"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

VAIAR É UMA COISA, XINGAR, OUTRA COISA BEM DIFERENTE


Por entender que houve uma certa agressão à imagem da presidência da República, tempos atrás eu critiquei uma charge que mostrava a presidente Dilma e o ministro Mantega em momento íntimo. Claro, os pseudos liberais não gostaram da minha posição, mas finquei pé.


Agora, as vaias à presidente Dilma na abertura da Copa poderiam ter sido feitas, sim, porém não com a ofensa deplorável de que foi vítima! Uma aberração, em que parte da plateia mostrou sua falta de educação e respeito por uma senhora, em princípio, e pela autoridade de ser a nossa presidente da República!
 
Há limites a serem obedecidos, e algumas manifestações, quando ultrapassam tais balizas, se tornam inaceitáveis e devem ser repudiadas de pleno. Não gostei, deploro este comportamento imbecil, essas manifestações deprimentes.
 
Meus respeitos à presidente Dilma, apesar de ser contrário à sua administração, mas se trata de uma mulher, de uma presidente de País, da primeira mandatária brasileira, então merecia e deveria ter sido respeitada.
 
Que recebesse apupos de todo o estádio, menos ser agredida como milhares de brasileiros fizeram com ela e sua representação, lamentavelmente!

13 de junho de 2014
Francisco Bendl

ATUAÇÃO DO BRASIL CONTRA A CROÁCIA FOI MUITO IRREGULAR


O retrato da atuação do Brasil contra a Croácia está na imagem, vista do alto, de dois corredores semidesocupados, um em cada lateral, por onde Daniel Alves e Marcelo, sucessivamente, subiam e desciam com uma estranha predileção por parar no meio do caminho.
 
Um time que aposta em dois laterais em final de temporada não pode abrir mão da cobertura de suas subidas ao ataque.
Faltou a Luís Gustavo, seguro, e a Paulinho, irreconhecível, cobrirem esses espaços, uma vez que também subiam e não desciam.
O gol contra de Marcelo, que abriu o placar para a Croácia, só não abriu caminho para um segundo ainda no primeiro tempo pois David Luiz e Thiago Silva fizeram atuações magistrais, jogando por eles e pelos laterais ausentes.
O PERIGOSO TRIO CROATA
Esgarçado na marcação, o Brasil ficou a mercê do trio Rakitic, recém vendido ao Barcelona, Modric e Kovacic, todos os três com qualidade para passes e lançamentos em profundidade, muito competentes na tarefa de distribuir e cadenciar o jogo croata. Os três, aliás, são dignos representantes da escola iuguslava de futebol, que ofereceu nos anos 90 os talentos sérvios de Stankovic e do nosso Petkovic, ótimos armadores, e que parece refletir na qualidade da Croácia.
 
Entretanto, o trio não teve a companhia de Pranjic, lateral esquerdo que defende e apoia com a mesma eficiência, e do centroavante Mandzukic, suspenso, e que só estreará no segundo jogo. Faltaram os dois para que a equipe croata conseguisse prender a bola no ataque nos momentos de maior pressão do Brasil.
 
À Seleção, não faltaram disposição e boa vontade à dupla Neymar e Oscar em voltar para buscar o jogo e, assim, fugir da marcação eslava. Há um antídoto antigo e preciso para parar Neymar: empurrá-lo para a lateral do campo.
Sem espaço, seu jogo não flui. Scolari, vivido, encontrou uma alternativa ao fazê-lo recuar para conduzir a bola, aproveitando a sua conhecida inventividade. Foi com ela que, de frente para o gol, o Brasil arranjou o empate ainda no primeiro tempo, quando o jogo estava amarrado o suficiente para fazer imaginar que o tento só sairia na bola parada.
 
A atuação brasileira, como um todo, foi muito irregular. O pênalti marcado sobre Fred não foi um lance polêmico, pois simplesmente não aconteceu, tratou-se de uma marcação completamente equivocada e indiscutível.
O segundo gol de Neymar trouxe um pouco mais de confiança ao Brasil, que ainda assim deixou a desejar até o apito final. Não é novidade ver o Brasil jogar mal em estreias de Copas do Mundo.
Mas os corredores vazios de Daniel Alves e Marcelo, sem cobertura e dinâmica, são um problema tático grave o suficiente para fazer o torcedor mais atento desconfiar da sorte brasileira no prosseguimento da competição. Cada vez mais, jogos são ganhos por pontas e laterais. Ou acertamos a nossa marcação por ali, ou o título irá para outro país.

13 de junho de 2014
Lucas Alvares

"ESTA CAMISA É DA MAMÃE E A DO PRÓXIMO JOGO É DO PAPAI"

 


A declaração que serve de título a este pequeno comentário não foi de um menino ou menina ainda criança. A declaração saiu dos lábios do mais famoso astro do futebol da atualidade, Neymar. Quem ouviu, se comoveu.

Para os que não viram, nem ouviram, conto aqui com foi. Terminada a partida de ontem, o repórter Fernando Fernandes da TV Bandeirantes entrevistou Neymar, ainda vestido com a camisa da seleção brasileira. Na tela, só os dois, o craque e o jornalista. 

No final, a última pergunta a Neymar: “E esta camisa, de quem é?”. A resposta de Neymar foi imediata, dita com orgulho, naturalidade e extremado carinho:
Esta camisa é da mamãe e a do próximo jogo do papai”.

AINDA RESTA ESPERANÇA

Senhores, nem tudo está perdido. Não vivemos mais o tempo em que os filhos tratavam os pais de “Papai“, “Mamãe“. 
Ontem mesmo, na parte da manhã, sofri ao ver e ouvir uma filha de 17 anos, referindo-se a seu pai, dizer assim à dedicada mãe: “Olha aqui, vai até tua casa porque teu marido tá bêbado e vomitando“.
E os sofrimentos se acumulam, um dia sim, o outro também. São filhos que matam os pais e pais que matam os filhos. Mas eu não acreditava mais ouvir o que Neymar disse e, por isso chorei.

Chorei, porque era assim que tratava minha querida mãe e meu querido pai; porque é assim que ainda os trato, eis que nem passar de tantos anos, nem a saudade, nem a falta deles, me fazem deixar de chamá-los e invocá-los assim;  porque partiu de um jovem, famoso e rico, que tem nos pais a expressão maior do amor; porque foi dito com naturalidade; porque foi dito, para o Brasil e para o Mundo, justamente no município da capital paulistana,  cuja secretaria de educação aboliu o “Dia das Mães, o “Dia dos Pais”, como se as datas nada valessem, nada representassem; porque veio ao encontro do veemente artigo que o nosso nobilíssimo Francisco Bendl aqui escreveu para todos nós, dias atrás, em repúdio à decisão da prefeitura paulistana.

