimos.

Não votamos racionalmente. Votamos porque (na melhor das hipóteses) algum candidato ou partido concorda, mais ou menos, com a "pequena" teoria de mundo que temos.

Alguns de nós tem mais tempo e condição de trabalhar suas "pequenas" teorias. Outros vão a seco e votam em quem eles acham que vai aumentar o poder de compra deles (dane-se a corrupção) ou quem mais se encaixa na visão de "um mundo melhor" (maior fetiche da política dos últimos 250 anos) deles (dane-se a corrupção).

Se acreditamos que a economia seja uma ciência do comportamento humano que deve levar em conta coisas como "quem tem o que todo mundo quer ganha mais" tendemos a crer que devemos levar em conta as "leis de mercado".

Quem crê que devemos "buscar formas mais humanas de produção e igualdade" não crê nas "leis de mercado", mas sim que elas foram inventadas pelos que gostam de explorar os mais fracos.

Mas, como a democracia é um regime baseado numa economia do ressentimento, quem crê em "leis de mercado" é malvado e quem afirma que elas podem ser negadas se quisermos fazer o mundo melhor é visto como gente legal.

Se acho um candidato "fodão", arrumo razões pra votar nele. Se acho que o Brasil precisa de um modo de vida "x", arrumo alguém que pareça concordar comigo. Se acho o candidato alguém comprometido com a "justiça social", ele pode até roubar. Se busco santos, direi: o Brasil precisa de um choque de sinceridade na política.

A crença de que exista racionalidade na política é tão necessária para a maioria das pessoas hoje quanto Deus é necessário para uma porrada de gente.

Os não-religiosos creem que olham o mundo de modo mais racional porque não acreditam num ser invisível entre tantos outros. Mas, acreditar que exista uma coisa chamada "consciência política" é também um ato de fé.

Suecos votam para garantir seu tempo livre. Americanos para defender seu quintal. Argentinos por masoquismo. Franceses para garantir a aposentadoria. Ingleses já não sabem se são pós-cristãos ou neomuçulmanos.

E brasileiros votam porque querem mais Estado nas suas vidas. Mais Bolsa Família e mais bolsa empresário. Em mil anos rirão de nossa fé na democracia.


06 de outubro de 2014
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

A FORÇA DO VOTO ALOPRADO

VOTO AÉCIO 45!
 
Tem gente indignada com a denúncia de espionagem do Ministério da Justiça na Polícia Federal para prejudicar Marina Silva. Essa gente não aprende que esse tipo de coisa é normal. Talvez seja preciso o MEC patrocinar uma megaedição da biografia de Hugo Chávez e distribuí-la gratuitamente em todo o território nacional, para os brasileiros finalmente entenderem que o Estado existe para servir aos companheiros. Se bem que, pela performance da companheira Dilma no primeiro turno, pode-se concluir que boa parte do eleitorado já aceitou que não há separação de bens entre o PT e a máquina pública brasileira.

Segundo a denúncia, o secretário nacional de Justiça visitou na calada da noite, extraoficialmente, em plena campanha eleitoral, o diretor da Polícia Federal. Queria saber sobre um inquérito contra a gestão de Marina no Ministério do Meio Ambiente, que corre em segredo de Justiça. Foi uma missão, segundo a acusação, encomendada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Como se sabe, o ministro Cardozo é um funcionário criterioso. Só aparece para ações cruciais, como criticar publicamente as penas dadas aos mensaleiros. É isso que o país espera de um ministro da Justiça.

Também foi Cardozo o pombo-correio de uma denúncia truncada e adulterada contra os adversários do PT em São Paulo - que o ministro fez pousar sutilmente na mesa do Ministério Público. Nada mais natural, portanto, que ele use seu cargo para prospectar armas eleitorais contra Marina Silva. Se o PT traficou o sigilo fiscal de uma filha do adversário de Dilma na campanha de 2010 e ficou tudo bem, não haveria por que abandonar a tática agora. Dizem que o ministro Cardozo é candidato a uma vaga no supremo tribunal Federal. Considerando o perfil dos despachantes que o PT tem inoculado no STF, Cardozo faz absolutamente tudo certo para chegar lá.

Nas urnas, o Brasil vem dizer novamente ao bando: vão fundo! Ninguém terá esquecido a ação de Dilma Rousseff como ministra-chefe da Casa Civil, denunciada pela então secretária da Receita Federal, por tentar aliviar na marra o companheiro Sarney. Também é inesquecível a ação de Erenice Guerra, então braço direito de Dilma na Casa Civil, fuçando os arquivos governamentais para tentar montar um dossiê contra a ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

São incontáveis as ações da "inteligência" do PT, do famoso dossiê falso dos aloprados na eleição de 2006 à combinação de perguntas e respostas na CPI da Petrobras, passando pela adulteração de perfis de jornalistas na Wikipédia, de dentro do Palácio do Planalto. Tudo testado e aprovado pelo eleitor: vão fundo!

O primeiro turno da eleição presidencial foi basicamente uma disputa entre os concorrentes para provar quem é mais gay, quem é mais coitado e quem é mais alérgico aos bancos. Nesse imenso jardim de infância, a putrefação ao vivo da Petrobras, sob as rédeas de aloprados companheiros, não fez nem cócegas nas pesquisas eleitorais. O eleitor aprova, portanto, além da espionagem, a pilhagem.

A menos de uma semana da eleição, a bomba: o governo registrou, em agosto, o maior déficit nas contas públicas em 14 anos. Finalmente jogou às favas o compromisso com o superávit primário - um dos pilares da estabilidade econômica. Um rombo assumido e escancarado, que nem a contabilidade criativa e maquiagens associadas poderão esconder.
Chegou, enfim, a conta da DisneyLula - essa indústria de favores, boquinhas e bocarras, que transformou o orçamento público numa megassena partidária.

A inflação rompeu o teto, a recessão chegou, e o valoroso povo brasileiro, que disse basta e anunciou que quer mudanças, vota majoritariamente no... PT.

Fora as hipóteses de sadomasoquismo e imersões satânicas, restam três explicações possíveis para tão impressionante fenômeno:
1) o povo quer que a capital do Brasil passe a ser Buenos Aires;
2) o eleitorado teme que Dilma saia da Presidência e nunca mais arranje um emprego;
3) notando o gigantesco esquema do "petrolão", montado nos 12 anos do governo petista, o eleitor concluiu que a rede de propinas é a melhor forma de distribuição das riquezas.

Façam suas apostas, depois cobrem da elite vermelha (esperem sentados). 

06 de outubro de 2014

Guilherme Fiuza, Revista Época

POLÍTICA DO COTIDIANO, DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO

VOTO AÉCIO 45!

“Não troque o voto por favores. Não venda seu voto. Isto é crime”Ministro Antônio Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)


DELATOR SERÁ PRESO SE MENTIR AO MINISTÉRIO PÚBLICO

Todas as ações suspensas na Justiça contra Paulo Roberto Costa, sua mulher, duas filhas e genros podem ser retomadas caso o ex-diretor da Petrobras quebre de alguma forma o acordo ou minta em qualquer um de seus depoimentos na “delação premiada”. Ele e sua família também estarão sujeitos a penas de um a quatro anos por mentir sobre detalhes da organização criminosa investigada na Operação Lava Jato.

GRANDES ENROLADOS

A cláusula 20 do acordo de delação do ex-diretor prevê “alterações” ao texto para denúncias que envolvem autoridades com foro privilegiado.

AUTORIDADES GRAÚDAS

Têm foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal deputados federais, senadores, ministros e o presidente da República.

FALOU, RODOU

Caso seja procurado por algum investigado na Operação Lava Jato, Costa é obrigado, segundo o acordo, a acionar a PF ou procuradores.

VAZOU, DANÇOU

O item “i” da Cláusula 23 do acordo de delação premiada prevê sua anulação caso seu sigilo seja quebrado pelo delator, advogado ou MP.

GOVERNO ESTUDA COMO ‘APARELHAR’ O ITAMARATY

Medida cogitada na Casa Civil da Presidência causa grande comoção entre diplomatas: autoriza a nomeação de pessoas de fora da carreira, sem qualificação, para cargos em comissão do Ministério das Relações Exteriores. Argentina e Venezuela fizeram isso, e hoje esses países não têm mais serviço exterior levado a sério mundo afora. O Itamaraty é um dos raros órgãos ainda não inteiramente aparelhados pelo PT.

