"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de outubro de 2015

EM LIVRO PROVOCADOR, ROGER SCRUTON EXPLICA AS IDÉIAS CONSERVADORAS






Uma medida da pobreza do debate político no Brasil – e do sucesso simbólico de um determinado projeto hegemônico – é a desqualificação sistemática dos valores e ideias conservadoras, a ponto de hoje ser praticamente uma transgressão alguém se apresentar como tal – um crime no qual a acusação é a prova de culpa, e a pena é ser socialmente excluído, ou coisa pior. 

Se um dia alguém escrever uma história das palavras no Brasil, terá que dedicar ao menos um capítulo ao processo em curso de desvalorização deliberada de determinados termos, aos quais se colou um sentido pejorativo ausente na origem: “meritocracia”, por exemplo, é outra palavra que foi estranhamente vilipendiada e se tornou quase um palavrão. Mas sempre que um projeto hegemônico entra em crise acentuada, surgem brechas e rachaduras por onde ideias dissidentes voltam a respirar e prosperar. 

Um sinal de que isso está acontecendo no nosso país é a multiplicação de lançamentos de livros que apresentam de forma serena o sentido real do conservadorismo – aquele sentido que seus adversários não conseguem nem querem enxergar, no esforço permanente de ridicularizá-lo. 
A publicação do provocador “Como ser um conservador”, do filósofo e cientista político inglês Roger Scruton (Record, 294 pgs, R$ 39,90), faz parte desse processo.


Escreve Scruton: “O conservadorismo advém de um sentimento que toda pessoa madura compartilha com facilidade: a consciência de que as coisas admiráveis são facilmente destruídas, mas não são facilmente criadas. Isso é verdade, sobretudo, em relação às boas coisas que nos chegam como bens coletivos: paz, liberdade, leis, civilidade, espírito público, a segurança da propriedade e da vida familiar.” 

Scruton se deu conta da fragilidade desses bens coletivos pela primeira vez quando, em 1975, visitou Praga para fazer uma conferência: terminou ali qualquer ilusão que tivesse em relação ao socialismo, que ele passou a enxergar não mais como um sonho de idealistas, mas como um sistema real de governo imposto de alto a baixo e mantido pela força, que esmaga e desumaniza o indivíduo.


Scruton percebeu que os bens coletivos associados à liberdade, que nos acostumamos a imaginar como garantidos, estão sob permanente ameaça. 

“Em relação a tais coisas”, escreve, “o trabalho de destruição é rápido, fácil e recreativo; o labor da criação é lento, árduo e maçante. Esta é uma das lições do século 20. Também é uma razão pela qual os conservadores sofrem desvantagem quando se trata da opinião pública. Sua posição é verdadeira, mas enfadonha; a de seus oponentes é excitante, mas falsa.” Por outro lado, ao visitar mais tarde países do leste europeu, após a queda do Muro de Berlim e o colapso do comunismo, o autor ficou chocado com a fragilidade das novas democracias dominadas por aventureiros corruptos, concluindo que não bastam eleições para caracterizar uma democracia: muito mais importantes são as instituições permanentes e o espírito público que deveria responsabilizar os políticos eleitos. “Um governo responsável não surge por meio de eleições”, afirma. “Surge do respeito à lei.”




“Como ser um conservador” apresenta e investiga a visão conservadora em relação ao nacionalismo, ao socialismo, ao capitalismo, ao liberalismo, ao multiculturalismo, ao ambientalismo e ao internacionalismo, entre outros “ismos”. 

Ainda que se possa discordar de suas ideias, é inegável que o livro propõe de forma inteligente debates indispensáveis sobre o mundo em que vivemos hoje e sobre as escolhas que somos obrigados a fazer, tanto no plano teórico das esferas de valor quanto no plano das questões práticas, que afetam diretamente o nosso futuro e a nossa qualidade de vida. 

Mas o capítulo mais interessante do livro é aquele em que Scruton resume sua trajetória, numa mini-autobiografia que esclarece e justifica suas convicções. Ilustrando a tese (do historiador do socialismo Robert Conquest) de que “todo mundo é de direita nos assuntos que conhece”, Scruton conta, por exemplo, como seu pai, um operário filiado ao Partido Trabalhista, era extremamente conservador em relação aos valores e modos de vida da zona rural onde cresceu.


Apesar do crescente reconhecimento de que desfrutam suas ideias, aos 71 anos Roger Scruton ainda faz parte de uma minoria no meio acadêmico, mesmo num país tido como tradicionalista como a Inglaterra: 

“Nos círculos intelectuais, os conservadores se movem calma e silenciosamente, cruzando olhares pelo cômodo, assim como os homossexuais na obra de Proust. (...) 
Nós, os que supostamente excluem, vivemos sob pressão para esconder o que somos, por medo de sermos excluídos.” Segundo afirma, não são só os intelectuais que passam por isso: 

“Conservadores comuns – muitas pessoas, provavelmente a maioria, se enquadram nessa categoria – são constantemente informados de que suas ideias e sentimentos são reacionários, preconceituosos, sexistas ou racistas. As tentativas honestas de viver de acordo com as próprias ideias são desprezadas e ridicularizadas.”


Já em relação ao debate econômico, Scruton é um crítico severo do continuado declínio cultural e econômico que resulta do ideal de se alcançar uma sociedade nova e igualitária em que todos teriam o mesmo (ou seja, coisa nenhuma). 