Se assistimos ontem, 12 de Junho, uma seleção brasileira muito longe do que foram as seleções que venceram cinco Copas do Mundo…se ouvimos xingamentos contra a pessoa de um Presidente da República que, por mais rejeitado e antipático que seja, não poderia ser alvo de palavrões… se testemunhamos um árbitro descontrolado e, quiçá, comprometido com o que seja, com o que for de sujo e imundo… ouvimos também Neymar dizer:

ESTA CAMISA É DA MAMÃE E A DO PRÓXIMO JOGO É DO PAPAI”.

13 de junho de 2014
Jorge Béja

"JEITINHO" NA COPA NO BRASIL


Todos os olhos estarão voltados para a Copa do Mundo no Brasil. Por 31 dias, principalmente se a seleção chegar à final, o país para. Não se discute nada a sério, ficará para depois dos jogos, quando chegará o período de campanha eleitoral e todos vão se lembrar do Mundial.

Será o momento da troca de acusações por obras que não foram concluídas para o evento. É o teste de DNA de filho feio. Ninguém quer assumir a paternidade. Nem precisa.
 
Atribuir a responsabilidade da não realização de obras ao governante A, B ou C pode não ser justo. Claro que uns têm mais “culpa no cartório” do que outros, mas a responsabilidade é de todos, inclusive daqueles que não executam o Orçamento, mas deveriam fiscalizá-lo.
Na hora de visitar as obras, tirar foto e postar no Facebook à espera da curtida do assessor, vários o fizeram. Cobrar depois do parto, quer dizer, da Copa em funcionamento, dá preguiça. Por que não se mobilizaram para que não houvesse atrasos?

Em janeiro de 2010, pouco mais de dois anos depois da escolha do Brasil como país-sede, foi definida a Matriz de Responsabilidades – documento assinado pelos governos com a listagem das obras e a respectiva responsabilidade de cada ente.
A lista previa a realização de 50 obras de mobilidade, 25 intervenções em aeroportos e sete em portos. A Matriz foi sofrendo modificações: 29 projetos foram excluídos, e 28, incluídos. Há cem dias, apenas 15 obras haviam sido concluídas.
De lá para cá, algumas foram inauguradas, mas outras serão terminadas após o evento. O aeroporto de Confins que o diga.

CUSTO ABSURDO

O custo da Copa, previsto em 2007, seria de “apenas” R$ 2,5 bilhões, com os investimentos privados ocupando a maior parcela deste valor. No entanto, o custo atual bate em R$ 25,6 bilhões, com 83,6% (ou R$ 21,4 bilhões) de dinheiro público (parte via financiamento). Sem contar os R$ 1,1 bilhão de isenção de impostos que a Fifa e os patrocinadores tiveram do governo brasileiro. O número foi aferido pelo Tribunal de Contas da União.

Talvez o ex-jogador Ronaldo Fenômeno estivesse certo ao dizer que “Copa não se faz com hospitais”. Os estádios ficaram prontos (vamos desconsiderar uns detalhes de acabamento incompletos no Itaquerão, por exemplo), mas as obras de infraestrutura não. O Brasil caiu no “canto da sereia” de que o Mundial traria um legado para o país. Que legado? O de obras incompletas? Esse já temos, de outros Carnavais. O país teria essas obras sem o Mundial? Provavelmente, não. As demandas alimentariam as promessas nossas de cada eleição.

Imperou no “planejamento” o “jeitinho brasileiro”: nada de pensar o futuro. O prazo apertou, obras precisaram ser concluídas e o dinheiro do contribuinte foi utilizado sem dó. Explique para quem perde tempo no transporte público ou não consegue atendimento médico que era necessário cumprir compromissos com a Fifa.

Não sei se foi esse “jeitinho” que o ex-presidente Lula queria que os estrangeiros conhecessem quando, em 2007, disse: “O mundo terá a oportunidade de ver o que o povo brasileiro é capaz de fazer”. Para os pessimistas, não há nada mais vexatório.

(transcrito de O Tempo)

13 de junho de 2014
Humberto Santos

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

                     A abertura da Copa que o Brasil queria
 
 
13 de junho de 2014

BRASIL: CAMPEÃO MUNDIAL?


É interessante ouvir algumas opiniões críticas para não sucumbir ao surto nacional-futebolístico do governo brasileiro e dos petistas. O artigo abaixo reproduzido é de Ian Vásquez, diretor do Centro para a Liberdade e a Prosperidade Global do Cato Institute, observando que o Brasil também pretende ser um líder na América Latina (com essa diplomacia submissa ao bolivarianismo, digo eu, só fracassará):
 
Ya está por empezar la Copa Mundial en Brasil, el país que más veces ha ganado ese torneo. Brasil también pretende ser el líder de América Latina y destacarse entre las economías emergentes globales. Pero, ¿es el brasileño un modelo de progreso a seguir como algunas veces se ha oído decir en el Perú?
 
Las reformas implementadas por los brasileños en los noventa produjeron la estabilidad y el crecimiento económico que en este siglo han transformado aspectos importantes de la sociedad. La clase media aumentó del 35% de la población en 1990 a alrededor del 50% hoy. La pobreza ha caído del 31% en el 2005 al 18% el 2011, debido mayormente al crecimiento. Las reformas han modernizado algunos sectores, como la agricultura, incrementando las exportaciones.
 
Pero el crecimiento en la última década ha promediado un 3,7% anual, menos de la mitad del de China y relativamente bajo en un tiempo de apogeo en el precio de las materias primas. De hecho, no parece sostenible ya que esa bonanza se está desinflando, y Brasil continúa imponiendo las que sin duda están entre las más formidables barreras a la creación de riqueza en la región.
 
El problema central de Brasil es que cuenta con un Estado gigantesco. El gasto públicoque en los ochenta era del 20% del PIB se ha disparado al 40% hoy. Para financiarlo, Brasil administra el sistema tributario más oneroso del mundo, según la consultoría PwC. Las regulaciones también pesan. El Banco Mundial ubica a Brasil en el puesto 116 de 189 países en cuanto a facilidad de hacer negocios. A pesar de abrir algo su economía al comercio global, sigue siendo una de las más proteccionistas del mundo. En su índice de libertad económica, el Fraser Institute posiciona a Brasil en el puesto 102 de 152 países (el Perú está en el 22). No debe sorprender que bajo estas condiciones, la productividaddel trabajador brasileño sea menos que la mitad del de Chile, país con la economía más libre de la región, y que además el 39% del PBI esté en el sector informal.
 