LULA, 69

Lula completa 69 anos no dia 27, um dia depois do segundo turno, já sabendo se sua candidata Dilma foi reeleita ou não.

FATOR DECISIVO

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) admite que o tempo de TV favoreceu Dilma: “Marina mal teve tempo para se defender...”.

SONHO

O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RR), espera que seu partido eleja neste domingo 22 governadores, repetindo a proeza de 1986.

VOTO CONSERVADOR

Neste domingo, dirigentes do PSDB apostam em maior crescimento de Aécio Neves no Sudeste, onde tradicionalmente o tucanato só deslancha na hora agá, fenômeno atribuído ao voto conservador.

PARA O PPS, TANTO FAZ

O PPS apoiará o opositor que disputar o 2º turno contra Dilma. Roberto Freire, presidente do PPS, releva as críticas de Aécio à sua candidata: “não se comparam à sujeira e à desonestidade de Dilma com Marina”.

VENCE E NÃO LEVA

Candidato ao Senado no Maranhão, Gastão Vieira (PMDB) pode ter sua candidatura impugnada: o suplente, Remi Ribeiro, não se desincompatibilizou de cargo na Casa Civil estadual, segundo o blog Atual7, o que o deixa sujeito a anulação do registro da candidatura.

DEIXA VER

O presidente do PTB, Benito Gama (BA), garante que até agora não entrou na pauta do partido qualquer discussão sobre apoiar Marina Silva, caso ela vá para disputa contra a presidente Dilma no 2º turno.

BATE E VOLTA

Dilma viaja cedo neste domingo à Porto Alegre (RS) onde vai votar, mas retorna a Brasília às 9h30, onde aguardará os resultados das eleições às 17h.

MAIS ACEITAÇÃO

Líder do PPS, Rubens Bueno (PR) acredita que é mais fácil reunir aliados pró-Aécio do que aliados pró-Marina no segundo turno, incluindo os rebeldes do PMDB e PP.

BAIXA INSISTENTE

Mapeamento do PDT às vésperas da eleição indica que terá bancada de duas dezenas de deputados federais, inferior ao que o partido já teve na Câmara antes da criação do PSD, de Gilberto Kassab (SP).

COMO VOTA BOLSONARO

Conhecido por declarações homofóbicas e pró-ditadura, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) considera votar em Levy Fidelix (PRTB) após a “brilhante exposição que tirou Luciana Genro do sério”.

SEGREDO NECESSÁRIO

O voto deve ser mesmo secreto porque, segundo Aparício Torelli, o Barão de Itararé, “só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato”.


PODER SEM PUDOR

O ROSTO DO FUTURO

José Sarney foi a sua cidade natal, Pinheiro (MA), para comemorar o seu 50º aniversário. Na praça principal, uma bandeira cobria a obra de arte que o homenagearia. Rufaram os tambores, o locutor anunciou e finalmente a bandeira foi retirada, descobrindo o busto do senador-poeta. O aniversariante ficou desapontado: os olhos arregalados denunciavam o susto diante da expressão envelhecida que o artista atribuiu ao seu rosto de bronze. Refeito, ele sorriu e brincou, vingando-se do escultor:

- Não tem problema. O busto já está pronto para a comemoração do meu centenário...

06 de outubro de 2014

SAIR DO PÂNTANO

POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45

Amanhã se começa a decidir o futuro do Brasil. São 12 anos de governo do PT, que a todo custo pretende permanecer no poder. Lula em discurso recente, segurando os ombros de Dilma, disse pausadamente: "Eles não sabem o que somos capazes de fazer para ter você por mais quatro anos".

Boa parte da sociedade, cerca de 50%, que votará na oposição ao PT, em Marina ou Aécio, no primeiro turno, com certeza teme o que Lula e companheiros possam fazer, mas creio que jamais imaginariam a adoção, na propaganda eleitoral, das táticas desleais próprias do totalitarismo, não sendo admissível que a presidente, com a responsabilidade do cargo, viesse a desinformar a sua população no processo de desconstrução da adversária.

Hitler considerava, como destaca Domenach em conhecido trabalho (La Propagande Politique, Paris, 1950), ter a grande maioria, a massa, disposição a que suas opiniões e seus atos sejam determinados antes pela impressão causada em seus sentidos do que pela reflexão. A tática da propaganda em regime autoritário consiste em alternar terror e exaltação.

O terror infunde-se, como explica em outro trabalho clássico Driencourt (La Propagande, Nouvelle Force Politique, Paris, 1950), pela ligação de situação que a sensibilidade geral aceita integralmente, sem discussão, com uma ideia que se pretende incutir, relacionando-a falsamente com a situação já acolhida. Para a grande maioria, a percepção do papel dos bancos e dos banqueiros é a de explorar os mais fracos e se beneficiar com sua pobreza, refestelando-se com a desgraça alheia para encher as burras (vejam-se juros do cartão de crédito e do cheque especial). A propaganda de Dilma valeu-se dessa posição emocional, aceita sem discussão pela sociedade, e aliou falsamente a proposta de independência do Banco Central a uma liberdade de ação dos bancos comerciais cujo resultado seria o sumiço da comida da mesa dos pobres e a falência da educação, com o desaparecimento dos livros de estudo, ante o sorriso triunfante dos banqueiros.

É evidente a desfaçatez, a desonestidade intelectual, como se o Banco Central, uma autarquia responsável pela definição da política monetária, fosse um banco comercial e sua independência não significasse, como em todos os países desenvolvidos, a garantia de condução da economia e de promoção de estabilidade da moeda, longe dos interesses políticos efêmeros. Pouco importa que Dilma já tenha defendido a autonomia do Banco Central, o que interessa para manter o poder é deslanchar uma artilharia psicológica visando a amedrontar a população, alertando para o desastre da vitória da adversária à qual se atribui, mesmo contra todas as evidências, a instalação do reino dos banqueiros, a desgraça dos pobres com o fim do Bolsa Família. A parcela pensante do eleitorado vê a desgraça em ficar nas mãos de pessoas que mentem descaradamente para assegurar o poder a qualquer custo, como ameaçou Lula.

Hitler, em seu livro Minha Luta, pregava abertamente que a propaganda deve estabelecer o seu nível intelectual segundo a capacidade de compreensão do mais limitado dos seus destinatários. Assim, valeu-se a propaganda dilmista do desconhecimento de boa parte do eleitorado do que seja o Banco Central para unir à proposta de sua autonomia a consequência de plena liberdade dos bancos comerciais, quando a verdade é exatamente o contrário. Sem jamais nenhum candidato ter dito que interromperia o benefício do Bolsa Família, apregoava-se, na propaganda de Dilma, o seu fim iminente com a vitória de Marina ou de Aécio.

Se, de um lado, se cria um clima de terror, de outro se apresenta o Brasil como a Ilha da Fantasia, onde tudo corre às mil maravilhas, com grandes conquistas, num ufanismo graças ao qual se propaga que somos todos felizes e continuaremos felizes se mantivermos Dilma e seu grupo no poder. O cúmulo da exaltação foi a utilização, sem nenhum constrangimento da presidente, da tribuna da ONU na abertura da Assembleia-Geral para falar ao público interno sobre as conquistas do governo Lula e do seu, visando a aparecer nos noticiários televisivos dando a impressão de se constituir numa consagração universal.

Nesta hora de definição, é importante que a decisão seja no sentido de escolher quem possa derrotar Dilma e tenha condições de liderança pessoal para levar à frente a restauração do País nos planos moral e econômico. Marina, por sua trajetória de lutas, pode vir a cumprir esse papel fundamental. E deverá fazê-lo com o apoio do PSDB, tal como sucedeu no governo Itamar Franco, quando esse partido deu respaldo político e massa crítica com a participação de ilustres peessedebistas em órgãos da administração, assegurando governabilidade e condições técnicas para mudar o País, tal como efetivamente mudou com o Plano Real.