Ele afirma que, em países que almejam a riqueza e o desenvolvimento, a figura mais importante não é o administrador, mas o empreendedor (outra palavra que, na prática, ganhou um sentido pejorativo no Brasil) – isto é, aquele que assume e enfrenta os riscos de produzir riqueza. 

Segundo o autor, a ideia do Estado como uma figura paterna benigna, que aloca de forma eficiente os ativos coletivos da sociedade para o lugar onde são necessários “e que está sempre presente para nos retirar da pobreza, da doença ou do desemprego” é uma ilusão, que não foi aprovada no teste da realidade. 
E isso por um motivo muito simples: por mais que um governo seja competente em matéria de distribuição (o que já é difícil), não se pode distribuir uma riqueza sem que existam as condições para criá-la.


11 de outubro de 2015
Luciano Trigo

FRASE DO DIA


«Aliás, já temos [conteúdos importantes]: criamos a novela. Ao criarmos a novela criamos uma das formas mais importantes no nosso País de fabulação, de contar história, algo que a humanidade desenvolveu quando se tornou humana.»


Dilma 1

Trecho do discurso pronunciado pela presidente da República no dia 6 out° 2015 quando da abertura do Congresso Brasileiro de Radiodifusão, Brasília.
É interessante notar que dona Dilma atribui a criação da novela à genial inventividade brasileira. Não lhe ensinaram que esse gênero, sucessor do folhetim, é multissecular. 
Já no século XVIII, jornais franceses publicavam histórias a conta-gotas, em capítulos diários. Com o advento do rádio, nos anos 20, novelas foram adaptadas para o modo radiofônico. Vinte anos mais tarde, a televisão americana se apropriou do modelo e o fez entrar no molde televisivo.
Ainda que a verdade possa desagradar a nossa mandatária, não criamos a novela. Assim como não inventamos a mandioca.

Uma última observação

Num momento de notável lucidez, dona Dilma lembrou que, um dia, a humanidade se tornou humana, constatação extraordinária. A presidente não especificou como era a humanidade antes dessa crucial transformação. 

Ignaros e sedentos de aprender, ficamos todos, ansiosos, à espera de suas luzes, presidente!

O texto integral do admirável discurso está no mui oficial site do Planalto, aquele que, subserviente, chama a presidente de “presidenta”.

11 de outubro de 2015
José Horta Manzano, in Brasil de longe

DILMA TEME O IMPEACHMENT



A presidente Dilma Rousseff avalia que o movimento pelo impeachment, definido por ela como um "golpe", pode ganhar fôlego a partir desta semana e pediu a auxiliares que redobrem as forças para reaglutinar a base aliada no Congresso. Em reunião realizada neste sábado, 10, com ministros, no Palácio da Alvorada, Dilma disse temer um "comportamento desesperado" do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acuado pela suspeita de manter contas secretas na Suíça com dinheiro desviado da Petrobrás.
"Não há uma acusação frontal contra a presidente, mas Cunha pode se tornar uma fera ferida e aceitar um pedido de impeachment. O quadro é imprevisível", afirmou um ministro que participou da reunião.
Antes das novas denúncias contra Cunha, o governo argumentava que, sem conseguir recompor o bloco aliado no Congresso mesmo após a reforma ministerial, teria no máximo 70 dias para estancar a crise política. Embora a votação do parecer do Tribunal de Contas da União (TCU), que reprovou o balanço do governo, esteja prevista somente para o ano que vem, Dilma corre contra o tempo para soldar sua base de apoio, desarmar a oposição e barrar a abertura de um processo de impeachment.
PRESSÃO POPULAR
Os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e José Eduardo Cardozo (Justiça) participaram da reunião com Dilma, que retornou da Colômbia na madrugada deste sábado. Na avaliação dos ministros, Cunha está fragilizado, mas, se não houver um freio de arrumação nesse período e um sinal claro de que a governabilidade foi retomada, 2015 estará perdido e, no ano eleitoral que se avizinha, a pressão popular pode ser decisiva para mobilizar o Congresso contra Dilma.
O diagnóstico é o de que, diante da gravidade do quadro, novas derrotas podem ser fatais para Dilma. O prazo de 70 dias é o calendário com o qual o governo sempre trabalhou para pacificar a Câmara e o Senado, com o objetivo de aprovar, até o fim de dezembro, o projeto de Orçamento de 2016, necessário para o ajuste fiscal, e a Desvinculação das Receitas da União (DRU). Sem o corte de gastos de R$ 26 bilhões e sem a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), um tributo muito difícil de passar com o clima de conflagração política, a presidente terá uma vida ainda mais dura pela frente. 

Leia MAIS sobre o nervosismo no Palácio do Planalto

11 de outubro de 2015
in aluizio amorim

REPORTAGEM-BOMBA DE "VEJA" REVELA QUE DILMA ROUSSEFF REÚNE AS TRÊS CONDIÇÕES, A LUZ DA HISTÓRIA, PARA SER DESTITUÍDA DO PODER



A reportagem-bomba da revista Veja que vai às bancas neste sábado e já disponível para os assinantes digitais, demonstra que Dilma Rousseff reúne as três principais condições que, à luz da história são comuns aos governantes de democracias destituídos de seu cargo. 