Una de tantas áreas que necesita más reformas es el sistema público de pensiones. A pesar de ser un país joven, el gobierno gasta más del 11% del PBI en ello, sistema que ya tiene un déficit del 3,2% del PBI y va a la bancarrota. Bajo este esquema, quienes se benefician son especialmente los empleados públicos de clase media a expensas de los demás. Es uno de los tantos casos que llevó a Michael Reid a concluir en su nuevo libro sobre Brasil que “la distribución de ingreso brasileño sería menos injusta si el Estado no interviniera para nada”.
 
Otra política que produce desigualdad e ineficiencia es el papel sobredimensionado de los bancos públicos que subsidian a todo tipo de corporaciones. Documenta Reid que en el 2013 les correspondía a los tres bancos públicos la mitad de la cartera de préstamos en el país. El incurrir fuertemente en política industrial también alienta la corrupción y elcapitalismo de compadrazgo.
 
Un ejemplo lo dan los preparativos para esta Copa Mundial, que se están financiando con fondos públicos. Una vez que se supo en qué ciudades se iba a jugar el campeonato, la empresa de construcción Andrade Gutiérrez incrementó sus contribuciones políticas a las municipalidades de US$73.000 en el 2008 a US$37 millones en el 2012. Al final, terminó con contratos relacionados a la Copa con un valor superior a US$2.500 millones. Negocio redondo y probablemente legal. Encima de tales fenómenos, la Federación de Industrias de Sâo Paulo calcula que la corrupción le cuesta a Brasil hasta US$53.000 millones al año.
 
El fútbol muestra que los brasileños destacan cuando se les permite competir bajo reglas claras que se aplican igual a todos. Brasil se volvería un país modelo si pusiera en práctica esa misma idea en la economía.

13 de junho de 2014

A COPA DO MEDO...


(Cabral)
 
 
13 DE JUNHO DE 2014

AÉCIO PREVÊ AUMENTO DE DISSIDÊNCIAS NA BASE ALIADA


Do senador Aécio Neves, que vai deixar em aberto a escolha do vice, na convenção de amanhã:
"Podem esperar que teremos dissidências cada vez mais amplas por todo o Brasil e essas dissidências fortalecerão a oposição, porque ela representa o sentimento que é do brasileiros, de mudanças profundas", declarou o senador. Em evento do diretório tucano de Minas em maio, Aécio afirmou que poderia "conversar" com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meireles (PSD), sobre a vaga de vice caso seu partido deixe a aliança com a presidente Dilma Rousseff. (continua no Estadão).

Em nome da democracia, o Brasil espera uma grande debandada do barco furado que é o governo Dilma.
 
13 de junho de 2014
in orlando tambosi

ACREDITE SE QUISER...

Independência das nações indígenas já está sendo reconhecida na Justiça brasileira  

       
 Vamos conhecer hoje uma inovadora e alucinada sentença do juiz Aluizio Ferreira Viana, da Comarca de Bonfim, em Roraima. Estava em julgamento um homicídio cometido pelo índio aculturado Denilson Trindade Douglas. Embriagado, ele foi à casa de seu irmão Alanderson e o matou a facadas.

O Ministério Público fez a denúncia, mas o juiz decidiu arquivar o processo, sob argumento de que o homicídio fora cometido em terra indígena e criminoso já havia sido julgado e punido pela própria comunidade.

Na sentença, o juiz reproduz o resultado do “julgamento indígena”, que simplesmente condenou o índio Denilson a “sair da Comunidade do Manoá e cumprir pena na Região Wai Wai por mais 5 (cinco) anos, com possibilidade de redução conforme seu comportamento.
 
“PENA INDÍGENA”…
 
Na sentença, o juiz então explica que a “pena indígena” aplicada ao homicida foi a seguinte:

Cumprir o Regimento Interno do Povo Wai Wai, respeitando a convivência, o costume, a tradição e moradia junto ao povo Wai Wai;  Participar de trabalho comunitário; Participar de reuniões e demais eventos desenvolvido pela comunidade; Não comercializar nenhum tipo de produto, peixe ou coisas existentes na comunidade sem permissão da comunidade juntamente com tuxaua; Não desautorizar o tuxaua, cometendo coisas às escondidas sem conhecimento do tuxaua;  Ter terra para trabalhar, sempre com conhecimento e na companhia do tuxaua;   Aprender a cultura e a língua Wai Wai. Se não cumprir o regimento será feita outra reunião e tomar outra decisão.”

Com toda a certeza, é a mais branda punição de homicídio qualificado na História do Direito Universal.
 
JUSTIFICATIVA
 
O mais incrível é a extravagante justificativa do juiz Aluizio Ferreira Viana, sem base legal concreta e redigida nos seguintes termos:
 
a) Nos casos em que autor e vítima são índios; fato ocorre em terra indígena, e não há julgamento do fato pela comunidade indígena, o Estado deterá o direito de punir e atuará apenas de forma subsidiária. Logo, serão aplicáveis todas as regras penais e processuais penais. 
 
b) Nos casos em que autor e vítima são índios; o fato ocorre em terra indígena, e há julgamento do fato pela comunidade indígena, o Estado não terá o direito de punir. Assim, torna-se evidente a impossibilidade de se aplicar regras estatais procedimentais a fatos tais que não podem ser julgados pelo Estado.
 
In casu, o acusado índio Denilson foi julgado pelo Conselho das Comunidades Indígenas antes mesmo do início da instrução criminal, o que acarretaria, em tese, a absolvição sumária.
Contudo, é de comezinho conhecimento penal que absolvição sumária pressupõe análise de mérito, nos termos do art. 397, do CPP, e este representante do Estado-juiz não tem poder para tal, pois o Estado não detém o direito de punir nesse caso concreto.
 
Em outras palavras, o Estado deve apenas pronunciar a sua ausência de poder de punir, uma vez que o acusado já foi julgado e condenado por quem detém o direito.
 
Ante ao exposto, deixo de apreciar o mérito da denúncia do Órgão Ministerial, representante do Estado, para DECLARAR A AUSÊNCIA IN CASU DO DIREITO DE PUNIR ESTATAL, em face do julgamento do fato por comunidade indígena, relativo ao acusado DENILSON TRINDADE DOUGLAS, brasileiro, solteiro, agricultor, nascido aos 13/03/89, filho de Alan Douglas e Demilza da Silva Trindade, com fundamento no art. 57, da Lei nº 6.001/73 e art. 231, da Constituição da República.
 
DELÍRIO JURÍDICO
 
Com a máxima vênia, é preciso dizer que o juiz Aluizio Ferreira Viana  extrapolou completamente suas funções, entrou em delírio jurídico e interpretou a lei às avessas.
 