O receio de Marina ter sido do PT e ser um PT2 não pode servir de argumento contra a ex-senadora por parte do PSDB, pois todos os seus próceres saíram do PMDB e com ele não mais se identificam, não sendo o PMDB2, muito ao contrário. A origem não indica a linha política atual, a ser apreendida no caminho ora palmilhado, que o programa de Marina revela em muitos temas.

Neste quadro volátil da eleição de amanhã, se Aécio for, por acaso, ao segundo turno contra Dilma, seu passado como governador de Minas o credencia a bem governar o Brasil, mas Marina e o PSB devem se unir ao PSDB, superando os ataques injustos, para compor maioria de sustentação com o PPS de Roberto Freire e o PV, para enfrentar um raivoso PT na oposição. A união é necessária contra a falta total de ética na política, revelada pelas denúncias do conluio da cúpula petista com os "malfeitos" na Petrobrás.

Enfim, ou saímos do pântano onde viceja o aparelhamento do Estado e a corrupção ou submergimos para um afogamento que desonra.


06 de outubro de 2014
Miguel Reale Junior, O Estado de S.Paulo

É PRECISO MUDAR. PELO VOTO

POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45

Não é só pelos 20 centavos. Não é só pela Petrobras. Quem vive um dia normal sabe do que o Brasil precisa


Não basta ajoelhar, tem de rezar. Não basta se alfabetizar, tem de ler até o fim. Não basta ler, tem de analisar. Não basta analisar, tem de lembrar. Não basta papaguear slogans, tem de criticar. Não basta crer em marketing, tem de construir um pensamento crítico. Não basta votar, tem de cobrar.

Falta educação política ao eleitor brasileiro. Faltam consciência, razão, atitude. O programa partidário na televisão, que de gratuito não tem nada, é uma idiossincrasia de país subdesenvolvido. Beneficia quem está por cima. É nocivo, antidemocrático e enganador por dar mais tempo na televisão a qualquer partido que esteja no poder. É um bombardeio de telenovelas eleitorais com efeitos especiais e personagens montados.

Às vésperas do voto de 5 de outubro, o eleitor no Brasil parece suscetível à influência das máquinas partidárias, das mentiras e da hipocrisia de candidatos a todos os cargos. É só observar as tendências do mapa nacional eleitoral, com as múmias e os ladrões, vivinhos e populares.

Penso no eleitor maria-vai-com-as-outras, que prefere não se informar direito, por preguiça, desinteresse ou apego a uma sociedade virtual de rapidinhas mentais, em que se curte ou se demole um texto sem passar do primeiro parágrafo. Dedinho para cima, dedinho para baixo. Adeus às sutilezas, elas só fazem perder tempo. Em vez de ler, posso postar o prato de comida de ontem, as travessuras do cachorro, a descrição detalhada de uma cirurgia, compartilhar textos e vídeos falsos, posso ofender quem discorda ou apedrejar o próximo. Poderia dizer que entendo. Mas não compreendo.

Quando vejo que falsidades sem vergonha rendem votos, penso no voto de cabresto. Não falo do povão nem de classes desfavorecidas. Mas da ignorância – do verbo “ignorar”. Quem ignora é facilmente manipulável pelo marketing sem escrúpulo, não importa a classe social ou o tempo de estudo. É assustador o nível de desinformação dos eleitores brasileiros, especialmente dos mais jovens.

O país que vai às urnas para eleger presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual é o mesmo que explodiu nas ruas há um ano. Foram protestos, pacíficos e incendiários, contra a roubalheira institucionalizada nos últimos anos, a farra dos desvios de verba pública, a tragédia do transporte, saúde, segurança e educação, a insatisfação com indicadores sociais e econômicos, a volta da inflação, a alta do custo de vida, as alianças espúrias com corruptos.

Será que é o mesmo Brasil? Escândalos como o da Petrobras derrubam presidentes em países com consciência política. No Japão, alguns governantes e executivos se suicidam quando são flagrados num roubo dessa magnitude. Aqui no Brasil, não faz nem cócegas. Dilma Rousseff, no debate de quinta-feira, disse que “todo mundo comete corrupção”. Eu não cometo corrupção. Você comete? Ouvimos esse discurso há três mandatos do PT, o mesmo partido que desfraldou a bandeira da ética na política.

Não adianta desmascarar os elogios de Dilma a Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, bandido e atual delator. Todo mundo sabe agora que ele renunciou em 2012 coberto de agradecimentos de Dilma, em ata, “pelos relevantes serviços prestados à companhia no desempenho de suas funções”. Bota relevância nisso.

Por enquanto, Paulo Roberto Costa virou um pária em casa, com tornozeleira eletrônica. Vamos lavar a jato toda a sujeira, afinal ele devolverá quase US$ 26 milhões em contas bancárias no exterior. E lancha, terreno, Range Rover.

Dilma convence o eleitor de que foi ela quem pressionou o Ministério Público e a Polícia Federal a investigar? Daqui a alguns anos, Paulo Roberto se candidata a deputado. O marketing é fácil: o que rouba mas delata, o que rouba mas se arrepende, o que poupa os amigos mais poderosos. Ou então escreve um livro best-seller Como roubei durante oito anos a Petrobras e o Brasil do PT sem que ninguém soubesse.

Não é só pelos 20 centavos. Não é só pela Petrobras. Qualquer um, se vive um dia normal de classe C, se anda de ônibus superlotado, se vai à emergência de um hospital, se tenta abrir um negócio sem despachante, se vai ao supermercado semanalmente, se esconde celular com medo de ser morto, se procura uma creche que não cobre preços extorsivos, se matricula o filho na escola e compra o material, se vai à farmácia, se precisa cuidar dos pais doentes, se convive com os atuais níveis de poluição e péssimo manuseio do lixo, se assiste ao aparelhamento do Poder, sabe hoje que é preciso mudar. Pelo voto.


06 de outubro de 2014
Ruth de Aquino, Revista Época

UM PAÍS COM MEDO DE SER FELIZ

POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45
 
Volta e meia sou tentado a concordar com De Gaulle ou com quem quer que tenha dito que o Brasil não é um país sério.
Nos Estados Unidos, uma escuta telefônica clandestina instalada num comitê de um rival político levou à renúncia o então presidente Richard Nixon.
Agora, pense aí: e se flagrassem em vídeo, nos EUA ou na Europa, um deputado do partido governista confessando que uma empresa pública foi usada para fazer campanha de um presidente à reeleição? Imagine o tamanho do escândalo e as consequências.

No Brasil, caro leitor, a questão é tratada com escárnio pelos donos do poder. Veja o caso de Minas Gerais. Um deputado estadual do PT foi filmado se vangloriando do uso dos Correios na campanha de Dilma e de Pimentel.
Mesmo diante das imagens incontestáveis da fraude, sabe como a presidente da República reagiu ao ser perguntada sobre o flagrante? "Vocês são jornalistas. Vocês acreditam nisso?". Ou seja: ela está sugerindo que, em vez de se ater ao que o vídeo revela, os jornalistas não acreditem no que veem, mas somente no que ela diz.

Pior é constatar que, diante da prova e da versão oficial, há jornalistas que se desmoralizam ao optar pelo engodo chapa-branca.
Na hora de escrever os textos, entre as imagens do que de fato ocorreu e o bla-bla-blá palaciano, eles se comportam bovinamente "neutros", dando ao "desmentido" até mais peso do que à verdade.
Ou seja: se, nos EUA ou na Europa, uma bobagem como essa poderia derrubar um governo, aqui o escândalo ajuda é a fortalecer e levar à reeleição.

Escandaliza-me o fato de que a corrupção hoje no país seja tratada como uma virtude. O caso da quadrilha que roubava a Petrobras para distribuir com aliados do governo Dilma e Lula é clássico.
Quanto mais se descobrem fatos cabeludos da maracutaia, mais crescem as chances de a presidente se reeleger no 1º turno.
As pessoas parecem ignorar que os R$ 10 bilhões desviados dos cofres públicos na Operação Lava-Jato, conforme estimativa da PF, poderiam estar sendo investidos em educação e saúde com "padrão Fifa", como cobraram os manifestantes em junho de 2013.
Mas o que vemos é cada vez mais dinheiro no poço da corrupção. É como se o brasileiro, de tão desencantado, tivesse medo de voltar a sonhar em ser feliz. Preferisse ser enganado do que sonhar com a possibilidade de um país mais digno e mais justo para todos.