Veja enumera as três condições fatais que tipificam mandatários que têm sido destituídos do cargo ao longo da história das nações verdadeiramente democráticas: 1 - São altamente impopulares; 2 - perdem apoio no Congresso; e 3 - Arrruínam a economia do país.


De forma sobeja, Dilma Rousseff reúne essas três condições e vai mais além, foi eleita por um partido que é de viés comunista e que pleiteia o poder perpétuo, sem falar no fato do velho cacoete dos comunistas que apoiar quaisquer iniquidades desde que sejam destinadas a destruir os pilares da civilização ocidental.


Logo em seguida estarei complementando este post com um resumo especial desta reportagem-bomba. 



11 de outubro de 2015

PODRIDÃO...

11 de outubro de 2015

QUE LUZ DILMA VÊ?

Talvez a presidente Dilma Rousseff de fato acredite, como ela disse em entrevista a emissoras de rádio da Bahia, que seu governo está “fazendo imenso esforço para reduzir a inflação” e que, por isso, “a tendência da inflação é de queda, reconhecida pelo mercado”. 
Falsa ou não, essa convicção a levou a afirmar que “eu estou vendo luz no fim do túnel”. Será a luz do farol do trem vindo em sentido contrário?, poderiam perguntar os realistas. 

Afinal, praticamente no mesmo momento em que o Palácio do Planalto divulgava a entrevista da presidente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciava os números da inflação em setembro. Ela já superou até o limite de tolerância da política de metas do Banco Central (BC) e continua em alta, como – ao contrário do que disse a presidente – estavam prevendo os economistas do mercado financeiro.

A alta contínua e acelerada dos preços é do conhecimento não apenas dos economistas, mas sobretudo das famílias que, com sua renda em queda por causa do desemprego e da própria inflação, compram cada vez menos com a mesma quantidade de dinheiro. Mas é ignorada pela presidente da República, numa demonstração de seu notório descolamento da realidade do País.

Apenas no primeiro semestre, a alta média dos preços aferida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – calculado pelo IBGE e referência da política de metas inflacionárias do Banco Central (BC) – tinha sido de 6,17%, bem acima da meta de 4,5% e muito próximo do frouxo limite de tolerância de 6,5% e da inflação de todo o ano passado (de 6,41%, uma variação já excessiva). 
Com a alta de 0,62% em julho, a inflação dos sete primeiros meses do ano alcançou 6,82%, estourando o limite de tolerância. Já se sabia que a variação de 0,22% em agosto, a menor alta mensal do ano, era apenas uma trégua, como confirmam os dados de setembro agora divulgados.

Com alta de 0,54% no mês passado, o IPCA acumula alta de 7,64% no ano e de 9,49% em 12 meses. A inflação dos nove primeiros meses de 2015 é a maior, para o período, desde 2003, quando o IPCA subiu 8,05% de janeiro a setembro. Era o início do primeiro mandato de Lula, quando eram muito fortes as desconfianças com relação à competência do PT de administrar o País.

Desta vez, o grande vilão apontado pelos dados do IBGE foi o gás de botijão, que subiu em média 12,98% em setembro. Essa alta impulsionou a variação dos preços que compõem o grupo Habitação do IPCA. Também a inflação de serviços ganhou força no mês passado, por causa, principalmente, da alta de 23,23% nas tarifas aéreas.

As projeções para outubro não são animadoras. A desvalorização do real em relação ao dólar deverá continuar impulsionando o preço dos produtos importados e dos itens cotados em moeda estrangeira. Além disso, o reajuste da gasolina pela Petrobrás afetará o comportamento do grupo Transportes neste mês. 
Já o grupo Alimentação, que havia registrado redução de 0,01% em agosto e alta de 0,24% em setembro (bem menor do que a variação do IPCA), tenderá a eliminar a defasagem que acumulou nos últimos meses em relação aos demais preços.

São fatores que fortalecem as mais recentes projeções de economistas do setor privado consultados semanalmente pelo BC para a elaboração de seu boletimFocus. A mediana das estimativas para a inflação de 2015 captadas pelo BC para o mais recente boletim subiu para 9,53%; no boletim anterior, era de 9,46%. 

A inflação prevista para 2016 subiu de 5,87% para 5,94%. Quanto ao desempenho da economia, o boletim do BC aferiu que a expectativa média dos economistas do mercado financeiro é de uma redução de 2,85% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, uma contração maior do que a prevista quatro semanas antes, de 2,44%. 

Outras instituições já falam em encolhimento de 3% do PIB em 2015. Esses números mostram a contínua deterioração das expectativas dos economistas do setor privado e que o otimismo da presidente não tem base real.

11 de outubro de 2015
Estadão

239 VOLTA PARA CASA

Algum dia, nas próximas três semanas, a cela será aberta e 239 caminhará, como um homem livre, até o avião que o conduzirá do Caribe à Grã-Bretanha. Lá, reencontrará sua família e ouvirá um filho chamá-lo de "pai", algo que o atemoriza, pois há 13 anos só é identificado pelo seu número de prisioneiro em Guantánamo. A história de 239 é uma prova do fracasso da "guerra ao terror" de George W. Bush e de um fiasco moral de Barack Obama, além de uma impugnação do argumento clássico de defesa da tortura.

