"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

DELFIM CONCORDA COM A "ECONOMIST": GOVERNO DILMA PERDE CREDIBILIDADE

 

O economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto, conselheiro da presidente Dilma Rousseff na área econômica, admitiu nesta terça-feira que o governo está perdendo credibilidade. A edição de outubro da revista britânica "The Economist", que questiona o crescimento da economia brasileira, foi citada por Delfim como um alerta ao país.
 
"A Economist é uma advertência externa para nós: a coisa está caminhando, mas preste atenção, pois existem dificuldades", disse o ex-ministro durante palestra na Associação Comercial de São Paulo.
 
Para ele, a revista errou duas vezes. Primeiro em 2009, quando fez uma capa com a figura do Cristo Redentor na forma de um foguete, prestes a levantar voo, com o título "Brazil takes off" ("Brasil decola"). Agora, erra novamente ao publicar a imagem do Cristo em trajetória de queda e o título "Has Brazil blown it?" ("O Brasil estragou tudo?"). "Ela errou, exagerou, mas na verdade não inventou", afirmou.
 
Apesar de considerar que existe um pessimismo exagerado na economia, o ex-ministro enumerou fatores que contribuíram para a perda de credibilidade do governo Dilma: financiamentos questionáveis feitos pelo BNDES e Caixa Econômica Federal, a "contabilidade criativa" para melhorar os números do governo, intervenções mal sucedidas em portos e aeroportos, desarranjos na Petrobras e expectativas de crescimento não confirmadas.
 
INFRAESTRUTURA
 
Outro problema levantado pelo ex-ministro são as dificuldades que o governo tem encontrado para deslanchar os investimentos em infraestrutura. "O governo se recusa a entender que leilão não é coisa para amador. Leilão é para profissional", disse. Para ele, o modelo adotado hoje para os certames não é adequado.
 
"O leilão só pode se referir a um dos dois lados: ou eu fixo a qualidade e o leilão vai dar a taxa de retorno mínima para atender àquela qualidade, ou eu fixo a taxa de retorno e o leilão vai dar a maior porcaria para produzir aquela qualidade. E esse é o resultado que nós temos obtido sempre."
 
Para Delfim, a desconfiança mútua entre o governo e o setor privado também piorou a credibilidade da administração de Dilma. Mas, para o ex-ministro, a presidente fez, na semana passada, a primeira tentativa para melhorar essa situação.
 
"A presidente teve um ataque de lucidez em Nova York e disse uma frase extraordinária: 'nós precisamos do setor privado não só pelos recursos financeiros, mas porque é muito mais eficiente do que nós [setor público]'. É hora de de exigir do governo consequências do que está afirmando", disse o ex-ministro.
 
O aumento dos gastos do governo na economia é apontado pelo ex-ministro como uma das explicações para os problemas que o Brasil enfrenta atualmente. Ele lembrou que, entre as décadas de 1950 e 80 -quando o Brasil crescia 7,5% ao ano-, a carga tributária era 24% do PIB e o governo investia 5% do PIB em infraestrutura. Assim, o governo consumia e distribuía 19% do PIB.
 
Hoje, citou Delfim, a carga tributária é 36% do PIB e o investimento, de apenas 2%. A diferença (34%) é consumida e distribuída pelo governo. Segundo Delfim, essa redistribuição revela uma transferência de recursos do setor mais eficiente [privado] para o menos eficiente [público], resultando em menor produtividade.

02 de outubro de 2013
TATIANA FREITAS - Folha de São Paulo

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