06 de outubro de 2014
Plácido Fernandes Vieira, Correio Braziliense

OS MILAGRES ECONÔMICOS DA INCOMPETÊNCIA


POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45

É preciso acreditar em milagres. Só uma incompetência milagrosa poderia produzir estragos tão prodigiosos na indústria brasileira, no comércio exterior e nos fundamentos econômicos do País em tão pouco tempo.

A soma de exportações e importações ficou em US$ 347,96 bilhões entre janeiro e setembro, valor 2% menor que o de um ano antes, pela média dos dias úteis. Diminuíram tanto as vendas quanto as compras internacionais e mais uma vez o Brasil mostrou ao mundo uma perversa originalidade. Recessão, em outros países, tem normalmente um efeito corretivo. No país da presidente Dilma Rousseff, a inflação anual continua acima de 6%. A balança de mercadorias acumula um déficit de US$ 690 milhões em nove meses. O governo central, segundo os números do Tesouro, só conseguiu de janeiro a agosto um superávit primário de R$ 4,67 bilhões, 87,8% menor que o de igual período de 2013. Para atingir a meta, R$ 80,8 bilhões, a administração central terá de obter em quatro meses um saldo superior a R$ 76 bilhões, 16 vezes o alcançado no dobro desse tempo.

Em outros países, governados de acordo com padrões mais normais, políticas de austeridade, às vezes com efeito recessivo, são usadas para corrigir desajustes. O caso brasileiro é muito diferente. Não houve nenhum esforço de ajuste. A recessão foi apenas mais um produto de uma incompetência de raras proporções, assim como o fiasco econômico dos três anos anteriores.

A condição precária do comércio exterior é um espelho dos erros cometidos pela administração petista a partir de 2003. A política industrial nunca foi mais que um arremedo, com tinturas nacionalistas e desenvolvimentistas, de estratégias típicas de outras eras. Nunca se cuidou de fato da eficiência econômica e do poder de competição. A política foi sempre, nos últimos 12 anos, muito mais voltada para o protecionismo do que para a inovação e a produtividade. A isso se acrescentaram estímulos ao consumo bem maiores que os incentivos ao investimento.

No primeiro trimestre deste ano, o coeficiente de exportação da indústria - proporção entre o valor exportado e o produzido - ficou em 19,8%. Nos primeiros três meses de 2007 ainda estava em 22%. Ao mesmo tempo, a participação dos importados no consumo de bens industriais passou de 17% para 22,5%, embora o Brasil tenha permanecido uma das economias mais fechadas do mundo. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Na virada do século os manufaturados ainda representavam mais de 50% do valor exportado. A proporção caiu pouco a pouco e de janeiro a setembro deste ano ficou em 34,8%. No mesmo período de 2013 estava em 36,9%, com peso um pouco maior, mas também muito baixo para uma economia com a base industrial do Brasil,

O governo tem uma desculpa também para isso, como para uma porção de outros problemas. A explicação, agora, é a crise da Argentina, principal mercado de exportação para os produtores brasileiros de manufaturados. Essa versão foi amplamente reproduzida, quando a imprensa divulgou, na quinta-feira, os números do comércio exterior de setembro. Mas ninguém deveria levar muito a sério essa conversa. A crise argentina até serve para esclarecer uma pequena parte da história - só uma pequena parte.

A indústria brasileira vem perdendo capacidade de exportação há muitos anos. As vendas cresceram durante alguns anos, nesse período, mas os produtores tiveram dificuldades crescentes até para preservar sua participação nos mercados. A valorização do real atrapalhou as vendas. Mas uma parte do desajuste cambial é atribuível à inflação, quase sempre maior que a dos concorrentes.

Empresários sempre reclamaram do câmbio valorizado, mas nunca, ou quase nunca, pediram medidas mais sérias para a estabilização dos preços e, portanto, dos custos internos. Acumulada em três anos, uma diferença anual de três pontos porcentuais de inflação pode virar um desastre cambial. A maior parte das pessoas parece desprezar esse detalhe.

Além disso, há o velho e nunca resolvido problema do custo Brasil, formado por uma enorme coleção de ineficiências de origem estritamente nacional. Não dá para culpar o mundo malvado, nem a perversidade das grandes potências, pelo péssimo sistema tributário, pela escassez de mão de obra eficiente, pelas más condições de transporte ou pela incapacidade gerencial do governo - para citar só um pedaço da lista.

Mas pode-se culpar o governo tanto pela incompetência administrativa quanto por erros graves de estratégia. Durante anos, a administração petista aproveitou a onda internacional de crescimento - e especialmente a expansão chinesa - para aproveitar sem trabalho as vantagens do crescimento econômico e do aumento das exportações. Internamente, a transferência de renda alimentou a expansão do mercado consumidor, mas os formuladores da política se esqueceram de cuidar também do aumento da capacidade de oferta.

Sem atenção a outras oportunidades, o governo aceitou também a transformação do Brasil em fornecedor de matérias-primas para a China e de manufaturados para economias em desenvolvimento, especialmente da vizinhança sul-americana. Foi uma escolha ideológica, apresentada como estratégia inovadora pelos formuladores da diplomacia petista.

Isso explica a vulnerabilidade do País à crise argentina. Ao renegar a política de inserção nos mercados desenvolvidos, o governo deixou à indústria brasileira, até por falta de uma estratégia modernizadora, poucas opções além de jogar na segunda divisão. Mas potências mais competitivas, como a China, podem invadir esse mercado e atropelar os competidores menos eficientes. A indústria brasileira tem perdido espaço também na vizinhança. De milagre em milagre, o Brasil recua à condição de colônia dependente de uma metrópole importadora de matérias-primas.


06 de outubro de 2014
Rolf Kuntz, Estado de S.Paulo

DEPOIS DO SHOW ELEITORAL


POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO 45

A polarização extravasou as postulações, chegou à gramática e ao protocolo: apoiadores da candidata Dilma Rousseff consideram traição não referir-se a ela como “presidenta” enquanto seus adversários agarram-se à designação que consta na Constituição. A desavença vai além: para alguns, a “desconstrução” do oponente ameaçador é estratégia política válida; para outros, é uma forma velada de fraudar.

Nos últimos dias, diante da exaltação crescente, avulta nova controvérsia: este pleito é, ou não, o mais violento desde a redemocratização? De novo, os mesmos alinhamentos: enquanto os apoiadores da candidatura oficial exibem um clima de normalidade e respeito às regras e bons costumes, eleitores oposicionistas denunciam um escancarado vale-tudo.

A pendência remonta a abril de 2013, quando Eduardo Campos ensaiava os primeiros passos como candidato independente da base aliada e a presidente Dilma, em uma visita oficial à Paraíba, ofereceu uma de suas preciosidades retóricas: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”.

O que significava exatamente “fazer o diabo”? Um friforó (free for all), no melhor estilo western? Porventura não estava no pleno exercício do seu mandato ao metralhar, ou desconstruir, a candidata que a ameaçava? O que significa hoje “fazer o diabo”?

Águas passadas: ano e meio depois, na véspera do renhido primeiro turno (que alguns esperam ser o único), vale a pena refletir sobre o nível de ensandecimento do confronto sucessório. Parte dessa exaltação decorre da explosiva mistura de religião com política que agora alcança uma veemência próxima do fanatismo. Outra parte vem da forte sensação de instabilidade fomentada pela renitente inflação, com o seu poder de ressuscitar fantasmas ainda não aposentados.

Impossível ignorar o terceiro componente da atual fervura, representado pelas revelações sobre os escândalos na Petrobras. Os sucessivos e crescentes espantos com o nível da corrupção nacional não se comparam ao impacto causado pelas denúncias e delações na empresa-símbolo nacional.

O corruptômetro atingiu seu limite máximo e, associado à simultânea descoberta do esquema de propinas no alto comando das tropas de elite da PM do Rio (outra entidade-símbolo), traz a roubalheira para perto da insegurança pessoal e alimenta uma indignação já não apenas cívica ou moral.