Shaker Aamer nasceu na Arábia Saudita, mudou-se para os EUA, trabalhou como tradutor junto às forças americanas na Guerra do Golfo e estabeleceu-se em Londres, onde casou-se com uma britânica muçulmana. Eles tiveram quatro filhos, o último dos quais Aamer nunca viu, pois o menino nasceu quando ele já era 239. Meses antes do 11 de setembro de 2001, transferiu-se com a família para o Afeganistão –em busca, segundo alegou, de "uma atmosfera islâmica". Na sequência do atentado, foi capturado por uma guerrilha afegã que combatia o Taleban e entregue aos americanos.

Bush criou um tribunal militar para processar extraterritorialmente os "combatentes inimigos ilegais", enquanto seu governo autorizava o uso da tortura nos interrogatórios. As violações de direitos humanos produziram resultado nulo. Dos 779 prisioneiros que passaram por Guantánamo, apenas sete foram condenados pela corte de exceção. Aamer, como tantos, não foi nem processado. Obama declarou que "Guantánamo fere nossa reputação internacional" e "provavelmente criou mais terroristas no mundo do que aqueles que manteve detidos". Porém, diante das resistências do Congresso, recuou em sua decisão de fechar o complexo prisional.

As acusações contra Aamer foram anuladas em 2007 e ofereceram-lhe a deportação para a Arábia Saudita, que ele rejeitou temendo o encarceramento pelo crime de casar com uma estrangeira ou, pior, um programa de "desradicalização" num calabouço do reino. Mesmo diante de uma solicitação oficial do governo britânico, Washington recusou-se, por mais de 3.000 dias, a retorná-lo ao país onde tem residência legal. Na versão americana, Aamer representaria um perigo público potencial. De acordo com seu advogado, a extensão do encarceramento destinava-se a evitar a divulgação das torturas que experimentou e testemunhou.

No dossiê sobre o prisioneiro 239, consta que ele participava do alto círculo da Al Qaeda e operou como tradutor para Osama bin Laden. Sob tortura, 239 confessou tudo o que lhe perguntaram. Mas, depois, negou ter combatido ao lado dos jihadistas e atribuiu a narrativa do dossiê às lendas contadas pelos guerrilheiros afegãos que o entregaram em troca de recompensa monetária. O tribunal militar desistiu de processá-lo pois nada tinha, exceto a confissão contaminada.

A justificação "moral" da tortura assenta no dilema da bomba-relógio. Se é capturado um terrorista que guarda informação sobre um atentado iminente, não seria a tortura uma ferramenta aceitável, até compulsória, para salvar as vidas de incontáveis inocentes? O problema insolúvel do argumento é que ele supõe um cenário ideal, no qual sabe-se de antemão que o prisioneiro é um terrorista e, ainda, que dispõe de um segredo específico. A história de Aamer, entre tantas outras, revela que tal cenário é uma construção puramente teórica, destinada a flexibilizar um interdito moral. Na neblina da vida real, seria preciso torturar pencas de inocentes e terroristas ignorantes até chegar, casualmente, ao detentor da informação crucial.

Nunca saberemos o que Aamer foi fazer no Afeganistão em 2001. Não sabemos o que ele fará depois de beijar o filho que não conhece. Se desaparecer no mundo cotidiano, provará que a tortura não funciona. Se explodir-se, matando inocentes em nome de um califado mítico, provará exatamente a mesma coisa.



11 de outubro de 2015
Demétrio Magnoli

NÃO DIZ BESTEIRA, PEZÃO!

O pensamento de Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Rio de Janeiro, é tão fino e delicado como a sua silhueta.

No dia seguinte à decisão do Tribunal de Contas da União sobre as contas do governo Dilma de 2014, Pezão defendeu a revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para torna-la mais flexível.

Por flexível, entenda-se: condescendente com o desrespeito aos seus atuais dispositivos.

Em resumo, Pezão quer que prefeitos, governadores e presidentes possam gastar mais do que têm para gastar.

Viva a lambança!

Pezão minimizou o parecer do TCU que recomendou ao Congresso a rejeição das contas de Dilma. E alertou, preocupado com o seu e o futuro dos demais administradores de dinheiro público:

- Se estão fazendo isso com a Presidência da República, imagina o que vai vir daí para baixo. Temos aspectos da LRF que precisam ser discutidos. Se não for feito isso, não sobrará nenhum gestor neste país.

Não sobrará gestor irresponsável.

Interessado em ser reconhecido por Dilma como seu maior aliado dentro do PMDB, o governador do Rio sapecou:

- Já vi contas de municípios e estados serem rejeitadas pelos Tribunais de Contas e, depois, aprovadas pelo Legislativo.

Simpatia nada tem a ver com talento para o exercício de cargo público. Pezão continua sendo um sujeito simpático.



11 de outubro de 2015
Ricardo Noblat

A FRENTE SOCIALISTA DOS PALESTRANTES MILIONÁRIOS

A Petrobras é uma mãe, e se você não está na ninhada é porque não se filiou ao partido certo (Guilherme Fiuza)


Enquanto a Polícia Federal descobre R$ 4,5 milhões pagos por uma empreiteira a Lula, o PT lança a candidatura presidencial do filho do Brasil com uma “guinada à esquerda”. 
Coerência total: o dinheiro da empreiteira, segundo o Instituto Lula, era para “erradicar a pobreza e a fome no mundo”. 
É um projeto ambicioso, mas pode-se dizer que já está dando resultado, com a erradicação da fome da esquerda por verbas e cargos. Uma fome de cada vez.

