"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

USP: A REFORMA NECESSÁRIA

SE A USP QUISER SER VERDADEIRA UNIVERSIDADE TEM DE ACABAR COM A ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS QUE NÃO PASSA DE CENTRO DE TREINAMENTO DE AGITADORES COMUNISTAS.
Mascarados portanto barras de ferro e pés-de-cabra tentam arrombar a porta do Conselho Universitário da USP. Sabem o que está faltando: relho no lombo dessa gentalha vagabunda.
O que está acontecendo na USP é uma vergonha. Um bando de celerados comunistas, vinculados aos sindicatos controlados pela CUT, tentam implantar um clima de anarquia na mais importante instituição de ensino superior do Brasil.

A USP é um instituição do Estado de São Paulo e, portanto, não deve vassalagem ao governo do PT. Neste caso, se eu fosse o governador de São Paulo simplesmente resolvia o problema com uma só decisão: fechava toda a área de ciências humanas e sociais, de artes, comunicação e outras bobagens assemelhadas, já que esse setor da universidade é uma incubadora de agitadores comunistas. 

Assim a universidade se concentrava no que é essencial para o país: os cursos da área tecnológica e ciências da saúde e biologia. Assim a universidade manteria Medicina, Odonto, Farmácia e demais cursos da área e as engenharias, química, física, ciências da computação, matemática e cursos correlatos.
O resto só dá despesa, não serve para nada e leva para o campus bandos de viciados em entorpecentes, sindicalistas da do PT, enfim, a escória diletante e maconheira. 
Além disso, determinava a ocupação do campus pela Polícia Militar por tempo indeterminado.
É inadmissível o que está ocorrendo na USP e nas demais universidades do Brasil, que, sob o governo do PT, se transformaram em centros de treinamento dos bate-paus do PT e seus satélites.
Transcrevo matéria do site de Veja que relata o que aconteceu nesta terça-feira no campus da USP, invadida por bandos de mascarados portanto pés-de-cabra e barras de ferro, para arrombar a porta da sala do conselho universitário. Leiam:
Cerca de 400 manifestantes ocuparam o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) na tarde desta terça-feira para exigir eleições diretas para a direção da instituição. O protesto começou às 13 horas e reuniu grupos de docentes, alunos e funcionários dos campi da capital e do interior de São Paulo, além de representantes da Associação dos Docentes da USP (Adusp) e do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).
O conselho universitário decidiu nesta terça-feira, em encontro fechado, como será a eleição para reitores da USP. Os manifestantes tentaram arrombar as portas da sala onde ocorreu a reunião, mas foram impedidos por seguranças, que estavam do lado de dentro.
 
A eleição era realizada em três etapas: primeiro e segundo turnos e nomeação pelo governador de um dos nomes de uma lista tríplice dos mais votados. A partir de agora, a escolha do reitor e do vice-reitor será realizada em turno único. A definição entre os três mais votados continua prerrogativa do governador. Ainda não foi definida a data do pleito. O calendário deverá ser definido até a próxima sexta-feira, dia 4. O mandato do atual reitor vigora até 25 de janeiro de 2014
 
Os manifestantes exigem votação aberta e direta. "Lutamos pelas eleições diretas, paridade de votos entre professores, estudantes e funcionários e o fim da lista tríplice", reivindica a diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e estudante do segundo ano do curso de Letras, Luisa D`Avola, de 25 anos,
Duas viaturas e cinco policiais acompanham a manifestação na frente do prédio. Não houve confronto durante a entrada dos alunos no prédio.
 
Em 2011, estudantes ocuparam o prédio da reitoria da USP por uma semana para protestar contra o convênio firmado entre a universidade e a Polícia Militar para fazer a segurança da Cidade Universitária. A crise foi deflagrada pela apreensão de três estudantes que portavam maconha no campus Butantã. 
 
 
02 de outubro de 2013
in aluizio amorim

METAMORFOSE AMBULANTE


 
O ex-presidente Lula, referindo-se à mesma metáfora usada quando presidente para explicar atitudes e declarações contrastantes com ideias e princípios por ele reafirmados e jurados como sendo suas marcas, auto-intitulou-se de metamorfose ambulante de Dilma durante a campanha, já em curso, para a reeleição de 2014. 
Tal posicionamento dá margem a interpretar que vem por aí uma espécie de vale-tudo eleitoral, sem obstáculos éticos, bem ao feitio do PT, visando a abocanhar um incômodo terceiro mandato a ser pilotado pelo mesmo grupo que está, desde que assumiu o poder, dilapidando o país através de estratégias de corrupção e de posturas estatizantes, retrógradas e populistas, que acarretaram, ao longo dos dois primeiros termos, o aumento da deterioração da já desrespeitada classe política, a perda de prestígio internacional do Brasil, o crescimento pífio e a desconfiança de investidores. 
Levando-se em consideração o baixo nível do eleitor brasileiro, o que o torna presa fácil de mirabolâncias demagógicas, aliado ao fato de Lula declarar-se mutante quando necessário, é inevitável, por parte da sociedade consciente, a preocupação com o futuro do país.
 
Pobre Raul Seixas. Teria ele gravado sua excelente composição se soubesse que seria ela um dia utilizada para propósitos de poder?
 
02 de outubro de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, Reformado.

CENSURA OU SENSURA



Parafraseando Marcelo Mansfield: A gente chora por onde sente saudade! Saudade pela luta da liberdade de expressão, mas “essa tal liberdade” (não a letra de pagode) desvirtuou todo o clima de intensidade pelo direito de dar uma opinião ou mostrar algo ao mundo.
O cuidadismo pela fobia de ofender alguém só é praticando em razões exponenciais de crítica aguda à governaça. Não se observa esse mesmo papel em relação ao estupro mental de conteúdo fornecido pelas grandes mídias em forma de entretenimento que objetiva não só o funcionalismo financeiro, mas a ressurreição de uma pseudo idade média.
Censura é uma necessidade de fato, o que regimenta a ética e determina o limite daquilo que pode evitar catástrofes sociais. No entanto a censura em que vivemos visa apenas interpretar um lado da história. A censura deveria demarcar os limites do certo e do errado para quem manda e para quem obedece.
Dessa forma, a censura necessita de “sensura”, um neologismo que indica sensatez, sentido, em inglês sense; e que em bom português se interpreta como noção.
O trocadilho é péssimo, mas a nossa nação precisa de noção!
A liberdade de expressão é necessária, e a “sensura” entenderia esse conceito. No entanto, a falta de cultura que enraíza o Brasil, deturpa tal interpretação e recupera uma velha máxima do Império Romano utilizada para gerar opacidade integral ao real conhecimento: “circo ao povo”.
Um circo em que: o mágico anda na corda bamba, o mestre de cerimônias é a mulher barbada, os animais são soltos e indomáveis e a plateia está cheia de palhaços choramingando.

