"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O QUE É COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL?

 

formiga_01Comportamento organizacional ou comportamento humano nas organizações é o enfoque ou abordagem utilizada para descrever o estudo de como as coisas funcionam no ambiente de trabalho.

Assim, em primeiro lugar, é preciso começar definindo o que é uma organização. As organizações são sistemas abertos com um fluxo livre que interage de forma continua com o seu ambiente ou o seu meio.

Antes de 1960, olhava-se para as organizações como um sistema isolado, fechado, mas desde então a maioria dos teóricos começou a enxergar as organizações como sistemas abertos. Algumas forças externas que influenciam a organizações e empresas: mudanças sociais, mudanças políticas, problemas pessoais dos funcionários ou até mesmo desastres naturais.

Os sistemas abertos têm fronteiras abertas que permitem trocas de feebacks dentro e fora da empresa. Assim, os responsáveis pelo sistema devem ser capazes de interagir com as variáveis do ambiente interno e externo à organização. Uma empresa, nos dias atuais, tem a necessidade de ser um ambiente aberto, pois no mundo globalizado em que se vive é imprescindível interagir tanto de fora para dentro, como de dentro para fora da empresa.

A empresa precisa ter dinamismo, analisar suas situações no mercado, as diferenças de cultura nas quais tem atuação, pois não é em todas as localidades que ela possui aceitação positiva. O estado geográfico em que se diferencia uma região da outra, as questões ambientais, tendências de mercado, cotações de moedas estrangeiras e atenção às ações dos concorrentes são fatores importantes a serem observados.

Muitos desses fatores externos influenciarão o comportamento humano dentro das organizações. Combinações ambientais, sistemas pessoais, demandas de família, etc. As pressões e acontecimentos do dia a dia, ou estímulos, podem alterar o padrão de comportamento. Constantemente, o indivíduo recebe estímulos e pressões do meio físico e social onde vive que, por sua vez, se refletirá na organização.

Como se sabe, o recurso humano é o bem mais valioso de uma empresa, portanto, uma das primeiras preocupações da administração deve ser prover aos seus funcionários um ambiente saudável e produtivo. O Comportamento organizacional ajuda a compreender a forma como os funcionários se comportam, como eles o fazem e como focam e dirigem suas ações a um alvo dirigido no sentido de alcançar as metas tanto organizacionais quanto pessoais.

Com isso em mente, é fácil entender porque está se tornando cada vez mais crescente o interesse das empresas pelo estudo do comportamento organizacional

19 de dezembro de 2013
Jetro F. Silva

RADIOGRAFIA DO CAOS

Com a economia atolada na crise, novo salário mínimo revela o viés hediondo do governo do PT

salario_minimo_24Quando engrossava o coro da oposição, papel que desempenhava com competência, o PT não perdia qualquer oportunidade de criticar o salário mínimo, que sempre foi alvo de adjetivos dos mais variados, como miséria, esmola e outros tantos.

Com a chegada do partido ao Palácio do Planalto, em janeiro de 2003, os petistas abandonaram os discursos do passado, rasgaram a ideologia e deram as costas aos trabalhadores. Tornaram-se, da noite para o dia, nababos tecnocratas, sempre prontos para defender o salário mínimo, que de pífio passou à condição de conquista do trabalhador.

O novo salário mínimo, que passará a valer em 1º de janeiro, foi reajustado para R$ 722,90, alta de 6,62%. O aumento está sendo considerado vergonhoso pela população, que não mais suporta conviver com a voracidade da inflação real, que está na casa de 20%. E os milhões dos brasileiros que enfrentam a carestia do cotidiano sabem que a inflação está além dos índices oficiais anunciados pelo governo.

Para que os leitores compreendam a bizarrice que representa o novo piso salarial nacional, os economistas sugerem que o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 2.677,00, em dezembro. Desconsiderando o hiato de trinta dias que se forma com a entrada em vigor do novo salário, o valor que receberá um trabalhador corresponde a 27% do salário mínimo considerado ideal. Isso significa que para atravessar o mês um reles trabalhador terá no bolso o valor suficiente para viver apenas oito dias com doses mínimas de dignidade.
A situação torna-se ainda mais crítica quando o salário mínimo e o novo aumento são comparados com os preços de produtos básicos e populares. O aumento de R$ 44,90 que o governo petista de Dilma Rousseff está incorporando ao salário mínimo permite ao trabalhador colocar à mesa onze pasteis, que na maior cidade brasileira, São Paulo, não sai por menos de R$ 4 cada.