A candidata-presidente terá de agir com uma energia ainda não exibida nesses quase quatro anos de mandato. E isso já no day after, a próxima segunda-feira. Como no Brasil o candidato à reeleição não é obrigado a licenciar-se (o que seria uma boa solução – para isso existe o cargo de vice-presidente), alguma coisa impactante e consensual precisará ser feita além das “providências cabíveis”.

O espírito de junho de 2013 não foi desativado. Ao contrário, está em ponto de ebulição. O debate entre os candidatos na última quinta-feira, aparentemente civilizado, foi um show de enganações montado pelo conjunto de gênios do marketing político. Prodígio de virtualidade. Não revela o que há de real na fatigada sociedade cordial.


06 de outubro de 2014
Alberto Dines, Gazeta do Povo, PR

MINISTROS DO STF VOTAM PELO ARQUIVAMENTEO DO INQUÉRITO SOBRE CARTEL DE TRENS EM SP


Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli votaram a favor do arquivamento do caso. Mas Luís Roberto Barroso, e isso não é de se estranhar, pediu vista dos autos e o julgamento foi adiado.

O caso do cartel de trens subiu para o STF por causa do foro privilegiado de dois investigados, os deputados federais José Aníbal (PSDB-SP) e Rodrigo Garcia (DEM-SP). O ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, acolheu os pedidos da defesa dos parlamentares, argumentando que os depoimentos prestados ao Ministério Público não confirmam o envolvimento dos parlamentares com as irregularidades investigadas. Os parlamentares negam envolvimento com o esquema denunciado.
 

A Procuradoria Geral da República já havia excluído do inquérito os deputados Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Edson Aparecido (PSDB-SP) e o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) por falta de provas. "Tem-se a impropriedade de dar sequência ao inquérito, sob pena de dar tratamento diferenciado quanto aos dois deputados”, afirmou Marco Aurélio em seu voto.
 
06 de outubro de 2014
in blog do mario fortes
 

A COLMÉIA COMUNISTA

Na velha Europa o pensamento conservador ganha espaço em alguns países. É desejável que a partir do próximo ano os brasileiros comecem a discutir os valores da nossa formação cultural, afastando do palco e das telas de televisão, a propaganda subliminar de desconstrução coletivista. Não será a maior das urgências políticas.
Em todo caso será emocionante poder ultrapassar os ódios e reduzir o saldo brutal de tantas vidas jovens aniquiladas pelos fanáticos das velhas guerrilhas que ocupam até hoje as ruas por onde circulam os grupos militantes de ongueiros, black bocks e traficantes de armas e drogas a serviço do governo que se diz democrata, mas estimula e protege o crime organizado desde os corredores palacianos até os barracos onde sobrevive o lumpem.
Que possamos trabalhar contra o pesadelo implantado pelo Foro de São Paulo, esta organização que os petistas, com auxílio da mídia esquerdista e corrompida mantiveram em segredo. Lula negando a existência em público. E ao mesmo tempo confessando em círculos fechados como enganou a igreja católica para compartilhar do projeto do socialismo do século XXI, da aventura bolivariana e do apoio ao velho ditador sanguinário de Cuba.
A estupidez do coletivismo poderá ser enfrentada abertamente? A estupidez do coletivismo vai se levantar em armas, como prometeu o sr. Stédile? Quanto tempo será preciso para curar a doença da lavagem cerebral incrementada nos últimos 20 anos? E como agirão a forças armadas, de quem muitos esperam que atuem como guardiãs do espírito nacional, da fronteiras e da ordem que facilita o trabalho construtivo e produtivo?
Será que os conteúdos universitários vão ultrapassar a doutrinação e permitir o acesso às idéias diferentes do proselitismo marxista fabiano e gramscista? Será que as universidades vão permitir a leitura livre, a discussão e a opinião livre? Será que poderemos contar com a proteção do Estado de direito? Ou poderemos ver uma televisão e plugar uma internet livre das interferências do governo?
Será que o poder judiciário vai poder julgar os corruptos espalhando um gostinho de liberdade? Será que vamos conquistar vitórias no ringue das disputas internacionais com FMI, OMC, com a ONU e tantos interesses que têm o beneplácito dos coletivistas contra a nação?
Os pais e fundadores da colméia comunista, agem continuamente, ferrenhamente, em todos os cenários de guerra, perseguindo a escravidão física e mental das gentes, desde a revolução francesa. Somam-se milhões de fuzilados, mortos à fome como no genocídio que Stalin promoveu na Ucrânia, fuzilados em massa como em Katyn, dizimados nos campos de concentração descritos por Soljenitsin em seu "Arquipélago Gulag" nos confins gelados da Sibéria, ou nos pavilhões construídos por Stalin e seu chefe de polícia política Béria para confinar pesquisadores e cientistas.
Cuba, Luis Inácio e todos os partidos e guerrilhas comunistas da América Latina, têm trabalhado para recriar entre nós o mesmo clima de submissão a um só partido, um só ditador, uma só lei internacional como já estão fazendo com os ditames da ONU, este organismo monstruoso, cujas máscaras têm caído, mostrando o verdadeiro intento de internacionalismo supra capitalista, bem similar ao internacionalismo proletário.
É esta consciência, é esta informação que nos falta em todos os níveis para formar a opinião coesa em defesa do nacionalismo, do progresso e do bem comum, com uma identidade soberana, equidistante das guerras que nos afligem. A colméia comunista está ativa. Mas em apicultura e fácil  manejar os zangões, as operárias e até as rainhas para que produzam, embora ferroando dolorosamente as pessoas que trabalham para mantê-las saudáveis, no melhor ambiente.
06 de outubro de 2014
a.montenegro

MISÉRIA COMUNISTA!


06 de outubro de 2014
in blog do mario fortes

AFINAL, POR QUE MARINA SILVA FOI DERROTADA DE NOVO?



Marina chorando em público e dando demonstração de fraqueza

Conforme se esperava, no primeiro turno assistimos a uma reta de chegada espetacular, como se diz no linguajar turfístico. A primeira colocada Dilma Rousseff (PT) chegou em primeiro com folga, mas agora está seriamente ameaçada pelo segundo colocado Aécio Neves (PSDB), que apareceu por fora, numa atropelada sensacional, e conseguiu fazer a dupla exata e se inscrever para o Grande Prêmio Governo do Brasil, a corrida final e decisiva, mano a mano, no segundo turno.

Apesar das tentativas de acertos de última hora, nas vésperas das eleições, a verdade é que os conhecidos e desconhecidos “institutos de pesquisas “(melhor chamá-los de “empresas de pesquisas”) fizeram papel feio nessas eleições. Todos erraram grosseiramente. Não apenas os mais afamados, como Ibope, Datafolha e Vox Populi, como também os menos conhecidos, como Sensus e MDA.

As empresas de pesquisas deveriam fazer como o candidato Eduardo Jorge (PV) sugeriu a Levy Fidelix, e pedir perdão aos eleitores. Afinal, elas são pagas para quê? Informar ou enganar a opinião pública?

A estatística é uma ciência social, que pode ser praticamente uma ciência exata, mas é preciso que suas rigorosas regras sejam observadas estritamente. Pesquisa eleitoral é um exemplo de estatística de amostragem. Para que tenham um mínimo de credibilidade, têm de obedecer aos critérios semelhantes ao universo eleitoral, em termos de faixa de idade,  instrução, localização e classe social, com subdivisões bem estabelecidas.

Fazer pesquisa com 2 mil pessoas em 100 municípios, num país das dimensões e das diversidades do Brasil, deveria ser considerado piada do ano.

A QUEDA DE MARINA

Em meio a essa arrancada dos últimos metros, com decisão de segundo lugar no photochart, os torcedores se perguntam por que Marina, que chegara a ser favorita nas apostas, caiu tanto em relação aos outros dois concorrentes.

O fato é o seguinte: quando ela se tornou candidata e passou a subir rapidamente nas pesquisas, os outros candidatos começaram a atacá-la de todas as maneiras.
Essa reação já era esperada, faz parte do jogo, a política brasileira ainda é feita assim, de uma forma sórdida, sem debate de ideias ou programas de governo. A baixaria come solta.

