Ensaio sobre a Cegueira
Desde a morte misteriosa do promotor Alberto Nisman uma espécie de cegueira coletiva atingiu os meios de comunicação, o Governo e a oposição argentina
No livro de José Saramago, um homem para em um semáforo, quando sua vista é tomada por algo que o escritor descreve como um “mar de leite”. A cegueira, que vira paulatinamente coletiva, aos poucos vai destampando as faculdades mais primitivas da raça humana.
Na Argentina acontece algo similar. Desde a morte misteriosa do promotor Alberto Nisman, que iria acusar oficialmente no Congresso argentino a Presidente Cristina Kirchner no dia seguinte à sua morte, uma espécie de cegueira coletiva atingiu os meios de comunicação locais, o Governo e a oposição.
A morte do promotor abriu duas grandes caixas de pandora no país: a falta total de imparcialidade dos meios de comunicação locais e o duelo de titãs entre os poderes executivo e judiciário. Nesta espécie de Fla X Flu da Agatha Christie, revelam-se mais teorias conspiratórias do que números de pinguins na Patagônia.
Como no livro de Saramago, o Governo aquartelou todos, tentando controlar a insopitável opinião pública, teorizando livremente sobre uma morte que ainda carece de muita investigação.
A névoa criada pelo Governo, seus opositores e imprensa, tanto a oponente quanto a oficial, deixou a objetividade operando com baixa visibilidade.
A própria Presidente fez questão de especular e mudou de opinião duas vezes, adicionando, ao já denso clima, incerteza política no país.
As informações oficiais nas redes sociais entraram em um insólito jogo de especulações, atravancando a lisura das investigações, em meio a uma trama psicodélica cujas variáveis envolvem serviços secretos, países como Irã e Síria e personagens que parecem saídos de uma novela policial.
Entre arapongas, oportunistas, agentes secretos e meios de comunicação reina uma áurea permanente de conspiração e também incredulidade.
E, enquanto não aparecem provas da participação direta do Governo na morte do promotor, fica claro que o Governo é culpado pelo menos do crime de obstrução da justiça, além de tumultuar o trabalho dos poucos jornalistas que tentam investigar de maneira independente a morte de Nisman.
Os poderes executivo e judiciário continuaram uma luta que começou lá atrás, mas se intensificou com a morte do promotor. E, no meio de tudo, estão os argentinos “mal informados”.
A oposição e a polarização dos meios de comunicação do país também não agregam, ao fazerem uso político da situação.
Vai ficando claro quem é a vítima, além obviamente do promotor falecido: a verdade, que cada vez fica mais distante.
Na Argentina acontece algo similar. Desde a morte misteriosa do promotor Alberto Nisman, que iria acusar oficialmente no Congresso argentino a Presidente Cristina Kirchner no dia seguinte à sua morte, uma espécie de cegueira coletiva atingiu os meios de comunicação locais, o Governo e a oposição.
A morte do promotor abriu duas grandes caixas de pandora no país: a falta total de imparcialidade dos meios de comunicação locais e o duelo de titãs entre os poderes executivo e judiciário. Nesta espécie de Fla X Flu da Agatha Christie, revelam-se mais teorias conspiratórias do que números de pinguins na Patagônia.
Como no livro de Saramago, o Governo aquartelou todos, tentando controlar a insopitável opinião pública, teorizando livremente sobre uma morte que ainda carece de muita investigação.
A névoa criada pelo Governo, seus opositores e imprensa, tanto a oponente quanto a oficial, deixou a objetividade operando com baixa visibilidade.
A própria Presidente fez questão de especular e mudou de opinião duas vezes, adicionando, ao já denso clima, incerteza política no país.
As informações oficiais nas redes sociais entraram em um insólito jogo de especulações, atravancando a lisura das investigações, em meio a uma trama psicodélica cujas variáveis envolvem serviços secretos, países como Irã e Síria e personagens que parecem saídos de uma novela policial.
Entre arapongas, oportunistas, agentes secretos e meios de comunicação reina uma áurea permanente de conspiração e também incredulidade.
E, enquanto não aparecem provas da participação direta do Governo na morte do promotor, fica claro que o Governo é culpado pelo menos do crime de obstrução da justiça, além de tumultuar o trabalho dos poucos jornalistas que tentam investigar de maneira independente a morte de Nisman.
Os poderes executivo e judiciário continuaram uma luta que começou lá atrás, mas se intensificou com a morte do promotor. E, no meio de tudo, estão os argentinos “mal informados”.
A oposição e a polarização dos meios de comunicação do país também não agregam, ao fazerem uso político da situação.
Vai ficando claro quem é a vítima, além obviamente do promotor falecido: a verdade, que cada vez fica mais distante.
Alberto Nisman, charge do jornal Clarín (Imagem: Sábat)