02 de outubro de 2013
Fabrizio Albuja é Jornalista e Professor Universitário.

MPE DECIDE: LEI É PARA SER CUMPRIDA E PARTIDO DE MARINA SILVA NÃO DEVE RECEBER REGISTRO


 
Devido à insuficiente comprovação de apoio popular, o Ministério Público Eleitoral recomendou nesta terça-feira (01) à Justiça que negue o pedido de registro do partido da ex-senadora Marina Silva, o que aumenta as dificuldades para que ela dispute o Palácio do Planalto pela Rede Sustentabilidade.
 
Em parecer assinado pelo vice-procurador-geral Eleitoral, Eugênio Aragão, o Ministério Público afirma que o pedido do partido "continua sem condições de ser atendido". "Criar o partido com vistas, apenas, a determinado escrutínio [eleições de 2014] é atitude que o amesquinha, o diminui aos olhos dos eleitores", escreveu Aragão em seu parecer.
 
A decisão de Aragão é baseada no fato de a Rede não ter conseguido validar nos cartórios eleitorais as 492 mil assinaturas mínimas de eleitores em apoio à sua criação. De acordo com a área técnica do tribunal, a Rede entregou apenas 442,5 mil assinaturas válidas --quase 50 mil a menos do que o mínimo necessário.
 
A posição do procurador é um dos elementos que os sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral usarão como base para decidir, nesta quarta ou nesta quinta, se aprovam ou não a Rede. Para participar das eleições de 2014, o partido precisa ser aprovado nesta semana.
 
Em seu parecer pela rejeição do pedido, Aragão rejeita a tese central da Rede para tentar conseguir sua aprovação, a de que o TSE deve considerar válidas 98 mil assinaturas que foram rejeitadas pelos cartórios sem que eles tivessem divulgado os motivos da recusa.
 
"Na praxe cartorária, o não reconhecimento de firma [assinatura] não demanda motivação para tanto. Uma firma deixa de ser reconhecida pelo simples fato de não haver correspondência entre as assinaturas confrontadas. Não seria razoável cobrar dos cartórios eleitorais discriminação individualizada sobre o porquê de cada uma dessas 98 mil assinaturas não terem sido reconhecidas e contabilizadas. Provar a autenticidade das assinaturas é ônus do partido, não dos cartórios."
 
 
02 de outubro de 2013
in coroneLeaks

MINHA CASA PARA OS MEUS

O aparelhamento do governo pelo Partido dos Trabalhadores (PT) cresce a cada dia, evidenciando que o lulopetismo não tem o menor escrúpulo em colocar a máquina estatal e o dinheiro público a serviço de seu projeto de perpetuação no poder. Reportagens de Adriana Ferraz e Diego Zanchetta publicadas no Estado de domingo e de segunda-feira revelam que na cidade de São Paulo 11 das 12 entidades que tiveram projetos aprovados no programa Minha Casa, Minha Vida - a mais importante iniciativa do governo federal na área de habitação popular - são dirigidas por filiados ao PT e privilegiam correligionários na seleção dos candidatos ao financiamento da casa própria. É dinheiro público usado para atender a interesses políticos do partido que está no poder. O nome disso é corrupção.
Não basta, porém, ser filiado ou ativista do PT para fazer jus ao financiamento imobiliário que deveria ser direito de todo sem-teto com renda familiar de até R$ 1,6 mil, preferencialmente morador de áreas de risco ou deficiente físico. Os candidatos aos 4 mil imóveis oferecidos pelo Minha Casa, Minha Vida em São Paulo precisam também estar associados a uma das entidades que recebem e gerenciam os R$ 238,2 milhões destinados ao programa. E esse vínculo custa, além de uma "taxa de adesão" que pode chegar a R$ 50, o pagamento de mensalidades de no mínimo R$ 25. Ser petista, portanto, é necessário, mas não suficiente. É preciso ainda que o candidato possa pagar a taxa e as mensalidades, o que elimina os muito pobres.
Não param aí as "peculiaridades" do critério petista aplicado para eleger quem tem direito a comprar uma casa popular a partir de R$ 3 mil financiados em 120 meses. Conta pontos ser ativista dos movimentos populares, participar de assembleias e reuniões promovidas pelas tais entidades, inclusive audiências públicas na Prefeitura. Na opinião do advogado Marcio Cammarosano, professor de Direito Público da PUC-SP, é um critério que fere a isonomia a ser observada na seleção de candidatos ao financiamento e, por isso, "inconstitucional, além de escandaloso e absolutamente descabido".
Na direção atual ou recente das entidades que têm a responsabilidade de planejar as moradias populares e construí-las com os recursos repassados pelo Ministério das Cidades há funcionários da administração municipal como Vera Eunice Rodrigues, comissionada na Cohab, que não se elegeu vereadora pelo PT no ano passado, quando comandou ocupações de imóveis e manifestações de protesto contra o ex-prefeito Gilberto Kassab. Na época, ela era presidente da Associação dos Trabalhadores Sem-Teto da Zona Noroeste, uma das 11 que hoje dominam a área na capital. Ou Luiz Gonzaga da Silva, filiado ao PT há mais de 30 anos, gestor do Movimento de Moradia Centro (MMC).
Essas entidades dirigidas por petistas não se limitam a administrar projetos de moradia popular do Minha Casa, Minha Vida. Comandam também as invasões de imóveis desocupados: só este ano, foram mais de 50 na cidade. E reivindicam o direito de indicar os felizes proprietários de pelo menos 20 mil das 55 mil casas populares que a gestão Haddad promete entregar até 2016. O prefeito sacramentou essa possibilidade por decreto, em agosto.
Nem todas as entidades que trabalham com os sem-teto, no entanto, são vinculadas ao PT. Um exemplo é a Rede Comunidades do Extremo Sul, do Grajaú, que optou por ficar de fora, pelo menos por ora, do Minha Casa, Minha Vida - Entidades, para preservar sua independência política. Um de seus coordenadores, Gustavo Moura, cuja militância nos movimentos populares por moradia para os sem-teto é inquestionável, afirma: "Queremos ter voz, mas mantendo nosso padrão apartidário, mesmo sabendo que essa posição pode nos colocar como inimigos do governo".
A insuspeita, do ponto de vista dos chamados "interesses populares", manifestação de Moura, que dias atrás participou da ocupação da Secretaria do Verde, ilustra claramente a lógica petista: para a companheirada, tudo; para os que não aderem, o anátema de "inimigos".
02 de outubro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
 

ESTATAIS CHINESAS PODEM TER QUE SE UNIR EM UM SÓ CONSÓRCIO NO PRÉ-SAL

ANP estuda caso da Sinopec, sócia de espanhola e portuguesa

A Agência Nacional do Petróleo está avaliando se a Sinopec, uma das três chinesas que se inscreveram para o leilão do pré-sal previsto para 21 de outubro, poderá participar da disputa em um consórcio separado das outras duas estatais chinesas inscritas, CNPC e Cnooc.
 