É claro que Marina e seu marqueteiro Diego Brandy tinham de estar preparados para isso. Brandy é um sociológo argentino que trabalhou nas duas campanhas vitoriosas de Campos ao governo de Pernambuco, em 2006 e 2010.
Mas será que Marina ouviu as indicações dele? Provavelmente, não.

ATAQUES DE DILMA E AÉCIO

O certo é que a estratégia de Dilma Rousseff e Aécio Neves passou a ser o ataque direto a Marina Silva. Ao adotar essa postura agressiva, demonstraram disposição, força e empenho para ganhar a eleição.
Enquanto isso, Marina aceitava passivamente essas agressões, não quis atacar os erros de Lula, chegou a chorar em público lembrando a antiga amizade.
Sua equivocada estratégia limitou-se a se defender, adotando uma atitude passiva, passando por vítima, enquanto os outros dois candidatos mostravam-se proativos e aguerridos.

Marina repetiu o erro da seleção brasileira, não apenas chorou em público, como também pediu orações a seus eleitores. Ela demorou a aprender que ninguém gosta de líder fraco.
O candidato precisa ter o estilo de Euclides da Cunha – ser, antes de tudo, um forte. 

O resultado é que parte dos eleitores de Marina voltou a pender para Dilma e outra parte preferiu refluir para Aécio Neves, que mostra grande poder de recuperação e voltou a disputar com chances a passagem para o segundo turno.

É claro que Marina sentiu o golpe e no final subiu o tom da campanha, mas ainda estava longe de falar o que se espera de uma candidata de oposição ao mais corrupto dos governos brasileiros, em todos os tempos.

O próprio Aécio, em nome da “velha amizade”, também foi comedido nas críticas a Lula, mas na política não se aceita esse tipo de vacilação. Não se pode contemporizar com um adversário de tamanho porte.
É um erro. No segundo turno, para ganhar a eleição, Aécio terá de subir o tom das críticas. Como diz aquele título de um velho filme de  faroeste, a “História não fala dos covardes”.

PS – Essas explicações sobre a queda de Marina Silva foram publicadas aqui na Tribuna da Internet algumas semanas antes da eleição. Estamos repetindo o raciocínio porque não aconteceu nada de novo. Marina caiu mesmo porque ninguém gosta de líder fraco. Simples assim.

06 de outubro de 2014
Carlos Newton

GOVERNADOR DE PERNAMBUCO ANUNCIA APOIO A AÉCIO NEVES



João Lyra Neto quer PSB apoiando Aécio
 
O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), se antecipou à reunião do partido, marcada para esta segunda-feira (6), e anunciou no fim da noite de domingo que defende apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB) no segundo turno.

“A surpreendente ascensão de Aécio Neves nos últimos dias do processo eleitoral para a Presidência da República refletem o seu excelente desempenho nos debates eleitorais e o credenciam para representar as forças de oposição no segundo turno do pleito presidencial”, disse o governador em nota.

“Vou defender esta tese junto aos companheiros do diretório regional do PSB e, também, como integrante do diretório nacional, vou indicar o nome de Aécio Neves para apreciação da Executiva nacional”, afirmou.

06 de outubro de 2014
Daniel Carvalho
Folha

E O PALHAÇO O QUE É?

Sem Suplicy, o Senado jamais será o mesmo…  
MENOS CONSTRANGIMENTO E MENOS RISOS...


Suplicy, defendendo da tribuna do Senado a Taxa Robin Wood
 
São instigantes dos resultados das eleições para o Senado, em que havia apenas uma vaga para cada unidade da Federação. A relação dos eleitos mostra uma pulverização entre diversos partidos e a pequena renovação de mais da metade dos senadores.
 
Entre os vitoriosos, há políticos experientes e bastante conhecidos no país, como o líder ruralista Ronaldo Caiado, do DEM, eleito por Goiás, o ex-governador José Maranhão, do PMDB da Paraíba, o ex-governador Antonio Anastasia, do PSDB mineiro, o ex-governador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná, o ex-senador José Serra, do PSDB de São Paulo, e a senadora Kátia Abreu, que se reelegeu pelo PMDB de Tocantins.
 
Quem também permanece no Senado é o ex-presidente Fernando Collor (PTB), que derrotou com facilidade a ex-senadora Heloisa Helena, do PSol, que tem mandato de vereadora em Maceió.
 
MUITOS NOVATOS
 
Há nomes menos conhecidos nacionalmente, como a deputada Rose de Freitas, eleita pelo PMDB no Espírito Santo, José Antonio Reguffe, do PDT do Distrito Federal, e Dario Berger, do PMDB de Santa Catarina.
 
Outro novato no Senado é um veterano na Câmara: Wellington Fagundes, do PR de Mato Grosso, que já foram eleito deputado federal por seis mandatos.
Também saem da Câmara para o Senado os deputados federais David Alcolumbre, do DEM no Amapá, e o ex-jogador Romário, do PSB do Rio de Janeiro, que derrotou amplamente um político experiente como Cesar Maia, do DEM.
 
No Amazonas, o ex-governador Omar Aziz, do PSD, venceu com quase 60 por cento dos votos. E o Rio Grande do Norte ganha uma senadora do PT, Fátima Bezerra.
No Maranhão, o candidato do Roberto Rocha, do PSB, venceu a disputa contra o deputado federal Gastão Vieira, do PMDB, aliado do senador e ex-presidente José Sarney e ex-ministro do Turismo do governo Dilma Rousseff. O PSB venceu também em Pernambuco, elegendo o ex-deputado Fernando Bezerra.
 
MAIS ESTREANTES
 
Outro nome pouco conhecido é da candidata Simone Tebet, eleita pelo PMDB no Mato Grosso do Sul. No Pará, o candidato Paulo Rocha, que se torna senador pelo PT, só era conhecido por seu envolvimento no mensalão, e chegou a ter sua candidatura impugnada pelo TSE, com base na Lei da Ficha Limpa, mas conseguiu recorrer e participar da eleição.
 
Na Bahia, o PSD conseguiu fazer um senado, Otto Alencar, que derrotou de forma acachapante o peemedebista Geddel Vieira Lima, ex-ministro no governo Lula.
 
Também é desconhecido nacionalmente o novo senador do Piauí, Elmano Férrer, do PTB, apelidado de “Veín Trabalhador”, que é ex-prefeito de Teresina e superou o governador Wilson Martins.

Mais estreantes no Senado: o jornalista Lasier Martins, do PDT no Rio Grande do Sul, que nunca disputara eleições e derrotou o ex-governador Olivio Dutra. O PDT fez mais outros senadores, ao eleger o candidato Acir Gurgacz em Rondônia, e Telmário Mota, em Roraima, além do já citado Reguffe, no DF.

O PP elegeu apenas um senador, Gladson Cameli, no Acre. As eleições marcaram também a volta de um dos senadores mais conhecidos nacionalmente, Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará.

A renovação passou dos 50% e tem um significado positivo.
Mas uma coisa é certa, sem a participação do petista Eduardo Suplicy, o Senado nunca mais será o mesmo.

06 de outubro de 2014
Carlos Newton

A DESMORALIZAÇÃO DAS PESQUISAS ELEITORAIS





Num de seus artigos da edição de hoje, intitulado “Pesquisas Erram Feio e Aécio Neves Está no Segundo Turno”, nosso editor Carlos Newton mostra como são perigosos e tendenciosos os institutos de pesquisas, precisamente quando o assunto é a pesquisa eleitoral.

Sempre foi assim, Carlos Newton. Se as pesquisas tivessem sido honestas, Dilma ou Aécio poderiam ser eleitos já no 1º turno, porque o confronto se restringiria apenas aos dois.
No entanto, mesmo induzindo a opinião pública e interferindo na livre escolha do eleitor, Aécio obteve votação mais de 50% superior àquela que esses institutos indicavam, sempre com a cansativa e mentirosa ressalva de que “a margem de erro era de 2 a 3 pontos percentuais, para mais ou para menos”.