O magistrado baseou sua inusitada e criativa sentença no artigo 57 do Estatuto do Índio, que estabelece o seguinte:

Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
 
Mas é claro que “será tolerada” não significa, de forma alguma, que a justiça das tribos prevalecerá sobre a justiça do país. Não se sabe como o juiz chegou a essa conclusão, pois citou equivocadamente o art. 231 da Constituição, que em nenhum momento prevê que os indígenas criminosos sejam julgados exclusivamente por suas tribos.
 
Aliás, na Constituição está previsto exatamente o contrário, no art. 232, que determina:

“Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo”.

Isso é o óbvio, pois até as portas dos tribunais sabem que quem é parte ativa em processo, por consequência, também é parte passiva e tem de ser processado.
 
E é assim que, pouco a pouco, as mais de 200 nações indígenas vão se tornando independentes do Brasil, já ocupando um território equivalente a mais de 20%  do país, se levarmos em conta as terras ainda a desmarcar.
 
13 de junho de 2014
Carlos Newton

"A GENTE COLHE O QUE PLANTA" - DIZ CAMPOS SOBRE A VAIA A DILMA

 
Para Campos, que falou em entrevista à rádio CBN de Cascavel (PR), as agressões à presidente refletem o mau humor da população com o governo federal.

“A gente sabe. Há na sociedade um mau humor, uma insatisfação que se revela neste momento”, disse o pré-candidato.

“Talvez a forma [de hostilizar a presidente] não tenha sido a melhor de expressar esse mau humor, essa discordância. Mas o fato é que vale o ditado: na vida a gente colhe o que a gente planta”, completou.

Na quinta (12), no Itaquerão, Dilma foi hostilizada quatro vezes ao longo da abertura da Copa, na partida entre Brasil e Croácia.
Logo após a cerimônia de abertura, ela foi xingada por cerca de um minuto, depois que o locutor pediu palmas para os operários que trabalharam nas obras dos 12 estádios do Mundial.

XINGAMENTOS

Encerrados os aplausos aos trabalhadores, os torcedores xingaram a presidente. “Ei, Dilma, vai tomar no c…”, gritaram, em coro.

A vaia começou na área VIP do estádio, mas se espalhou rapidamente por outros setores. Os protestos recomeçaram logo após a execução do Hino Nacional, quando parte da torcida hostilizou a presidente com o mesmo coro.

Dilma recebeu outra vaia por volta dos 30 minutos do segundo tempo, quando apareceu com destaque no telão do estádio, comemorando o segundo gol da seleção, após a cobrança de pênalti de Neymar. E foi hostilizada outra vez perto do fim da partida.

13 de junho de 2014
Deu na Folha

O MELHOR DO PT

 

Vem sendo constante, de dois meses para cá, a queda da presidente Dilma nas pesquisas a respeito da sucessão presidencial. De uma tranquila vitória no primeiro turno, deixando os adversários lá em baixo, ela vê diminuírem seus percentuais a ponto não apenas de precisar enfrentar uma segunda votação, mas, continuando as coisas como vão, de disputar a eleição com Aécio Neves.
O que parecia inadmissível configura-se como hipótese viável, vale repetir, se a tendência não for revertida.
 
Para os detentores do poder, do PT a aliados que resistem em abandonar o barco, seria um desastre. Por isso volta a crescer a proposta de substituição de Dilma pelo Lula, mas mesmo os defensores dessa troca inusitada começam a raciocinar: e se o ex-presidente feito candidato também sofresse o impacto da reviravolta e se encontrasse diante da perspectiva de derrota? Não seria melhor poupá-lo e aguardar 2018? Afinal, para um partido que nasceu e cresceu na oposição, mesmo traumática a perda do poder não seria mortal. Poderia, até, estimular a renovação de seus quadros, afastando companheiros que quando tornados governo perderam a garra de tempos anteriores, trocando a proposta de mudar o Brasil pelas benesses e facilidades do usufruto do governo.
 
Dizia o saudoso dr. Ulysses que pior do que o atual Congresso, só o próximo. Mesmo assim, no PT, começa a germinar o raciocínio de que junto com os esforços para manter a presidência da República, em outubro, é preciso jogar todas as fichas na preservação e até no crescimento de suas bancadas no Congresso. Para isso, no entanto, torna-se necessário o partido reciclar-se. Se não refundar-se, ao menos recuperar o tempo perdido desde a posse do Lula e avançar propostas hoje esmaecidas e até abandonadas.
 
Em vez de continuarem acoplados ao neoliberalismo herdado de Fernando Henrique e seus tucanos, por que não voltar ao período de luta por conquistas sociais caracterizadas por mudanças fundamentais nas instituições vigentes? Que tal pregar a revisão nas privatizações endossadas por Lula e Dilma, fazendo retornar ao patrimônio público a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional, o sistema ferroviário, as rodovias e os portos entregues à iniciativa privada? Ou limitar a hoje escancarada política de remessa de lucros das multinacionais para suas matrizes, obrigando a reinvestirem no Brasil o que ganharam aqui?
No mínimo duplicar o salário mínimo e restabelecer o salário família em níveis compatíveis com as necessidades dos menos favorecidos? E quanto a libertar a indústria nacional das tenazes internacionais que nos fizeram retornar aos tempos da exclusiva exportação de matéria-prima e da importação de manufaturados? Participação dos empregados no lucro das empresas, cogestão, volta à estabilidade no emprego, proibição de demissões imotivadas.
 
Existem outras necessidades ditadas pelo avanço da tecnologia e da ciência: produção estatal de medicamentos populares a preços módicos, transportes públicos gratuitos, punição aos abusos dos planos de saúde, transformação de estádios de futebol em universidades durante a semana, obrigação de as montadoras produzirem caminhões, ônibus e tratores na proporção em que produzem veículos de passeio, incentivo às pesquisas e quanta coisa a mais, que as elites logo rotularão de anacrônicas e ultrapassadas, mas tão necessárias quanto a roda, depois de tantos milênios de sua invenção?

13 de junho de 2014
Carlos Chagas

NA POLÍTICA ATUAL A EMOÇÃO IMPERA, COM UM MISTO DE LULA E XUXA



Legislativo com ideologia de botequim e linguagem de ébrio habitual. Um exemplo é a famigerada “Lei da Palmada”, que chove no molhado, como tantas outras leis natimortas, pois têm mais embalagem do que conteúdo, não caracterizam e nem punem, tratam questões sérias com insegurança e navegam na polêmica, sempre tão eleitoreira.
 
Nosso judiciário ágil e vazio deve dar mesmo vazão aos denuncismos. Quem nunca deu corretivo no neto rebelde que largou a sua mão e saiu correndo para a rua se arriscando na frente dos carros? Eu e meus vizinhos continuaremos violando essa inespecífica letra morta, que perde sua força na insegurança jurídica.
 