O discurso preparado pelo PT para seu Congresso em Salvador inicia a arrancada para dar ao Brasil o que ele merece: a volta de Lula da Silva em 2018. 
Com sua consciência social e convicção progressista, o Partido dos Trabalhadores salta na trincheira contra o neoliberalismo, assumindo sua vocação de governo de oposição – o único no mundo. 
O truque é simples, e vai colar de novo: a vida piorou e o desemprego voltou por causa “da crise global do capitalismo”, esse monstro que infiltrou Joaquim Levy no governo popular. Lula voltará à Presidência para enxotar novamente essa maldição capitalista (bancado pelo socialismo das empreiteiras amigas).

O gigante se remexe na cama, mas a armação dos companheiros definitivamente não atrapalha seu sono. ÉPOCA mostrou o ex-operário trabalhando duro pelo sucesso internacional da Odebrecht, a campeã de financiamentos externos do BNDES. 

Revelou que o Ministério Público investiga o ex-presidente por tráfico de influência. Vem a Polícia Federal e flagra as planilhas da Camargo Corrêa, investigada na Operação Lava Jato, com uma média anual superior a R$ 1 milhão em transferências para Lula (Instituto e empresa de palestras) desde que ele deixou a Presidência. E o gigante ronca.

O Brasil não se incomoda com a dinheirama entregue a Lula. É uma ajudinha ao grande líder para que ele combata a pobreza no planeta, qual o problema? Nenhum. A não ser para essa elite branca invejosa, que acha estranho o dinheiro vir de empreiteiras que têm como cliente o governo no qual Lula manda.

Os petistas, como se sabe, são exímios palestrantes e consultores. Destacam-se nessa arte estrelas como o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o ex-­ministro Antonio Palocci, ambos consagrados por suas consultorias mediúnicas milionárias. 

Lula deve ter passado seus oito anos no Palácio do Planalto treinando duro, porque saiu de lá em ponto de bala. 
Não é qualquer um que chega a Moçambique, faz uma palestra e embolsa R$ 815 mil – pagos à vista por uma empreiteira brasileira. 
Deve ser isso o paraíso socialista: empresários pagando fortunas a iluminados por palestras em outro continente, para a construção de um mundo melhor.

Assim fica fácil salvar o Brasil da crise global do capitalismo, conforme a plataforma do PT no seu 5º Congresso Nacional. Com a assinatura da delação premiada de Júlio Faerman, ex-representante da empresa holandesa SBM, os brasileiros entenderão ainda melhor como o capital internacional elitista e malvado escorre docemente para o bolso dos defensores do povo – através das fantásticas operações socialistas envolvendo a maior estatal do país. 
A Petrobras é uma mãe – e se você não está na ninhada é porque não se filiou ao partido certo.

A inflação bate 8,5%, e o milagre brasileiro (da miopia) permite que a presidente da República assegure, tranquilamente, o respeito à meta – que é de 4,5%. Quem quiser chamá-la de mentirosa assegurando o respeito ao que ela diz, portanto, estará dentro da margem de erro. 

Mas ninguém fará isso, porque o Brasil adormeceu de novo, em bloco. A recessão iminente, a escalada do desemprego e o consequente aumento da violência urbana – com tiros e facadas democraticamente distribuídos nas capitais do país – são problemas que a nova Frente Popular vai resolver em 2018, com Lula lá. 
Duvida? Então procure saber o tamanho do caixa que a frente de palestrantes e consultores formou nos últimos 12 anos, com o mais sórdido dos cúmplices: a opinião pública brasileira.

A reeleição de Lula após o mensalão permitiu a ascensão de Dilma. A reeleição de Dilma após o petrolão permitirá a volta de Lula. 
A divertida gangorra prova que o crime compensa. A não ser que... Melhor não falar, para não perturbar o sono do gigante.

11 de outubro de 2015

Guilherme Fiuza

TODO O PODER AO JUDICIÁRIO



Renunciar, ele não vai. Nem à presidência da Câmara nem ao mandato. Não há instrumento jurídico no regimento interno para proporcionar seu imediato afastamento da direção dos trabalhos, à exceção da renúncia. A cassação, pela via do Conselho de Ética, é demorada. Sendo assim, só existe uma saída para os que querem imediatamente ver Eduardo Cunha pelas costas: a condenação dele pelo Supremo Tribunal Federal como incurso num dos crimes ligados à Operação Lava Jato. Seria automática a perda do mandato, ainda que também levasse tempo.
Depois da denúncia pelo Procurador-Geral da Republica, se aceita, seguir-se-á um processo onde o direito de defesa prevalece. Precisará ser provado o recebimento de propina saída de contratos da Petrobrás e a participação do deputado nos negócios podres celebrados pela empresa. Sendo assim, prevê-se a permanência do personagem na chefia da mesa da Câmara até o final do período para o qual foi eleito, no final do próximo ano.
A pergunta que se faz é dupla: o Legislativo aguenta o monumental desgaste?    Eduardo Cunha utilizará os mecanismos a seu dispor para promover o processo de impeachment contra a presidente Dilma, combatendo um escândalo com outro?
Para a nação, o descrédito nas instituições. Para o cidadão comum, a impressão de que governantes, políticos, empresários e altos funcionários públicos chafurdam-se na mesma lama, realidade certamente exagerada mas impossível de ser evitada.
Já foi dito mas vale ser repetido: só a união nacional funcionaria como antídoto para tanta lambança, mas como promovê-la se inexistem entidades em condições para tanto? Não será através de partidos políticos que chegaremos lá. Nem por meio de sindicatos, corporações, associações de classe, religiões e sucedâneos. Sobra o Judiciário, apesar de seu ritmo e até de seus vícios. Nos idos de 1945, com a ditadura do Estado Novo posta em frangalhos e novos ventos varrendo o planeta, mais do que um slogan, surgiu uma solução: “todo o poder ao Judiciário”. Era a tábua de salvação para aquele momento. Quem sabe voltará a ser?
MAIS UMA GAFE
Não dá para contar o número de gafes que Madame vem fornecendo. Esta semana as redes sociais estão distribuindo aos montes a gravação de discurso por ela pronunciado nas Nações Unidas, quando sugeriu que o vento deveria ser estocado. Pois tem outra, aliás, mais grave. Acusou as oposições de tramarem um golpe democrático entre aspas, à maneira do que fizeram no Paraguai. Isso num momento em que muitas empresas brasileiras cruzam a fronteira em busca de melhores negócios. O governo paraguaio não reagiu, talvez por educação ou por interesse.  Mas poderia…