Petistas e palacianos podem rotular o salário mínimo como conquista e outros quetais, mas o valor de R$ 772,90 é uma consentida violação dos direitos humanos, pois o custo médio de locação de um barraco nas favelas paulistanas é de R$ 400 mensais. Isso significa que com o novo piso salarial o trabalhador conseguirá morar mal e com boas doses de sorte chegar vivo ao final do mês.

O estrago que Lula e sua horda impuseram à economia nacional é tão devastador, que o salário mínimo é extremamente pouco para quem recebe e ao mesmo tempo é muito para quem paga. Quando uma nação chega a esse ponto, a única conclusão a que se chega é que os governantes sofrem de um misto de mitomania e incompetência, com largas pitadas de covardia.

19 de dezembro de 2013
ucho.info

LIXA GROSSA

Após chantagens para tentar manter o aumento do IPTU, Haddad resolve atacar o presidente da Fiesp

paulo_skaf_06Chega a impressionar o papel de marionete de luxo do PT que Fernando Haddad desempenha com excesso de obediência. Ainda sem saber qual será a decisão do Supremo Tribunal Federal no caso do aumento do IPTU na cidade de São Paulo, Haddad partiu para cima de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pré-candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes no próximo ano.

Nesta quinta-feira (19), Haddad disse que a Fiesp, após prejudicar a Saúde com a derrubada da CPMF, agora quer prejudicar a cidade de São Paulo com as ações judiciais que suspenderam o aumento do IPTU. A declaração foi dada momentos antes de Fernando Haddad se reunir nesta quinta-feira (19) com o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa.

“A Fiesp lutou contra a CPMF. Isso tirou R$ 60 bilhões da saúde. Fez bem para a saúde? Acho que não. Nós economizamos muito pouco individualmente e prejudicamos muito a saúde pública em função do fim da CPMF. Acho que a Fiesp está tentando fazer agora a mesma coisa com a cidade de São Paulo”, declarou o petista.

Para o prefeito, a suspensão do aumento do IPTU impactará negativamente na saúde e na educação do município, pois metade dos recursos do imposto é direcionada a ambas as pastas. Haddad justifica a defesa que faz do IPTU maior alegando que o orçamento da capital paulista para 2014 foi elaborado com base na expectativa de aumento do imposto que incide sobre imóveis. Fora isso, o petista afirmou que a majoração, temporariamente suspensa, não pesará no bolso dos contribuintes paulistanos.

Fernando Haddad é um fanfarrão de aluguel que se presta a cumprir ordens do PT, que quer rivalizar com Paulo Skaf para facilitar a campanha de Alexandre Padilha, candidato escolhido por Lula para concorrer ao governo de São Paulo. Além dessa missa encomendada pelo partido, Haddad tenta usar o confronto com Skaf para melhorar sua aprovação junto à população da maior cidade brasileira, que em sua maioria tem reprovado sua administração.

Ora, se R$ 15 mensais não causarão um rombo nas contas dos paulistanos, que o prefeito tivesse mantido tarifa do ônibus em R$ 3,20, pois no bolso do cidadão é menor o impacto de R$ a cada trinta dias. Populista convicto como nove entre dez companheiros de legenda, Haddad, para justificar o aumento do IPTU, usou a desculpa de que a receita adicional seria utilizada para manter a tarifa de ônibus nos atuais R$ 3.

Pupilo do messiânico Luiz Inácio da Silva, o lobista dedo-duro, Fernando Haddad já não se incomoda em usar de chantagem para pressionar os integrantes do Judiciário. Depois da decisão do STJ que manteve a suspensão do aumento do IPTU, o prefeito disse que cortaria verbas de escolas e creches. Em suma, chantagista barato e da pior qualidade.

19 de dezembro de 2013
ucho.info

E AÍ, LULA, COMEU?


Alertado por um post do Anhangüera, fiz o supremo sacrifício de visitar o blog do Garotinho(bleargh!), que conta como Rosemary Noronha entrou com 25 milhões de euros em Portugal. Em se tratando de Garotinho(bleargh!), eu ponho minhas barbas de molho, mas a denúncia é grave.

Como já foi tornado público, Rosemary era portadora de passaporte diplomático, mas o que não foi revelado é que ela também era portadora autorização para transportar mala diplomática, livre de inspeção em qualquer alfândega do mundo, de acordo com a Convenção de Viena. Para quem não sabe esclareço que o termo "mala diplomática" não se refere específicamente a uma mala, pode ser um caixote ou outro volume.