A eficácia das sanções penais já previstas e nunca aplicadas e a estruturação do acompanhamento sonhado pela lei merecem muito mais atenção do que a polêmica emotiva e superficial entre o pastor emotivo e a subjetiva Xuxa…
 
LULA E XUXA
 
Lula e Xuxa têm algo em comum além das vogais. Ambos foram personagens com apelidos incorporados a seus nomes, utilizados na construção de um império de entretenimento. O oportunismo nas alianças e na exposição. A ascensão e a riqueza estonteante, a carreira e os vínculos internacionais, a campanha irônica na gangorra real brasileira entre violência e educação (não bata, eduque).
 
Há quem alegue que o programa “Xuxa no mundo da imaginação” foi retirado do ar devido ao seu discurso inconveniente. É evidente que Xuxa é uma personalidade muito mais constante, interessante e autêntica do que Lula, mas a paixão dos fãs e a questão central da imagem e do imaginário os identificam.
 
A audiência de ambos vem caindo, mas não há substitutos carismáticos à altura. As marcas do tempo abrandaram a paixão e a desilusão se abateu sobre os fãs do político agora “Luxuoso” e de linguagem “Xula”.
 
Na realidade infantilizante da cidadania cotidiana, carecemos mais de uma Cris Poli comportamental, de um Içami Tiba educacional e de uma Danny Pink em estética e jovialidade. É o retrato do país em seu diagnóstico de consumo.

13 de junho de 2014
Genilson Albuquerque Percinotto

A CASA DE NÓCA

       

Dizem que recordar é viver, e não deixa de ser. Caxambu, cidade hospitaleira e estância hidromineral conhecida por suas águas medicinais, gasosas nas fontes e não gaseificadas como todas as outras, e Uberaba (onde eu fui agraciado com o título de cidadão honorário), por ser sede mundial da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), onde se faz o registro genealógico do gado zebuíno, são as duas cidades mineiras mais conhecidas no exterior.
 
Eu era deputado majoritário em Caxambu e me hospedava sempre no famoso Grande Hotel, da família Figueiredo. Num jantar em que eu era o homenageado, aparece, para minha surpresa, o cantor Ivon Cury, um caxambuense de coração e naturalidade, hoje, de saudosa memória. E cantou uma música que eu conhecia e que, depois daquele show, nunca mais saiu da minha cabeça. Um forró forrado, talvez porque o forró seja o “pau que gira” nos meus lados no Norte mineiro.
 
Saudade daquele tempo e de Ivon, cantando seu ritmo chorado e marcante: “Todo mundo brincando o forró animado/ quando o cabra armado entra com o Zé Minhoca / na casa de Nóca baixando o cajado/ E o pau comeu, comeu, na casa de Nóca o pau comeu…” Bom demais.
 
Sou um saudosista desesperado, teimoso por gostar de minhas raízes, de viver o passado, e um medroso por temer o futuro. Meu futuro e o dos outros, por causa, do jeito que as coisas andam nesse outrora nosso Brasil, e, outrora porque, além de tudo, agora, tem a Fifa e os escândalos na Petrobras.
 
O PAU VAI COMER…
 
Não sou profeta de desgraça, mas que mais dia menos dia o pau vai comer, vai. Se essa porcaria de governo, pau mandado de mensaleiros, conseguir o que persegue, a desconstitucionalização do país e a desmilitarização das polícias, processos que estão em marcha, não tenham dúvidas, o pau vai comer.
 
Ando cheio desse desgoverno, cansado dessa descriminação de tudo, dessa inversão de valores, dessa desonestidade, dos ladrões grã-finos, dessas tais ONGs.
Entendam essa política de cotas ao contrário, invertendo o raciocínio: por que só 30% para negros e 70% para os brancos? Por que não 100% para todos, se todos são iguais perante a lei? Desconstitucionalização está em mudar a lei ou mesmo a Constituição sem derrogação de legislação vigente.
 
Procede-se como se quer, faz-se como se deseja, assim como querem desconhecer a Lei Federal 7.210 e o parágrafo que obriga a prisão em regime fechado por, no mínimo 1/6 da pena, por jurisprudência própria do STJ, que há algum tempo resolveu proceder assim.
 
Mas o Supremo é obrigado a seguir essa jurisprudência? Quem é o intérprete da Constituição? E para que serve o desarmamento das polícias militares? Para que os comandos nos Estados passem a ser do ou da presidente, e os militares serão apenas vigias e conselheiros dos desatinados. Tomara que eu esteja certo e vá ouvir, não em sonhos, mas na real, o “pau comendo na casa de Nóca”. E não será o fim de nada, mas o princípio de tudo.

13 de junho de 2014
Sylo Costa 

O FASCISMO RONDA O BRASIL EM 2014



Jean-Marie le Pen, líder da direita francesa, sugeriu deter o surto demográfico na África e estancar o fluxo migratório de africanos rumo à Europa enviando, àquele sofrido continente, “o senhor Ebola”, uma referência diabólica ao vírus mais perigoso que a humanidade conhece. Le Pen fez um convite ao extermínio.

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy propôs a suspensão do Tratado de Schengen, que defende a livre circulação de pessoas entre trinta países europeus. Já a livre circulação do capital não encontra barreiras no mundo… E nas eleições de 25 de maio a extrema-direita europeia aumentou o número de seus representantes no Parlamento Europeu.

A queda do Muro de Berlim soterrou as utopias libertárias. A esquerda europeia foi cooptada pelo neoliberalismo e, hoje, frente a crise que abate o Velho Mundo, não há nenhuma força política significativa capaz de apresentar uma saída ao capitalismo.

Aqui no Brasil nenhum partido considerado progressista aponta, hoje, um futuro alternativo a esse sistema que só aprofunda, neste pequeno planeta onde nos é dado desfrutar do milagre da vida, a desigualdade social e a exclusão.

CAPITAL E ESTADO

Caminha-se de novo para o fascismo? Luis Britto García, escritor venezuelano, frisa que uma das características marcantes do fascismo é a estreita cumplicidade entre o grande capital e o Estado. Este só deve intervir na economia, como apregoava Margareth Thatcher, quando se trata de favorecer os mais ricos.
Aliás, como fazem Obama e o FMI desde 2008, ao se desencadear a crise financeira que condena ao desemprego, atualmente, 26 milhões de europeus, a maioria jovens.

O fascismo nega a luta de classes, mas atua como braço armado da elite. Prova disso foi o golpe militar de 1964 no Brasil. Sua tática consiste em aterrorizar a classe média e induzi-la a trocar a liberdade pela segurança, ansiosa por um “messias” (um exército, um Hitler, um ditador) capaz de salvá-la da ameaça.