11 de outubro de 2015
Carlos Chagas

LATINDO PARA ECONOMIZAR CACHORRO


Os orçamentos públicos, todos no Brasil, estão pela hora da morte. União, Estados e municípios não conseguem pagar seu custeio e fazer investimentos mínimos com o que arrecadam. Verdade é que muito desse desajuste é produto da incompetência e da irresponsabilidade na aplicação dos recursos públicos, vícios que se vêm denunciando há décadas, que é a falta de qualidade de políticas públicas e do próprio gasto. O inchamento da máquina pública, o gigantismo do Estado com sua presença em setores onde nada justifica tal realidade e, acrescente-se a isso ainda a fraude, a corrupção e todas as formas de improbidade e lesão ao genuíno interesse público.
A exemplo da União, o Estado de Minas Gerais amarga um quadro de grandes dificuldades financeiras, fruto, segundo explica o atual governo, dos desajustes herdados das administrações anteriores. O governo tem vindo a público todos os dias para anunciar cortes, demissões, extinção de cargos de confiança, de regalias e de privilégios diversos. Essa é uma tarefa sem fim e prova disso é a proposta orçamentária apresentada à Assembleia Legislativa para o exercício fiscal de 2016.
DÉFICIT EM MINAS
Resumidamente, com as recentes majorações de ICMS ainda teremos um déficit orçamentário de R$ 8,9 bilhões no próximo ano. Diante desse resultado, trágico para um Estado que represa investimentos inadiáveis em setores onde sua presença é constitucionalmente obrigatória e em outras onde ainda se acha à frente em decorrência de seu imobilismo em abrir concessões à iniciativa privada (estradas, saneamento básico, pesquisa, instalação e distribuição de gás, água e geração de energias renováveis), Minas tem que melhorar o perfil de sua arrecadação.
Maior Estado minerador do país, Minas detém a maior reserva de nióbio do mundo, em qualidade e quantidade, cuja exploração, detida pelo grupo privado CBMM, em parceria com a Codemig, extrai 58 mil toneladas desse mineral considerado estratégico e essencial ao mundo.
MERCADO RESTRITO
Apenas 25 compradores concentram seu mercado, para levá-lo para a China e para os Estados Unidos, e pagam US$ 50 pelo quilo exportado. A única taxação exercida pelo Estado de Minas a essa exploração, de resultados bilionários, está na cobrança da TFRM-Taxa de Fiscalização de Recursos Minerários, hoje estabelecida em R$ 2,97 para cada tonelada extraída, representando a ridícula arrecadação de R$ 172.260 por ano.
Projeto do deputado Iran Barbosa, já aprovado em votação pelo plenário da ALMG, eleva para R$ 14,85 a taxação do quilo extraído e exportado, promovendo uma arrecadação pelo tesouro mineiro de quase R$ 900 milhões/ano. É demasiado? Parece que não, pelo que representa esse mineral e mais de 50 anos de exploração sem nada deixar aos cofres do Estado.
Minas não pode se abster nesse momento e exercer seu poder de tributar com justiça, corrigindo um erro histórico, burro e injustificável. Boa hora também para se auditar essa parceria nunca avaliada com rigor e de resultados nunca conhecidos, inexplicavelmente, na sua extensão pelos mineiros.

11 de outubro de 2015
Luiz Tito
O Tempo

BASE ALIADA DÁ PRAZO DE 10 DIAS PARA O GOVERNO

BERZOINI PEDE 10 DIAS PARA 'ARRUMAR CASA' COM A BASE ALIADA

BERZOINI TEM 10 DIAS PARA ARRUMAR CASA OU BASE VAI APOIAR IMPEACHMENT. FOTO: JOSÉ CRUZ/ABR


O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, pediu um prazo de 10 dias para “arrumar a casa e aparar as arestas” com a base aliada de Dilma, que aceitou “baixar o tom” até o fim de outubro. Definiu-se o veto ao reajuste do Judiciário como a penúltima cartada dos aliados da presidente Dilma. Caso as exigências não sejam atendidas, os parlamentares já ameaçam apoiar o pedido de impeachment.