Essas duas, pelo edital, não podem participar de consórcios diferentes. O objetivo é evitar que o controlador, no caso o governo chinês, tenha informações privilegiadas sobre os outros consórcios.
 
Ontem, a agência reguladora habilitou as 11 empresas que se inscreveram para o primeiro leilão sob o regime de partilha.
 
Além das três chinesas, elas são a indiana ONGC, a colombiana Ecopetrol, a japonesa Mitsui, a portuguesa Petrogal, a Petrobras, a malaia Petronas, a anglo-holandesa Shell e a francesa Total.
 
A Sinopec se inscreveu em parceria com a Repsol, com a qual já tem sociedade no setor. A chinesa, porém, também tem 30% da Petrogal.
 
A expectativa é que as empresas chinesas se associem à Petrobras. A presidente da estatal brasileira, Graça Foster, viajou à China no fim de agosto para conhecer os possíveis parceiros.
 
Com o caixa enfraquecido pela defasagem dos preços dos combustíveis, a Petrobras teria dificuldade de aumentar a sua participação. Ela já tem obrigatoriamente 30%.
 
O bônus que terá que ser pago pelo vencedor do campo, na bacia de Campos, é de R$ 15 bilhões. Se ficar com a fatia mínima de 30%, a Petrobras teria que desembolsar R$ 4,5 bilhões.
 
Com um parceiro chinês capitalizado, a expectativa do mercado é que o sócio banque a parte da Petrobras, recebendo posteriormente o pagamento em petróleo.
 
Se houver a restrição à participação da Sinopec em consórcio separado, a Petrogal e a Repsol Sinopec teriam que se unir à CNPC e Cnooc. Com a parceria com a Petrobras, o consórcio já bateria o limite máximo de cinco participantes. 
 
02 de outubro de 2013
(DENISE LUNA)
Folha de São Paulo

ESTÁ AÍ O DÉFICIT FISCAL QUE SÓ "PESSIMISTAS" PREVIAM



Comparando os primeiros oito meses de 2012 e 2013, os governos federal, estaduais, municipais e as estatais gastaram R$ 20 bilhões a mais: o superávit primário do setor público consolidado caiu de R$ 74,2 bilhões para R$ 54 bilhões. Em vez de ajustar os gastos às receitas, reduzidas por subsídios e incentivos, o governo continua a aumentá-los. Medidas como a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos, válida desde ontem, foram tímidas e não obedeceram ao cronograma inicial, que previa cortes maiores no subsídio dado a geladeiras, fogões, tanquinhos, móveis e máquinas de lavar roupa.

Por qualquer critério, as contas fiscais de agosto pioraram: o resultado primário do governo central foi negativo em R$ 55 milhões; o dos Estados e municípios, em R$ 174 milhões; o das estatais, em R$ 203 milhões. Somando os gastos de R$ 21,8 bilhões com juros, chega-se ao resultado nominal do setor público negativo em R$ 22,3 bilhões, em agosto, e em R$ 109 bilhões, nos primeiros oito meses, R$ 36 bilhões superior ao de igual período de 2012.
Os resultados positivos vêm-se diluindo desde 2008, segundo o especialista em contas públicas Raul Velloso. As metas de superávit primário saíram de 3,1% do PIB, foram ajustadas para 2,3% do PIB, no primeiro semestre, chegaram em agosto a 1,73% do PIB e poderão diminuir para 1,3% do PIB até dezembro, estima a consultoria LCA.
Apenas para se manter nos níveis atuais, mesmo insatisfatórios, seria preciso um comportamento melhor das receitas, com o aporte, por exemplo, de vultosos recursos no leilão do Campo de Libra, na área do pré-sal.
O governo tem pouco compromisso com a meta fiscal que ele mesmo propõe. Se a alcança, bate bumbo. Se não, relativiza o resultado. Até o Banco Central deixou de admitir a fragilidade fiscal. Nas contas fiscais, o governo parece praticar apenas jogo de cena, não mudanças reais - e positivas - de rápida e viável execução, às vésperas do ano eleitoral de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff entrará firme na sua campanha para a reeleição.
O preço dessa política fiscal frouxa é a maior dificuldade no controle da inflação. E esta continuará alta após as eleições, a menos que se reajustem preços e tarifas administradas, para evitar mais subsídios. Relaxando no trato das contas fiscais, o governo passa a dispor apenas do instrumento de política monetária para enfrentar a inflação. É pouco.
02 de outubro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
 

A MÃO PELUDA DA CENSURA

 

O STF consagrou a liberdade de expressão mas, como as sentenças do mensalão, ela continua no papel
 
 
Marinus Marsico, procurador do Tribunal de Contas da União, recomendou à Agência Nacional de Cinema que a produtora do filme "O Vilão da República", cuja trama contará a ação do comissário José Dirceu na Casa Civil da Presidência, procure "evitar que a obra constitua em apologia e culto à personalidade".
 
Como se faz isso, não se sabe. O doutor não quer um filme apologético e argumenta que os recursos públicos captados pela Lei Rouanet não podem ofender os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade. Como se faz um filme sobre temas atuais com essas condicionantes, também não se sabe. Em 1982 a ditadura demitiu o atual ministro Celso Amorim da presidência da Embrafilme por ter financiado o filme "Pra Frente Brasil", com suas cenas de tortura.
 