A classe média adora curtir a ilusão de que é candidata a integrar a elite embora, por enquanto, viaje na classe executiva. Porém, acredita que, em breve, passará à primeira classe… E repudia a possibilidade de viajar na classe econômica.

Por isso, ela se sente sumamente incomodada ao ver os aeroportos repletos de pessoas das classes C e D, como ocorre hoje no Brasil, e não suporta esbarrar com o pessoal da periferia nos nobres corredores dos shopping-centers. Enfim, odeia se olhar no espelho…

FASCISMO É RACISTA

Hitler odiava judeus, comunistas e homossexuais, e defendia a superioridade da “raça ariana”. Mussolini massacrou líbios e abissínios (etíopes), e planejou sacrificar meio milhão de eslavos “bárbaros e inferiores” em favor de cinquenta mil italianos “superiores”…

O fascismo se apresenta como progressista. Mussolini, que chegou a trabalhar com Gramsci, se dizia socialista, e o partido de Hitler se chamava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista (de Nationalsozialist).

Os fascistas se apropriam de símbolos libertários, como a cruz gamada que, no Oriente, representa a vida e a boa fortuna. No Brasil, militares e adeptos da quartelada de 1964 a denominavam “Revolução”.

O fascismo é religioso. Mussolini teve suas tropas abençoadas pelo papa quando enviadas à Segunda Guerra. Pio XII nunca denunciou os crimes de Hitler. Franco, na Espanha, e Pinochet, no Chile, mereceram bênçãos especiais da Igreja Católica.

FASCISMO É MISÓGINO

O líder fascista jamais aparece ao lado de sua mulher. Como dizia Hitler, às mulheres fica reservado a tríade Kirche, Kuche e Kinder (igreja, cozinha e criança).

O fascismo é anti-intelectual. Odeia a cultura. “Quando ouço falar de cultura, saco a pistola”, dizia Goering, braço direito de Hitler. Quase todas as vanguardas culturais do século XX foram progressistas: expressionismo, dadaísmo, surrealismo, construtivismo, cubismo, existencialismo. Os fascistas as consideravam “arte degenerada”.

O fascismo não cria, recicla. Só se fixa no passado, um passado imaginário, idílico, como as “viúvas” da ditadura do Brasil, que se queixam das manifestações e greves, e exalam nostalgia pelo tempo dos militares, quando “havia ordem e progresso”. Sim, havia a paz dos cemitérios… assegurada pela férrea censura, que impedia a opinião pública de saber o que de fato ocorria no país.

O fascismo é necrófilo. Assassinou Vladimir Herzog e frei Tito de Alencar Lima; encarcerou Gramsci e madre Maurina Borges; repudiou Picasso e os teatros Arena e Oficina; fuzilou García Lorca, Victor Jara, Marighella e Lamarca; e fez desaparecer Walter Benjamin e Tenório Júnior.
Ao votar este ano, reflita se por acaso você estará plantando uma semente do fascismo ou colaborando para extirpá-la.  (artigo enviado por Sergio Caldieri

13 de junho de 2014
Frei Betto

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 
 
13 de junho de 2014


O HUMOR DO ALPINO




13 de junho de 2014

O HUMOR DO DUKE

Charge do Dia
 
13 de junho de 2014



IMAGINA DEPOIS DA COPA

Lula chegou a atribuir o baixo crescimento do PIB ao mau humor dos empresários, trocando a consequência pela causa

Alguma coisa está dando errado e o estrategista João Santana deve estar muito preocupado: quanto mais se intensifica a propaganda oficial em todas as mídias, alardeando as realizações do governo e todos os ganhos com a Copa do Mundo, mais caem a aprovação e as intenções de voto da presidente Dilma e mais aumentam os seus índices de rejeição. E a Bolsa sobe.

Imagina depois da Copa, com metade do tempo do horário eleitoral na televisão ocupado por avassaladora publicidade triunfalista tentando convencer os eleitores que a sua vida e seu país estão muito melhores do que eles pensam. E que quem ganha salário de mil reais agora é classe média.
Não dá para rejeitar as pesquisas agora e aceitá-las há três anos, quando eram positivas.
Nem responsabilizar a “mídia golpista”, se há dois ou três anos, apesar dela, a aprovação do governo era muito maior. Resta sempre a conspiração. Blogueiros oficialistas denunciam que todas essas manifestações que estão parando cidades por aumentos salariais têm o único objetivo de impedir a reeleição da presidente Dilma… rsrs.

Lula chegou a atribuir o baixo crescimento do PIB ao mau humor dos empresários, trocando a consequência pela causa. Mas quem azedou o humor de 70% da população? Se fosse Chávez dizia logo que era uma conspiração do Império e explicava tudo, mas aqui nem o Zé Dirceu ousaria tanto.

Como explicar que só pouco mais da metade dos delegados na convenção do PMDB, mesmo com o vice da chapa e todos os seus cargos no governo, tenha votado pelo apoio à candidatura de Dilma? Numa votação secreta, no escurinho da cabine… com delegados peemedebistas… vocês sabem como é… ainda bem que os peemedebistas não traem seus aliados… só quando é pelo bem do Brasil… rsrs.

A saia está tão justa que a estratégia de Dilma tem sido responder com veemência e cheia de razão… a acusações que não lhe foram feitas, mas não consegue se defender das evidências que provocam danos à sua candidatura: crescimento baixo + inflação alta + obras atrasadas = má gestão.
Se João Santana conseguir reverter isso, mereceria ser ele o presidente, e não Dilma.

13 de junho de 2014
Nelson Motta

A MAIS RECENTE BATALHA DE ITARARÉ DO TWITTER

“Reinaldo Azevedo X Miguel Nicolelis”. Ou: Gregório de Matos pra ele!


Eu, hein!? Como é vaidoso esse Miguel Nicolelis, o neurocientista! Escrevi ontem um post sobre o midiático exoesqueleto de Miguel Nicolelis — aquele seu projeto que custou R$ 33 milhões só em recursos públicos.
 
Deixei claro que não sou especialista no assunto, nem mesmo um leitor dedicado da área. Falta-me tempo, infelizmente. Quem leu o meu texto vai constatar que lamentei apenas o excesso de apelo midiático do neurocientista e seu modo, digamos, heterodoxo de fazer as coisas, negando-se a submeter suas descobertas a seus pares, a publicar suas conclusões em órgãos especializados, essas coisas. E fiz votos de que, um dia, suas descobertas estejam à altura de sua buliçosa figura.
 