Agora está definitivamente confirmado o que previu o artigo publicado em 18 de Agosto passado neste blog, sob o título “Pesquisas Eleitorais: Margem de Desconfiança de 100% Para Mais ou Para Menos”, artigo que o leitor poderá reler por republicação, se assim decidir nosso editor Carlos Newton, ou acessando o link “J.Béja”.
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PESQUISAS: MARGEM DE DESCONFIANÇA
DE 100% PARA MAIS OU PARA MENOS


Pesquisas de opinião pública, dentre elas as eleitorais, são inerentes à Democracia. Constituem a liberdade do exercício do trabalho, do acesso à informação, da livre expressão. São uma das garantias fundamentais previstas na Constituição Federal.

Estão autorizadas desde o artigo 255 do antigo mas vigente Código Eleitoral (“Nos quinze dias anteriores ao pleito é proibida a divulgação, por qualquer forma, de resultados de prévias ou testes pré-eleitorais” ), bem como na Lei nº 9504, de 30.9.1997, que estabelece normas para as eleições e manteve o período para que uma pesquisa eleitoral seja divulgada.

Diz o Artigo 35-A da Lei nº 9504/97: “É vedada a divulgação de pesquisas eleitorais por qualquer meio de comunicação, a partir do décimo quinto dia anterior até às 18 (dezoito) horas do dia do pleito“.
Esta determinação, porém, foi considerada inconstitucional pelo STF, ao julgar as Arguições Diretas de Inconstitucionalidade (ADINs )nºs 3.741-2, 3741-1 e 3.743-9), decisão que permite a divulgação do resultado das pesquisas até o dia anterior ao pleito, o que não deixa de ser temerário e perigoso.

AUSÊNCIA DE LEI DISCIPLINADORA

Assim como não existe um órgão regulamentador das instituições de pesquisas no Brasil, sendo elas livres e apenas se autorregulamentando, também não existe lei que discipline como as pesquisas devem ser feitas.
O artigo 33 da Lei nº 9504/97 não supre a lacuna. Apenas exige que as entidades e empresas que realizarem as pesquisas em tela são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até 5 dias antes de divulgação 

1) quem contratou a pesquisa; 
2) o valor e a origem dos recursos despendidos no trabalho; 
3) a metodologia e período de realização da pesquisa; 
4) o plano amostral e ponderação das condições sociais, grau de instrução, área e época em que foi feita a  pesquisa e margem de erro; 
5) sistema interno de controle, verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho em campo; 
6) questionário completo e 
7) o nome de quem pagou pela realização do trabalho. E nada mais.

É MUITO POUCO

Essas 7 exigências, apesar de necessariamente serem cumpridas, são elas insuficientes para que o eleitor deposite na pesquisa divulgada 100% de confiança e credibilidade. Isto porque são exigências unilateralmente declaradas pela instituição pesquisadora.
Basta informar que a pesquisa se deu daquela forma e daquele jeito e a divulgação do resultado  fica automaticamente autorizada. A presunção é de veracidade. Daí deduzir-se, da lei, tão somente o cumprimento de formalidades, sem mais.

E a Justiça Eleitoral se limita, apenas, a afixar “no local de costume, aviso comunicando o registro das informações a que se refere este artigo, colocando-se à disposição dos partidos ou coligações com candidatos ao pleito, os quais a elas terão livre acesso pelo prazo de trinta dias” (parágrafo 2º, artigo 33, da Lei nº 9504/97).
Mas a prática se mostra outra, ou seja, a divulgação, quase instantânea, do resultado de uma pesquisa, sem dar tempo para que a mesma seja contestada, aferida e confirmada antes de ser divulgada.

O ICC/ESOMAR E OS PRECENDENTES NACIONAIS

ICC/ESOMAR é a sigla do Código de Conduta Internacional da Sociedade Europeia Para Pesquisa de Opinião e Mercado.
Seus propósitos: 

a) minimizar a necessidade de legislações ou regulamentação governamental; 
b) estabelecer regras de ética; 
c) aumentar a confiança do público e proteger a liberdade dos pesquisadores. Se lê que há resistência quanto à necessidade de legislação específica para as pesquisas. Instituições brasileiras de pesquisas de opinião são signatárias desta convenção, sem peso da lei. E no Brasil existem precedentes nada abonadores.

Na véspera das eleições de 1988, as últimas e derradeiras pesquisas apontavam a vitória de Paulo Maluf para a prefeitura de São Paulo. Abertas as urnas e contados os votos, Erundina foi eleita com 33%. Maluf com 24%.
Em março deste ano de 2014, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), pesquisando sobre “Tolerância Social à Violência Contra a Mulher“, concluiu que 65,1% dos pesquisados concordavam que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas“.
Não era verdade. O diretor do IPEA  (Rafael Guerreiro) pediu exoneração, outro diretor tomou posse e a verdade da pesquisa veio à tona: ao invés de 65,1% o correto era o índice de 26 por cento. 

O IBOPE E A WIKIPÉDIA

Este gigantesto e internacional instituto, IBOPE, não goza de boa reputação da enciclopédia Wikipédia. Tem lá os seguintes registros: “Próximo do início do período da eleição presidencial de 2014, as ordens dos questionários e perguntas causam confusão e propiciam o entrevistado a responder uma opinião negativa do governo Dilma“.

Também, na mesma enciclopédia e sobre o mesmo IBOPE, está a crítica de Gabriel Mariotto, que pretende lançar legislação disciplinando as pesquisas eleitorais na Argentina: “Todos duvidamos do IBOPE e sabemos que sua mediação é manipulada. O trabalho do IBOPE não é verificado por ninguém“.
Não consta que o IBOPE tenha se insurgido contra a Wikipédia, como se insurgiram a notável Miriam Leitão e seu colega Carlos Alberto Sardenberg. 

A VOZ DA JUSTIÇA ELEITORAL

Para finalizar: o TRE do Pará, ao julgar o Recurso Eleitoral nº 42663 decidiu:  “…As pesquisas de opinião constituem verdadeiro termômetro acerca das preferências do eleitorado e a divulgação das mesmas são capazes de influenciar diretamente no resultado final, razão pela qual se verifica a grande possibilidade de lesividade“. (Diário de Justiça Eletrônico de 23.5.2013, Tomo 90).

De tudo isto conclui-se que as pesquisas não são tão confiáveis e isentas, que podem ser manipuladas para atender a vontade de quem paga, que não existe lei que as discipline e influi, decisivamente, o eleitor na hora de votar. 
Afinal, para que servem as pesquisas eleitorais? 

06 de outubro de 2014
Jorge Béja

A FALÊNCIA DAS PESQUISAS



Por incompetência ou má fé, os institutos de pesquisa deveriam ser banidos ou punidos, mas perderam toda sua credibilidade, apesar de haverem, na última semana e ontem, tentado ajeitar seus números fajutos anteriores. Admitir que tenham vendido seus números, seria a conclusão lógica, ainda que por falta de provas fique difícil a afirmação. A desmoralização, porém, é óbvia.

Tome-se, para começar, o Rio Grande do Sul. Passaram meses dando Ana Amélia como futura governadora. Pois o governador Tarso Genro chegou em segundoo lugar e Ivo Sartori em segundo.

O eleitorado gaúcho seria tão volúvel assim, a ponto de mudar de opinião em poucos dias? Em Pernambuco, passaram a apregoar a vitória de Armando Monteiro durante montes de boletins, mas será que Paulo Câmara já não era uma opção da maioria do eleitorado?

Na Bahia, Paulo Souto parecia imbatível, quebrou a cara, os institutos sequer situavam Rui Costa.   No Rio, Garotinho ocupou a pole-position fictícia sem que os encarregados da aferição popular ligassem para Luís Fernando Pezão. No final, deu no que deu.

Multipliquem-se os erros por outros estados, ainda que o artifício da “boca de urna” tenha servido para disfarçar malfeitos e até faturamentos. Nem se fala das eleições para senador, apesar da farsa do que se ouviu esta semana, de “com a margem de erro” tudo pode acontecer. Até diferenças de 3 ou 4 % de duvidas, “para cima ou para baixo”, com o ridículo de acrescentarem ser o “nível de confiança de 95%”…

Existem países, como a França, onde as pesquisas são proibidas, mas proibidos, mesmo, deveriam ser os elogios dos meios de comunicação aos erros dos institutos, mesmo diante de falhas tão gritantes. É a evidência de um execrável conluio. No fundo, tudo se resume a um embuste.