Segundo a informação que recebi, Rosemary acompanhou Lula numa viagem a Portugal. Ao desembarcar foi obrigada a informar se a mala diplomática continha valores em espécie, o que é obrigatório pela legislação da Zona do Euro, mesmo que o volume não possa ser aberto.

Pasmem, Rose declarou então que havia na mala diplomática 25 milhões de euros. Ao ouvir o montante que estava na mala diplomática, por medida de segurança, as autoridades alfandegárias portuguesas resolveram sugerir que ela contratasse um carro-forte para o transporte.

A requisição do carro-forte está na declaração de desembarque da passageira Rosemary Noronha, e a quantia em dinheiro transportada em solo português registrada na alfândega da cidade do Porto, que exige uma declaração de bagagem de acordo com as leis internacionais. Está tudo nos arquivos da alfândega do Porto.

A agência central do Banco Espírito Santo na cidade do Porto já foi sondada sobre o assunto, mas a lei de sigilo bancário impede que seja dada qualquer informação. Porém a empresa que presta serviço de carros para transporte de valores também exige o pagamento por parte do depositário de um seguro de valores, devidamente identificado o beneficiário e o responsável pelo transporte do dinheiro.

Na apólice do seguro feito no Porto está escrito: "Responsável pelo transporte: Rosemary Noronha". E o beneficiário, o felizardo dono dos 25 milhões de euros, alguém imagina quem é? Será que ele não sabia? A coisa foi tão primária que até eu fico em dúvida se é possível tanta burrice.

Esses documentos estão arquivados na alfândega do aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto. O dinheiro está protegido pelo sigilo bancário, mas os demais documentos não são bancários, logo não estão sujeitos a sigilo. A apólice para transportar o dinheiro para o Banco Espírito Santo é pública, e basta que as autoridades do Ministério Público ou da Polícia Federal solicitem às autoridades portuguesas.

Este fato gravíssimo já é do conhecimento da alta cúpula do governo federal em Brasília, inclusive do ministro da Justiça. Agora as providências só precisam ser adotadas. É uma bomba de muitos megatons, que faz o Mensalão parecer bombinha de festa junina.
 
19 de dezembro de 2013

O BRASIL DO PT É UM PAÍS SUI GENERIS MESMO!

Quando falta energia, como faltou há pouco aqui em Ipanema, durante uns 20 minutos, os telefones celulares param de funcionar.

Quem decide sobre a exigência de air-bags e freios ABS nos carros é o ministro da Fazenda.

A ação policial varia inversamente conforme incidência de crimes de corrupção.

Isso, só para falar de hoje...

Já no Brasil que a natureza nos deu, proporciona o que acontece no parapeito da minha janela no terceiro andar de um prédio de uma cidade que dizem estar poluída. No mesmíssimo lugar, com a mesma terra e a mesma água, estão brotados: pimenta habanera, pimenta dedo-de-moça, pimenta biquinho, laranja seleta, limão galego, e batata-doce, todos absolutamente “naturebas” e nascidos de sementes tiradas de coisas que eu comi, sem nenhum tratamento ou adubo especial. Joguei na terra, rego com água gelada pela manhã e mais nada.

Deste mesmo lugar e do mesmo jeito, já saíram para outros lugares: pau-brasil, ipê - ambos de mudas que ganhei e que ficaram enormes -, abacateiro, e mais muitas plantas de horta e pomar.


Talvez eu esteja sendo muito romântico, pelo amor que tenho às plantas (ainda não cheguei ao ponto de conversar com elas) ao estender tanto o parapeito da minha janela, mas, pombas, se o que eu faço por diletantismo, sem conhecimento algum e nas condições mais precárias e adversas, dá certo, por que será que dá tudo errado quando o governo do PT põe a mão, como no caso dos sem-terra, se ele tem a Embrapa, um órgão que, se ainda não foi destruído pelos petralhas, era o que havia de mais competente, talvez no mundo, em termos de agricultura?

Aliás, alguém tem notícia de alguma coisa que tenha sido produzida por algum sem-terra, a não ser destruição?
 
19 de dezembro de 2013

PT REDUZIU 86% DAS OPERAÇÕES DE COMBATE À CORRUPÇÃO NOS ÚLTIMOS SETE ANOS. COINCIDÊNCIA?