Após duas tentativas frustradas de votação dos vetos, deputados do PSD, PP, PRB e PTB prometem dar quórum na próxima semana.

É nítida a insatisfação com a reforma ministerial que privilegiou ala do PMDB ligada ao líder Leonardo Picciani (RJ) e ignorou outros aliados.

O líder de um partido da base resume: “O governo colocou o PMDB na primeira classe e o restante da base na econômica”.



11 de outubro de 2015
diário do poder

MENINO DE RECADOS

JÁ NA DEFESA, AMORIM ERA ‘O CARA’ DA ODEBRECHT
PF INVESTIGA ATUAÇÃO DE AMORIM PARA A EMPREITEIRA NO GOVERNO

PF APONTA ATUAÇÃO DE AMORIM PARA A ODEBRECHT NOS GOVERNOS DO PT

Ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula e ex-ministro da Defesa no governo Dilma, Celso Amorim teria representado interesses da empreiteira Odebrecht nos governos do PT, segundo comunicados apreendidos pela Polícia Federal na sede da empreiteira, na Operação Lava Jato. 
A PF investiga a influência de Amorim enquanto chefe do Itamaraty e também avalia se a “atuação” continuou no governo Dilma.

Em 28 de agosto de 2013, Amorim recebeu Marcelo Odebrecht, André Amaro, Luiz Rocha e João Carlos Mariz Nogueira, todos da Odebrecht.

Um e-mail apreendido na sede da Odebrecht pela PF revelou encontro de executivos da empreiteira com Celso Amorim, em Nova York.

A PF investiga se Amorim era “ponte” da Odebrecht com Lula para viabilizar negócios no exterior, com financiamento brasileiro.

A força-tarefa da Lava Jato investiga contratos secretos de empreiteiras brasileiras para realizar obras no exterior, sem órgãos fiscalizadores.



11 de outubro de 2015
diário do poder

OPOSIÇÃO CRITICA CUNHA, MAS PRECISA DELE NA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA

Charge O Tempo 10/10

Os jornais divulgam que, devido ao agravamento das denúncias sobre as contas secretas no exterior do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de seus familiares, os principais partidos de oposição decidiram cobrar publicamente que o peemedebista se afaste da presidência da Câmara.
No sábado, nota conjunta divulgada por PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade defende o “afastamento do cargo de presidente até mesmo para que ele possa exercer, de forma adequada, seu direito constitucional à ampla defesa”.
Cunha se tornou a ovelha mais negra do rebanho e ninguém mais se arrisca em defendê-lo, não importa se o partido é de situação ou de oposição. Mais alguns dias e até o PMDB estará pedindo que ele renuncie à presidência da Câmara.
APARÊNCIAS, NADA MAIS
Mas nem o PMDB nem as oposições querem que Cunha se afaste. Pelo contrário, torcem desesperadamente para que ele resista a todas as pressões e provas que surgem contra ele, sua mulher e sua filha mais velha. É preciso que ele continue na presidência da Câmara, para comandar o espetáculo do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que precisa ser conduzido com maestria para não dar errado.
O vice-presidente da Câmara é o veterinário Waldir Maranhão, eleito pelo PP maranhense. Como se sabe, o PP é o partido mais envolvido no escândalo da Petrobras, e o próprio deputado Maranhão está denunciado pelo doleiro Alberto Youssef. Em depoimento na CPI da Petrobras, ele disse que o vice-presidente da Câmara recebeu dinheiro oriundo de propinas pagas por empresas contratadas pela estatal, e o pagamento a Maranhão teria sido feito diretamente por Youssef.
UMA DERROTA
Na verdade, colocar Waldir Maranhão na presidência da Câmara seria uma derrota para o PMDB e os partidos de oposição. Não é nada fácil conduzir um processo de impeachment e Cunha está preparado e determinado a fazê-lo.
Esta semana, ele vai recusar o pedido apresentado pelo ex-deputado Hélio Bicudo, pela professora universitária Janaína Paschoal e pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr. É exatamente isto que o PMDB e os partidos estão esperando, para recorrer ao plenário e abrir o processo de impeachment.
O mais curioso é que o principal beneficiário de tudo será o próprio Cunha, que sairá da linha de fogo da imprensa, pois daqui para frente o assunto do dia será sempre o impeachment e o envolvimento dele na corrupção da Petrobras passa para segundo plano.