Ele ficou zangado. E respondeu no Twitter. Parece ser meu leitor habitual, tanto é que chega a ter uma avaliação sobre o meu trabalho.
Leiam.
 
nicolelis tweet
 
Como responder?
Penso numa poesia do poeta baiano Gregório de Matos, por exemplo:

É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
 
É possível que Nicolelis seja mesmo um gênio da raça — e basta ler meu post original para constatar que não pus em dúvida sua competência técnica. Pergunto, isto sim, por que ele resiste tanto em, digamos, compartilhar os dados científicos já firmados de suas, vá lá, descobertas. Acho que cabe, até porque manipula uma soma considerável de dinheiro público, responder a algumas dúvidas que estão postas sobre os horizontes e amanhãs com os quais ele acena.
 
Eu estou pouco me lixando se ele é petista ou não; se é petista de alma ou de oportunidade; se é de esquerda ou de direita… Conheço esquerdistas agradabilíssimos e inteligentes, por mais que os considere equivocados; conheço liberais com quem odeio tomar um simples café. Eu estou questionando procedimentos. Não quero desqualificar Nicolelis, como ele faz com o meu trabalho. Ao contrário: confiando que seu trabalho é sério, acho que ele ganharia se seguisse procedimentos razoáveis.
 
Mas aí entra a vaidade, né?
Dizem que ele saiu atirando contra outras pessoas e publicações. Parece que a “Piauí” também virou um de seus alvos. Todos os que leem meu blog e a Piauí sabem que pertencemos, como diz uma amiga, a “enfermarias” diferentes. Há outros desafetos de Nicolelis com os quais não tenho também a menor intimidade.
 
Uma coisa é certa: o homem tem faro para a polêmica. Não mudo os meus votos: espero que, um dia, suas descobertas estejam à altura de sua capacidade de gerar notícia.
Não se esqueça, Nicolelis: “Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?”.
 
13 de junho de 2014
Reinaldo Azevedo

FOTOGRAFIA: SOBRE IMAGENS

DILMA ACHOU QUE ERA ELIZABETH II

   O áudio registra mais um efeito do medo de vaia

A mais recente internação recomendada pelo jornalista Celso Arnaldo Araújo merece ser reproduzida no Direto ao Ponto.
Confira:

“Por último, eu queria pedir a vocês que todos nós nos levantássemos e cantássemos parabéns para o senhor Ban Ki-moon. Queria cumprimentá-lo, juntamente com a senhora Ban Sun-taek. Vamos cantar Parabéns pra Você, cada um na sua língua”.

Dilma Rousseff, durante almoço oferecido aos chefes de estado e de governo presentes à Copa, ao usar o nome do secretário-geral da Organização das Nações Unidas para propor um brinde à Torre de Babel — antes de entoar Happy Birthday homenageando Joel Santana.

Parece mentira, mas aí está o áudio para provar que a presidente assassinou em inglês a musiquinha que cada um dos presentes deveria cantar no idioma natal.
A maluquice demonstra que medo de vaia pode até induzir o portador a mudar de país, de identidade e de cargo. Apavorada com o que ouviria no Itaquerão, a presidente que o  marqueteiro João Santana promoveu a rainha deve ter achado que era Elizabeth II.


A POLITICALHA QUE EMPORCALHA A POLÍTICA NO BRASIL

                                O lamaçal lulista

 

Não importa se seu reino (do PT) se transformou num pântano, o importante é sentar na cadeira presidencial, distribuir cargos, verbas, enfim, o combustível que move essa sórdida engrenagem.
Os marqueteiros ensinam o caminho do coração popular. Basta reservar para a propaganda uma boa parte dos recursos.

13 de junho de 2014
Fernando Gabeira - Estadão (11/10/2013)

ESFORÇO EM ESCONDER PRESIDENTE NÃO FUNCIONA E ESTÁDIO VAIA DILMA EM PESO



O esforço de esconder a presidente Dilma Rousseff do público no estádio da abertura da Copa do Mundo não deu resultado. Poucos minutos depois de a presidente ter chegado à Arena Corinthians para a festa de abertura do Mundial, o estádio xingou a presidente. "Ei, Dilma, vai tomar no c...", entoavam os torcedores. Em algumas partes do estádios, os gritos foram dirigidos contra a Fifa.
 
Dilma chegou sob forte segurança. Depois de almoçar com chefes de Estado que estão em São Paulo para a Copa, ela seguiu para a arena. Aterrizou em um helicóptero e depois seguiu com um comboio a uma garagem do estádio. De lá, pegou um elevador que a conduziu diretamente para dentro da sala vip.
 
Dilma não vai discursar na abertura, rompendo com uma tradição de 30 anos de chefes de Estado que abrem os Mundiais. Sua decisão foi tomada depois de ser vaiada na abertura da Copa das Confederações. Joseph Blatter, presidente da Fifa, também não vai discursar. Mas nem isso evitou a reação do estádio contra a presidente, mesmo sem a ver. Momentos depois de xingarem a presidente, os torcedores foram ao delírio quando a seleção brasileira entrou em campo para aquecer.
 
A declaração de que o evento está oficialmente aberto será em uma cerimônia com jovens no meio do gramado, que soltarão pombas representando a paz. O xingamento foi realizado durante a festa que custou R$ 18 milhões. A Fifa garantiu que é ela quem está pagando pela cerimônia. Dilma assistiu à cerimônia ao lado de Joseph Blatter, presidente da Fifa. Ao lado dela estava sua filha, Paula. Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU, o príncipe Ali da Jordânia e o vice-presidente Michel Temer também estavam nos assentos em sua volta.
 
Na abertura, Blatter também não falará. "Como ele pode falar se Dilma não fala?", questionou Walter de Gregorio, diretor de comunicação da Fifa. Dilma, em reunião com jornalistas, indicou que foi Blatter quem a pediu para não falar. Mas a Fifa insiste que a decisão foi "compartilhada".
 
A abertura da Copa teve uma presença fraca de chefes de Estado. Segundo o Palácio do Planalto, apenas oito presidentes ou vice-presidentes aceitaram o convite feito por Dilma Rousseff a todo o mundo e estão em Itaquera. A presidente brasileira receberá a presidente do Chile, Michelle Bachelet, Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), José Eduardo dos Santos (Angola), além dos presidentes do Paraguai e Suriname. Da África, virão o chefe de Estado do Gabão e o vice-presidente de Gana.

13 de junho de 2014
caminho21

APENAS UMA MENTIRINHA...