Vem aí o segundo turno. A lambança deverá repetir-se, num escândalo tão grande quanto o do mensalão ou o da Petrobrás. Dinheiro voltará a correr entre institutos e candidatos, felizmente superados pelo eleitorado, responsável pela única pesquisa confiável, a própria eleição.
Mesmo assim, as próximas eleições vem aí, daqui a dois anos, e as quadrilhas já estão preparadas para novas investidas.

ESCORREGÃO

Papelão, mesmo fez a Justiça Eleitoral, ao implantar a votação biométrica numa   série de estados. Em boa parte deles, não funcionaram as maquininhas de recolher as impressões digitais dos eleitores. O cidadão mostrava seus polegares e indicadores e nada se confirmava, obrigando o indigitado a repetir diversas vezes a tentativa de ser identificado. Será que a população perdeu a pele de seus dedos? O resultado foram longas filas, como em Brasília, pois as juntas apuradoras insistiam, até levando cremes para estimular, nos eleitores, aquilo que tecnologia não conseguia completar.

REPETIÇÃO

O pior de tudo é que, em termos nacionais, será preciso repetir tudo de novo, dia 26. Dilma chegou em primeiro lugar mas não deu para reeleger-se. A baixaria volta com redobrada intensidade, nas campanhas que recomeçam hoje. Mais ataques contra nossa paciência duas vezes por dia, no rádio e na televisão. Democracia é assim mesmo, melhor que seja assim…

06 de outubro de 2014
Carlos Chagas

POR QUE OUTROS PAÍSES RECUSAM A URNA ELETRÔNICA BRASILEIRA?

  


Em palestra proferida no Equador em dezembro de 2013, o engenheiro Amilcar Brunazo Filho, citado em matéria na Tribuna da Internet sobre a falta de confiabilidade das urnas eletrônicas brasileiras, fez algumas colocações que não trazem nenhuma tranquilidade para o eleitor:

“As máquinas usadas no Brasil, do tipo DRE (Direct Recording Electronic), são totalmente dependentes de softwares e não atendem ao Princípio da Publicidade.

Por quê? Porque o eleitor, quando vota nessas máquinas, digita em um teclado o número do seu candidato, aparece uma foto, ele aperta a tecla verde e confirma o voto.
Esse voto é gravado na memória da máquina, gerando um ‘Registro Digital do Voto’.
Mas o eleitor não tem como saber se o que foi gravado é o que ele viu na tela.
Ou seja: não há transparência. O eleitor não pode conferir o registro do próprio voto; em quem ele votou.
Por isto esse tipo de máquina de 1 ª geração não atende ao Princípio da Publicidade e foi declarada inconstitucional na Alemanha.

Outro problema é que, ao final do dia, quando acaba a votação e se faz a apuração dos votos, o presidente da mesa digita uma senha e a máquina totaliza o resultado.
O resultado se chama ‘ata de escrutínio’ (ou Boletim de Urna, no Brasil), que é a soma dos votos registrados e contados naquela máquina.

Acontece que esse total dos votos não pode ser conferido pelos fiscais dos partidos.
Eles não podem saber – não têm como saber – se aqueles totais que estão ali, naquela ata, são a soma dos votos que os eleitores viram na tela.
Ou seja: novamente o agente do processo, que são os candidatos, não tem como saber se a soma dos votos foi correta.

Também por isso, esta máquina não atende ao Princípio da Publicidade e também não contempla o Princípio da Independência do Software .
Esta máquina funciona corretamente, se o software estiver correto. Se houver algum erro não detectado no software, ela pode, eventualmente, afetar o resultado de maneira indetectável.”

E então, você continua confiando cegamente nas urnas eletrônicas brasileiras, que são como jabuticabas, só existem aqui?…

06 de outubro de 2014
José Augusto Aranha

RESULTADO DO 1o. TURNO É MUITO RUIM PARA DILMA





 


 A presidente Dilma Rousseff (PT) fez uma vantagem muito menor do que a esperada sobre Aécio Neves (PSDB), cerca de 8 milhões de votos. Em 2010, ela abriu quase o dobro disso, foram 12 milhões a mais do que o tucano José Serra.
Por sua vez, Marina Silva (PSB) praticamente voltou ao seu patamar de quatro anos atrás. O que ela teve a mais veio de Pernambuco, herdado de Eduardo Campos.

A missão de Dilma é a mais difícil de um candidato a presidente do PT desde 1998. Em quantidade de votos, sua vantagem equivale à de Lula em 2006, mas com uma diferença fundamental: o ex-presidente ficara a 1,4 ponto de se eleger no primeiro turno. Dilma está a 9 pontos da reeleição. Faltam-lhe 9 milhões de votos.
 
A petista vai precisar dos pouco mais de 2 milhões de votos de Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) e pelo menos 7 milhões dos 22 milhões de votos de Marina. Ou seja, Dilma precisa de 32%, ou 1 a cada 3 eleitores da candidata do PSB. Na última simulação de segundo turno, a petista conseguia 20%, 1 de 5.
 
MELHOR DO QUE SERRA
 
Já Aécio, que chegou a convocar uma entrevista coletiva para dizer que não renunciaria à candidatura em setembro, teve um desempenho melhor do que o de Serra em 2010. O eleitor mudancista migrou em massa para ele nos metros finais da corrida eleitoral quando percebeu que Marina não tinha mais chances.
 
Por pelo menos um mês, Marina surfou sozinha a maior onda de opinião pública em muitos anos no Brasil, mas caiu da prancha e acabou na areia. Como o movimento que a carregou, sua candidatura sucumbiu ao peso das próprias contradições.
 
As mesmas razões que levaram a comunidade de negócios a flertar com a campanha de Marina à Presidência fizeram ela fraquejar nas pesquisas de intenção de voto quando a disputa esquentou.
 
Empresários e operadores do mercado financeiro enxergaram em Marina mais do que uma candidata aberta ao diálogo e disposta a ouvir opiniões divergentes – diferentemente da irredutibilidade de Dilma Rousseff (PT). Com ou sem razão, projetaram a imagem de alguém que, por falta de um partido, precisaria de mais suporte de terceiros e se tornaria assim permeável a influências externas. É como se imaginassem que poderiam tutelá-la.
 
VOLUBILIDADE
 
O problema foi que a opinião pública pensou a mesma coisa, com sinais trocados. Quem se deixa tutelar não é um líder confiável. A partir das idas e vindas em relação ao seu programa de governo, colou na imagem pública de Marina a ideia de que ela é volúvel. Era a favor do casamento gay, depois não era mais. Saiu do PT para o PV, depois para a Rede e, por falta de opção, entrou no PSB. Tudo em um espaço de tempo muito curto.
 
Não houve um evento catastrófico, mas a sucessão de pequenos desgastes. Sua candidatura não implodiu, foi desconstruída a marretadas, a cada inserção de 30 segundos dos adversários na TV. Fixaram-lhe a imagem de uma candidata sem estrutura partidária, sem equipe e sem firmeza de propósito.
 
A campanha de Marina era a sobreposição mal costurada do estafe herdado de Eduardo Campos com o séquito da Rede. Seu comando mudou de estratégia no meio da corrida. Primeiro pintou-a de vítima. No fim, tentou vesti-la de guerreira. Deu no que deu. Nem que tivesse sido Aécio a se vestir de amarelo no debate da Globo, a queda de Marina não teria sido interrompida nem seus ex-futuros-eleitores teriam deixado de cair no colo do tucano. Depois que a avalanche começa, não há nada que consiga pará-la.
 
O embate de Dilma com Aécio nas próximas três semanas será uma reprise do filme que o eleitor cansou de ver em 2006 e 2010: Norte/Nordeste contra Sudeste/Centro-Oeste, interior contra capitais, pobres contra ricos, menos escolarizados contra mais escolarizados. O final é incerto, mas o enredo será o mesmo de sempre: uma mistura de farsa e suspense com momentos de terror.
 
06 de outubro de 2014
José Roberto de Toledo
Estadão