À primeira vista, Marinus Marsico teria um viés antipetista. Falso. Ele é um defensor da Bolsa da Viúva, e o uso da Lei Rouanet como alavanca marqueteira é uma preocupação justa. Ele já pediu que a filha de Fernando Henrique Cardoso devolvesse salários recebidos como funcionária de Senado sem comparecer à repartição. Batalha contra servidores que faturam acima do teto legal e contra as indenizações milionárias da Bolsa Ditadura. Sua recomendação à Ancine é apenas mais um episódio de um surto de obstáculos à liberdade de expressão.
 
Neste ano já deram os seguintes casos: o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná proibiu notícias sobre um processo que tramitava no Conselho Nacional de Justiça. O cantor Roberto Carlos pediu a retirada das livrarias de uma obra sobre a Jovem Guarda, que lhe deu fama cantando "quero que você me aqueça neste inverno e que tudo o mais vá pro inferno". Uma juíza proibiu que a editora americana Harper Collins venda no Brasil a tradução do livro "Gilded Lily" ("A Lily Dourada"), no qual a jornalista canadense Isabel Vincent conta a história da bilionária Lily Safra e de seus quatro matrimônios, dois dos quais terminaram com a morte trágica dos maridos. O último foi o banqueiro Edmond Safra, asfixiado em 1999 durante um incêndio em seu apartamento de Mônaco. A proibição estende-se à comercialização de uma edição em inglês que está na rede desde 2010 e custa US$ 9,78.
 
Ao mandar ao arquivo a Lei de Imprensa da ditadura, o Supremo Tribunal Federal poderia ter construído um novo arcabouço para defender a liberdade de expressão. Infelizmente, ficou no papel de um Judiciário confuso, ineficiente e ineficaz, parafraseando-se o seu presidente.
 
Manipular ou calar a voz dos outros é um velho instinto do gênero humano, variando apenas a forma como isso é feito. O procurador Marsico quer que "O Vilão da República" não resulte em "apologia e culto à personalidade" do comissário Dirceu. Faz isso dentro das regras do direito e das normas de um regime democrático.
 
No dia 11 de setembro de 1973, dentro das regras na censura e das normas da ditadura, a Polícia Federal mandou um aviso à imprensa:
 
"De ordem superior, recomendo parcimônia nas notícias relativas aos fatos ocorridos no Chile, posição do presidente Allende e evolução dos acontecimentos ocorridos naquele país."
 
02 de outubro de 2013
Elio Gaspari, Folha de São Paulo

INFLAÇÃO INDIGESTA

Batalha contra a alta de preços está longe do fim, e crescimento deve demorar a deslanchar; é preciso rever o modelo e incentivar produção

 

 
 
O experimentalismo econômico do governo trouxe uma conta indigesta. Menor controle de gastos, aumento desmedido de crédito público e intervencionismo setorial excessivo não levaram à aceleração do crescimento. Ao contrário, minaram a confiança de investidores e consumidores e, até aqui, resultaram em mais inflação.
 
O último relatório do Banco Central reforçou a impressão de que a batalha contra a alta de preços está longe do fim e de que o crescimento demorará a deslanchar.
 
Nas projeções do BC, a inflação permanecerá pouco abaixo de 6% anuais pelo menos até o final de 2014. O principal motivo é a valorização do dólar, que pressiona preços de produtos importados. Estima-se o crescimento do PIB em parcos 2,5% ao ano.
 
O atual cenário remonta a 2009, quando a crise financeira de certa forma legitimou o retorno do ativismo estatal. Então era possível justificar o combate à recessão por meio de maior gasto público.
 
Em 2010, por razões eleitorais, a estratégia foi mantida. O problema brasileiro, contudo, já não era um mercado desaquecido. Com dinheiro público injetado na praça, houve um choque de custos que onera a economia desde então.
 
A presidente Dilma Rousseff reforçou a aposta na maior presença do Estado e manteve a ampliação dos gastos e do financiamento de bancos oficiais. Completou o modelo com intervenção setorial --não raro improvisada e até truculenta-- e tolerância com a inflação. Tratava-se de consolidar os juros baixos como marca de governo.
 
A estratégia, hoje se vê, não rendeu os frutos esperados. O governo parece reconhecer que sua margem de manobra na política econômica é mais estreita e, tardiamente, ensaia corrigir o rumo.
 
A mudança, tímida, começou há alguns meses com o Banco Central, que iniciou um ciclo de alta de juros para conter a inflação. Desde julho a taxa básica (Selic) subiu de 7,25% para 9%, e não se descarta que em breve volte a dois dígitos.
 
Mais recentemente, o governo tenta convencer a sociedade de que atuará de forma mais previsível e responsável, sobretudo na gestão do orçamento e do crédito público. Algumas medidas de incentivo ao consumo, como cortes de IPI, também estão sendo revertidas. As concessões, se saírem, comporão o quadro de otimismo.
 
Se confirmada, a nova orientação representará uma boa notícia. À luz dos desafios dos próximos anos, contudo, é preciso muito mais que modificações pontuais.
 
É necessário reorientar a economia brasileira no sentido da retomada dos investimentos e da produção. A agenda interna é de corte de custos e revisão do modelo que até agora privilegiou consumo e carga tributária sempre crescentes.
 
O desafio dessa transição não é pequeno. Demanda liderança política e competência de gestão --atributos escassos no atual governo.
 
02 de outubro de 2013
Editorial Folha de São Paulo

AMERICANOS SE OPÕE A PARALISAR O GOVERNO POR CAUSA DO OBAMACARE

 
Pesquisa mostra que 72% da população se opõe ao fechamento das principais atividades do setor público
Estudantes do Corcoran College of Art and Design, que teriam aula na Galeria Nacional de Arte, ficaram do lado de fora devido ao impasse no Orçamento americano. Eles não tinham ideia de que todos os museus nacionais ficariam de portas fechadas Foto: KEVIN LAMARQUE / REUTERS
Estudantes do Corcoran College of Art and Design, que teriam
aula na Galeria Nacional de Arte, ficaram do lado de fora devido
ao impasse no Orçamento americano. Eles não tinham ideia de que
todos os museus nacionais ficariam de portas fechadas
KEVIN LAMARQUE / REUTERS

WASHINGTON - Numa rejeição acachapante à estratégia dos congressistas republicanos, os americano em sua grande maioria se opuseram ao ataque ao “Obamacare” por via do fechamento do governo federal ou da resistência à elevação do teto de endividamento do Executivo, revelou uma pesquisa divulgada nesta terça-feira.
 