Graça Foster muda versão e expõe mentira sobre compra de Pasadena
 
O deputado Onyx Lorenzoni (Democratas-RS) expôs, nesta quarta-feira (11/6), mais uma mentira do governo na operação da compra da refinaria de Pasadena. Durante depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, à CPMI da Petrobras, o parlamentar revelou um documento da assessoria jurídica internacional da estatal que no inciso 7 se refere às cláusulas Marlim e Put Option. São as mesmas cláusulas, que segundo a presidente da República, Dilma Rousseff foram omitidas do conselho de administração da empresa na tomada de decisão da compra de Pasadena. Conforme Dilma, se o conselho soubesse de Marlim e Put Option o negócio não seria fechado.
 
Até então, a versão dita por Dilma Roussef e referendada por Graça Foster era de que a diretoria e o conselho da Petrobras desconheciam as referidas cláusulas. Hoje, quando questionada sobre o documento assinado pelo gerente do Jurídico Internacional Carlos Cesar Borromeu de Andrade, Graça Foster afirmou que a comissão interna da estatal que investiga a operação Pasadena identificou falhas na anexação dessa informação ao parecer entregue ao conselho de administração.
 
“Toda argumentação do governo até o dia de hoje inclusive nos depoimentos dados pelas autoridades do governo aqui no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, era de que essa informação (cláusulas) nunca havia chegado para o conselho de administração. Hoje, pela primeira vez, a presidente das Petrobras muda sua versão de maneira clara a demonstrar que a presidente Dilma é pega na mentira seja através da comunicação feita pela Secretaria de Comunicação da presidência da República, seja a mentira vocalizada pela presidente da Petrobras”, pontuou Lorenzoni.
 
Para o deputado, o aparelhamento da estatal promovido no governo do PT, além da má gestão, trouxe uma organização criminosa para dentro da empresa que tem causando enormes prejuízos aos acionistas e ao País.   
 
Onyx ainda questionou a decisão da Petrobras de insistir em promover os investimentos (Revamp) para processar 200 mil barris/dia de petróleo pesado, quando a própria Graça Foster afirmou que 100 mil barris seriam satisfatórios. A Astra Oil, antiga sócia da Petrobras em Pasadena, se comprometeu com os 100 mil barris/dia, como prova documento datado de 2005. O ponto de divergência foi o que causou a saída da Astra da sociedade com acionamento da cláusula Put Option.  
 
“Por que a Petrobras manteve essa decisão dos 200 mil barris? Exatamente para criar toda essa situação que acaba se refletindo no conflito e no prejuízo de US$ 1,2 bilhão pagos pelos brasileiros”, argumentou.

13 de junho de 2014
caminho21

DECLARAÇÃO

PARA TI *

Viagem infame, aquela! Nossa noite já havia sido de angústia, prenúncio de uma partida sem volta. No dia seguinte, imbecis, rumamos um para o norte, outro para o sul. Te apertei com desespero até a estação, não sabia quando te voltaria a ver . Sei, há muitas mulheres no mundo, mas se tu existias para que buscar outra companheira de caminhada? Minto, não é bem isso, é algo ainda mais simples. Te adorava, e pronto! Posso perder a memória, mas jamais a lembrança daquela manhã que não desejo a ninguém, manhã abominável, para sempre permaneça sepultada lá em Madri.

O Talgo começou a mover-se, lento como todos os trens que separam amantes, lento mas inexorável, cada vez menos lento e mais inexorável, e teu vulto envolto em lãs e distância foi se tornando cada vez mais distante e mais terno, um nó começou a me estraçalhar a garganta, não resisti. As lágrimas foram rolando sem muita cerimônia.

Um espanhol a meu lado, muito discreto, desviou o olhar para não imiscuir-se em meus sentimentos. Lembras aquele boné de bisão que me deste em Amsterdã? Pois é, o espanhol tomou-me por russo, tenho certeza que intimamente se perguntava por que razões andaria este cossaco chorando em Madri. Cossaco é a vovozinha, sou gaúcho de Ponche Verde. Gaúcho chora? Chora sim, basta que sofra.

Quando cheguei em Paris, estavas em Lisboa. Era tempo ainda, bastaria um telefonema para o aeroporto para pôr fim àquela insensatez. Mas sempre fui obstinado, continuei teimando em minha viagem rumo ao frio. Mais algumas horas e um oceano estaria nos separando. Seria tarde para voltar e eu queria que fosse tarde para voltar – para não voltar.

Em uma gare apanhei o resto de minhas malas e atravessei aquela Paris, cheia de charme quando chegamos, cheia de cinza quando voltei. A neve que aconchegava os campos, que contigo me parecera tão macia e tão morna, era agora cada vez mais neve e mais fria. Frio por dentro, atravessei aquela Alemanha fria sem disposição alguma para divertir-me às custas dos Deutschen e seus ares marciais, como fazia quando contigo.

Atravessei uma Holanda sem graça, uma Dinamarca sem graça, rumo a uma Estocolmo sem graça alguma. A graça estava em ti e tu voavas rumo ao sul. No ferry-boat para Helsinborg – já estarias próxima a Porto Alegre – fugi do restaurante e fui até a proa, se estava enregelado por dentro pouco importava enregelar-me por fora. O barco avançava com dificuldade no mar congelado, o céu era cinzento e me pesava como chumbo aos ombros e eu, o estúpido, tinha ganas de jogar-me ao Báltico, estou certo que quebraria sua crosta hibernal, cabeça-dura como sou.

Estocolmo. Noites brancas e sempre frias. Da janela de meu quarto, em meio a um silêncio que feria os ouvidos, eu não olhava sequer a neve, mas o vazio. Não poucas noites fiquei em pé, frente à janela, olhando aquele vazio que não seria vazio se estivesses lá. Sos um boludo, che! – dizia-me um boliviano – en Brasil hay una mujer que te quiere, que haces en esta tierra de hombres tristes? Que fazia? Não sei, como tampouco ele sabia que fazia lá. Errâncias...

Lá, recebi e dei calor, calor humano e animal. Muitas noites enrosquei-me em uma lena (doce, em sueco) Lena, que por sua vez me apertava sonhando apertar um romeno de Bucareste. Amávamos por procuração, sem que nenhum mandato nos tivesse sido outorgado. Mas não era ela quem eu apertava, tampouco era eu quem ela apertava. Desculpa o lugar comum: éramos apenas bons amigos, angustiados amigos. Até que um dia deixei de ser besta, atei a mala nos tentos e voltei a trote largo pra querência. E se não me esqueço daquela manhã infame em Madri, tampouco esqueço aquela manhã linda no Rio. Não te esperava e lá estavas, chorando grudada às grades do portão do cais.

Vivendo e aprendendo! Sonhei com divas e deusas e cá estou comovido com uma baixinha dentuça. A quem espero, mesmo de cabelos brancos, jamais chamar de minha mulher ou minha esposa, mas simplesmente de minha guria.


13 de junho de 2014
janer cristaldo (*1977)