“O governo diz que a PF está fazendo um trabalho de qualidade, com muitas operações. Mas não é verdade”
Jones Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais.

De notícia do Globo: 

Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), o governo e a direção da PF tentam mascarar o baixo desempenho com a deflagração precipitada de grandes operações. A manobra daria a falsa impressão de que a instituição está funcionando com toda sua capacidade operacional, e que as queixas contra a baixa produção seriam improcedentes. A precipitação das operações diminuiria o impacto político de algumas investigações.

Um relatório da Fenapef aponta queda significativa em investigações dos crimes de peculato, concussão, emprego irregular de verba pública, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, entre outros crimes que, em linhas gerais, indicam malversação de recursos públicos. A queda acentuada das operações de combate à corrupção se deu a partir de 2007, quando o delegado Luiz Fernando Corrêa assumiu a direção da PF em substituição a Paulo Lacerda. A baixa produção se prolongou na administração do atual diretor, Leandro Daiello, que está no cargo desde o início do governo Dilma.

Pelos dados da Fenapef, o total de indiciamentos nesses crimes caiu de 10.164, em 2007, para 1.472, em 2013 - uma redução de 86%;
em 2010 a PF indiciou 3.874 pessoas por formação de quadrilha e de janeiro até o fim de novembro de 2013, 759 pessoas;
em 2010 a PF indiciou 771 pessoas por peculato, contra 185 em 2013;
em 2010 a PF indiciou 9 pessoas por emprego irregular de verba pública, contra uma em 2013;
em 2010 a PF indiciou 99 pessoas por concussão (cobrança de propina), contra 14 em 2013;
em 2010 a PF indiciou 367 pessoas por corrupção passiva, contra 78 em 2013;
em 2010 a PF indiciou 456 pessoas por lavagem, contra 123 em 2013;
em 2010 a PF indiciou 1.201 pessoas por crime contra o sistema financeiro e não há dados sobre 2013.

Bom, como afirmou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, o governo mente, e isso não é novidade. A gravidade não está na mentira do governo, mas sim na sua manobra evidente para livrar a cara do pessoal da sua base de sustentação, os corruptos e os corruptores.

Vocês acreditam em coincidência? Eu não! Não foi por acaso que essa redução das ações da PF começou em 2007. Refrescando a memória, no dia 28 de agosto de 2007, depois de cinco dias e mais de 30 horas de julgamento, o Supremo tornou réus em ação penal todos os 40 acusados pela Procuradoria Geral da República de envolvimento no mensalão. Não foi por acaso que, em setembro de 2007, o então presidente apedeuta tirou Paulo Lacerda e botou Luiz Fernando Corrêa no comando da PF.

Em um país que o ministro da Justiça engaveta informações sobre seus comparsas, tudo é possível. Ou por outra, tudo isso é mais que provável.
 
19 de dezembro de 2013
De notícia do Globo: 

AGRAVA-SE A CRISE DE DILMA. ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BATE RECORDE

Endividamento das famílias bate novo recorde no país.  Dados do BC mostram que houve aumento de financiamento da casa própria
 
  •  

  • BRASÍLIA - O nível de endividamento das famílias brasileiras bateu novo recorde. Em outubro, subiu de 45,35% para 45,38%. Esse é o peso do total da dívida familiar na renda anual. Apesar de ser o maior patamar já registrado pelo Banco Central, os dados da autoridade monetária mostram que as pessoas aumentaram seu endividamento por causa da compra da casa própria.
    Segundo o BC, o peso do endividamento sem levar em conta o crédito imobiliário caiu. Passou de 30,25% para 30,08% em outubro. É o menor patamar desde julho de 2010.
    Como várias famílias que fazem crédito imobiliário deixam de pagar aluguel, o comprometimento da renda das famílias caiu de 19,65% para 19,27%. É o menor nível desde abril de 2011. O número representa quanto a dívida pesa no orçamento das famílias todo o mês.
    Nesta quinta-feira, o BC informo que o crescimento do crédito deve desacelerar pelo quarto ano seguido em 2014. A autoridade monetária projeta uma alta de 13% no volume de empréstimos no país.
    Para este ano, reduziu a previsão de expansão de 15% para 14%, principalmente, porque o BNDES não deve ter o desempenho esperado antes. Os financiamentos foram considerados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como uma das “duas pernas mancas” da economia
    19 de dezembro de 2013
    Gabriela Valente - O Globo