11 de outubro de 2015
Carlos Newton

FERNANDO BAIANO PAGOU CONTAS DE LULINHA, O FILHO DE LULA



E Lula dizia que o filho era um “fenômeno” empresarial…


Está destinada a causar um estrondoso tumulto a delação premiada de Fernando Baiano, cuja homologação foi feita pelo ministro Teori Zavascki na sexta-feira.
O operador (de parte) do PMDB na Petrobras pôs no olho do furacão nada menos do que Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.
Baiano contou que pagou despesas pessoais do primogênito de Lula no valor de cerca de R$ 2 milhões. 
Ao contrário dos demais delatores, que foram soltos logo após a homologação das delações, Baiano ainda fica preso até 18 de novembro, quando completa um ano encarcerado. Voltará a morar em sua cobertura de 800 metros quadrados na Barra da Tijuca.
A propósito, quem teve acesso ao conteúdo da delação conta que Eduardo Cunha é, sim, citado por Baiano, que reconhece suas relações com o presidente da Câmara. 
Mas não entrega nada arrasador contra Cunha.
MAIS UMA CONTA DE CUNHA
Além de contas secretas no Julius Baer, Eduardo Cunha guardava dinheiro em outro banco suíço, o BSI. A informação consta dos documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça às autoridades brasileiras na semana passada.
O BSI, que desde julho é controlado pelo brasileiro BTG Pactual, não confirma a informação dos procuradores suíços. Evidentemente, não há qualquer conta em nome do presidente da Câmara. Segundo o dossiê recebido, porém, Cunha seria o beneficiário final das contas.
Hoje, existem quatro contas bloqueadas no BSI a pedido da Lava-Jato. Uma delas pertence ao ex-operador de (parte do) PMDB na Petrobras João Augusto Henriques, cujo bloqueio ocorreu em novembro.
No depoimento à PF, Henriques admitiu que fez transferências de dinheiro para uma conta de Cunha no exterior.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Espetacular a estréia de Lauro Jardim no Globo, um grande reforço. Mas deve-se lamentar algumas mudanças recentes no jornal, que são verdadeiramente inexplicáveis, como o afastamento de Joaquim Ferreira dos Santos, o melhor cronista da cidade, uma espécie de João do Rio redivivo, e o enxugamento do caderno Prosa e Verso. Em “compensação”, contrataram alguns colunistas verdadeiramente insuportáveis.(C.N.)
11 de outubro de 2015
Lauro JardimO Globo

A MELHOR MANEIRA DE NÃO SE RESOLVER NADA É CONVOCAR UMA REUNIÃO

Depois da decisão do TCU, a reunião ministerial. Para quê? Para nada…

Esta frase atravessa a névoa do tempo, tem dezenas de autores, o que torna impossível identificá-los, nasceu no espaço político e está cada vez mais atual, principalmente no Brasil. 
A turma infindável, adepta do talking about, pratica com perfeição o esporte de reunir. 

Nesse plano se resolve tudo (falar sobre assuntos diversos é fácil), executar as soluções é que é o problema. 
Para comprovar essa colocação basta assistir a debates sobre economia na televisão. Limitam-se a desenvolver teorias. São adversários da prática.

Aliás a teoria na prática é outra coisa, como dizia – seu autor eu me lembro – o senador Benedito Valadares, que, entre seus méritos, teve o de nomear Juscelino Kubitschek prefeito de Belo Horizonte, por volta de 1940, durante a ditadura de Getúlio Vargas. 
Valadares era governador interventor de Minas Gerais. 
A ditadura da época durou de 1937 a 29 de outubro de 1945, quando o ditador foi derrubado pela redemocratização do país.

Mas estou me afastando do assunto, do ponto central. 
Falei da inutilidade da grande maioria das reuniões. 
A reunião ministerial convocada pela presidente Dilma Rousseff, na tarde de quinta-feira, no Palácio do Planalto, destacada no dia seguinte pela reportagem de Valdo Cruz, Gustavo Uribe, Marina Dias e Isabel Versiani, na Folha de São Paulo, edição de 9, é um exemplo marcante.

UM VAZIO DE IDEIAS

Realizada para analisar os reflexos da decisão do TCU sobre as contas públicas de 2014, resultou em absolutamente nada. O desfecho caracterizou a presença do óbvio ululante. 
Pois o que aconteceu no Palácio do Planalto foi exatamente isso: um vazio de ideias e nada mais além das repetições que assinalam os movimentos do poder político. 

Depois de horas, produziu-se um tratado vazio de qualquer conteúdo concreto, e de interesse coletivo.
Por exemplo: o ministro Ricardo Berzoini, chefe da Secretaria de Governo, reclamou do não cumprimento, pelo Planalto, dos acordos firmados nos bastidores para assegurar o apoio de parlamentares que integram a  agora diluída base aliada no Congresso. 

O vice Michel Temer disse que apoiava a manifestação de Berzoini, acentuando que foram fatos assim que o levaram a se afastar do ministério sem pasta criado de fato para desenvolve a articulação política do Executivo no Legislativo.
Quer dizer: troca de nomeações por votos no Congresso. Algo mais grotesco do que ridículo, no fundo da questão. 

Impressionante a presença de tão baixo nível nas articulações, e dos articuladores. Assim é impossível, não se vai a lugar algum. Francamente, é demais.

CANETA MÁGICA

Nenhuma matéria efetivamente importante foi alvo de qualquer análise ou debate mais sério. 
Se a caneta mágica da presidência tivesse o poder de por si só resolver todos os desafios e remover os obstáculos com os quais se defronta o país, o governo não teria razões de se preocupar com seu destino, com o desfecho da atual crise brasileira.

Suas razões (as da crise) são mais profundas. O problema essencial vem da falta de sintonia de Dilma Rousseff com a população, portanto com a consciência pública. 
Porque, na verdade, ninguém consegue governar sem a opinião pública. Esta, como o Datafolha e o Ibope vêm revelando, rejeita maciçamente a administração federal.

Sem pelo menos reduzir fortemente esse quadro de indisposição coletiva, a atual presidente não conseguirá livrar-se do maremoto, fruto da incompetência, e estabilizar sua viagem até a sucessão de 2018. 
Três anos passam depressa, porém na política são uma eternidade. Tudo é relativo. Como aliás, os impulsos humanos confirmam. Só Deus é absoluto.

11 de outubro de 2015
Pedro do Couto