Quase 13 horas após o início do apagão administrativo no governo federal americano, republicanos e democratas ainda não oferecem qualquer sinal de que um acordo é possível no curto prazo para autorizar despesas federais e reabrir as portas parcialmente fechadas da administração, impedindo efeitos colaterais negativos à economia real, ainda em frágil recuperação. Após a quarta rodada de votações esta manhã, na qual novamente projeto aprovado na Câmara foi rejeitado em seguida pelo Senado, os líderes dos dois partidos, nas duas Casas do Congresso, estão reunidos com seus assessores e parlamentares mais próximos repassando suas estratégias.
 
Não há negociações em curso entre as duas alas e a única saída imediata para o impasse parece estar nas mãos do presidente da Câmara, o republicano John Boehner. Ele pode escolher enfrentar os radicais do partido e pôr em votação o projeto do Senado. Mas ainda não há indicações de que Boehner optará por este caminho.
 
A paralisação, o auge de três anos de polarização política crescente e de governo dividido, foi liderada pelos conservadores do Tea Party, unidos em sua oposição a Obama, seu desgosto pela lei de reforma do sistema de saúde do presidente e suas promessas de campanha de controlar os gastos do governo. Obama se recusou a negociar as exigências e advertiu que uma paralisação poderia "atirar uma chave inglesa nas engrenagens de nossa economia".
 
Alguns escritórios do governo e parques nacionais serão fechados, mas os gastos para as funções essenciais relacionadas à segurança nacional e pública continuarão, incluindo o pagamento para os soldados norte-americanos. Ao todo, 408 pontos turísticos federais estão com as atividades temporariamente paralisadas

02 de outubro de 2013
O Globo com Bloomberg

CUBANO DESISTE DO "MAIS MÉDICO" DE DILMA

 
 Alegando dificuldade em trazer a família para morar no Recife, médico cubano pediu o cancelamento do registro provisório e voltou para a Espanha


Médico estrangeiro do programa "Mais Médicos" faz um curativo em uma paciente do SUS
Médico estrangeiro do programa "Mais Médicos" faz um
curativo em uma paciente do SUS (Ueslei Marcelino/Reuters)
 
 
O médico cubano Bladimir Quintan Remedios, 49 anos, que desertou do seu país em 1996, ao fazer uma viagem de turismo para a Espanha, foi a primeira desistência internacional do programa Mais Médicos. Com 26 anos de experiência em medicina familiar, ele pediu oficialmente o cancelamento do registro provisório no Conselho Regional de Medicina (Cremepe), alegando dificuldade para trazer a família, e retornou neste fim de semana para a Espanha, onde mora. De acordo com o Ministério da Saúde, ele também explicou ter recebido uma proposta de emprego em Madri.
 
Ao chegar ao Recife, ele disse que a crise econômica europeia motivou a sua vinda e também se sentiu estimulado pela ideia do programa, que elogiou. Quintan Remedios devolveu 10.000 reais recebidos como ajuda de custo ao Ministério da Saúde e ficou com igual quantia relativa ao primeiro mês de trabalho, quando fez curso de capacitação.
 
Troca — O ministério também informou que duas médicas cubanas que iriam trabalhar em Xexéu, na zona da mata de Pernambuco, foram transferidas para o município de Lagoa do Ouro, no agreste pernambucano. A prefeitura de Xexéu informou não ter condição de abrigar as profissionais, como previsto no programa. Lagoa do Ouro, que seria contemplado em uma etapa seguinte, se ofereceu para recebê-las.
 
Pernambuco tem 46 médicos do programa. O Ministério da Saúde solicitou o registro provisório de 43 deles. Trinta e nove foram concedidos e quatro estão com pendências de documentação.
 
Cubanos — O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira que 215 profissionais cubanos que atuarão na segunda etapa do programa desembarcam nesta noite no Aeroporto Internacional de Brasília. De acordo com a pasta, até o final da semana 2.000 cubanos terão desembarcado em quatro capitais brasileiras para atuar no programa.

02 de outubro de 2013
Veja
 

"QUANDO COMPENSA, CRIME SE CHAMA NOVO PARTIDO"

 


Não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de nome. No universo da política, por exemplo, o crime mais comentado das últimas semanas se chama criação de partidos. Em parecer enviado ao TSE nesta terça-feira (1), o Ministério Público Eleitoral subverte o brocardo. Informa que, de acordo com a jurisprudência atualmente em vigor, o que não compensa é a honestidade.
 
Assina o documento o vice-procurador-geral-eleitoral Eugênio de Aragão. Ele defende que o TSE negue o pedido de registro da Rede, legenda de Marina Silva. Faz isso com com “certo pesar”. Por quê? “O presente registro de partido político, ao contrário de outros recentemente apresentados a essa Corte [Pros e Solidariedade], não contém qualquer indício de fraude, tendo sido um procedimento, pelo que se constata dos autos, marcado pela lisura.”
 
Uma das exigências legais para a constituição de um partido político é a coleta das assinaturas de pelo menos 492 mil apoiadores. A Rede conseguiu validar nos cartórios eleitorais apenas 442,5 mil. Quer dizer: faltaram quase 50 mil rubricas. Marina pede que sejam aceitas cerca de 98 mil assinaturas rejeitadas pelos cartórios sem justificativa. O doutor Aragão discorda:
 
“Na praxe cartorária, o não reconhecimento de firma [assinatura] não demanda motivação para tanto. Uma firma deixa de ser reconhecida pelo simples fato de não haver correspondência entre as assinaturas confrontadas. Não seria razoável cobrar dos cartórios eleitorais discriminação individualizada sobre o porquê de cada uma dessas 98 mil assinaturas não terem sido reconhecidas e contabilizadas. Provar a autenticidade das assinaturas é ônus do partido, não dos cartórios.”
 
O mesmo vice-procurador-geral havia remetido ao TSE pedidos de investigação de fraudes que rondaram a coleta de assinaturas do Pros e do Solidariedade. Em relação ao Solidariedade, do deputado Paulinho da Força, Aragão anotou que as apurações “podem demonstrar a ocorrência de fraudes em massa no Estado de São Paulo, circunstância que poderia comprometer, irremediavelmente, o registro do partido”. O TSE deu de ombros. Antes do esclarecimento das denúncias, deferiu o registro dos partidos. Daí o “pesar” do doutor.
 
Num movimento iniciado em fevereiro, a Rede recolheu algo como 910 mil assinaturas de apoiadores. Enviou aos cartórios apenas 668 mil. Num processo de autocontenção, descartou mais de 240 mil rubricas passíveis de questionamento. Por mal dos pecados, Marina e seus correligionários não se deram conta de que, no mundo em que o crime compensa, o coletivo de partido é quadrilha.