    JEFFERSON DEVE COMEÇAR O ANO NA CADEIA, DIZ JANOT

    Ex-deputado pediu ao Supremo para cumprir pena em sua casa por causa da dieta e dos medicamentos após ter enfrentado um câncer


    O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) na sua casa em Comendador Levy Gasparian, no sul do Rio de Janeiro, neste domingo (17)
    O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) na sua casa em
    Comendador Levy Gasparian, no sul do Rio de Janeiro,
    neste domingo (17) (Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo)

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer em que opina contra o pedido de prisão domiciliar feito pelo ex-deputado Roberto Jefferson. O mensaleiro alega que se recupera de uma cirurgia para a retirada de um câncer no pâncreas e, por isso, precisa de medicamentos e dieta específicos. Ele chegou a anexar ao processo do mensalão sua dieta nutricional, que inclui salmão defumado, geleia real e suco batido com água de coco.
     
    Antes de se manifestar contra a prisão domiciliar de Jefferson, Janot havia pedido ao presídio que deve abrigar o mensaleiro que se manifestasse se tem ou não condições de receber o condenado e garantir a ele tratamento de saúde e alimentos adequados. Em resposta, a Divisão Médico-Ambulatorial da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro informou que ele pode ser acompanhado por clínico e ter consultas periódicas com um médico oncologista do sistema público, já que é tratado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para o poder público, não há impedimentos para que a dieta e a medicação do mensaleiro seja providenciada.
     
    A opinião do Ministério Público Federal deverá servir de base para a decisão do ministro Joaquim Barbosa, a quem cabe decidir se Jefferson precisa ou não cumprir a pena em regime domiciliar. O ex-deputado foi condenado a sete anos e 14 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
     
    A pedido do STF, o Inca examinou o condenado e apontou em laudo que não é “imprescindível” que ele fique em prisão domiciliar. O documento assinado por oncologistas recomenda, porém, que “o paciente continue com uso regular de seus medicamentos e da dieta prescrita por sua nutricionista, e deve prosseguir com seu acompanhamento periódico, consulta clínica e exames de imagem, para controle oncológico”.

    19 de dezembro de 2013
    Laryssa Borges - Veja

    FELIZ NATAL 2013

    Caro Papai Noel, como presente, queria que você interferisse (de leve, claro) na realidade do dia a dia

    Quando eu era criança, os adultos ao meu redor se esforçavam para que acreditasse no Papai Noel, no Natal e no bebê Jesus.

    Um dia, os mesmos adultos começaram a me explicar que, para eu crescer, era melhor que eu não acreditasse mais no Papai Noel, no Natal e no bebê Jesus.

    Mesmo assim, às vezes, embora duvidando que ele entregue meus presentes no dia 25, fico a fim de fazer meus pedidos ao Papai Noel.

    Um amigo leitor, Sergio Beni Luftglas, em dezembro, faz parte das "duas dúzias de papais noéis judeus na praça". Ele me contou que o entusiasmo produzido por sua chegada é cada vez mais breve: "Acho estranho uma pessoa ser tão esperada e depois de pouco tempo já não ser tão especial". Explicação: "É que tem muito Papai Noel na praça... Um em cada esquina... Acho que deviam falar para as crianças: o Papai Noel só tem um... estes que vocês estão vendo são os irmãos dele".

    Seguindo a recomendação de Sergio, não entregarei minha carta para o Papai Noel do shopping. Vou publicá-la aqui mesmo.

    Caro Papai Noel, não quero brinquedos, nem roupa, nem eletrônicos, nem livros --essas coisas, prefiro comprar eu mesmo. Como presente, queria que você interferisse (de leve, claro) na realidade do meu dia a dia.

    1) Gostaria que, ao menos por um tempo (que você escolhe --entre uma semana e um ano, ok?), ninguém possa mais lamentar o fato de que estaríamos todos apaixonados por nós mesmos.

    Desculpe, Papai Noel, mas não aguento mais ler e ouvir críticos culturais improvisados (ou não) castigando nosso "narcisismo". Você dirá: mas não é verdade que somos narcisistas? Claro que é verdade, mas acontece que você é um homem culto, até porque faz séculos que passa o ano lendo ao lado da lareira, lá no polo Norte, enquanto seus gnomos fabricam os brinquedos.

    Você, desde os anos 60, estudou Kernberg, Kohut e Christopher Lasch, e sabe que "narcisista" pouco tem a ver com a história de Narciso apaixonado por sua imagem: somos narcisistas no sentido clínico, ou seja, somos tragicamente inseguros e carentes, eternamente dependentes da apreciação dos outros.

