A estar certo Luís Inácio Adams, o advogado-geral da União, o presidente da República não responde por nada – salvo pelas coisas boas, naturalmente.
Ao entregar, ontem, as explicações pedidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do governo de 2014, Adams disse com a cara mais limpa do mundo:
- Aprovando ou rejeitando [as contas] não tem base a ideia de um impeachment. Você não cassa um mandado baseado nas contas do governo. A questão que está sendo avaliada aqui não é a conduta individual de cada agente e, particularmente, da presidente. São as contas governamentais. Não cabe responsabilizar Dilma.
Dito de outra maneira: mesmo que a prestação de contas do governo contenha graves irregularidades e acabe rejeitada pelo TCU e, mais adiante, pelo Congresso, ninguém individualmente pode ser responsabilizado por isso.
Credite-se a culpa, se for o caso, ao “governo”, essa entidade sem rosto.
Por meio de manobras fiscais, o governo usou bancos públicos, como a Caixa, para pagar benefícios sociais de programas do tipo Bolsa Família e seguro-desemprego.
Procedeu assim quando faltavam recursos no Tesouro Nacional.
O governo alega que “as pedaladas” não representam operações de crédito, mas sim um tipo de prestação de serviços.
O TCU não engole essa – e nem ninguém com o mínimo de conhecimento sobre o que de fato se passou.
Foi, sim uma operação de crédito. E a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe que bancos públicos financiem o governo federal.
O governo abusa do cinismo quando argumenta que os governos de Fernando Henrique Cardoso fizeram a mesma coisa, bem como os governos de 17 Estados.
Quer dizer: se os outros fizeram e não foram punidos por que logo eu serei?
Reconhece essa desculpa? Os governos do PT usaram e abusaram dela.
O Brasil sempre foi tolerante com a corrupção. O fato de estar deixando de ser absolve, por exemplo, todos os que foram pegos pela Operação Lava Jato roubando a Petrobras?
A propósito: se a presidente da República não responde pelas contas do seu governo como quer o Advogado-Geral da União, responderá pelo quê?
O esquema do mensalão foi comandado de dentro do Palácio do Planalto no primeiro governo Lula – mas Lula escapou porque disse que não sabia.
Dilma manda diretamente na Petrobras desde o momento em que assumiu o cargo de Ministra das Minas e Energia no primeiro governo Lula – mas ela nada teve a ver com o que ocorreu por lá. É o que diz.
Bom emprego, esse, de presidente.
24 de julho de 2015
Ricardo Noblat
Ao entregar, ontem, as explicações pedidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do governo de 2014, Adams disse com a cara mais limpa do mundo:
- Aprovando ou rejeitando [as contas] não tem base a ideia de um impeachment. Você não cassa um mandado baseado nas contas do governo. A questão que está sendo avaliada aqui não é a conduta individual de cada agente e, particularmente, da presidente. São as contas governamentais. Não cabe responsabilizar Dilma.
Dito de outra maneira: mesmo que a prestação de contas do governo contenha graves irregularidades e acabe rejeitada pelo TCU e, mais adiante, pelo Congresso, ninguém individualmente pode ser responsabilizado por isso.
Credite-se a culpa, se for o caso, ao “governo”, essa entidade sem rosto.
Por meio de manobras fiscais, o governo usou bancos públicos, como a Caixa, para pagar benefícios sociais de programas do tipo Bolsa Família e seguro-desemprego.
Procedeu assim quando faltavam recursos no Tesouro Nacional.
O governo alega que “as pedaladas” não representam operações de crédito, mas sim um tipo de prestação de serviços.
O TCU não engole essa – e nem ninguém com o mínimo de conhecimento sobre o que de fato se passou.
Foi, sim uma operação de crédito. E a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe que bancos públicos financiem o governo federal.
O governo abusa do cinismo quando argumenta que os governos de Fernando Henrique Cardoso fizeram a mesma coisa, bem como os governos de 17 Estados.
Quer dizer: se os outros fizeram e não foram punidos por que logo eu serei?
Reconhece essa desculpa? Os governos do PT usaram e abusaram dela.
O Brasil sempre foi tolerante com a corrupção. O fato de estar deixando de ser absolve, por exemplo, todos os que foram pegos pela Operação Lava Jato roubando a Petrobras?
A propósito: se a presidente da República não responde pelas contas do seu governo como quer o Advogado-Geral da União, responderá pelo quê?
O esquema do mensalão foi comandado de dentro do Palácio do Planalto no primeiro governo Lula – mas Lula escapou porque disse que não sabia.
Dilma manda diretamente na Petrobras desde o momento em que assumiu o cargo de Ministra das Minas e Energia no primeiro governo Lula – mas ela nada teve a ver com o que ocorreu por lá. É o que diz.
Bom emprego, esse, de presidente.
24 de julho de 2015
Ricardo Noblat