02 de outubro de 2013
Josias de Souza - UOL

A VERGONHOSA DOENÇA DA "COALIZAÇÃO"... OU DA COOPTAÇÃO?

Governo oferece cargos ao recém-criado Solidariedade em troca de apoio a Dilma

Ministra Ideli Salvatti se reuniu com políticos do partido no Senado e, com a oferta de cargos, conseguiu que desistissem da aliança com Aécio Neves
Paulinho diz que, embora seja amigo do tucano e tenha afinidade com a oposição, sabe que a maioria dos integrantes da legenda é a favor do alinhamento com o governo
 

Deputado Paulinho da Força espera ter 30 deputados no início do Solidariedade - Foto: Agência Câmara Divulgação
Deputado Paulinho da Força espera ter 30 deputados no início do Solidariedade -AGÊNCIA CÂMARA DIVULGAÇÃO
 
O Palácio do Planalto entrou com força total nas negociações pelo apoio político do Solidariedade, partido recém-criado por Paulinho da Força, inicialmente com viés oposicionista. Nesta terça-feira, em reunião com representantes da legenda na liderança do governo no Senado, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) prometeu manter os cargos de integrantes do partido no governo, em troca do alinhamento. Aparentemente, conseguiu assegurar que a legenda não fique contra o governo.
 
Sobre a concessão de mais cargos ao Solidariedade, a ministra afirmou que a presidente Dilma Rousseff irá decidir sobre isso.
- Com relação a cargos, boa parte desses parlamentares já são da base. Se eles, porventura, têm alguma indicação, obviamente isso será mantido. Em relação ao Solidariedade, qualquer posição sobre ocupação de espaços no governo depende da presidente Dilma - afirmou a ministra.
 
Inicialmente criado para ser um partido de oposição, o Solidariedade contou com o apoio do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à Presidência da República, para ser formado. Desde que iniciou o movimento de ruptura com o governo, Paulinho da Força passou a ter uma postura de duras críticas à presidente Dilma e, recentemente, chegou a afirmar que ela havia se tornado sua inimiga. O deputado também havia deixado clara sua preferência pela candidatura de Aécio.
 
Entretanto, após a conversa com Ideli Salvatti, o presidente do Solidariedade recuou e afirmou que seu partido deve ter uma postura de “independência” em relação ao governo, e que não haverá oposição sistemática. Paulinho disse ainda que boa parte dos seus correligionários quer permanecer na base aliada, e que os representantes do partido nos estados terão autonomia para fazer alianças locais e, até mesmo, para decidir que candidato à Presidência da República irão apoiar.
 
- Essa reunião serviu para tirar o mal-estar de que estamos em uma oposição sistemática ao governo. Pelo contrário, vai ser um partido de independência na Câmara, vamos votar de acordo com o interesse do país. Eu, particularmente, tenho mais afinidade com a oposição, sou amigo do Aécio há muito tempo, mas sei que essa não é a posição da maioria, não é o pensamento do partido todo - recuou Paulinho.
 
Ideli colocou Paulinho contra a parede
Durante a reunião, Ideli deixou claro que, se os parlamentares do partido se mantiverem alinhados ao governo, os cargos serão mantidos e novas vagas serão discutidas pela presidente Dilma. A ministra não poupou Paulinho da Força e o colocou contra a parede, afirmando que ele não iria conseguir se manter no comando do partido se não acompanhasse a maioria governista do Solidariedade. Para Ideli, a posição de Paulinho é vencida na legenda.
 
- Quando você tem uma agremiação partidária cuja maioria tem uma posição política, o presidente, se ele quiser se manter, ele tende a atender à maioria dos seus liderados. Claro que não vou fazer nenhuma observação no procedimento do partido, mas essa é uma regra meio de ouro na política. Você acompanha a maioria dos seus liderados - disse Ideli, que se mostrou confiante:
 
- Ficou bastante claro que a maioria dos parlamentares já são da base do governo e reafirmaram de forma categórica que querem continuar sendo da base do governo. Apresentaram vários motivos regionais de espaço nos partidos onde estavam para fazer a mudança para o Solidariedade, mas a maioria é da base, vai continuar na base.
 
02 de outubro de 2013
JÚNIA GAMA - O Globo

"TRABALHADOR AMERICANO PRODUZ CINCO VEZES MAIS QUE O BRASILEIRO POR HORA TRABALHADA"

Gustavo Franco: o trabalhador americano produz cinco vezes mais que o brasileiro por hora trabalhada — e não retiramos um centímetro do atraso nos últimos 12 anos
 
 
"Tolamente, confrontamos as políticas do Fed (banco central dos Estados Unidos) com a tese da "guerra cambial", um raciocínio conspiratório segundo o qual os americanos estavam desvalorizando deliberadamente a sua moeda para ficarem mais competitivos do que nós"
"Tolamente, confrontamos as políticas do Fed (Banco Central dos Estados Unidos) com a tese da "guerra cambial", um raciocínio conspiratório segundo o qual os americanos estavam desvalorizando deliberadamente a sua moeda para ficarem mais competitivos do que nós"
 
 
OUTRO GIGANTE ACORDOU
 
… Nosso ministro da Fazenda chegou a apresentar slides em inglês onde mostrava a desvalorização da moeda nacional, que ele agora quer evitar, ilustrada pelo título “Ganhando a guerra cambial”.
 
Mario Henrique Simonsen tinha uma regra de ouro a esse respeito: jamais falar mal do Brasil em inglês…
 
Como se não bastasse o que despertou em junho de 2013, e transformou a Copa das Confederações numa espécie de maio de 1968, há outro gigante acordado, na verdade dois deles.
 
O gigante americano parecia prostrado desde a crise de 2008, mas contrariando muitos prognósticos, e depois de muito esforço para arrumar a casa, a recuperação americana vem provocando um banho de sangue nas moedas, títulos públicos e commodities, especialmente em mercados emergentes.
 
Trata-se apenas de uma reação inicial, talvez exagerada, talvez modesta, não há como dizer, à normalização da política monetária americana; um exemplo extraordinário da máxima segundo a qual, nos mercados financeiros, boas notícias são sempre más notícias para muita gente.
 
Firmou-se a sensação de que há uma data para acabar a abundância de liquidez de que se beneficiou amplamente o Brasil nos últimos anos. Tolamente, confrontamos as políticas do Fed (o Banco Central dos Estados Unidos) com a tese da “guerra cambial”, um raciocínio conspiratório segundo o qual os americanos estavam desvalorizando deliberadamente a sua moeda para ficarem mais competitivos do que nós.
 
Como se eles precisassem disso!
 
Curioso que no botequim em Havana, Caracas ou Campinas, onde essa gracinha foi inventada, nada semelhante fosse dito sobre a China, que o Brasil trata generosamente como uma “economia de mercado”.
 
Nosso ministro da Fazenda chegou a apresentar slides em inglês onde mostrava a desvalorização da moeda nacional, que ele agora quer evitar, ilustrada pelo título “Ganhando a guerra cambial”. Mario Henrique Simonsen tinha uma regra de ouro a esse respeito: jamais falar mal do Brasil em inglês.
 
O fato é que tivemos muito de uma coisa boa durante vários anos, e não aproveitamos esse bom momento para fazer reformas e desenvolver a nossa competitividade. A produtividade da economia brasileira está estagnada; como demonstra o trabalho do professor Regis Bonelli, o valor adicionado por trabalhador no Brasil em 2012 permanece no mesmo nível de 2000 e equivalente a 19% da produtividade americana.
 
Sim, o trabalhador americano produz cinco vezes mais que o brasileiro por hora trabalhada, e não retiramos um centímetro do atraso nesses 12 anos. Pior, recuamos em alguns indicadores de ambiente de negócios, qualidade da infraestrutura e liberdade econômica.

A teoria de que o câmbio mais desvalorizado resolve o problema da falta de reformas politicamente complexas é, para usar palavras presidenciais, primitiva. O câmbio não tapa buracos nas estradas, nem diminui filas nos portos e aeroportos ou interfere no que se passa dentro da fábrica.
 
O câmbio é flutuante, como se sabe, o que é outra maneira de dizer que é efêmero, portanto algo do qual não se deve depender. Quem trabalha com câmbio se acostumou a proteger-se das flutuações de curto prazo e olhar os fundamentos, vale dizer, para o conjunto de fatores que compõem a real competitividade de um empreendimento.
 
Como as autoridades não trabalharam nesses temas associados ao que se chamava antigamente de “custo Brasil”, em boa medida por que entendiam que esta era uma agenda neoliberal, ficamos para trás em todos esses temas. Concentrou-se a atenção nos programas sociais, mas a competitividade foi esquecida. Uma coisa não exclui a outra, como tardiamente parecem perceber as autoridades.
 
Mas o fato é que, além dos ianques, e diante do acima exposto, outro gigante acordou, um personagem sinistro e muito temido: o mercado, ou para ser mais preciso, o mau humor do mercado, perto do qual os “black blocs” são meninos de igreja. As autoridades sabem como é assustador quando se formam as manadas, os ataques especulativos, sem controle e sem lógica, ao menos na aparência.
 
Talvez exatamente como as multidões envolvidas nos protestos, o mercado demorou a reagir diante das inconsistências na política econômica.
 
Tratando-se do público em geral, a dona de casa inclusive, a Copa das Confederações pode ter servido para fornecer uma metáfora ampla do que há de errado nas nossas políticas públicas. Não creio que os economistas, e mesmo as raposas políticas e os marqueteiros, atinaram para o imenso poder de representação que possui o futebol, um retrato tão rico quanto amargo do modo como o País sabe organizar o seu talento, sua riqueza e seu imaginário dentro e fora do campo. É este o assunto do magnífico livro do mestre Roberto Da Matta, cujo título – A bola anda mais do que os homens – bem resume a tese.
 
A Copa serviu para organizar a cabeça do brasileiro sobre o modo como os cartolas, incluídos os ministros, usam o dinheiro público em projetos de desenvolvimento. Diferentemente da tese de que o futebol é o ópio do povo, a Copa mostrou que o futebol é o teatro por onde enxergamos a nós mesmos, de modo que, ao montar um megaespetáculo, nos arriscamos a revelações inconvenientes.
 
A igualdade diante das regras, ou a meritocracia e o “fair-play” dentro de campo, é o que uniu esse jogo, na sua complexa simplicidade, às cores nacionais, e assim serviu para disseminar a cidadania.
 
"Sendo anfitriões da Copa, passamos a acompanhar o desenrolar das obras dos estádios e assim o horário nobre passou a explicar em miniatura o modo como as autoridades conduzem grandes programas públicos de desenvolvimento econômico" (Foto: Ministério dos Esportes)
"Sendo anfitriões da Copa, passamos a acompanhar o desenrolar das obras dos estádios e assim o horário nobre passou a explicar em miniatura o modo como as autoridades conduzem grandes programas públicos de desenvolvimento econômico" (Foto: Ministério dos Esportes)
 
Com a seleção em campo, cantamos o hino a plenos pulmões, e nunca tão alto como nesta Copa que revelou muito sobre o que se passa fora de campo. Sendo anfitriões, passamos a acompanhar o desenrolar das obras dos estádios e assim o horário nobre passou a explicar em miniatura o modo como as autoridades conduzem grandes programas públicos de desenvolvimento econômico.
 
O futebol está mesclado com a nacionalidade, a bandeira e o hino, símbolos nacionais que precisam ser honrados, e o mesmo vale para a moeda. O dinheiro é a pátria num papel pintado com nossas cores, é um pedaço de nós. Rasgar dinheiro em estádios de futebol é como queimar a bandeira; uma imagem fácil de entender, e que leva o público para os protestos. Não era por conta dos 20 centavos do ônibus de São Paulo; é claro que era o futebol, o que mais podia ter tanto impacto?
 
O futebol fez o brasileiro entender que o trem-bala é uma espécie de Itaquerão, e que as prioridades estão totalmente equivocadas para quem se espreme em ônibus ou em filas de hospitais. Pessoas normalmente pacatas vão para a rua sem saber bem por que, animadas, mas os que são vaiados sabem que estão devendo.
 
Os profissionais do mercado financeiro são cobradores muito mais frios e exigentes, e sobretudo, muito mais violentos, como o célebre personagem de Rubem Fonseca. As ruas mobilizam milhares ou milhões, o “protesto” do mercado financeiro mexe com bilhões. O dinheiro não leva desaforo. O ministro rasga dinheiro através do déficit nas contas públicas e humilha a nossa moeda ao dizer que ganhamos uma guerra ao desvalorizá-la.
 
A movimentação no mercado de câmbio não está distante da que se passa nas ruas, os gigantes são primos, quem sabe a mesma pessoa, a sombra um do outro.

02 de outubro de 2013
Artigo de Gustavo Franco* publicado no jornal O Estado de S. Paulo
Com Blog Ricardo Setti - Veja

AUTOCRÍTICA DO APEDEUTA: CONSTITUIÇÃO DO PT TORNARIA O BRASIL INGOVERNÁVEL

 
Lula: proposta de Constituição do PT tornaria o Brasil ‘ingovernável’.  Ex-presidente destaca participação popular e os direitos sociais presentes na Carta Magna.  Termo ‘ingovernável’ também foi utilizado pelo então presidente José Sarney em 1988 pouco antes de a Constituição ser promulgada


O ex-presidente Lula fala em evento na OAB em comemoração aos 25 anos da Constituição Foto: André Coelho / O GLOBO
O ex-presidente Lula fala em evento na OAB em comemoração aos 25 anos da Constituição André Coelho / O GLOBO

Depois de votar contra o texto final da Constituição de 1988, o ex-presidente Lula afirmou, nesta terça-feira, que, se a proposta do PT tivesse sido aprovada, o Brasil seria "ingovernável". Ele ressaltou a participação popular na Assembleia Nacional Constituinte e saudou principalmente os direitos sociais presentes na Carta Magna.
 
- Se a nossa Constituição fosse aprovada, o país seria ingovernável, porque nós eramos duros na queda e muito exigentes. Votamos contra porque queríamos algo mais radical, que não foi possível porque só tínhamos 16 deputados - disse Lula em evento comemorativo dos 25 anos da Constituição, na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
 

Durante a cerimônia de celebração dos 25 anos da Constituição, o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) fez uma autocrítica. Ele reconheceu que como presidente da República na época da promulgação da Constituição, fez várias criticas a pontos do texto que dificultavam a governabilidade. Mas ressaltou os avanços sociais do texto.
 
- Eu critiquei algumas partes da Constituição. Mas reconheço que no capítulo dos direitos sociais, dos direitos humanos e dos diretos individuais, ela é irrepreensível – disse Sarney.
 
Já Lula fez uma referencia às declarações de Sarney, e citou uma frase de Ulysses Guimarães para rebater as criticas da época de que a constituição tornaria o país ingovernável.
 
- Ulysses respondia: a governabilidade está no social. A fome, a miséria e a doença não assistida, essas sim são ingovernáveis – disse Lula
 
Ao final da cerimonia, Lula assinou a proposta de iniciativa popular da OAB, sobre eleições limpas. A intenção da OAB é coletar 2 milhões de assinaturas para apresentar um projeto de lei. O presidente da OAB, Marcos Vinicius Furtado, comemorou o fato de Lula ter assinado o projeto e disse que a reforma política é urgente.
 
- Para nós, a Constituição não é um texto perfeito. Precisa ser adaptada ao momento atual. Uma reforma política é necessária – disse.

02 de outubro de 2013
Fernanda Krakovics e  Cristiane Jungblut - O Globo

DELFIM CONCORDA COM A "ECONOMIST": GOVERNO DILMA PERDE CREDIBILIDADE

 

O economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto, conselheiro da presidente Dilma Rousseff na área econômica, admitiu nesta terça-feira que o governo está perdendo credibilidade. A edição de outubro da revista britânica "The Economist", que questiona o crescimento da economia brasileira, foi citada por Delfim como um alerta ao país.
 
"A Economist é uma advertência externa para nós: a coisa está caminhando, mas preste atenção, pois existem dificuldades", disse o ex-ministro durante palestra na Associação Comercial de São Paulo.
 
Para ele, a revista errou duas vezes. Primeiro em 2009, quando fez uma capa com a figura do Cristo Redentor na forma de um foguete, prestes a levantar voo, com o título "Brazil takes off" ("Brasil decola"). Agora, erra novamente ao publicar a imagem do Cristo em trajetória de queda e o título "Has Brazil blown it?" ("O Brasil estragou tudo?"). "Ela errou, exagerou, mas na verdade não inventou", afirmou.
 
Apesar de considerar que existe um pessimismo exagerado na economia, o ex-ministro enumerou fatores que contribuíram para a perda de credibilidade do governo Dilma: financiamentos questionáveis feitos pelo BNDES e Caixa Econômica Federal, a "contabilidade criativa" para melhorar os números do governo, intervenções mal sucedidas em portos e aeroportos, desarranjos na Petrobras e expectativas de crescimento não confirmadas.
 
INFRAESTRUTURA
 
Outro problema levantado pelo ex-ministro são as dificuldades que o governo tem encontrado para deslanchar os investimentos em infraestrutura. "O governo se recusa a entender que leilão não é coisa para amador. Leilão é para profissional", disse. Para ele, o modelo adotado hoje para os certames não é adequado.
 
"O leilão só pode se referir a um dos dois lados: ou eu fixo a qualidade e o leilão vai dar a taxa de retorno mínima para atender àquela qualidade, ou eu fixo a taxa de retorno e o leilão vai dar a maior porcaria para produzir aquela qualidade. E esse é o resultado que nós temos obtido sempre."
 
Para Delfim, a desconfiança mútua entre o governo e o setor privado também piorou a credibilidade da administração de Dilma. Mas, para o ex-ministro, a presidente fez, na semana passada, a primeira tentativa para melhorar essa situação.
 
"A presidente teve um ataque de lucidez em Nova York e disse uma frase extraordinária: 'nós precisamos do setor privado não só pelos recursos financeiros, mas porque é muito mais eficiente do que nós [setor público]'. É hora de de exigir do governo consequências do que está afirmando", disse o ex-ministro.
 
O aumento dos gastos do governo na economia é apontado pelo ex-ministro como uma das explicações para os problemas que o Brasil enfrenta atualmente. Ele lembrou que, entre as décadas de 1950 e 80 -quando o Brasil crescia 7,5% ao ano-, a carga tributária era 24% do PIB e o governo investia 5% do PIB em infraestrutura. Assim, o governo consumia e distribuía 19% do PIB.
 
Hoje, citou Delfim, a carga tributária é 36% do PIB e o investimento, de apenas 2%. A diferença (34%) é consumida e distribuída pelo governo. Segundo Delfim, essa redistribuição revela uma transferência de recursos do setor mais eficiente [privado] para o menos eficiente [público], resultando em menor produtividade.

02 de outubro de 2013
TATIANA FREITAS - Folha de São Paulo