    Vivemos contando os "curtiu" nos nossos posts no Instagram. Longe de pensar só em nós, agimos em função das reações que gostaríamos de provocar nos outros; seduzimos, provocamos, mas raramente seguimos uma necessidade que seja realmente nossa.

    Não adianta: aqui o pessoal fala que somos narcisistas porque morremos de amor por nós mesmos.

    2) Gostaria que, por alguma mágica, todos tivéssemos sempre que fazer a diferença entre o que achamos e o que realmente sabemos. Você já constatou que, sobretudo em psicologia, a gente pode se expressar em linguagem natural --consequência: o pessoal fala qualquer opinião ou preconceito como se fosse ciência, na cara dura.

    Exemplo. Há os que afirmam "a mulher não tem fantasias de prostituição, e os que pensam que ela tem são os últimos (dos) machistas". Você, que se mantém informado e assina as melhores revistas há tempos, sabe (desde os anos 30) que a fantasia de prostituição é mais que trivial --aliás, não só nas jovens mulheres, mas também nos homens. Papai Noel, acredite, discutir com conversa-fiada dá um cansaço tremendo.

    3) Gostaria que, a partir deste Natal, os jovens de 13 anos soubessem quem é Thomas Mann, mesmo se, para isso, eles tivessem que ignorar quem é Lady Gaga.

    4) Gostaria que nenhum professor, de primário, secundário ou terciário, ganhasse presente de Natal, se ele ou ela disser mais uma vez para seus alunos que dar um Google num tema significa "fazer pesquisa".

    5) Gostaria que as pessoas pensassem mais em promover sua liberdade e menos em limitar a liberdade dos outros. Tipo: "Eu sou contra o casamento gay", tudo bem, não seja gay e, se for, não case. Qual é o problema?

    6) Gostaria que os adultos parassem de tentar ser (ou parecer) adolescentes e, com isso, deixassem aos adolescentes a chance de se tornarem adultos. Por que os adolescentes cresceriam, se eles são objetos de inveja dos adultos?

    A carta continua; tem 78 itens (a generosidade do Papai Noel é conhecida), alguns dos quais retomarei em outras colunas. Mas eis como termina:

    76) Gostaria que existisse um serviço da Tim para cancelar linhas de dados (e, existindo, que respondesse).

    77) Gostaria que o Brasil parasse de ser o país mais caro dos que eu conheço.

    78) Enfim, gostaria que todos, neste Natal, recebessem de você ao menos um presente que não sabiam que eles desejavam.

     
    19 de dezembro de 2013
    CONTARDO CALLIGARIS, FOLHA DE SP

    O CINEMA AMERICANO NO ANO

    É cedo para decretar a morte do cinema, ainda que a quantidade de bobagens mostradas nas telas de 2013 tenha sido colossal

    É cedo para decretar a morte do cinema, ainda que a quantidade de bobagens mostradas nas telas de 2013 tenha sido colossal. Até onde a memória alcança, todos os anos são assim. Só nos períodos em que o mundo e a vida se tornam interessantes os filmes melhoram. Os saltos de qualidade costumam acontecer na forma de movimentos nacionais. Foi assim com o cinema soviético dos anos 1920, o neorrealismo italiano do pós-guerra, a nouvelle vague francesa e o cinema novo brasileiro na década de 60, os filmes americanos dos 70.

    Entre um surto e outro há dúzias de bons filmes, claro, feitos por talentos individuais que atuam em condições favoráveis. Além do que, a arte tem um núcleo de mistério e mágica. Mas hoje o movimento geral é de conformismo estético e inércia industrial. A cadência do sistema exige lançamentos bombásticos, filmes arrasa-quarteirão que mobilizam investimentos formidáveis. Para darem retorno, eles buscam atingir o público por meio do sadismo.

    A pasmaceira artística é disfarçada pela tecnologia, da qual os filmes se tornaram caudatários. Vai-se ao cinema para estontear-se com a trepidação sensurround, atarantar-se com o Imax, deixar-se entorpecer pelas explosões em Dolby e 3D — além de comer pipoca, conversar alto com os amigos, checar o celular e responder mensagens. (Há progresso real também: comprar pela internet o ingresso com lugar marcado é escapar das filas).

    O cinema americano continuou a sua saga de embrutecimento e emburrecimento. As quatro maiores bilheterias nos Estados Unidos foram “Homem de Ferro 3”, “Meu malvado favorito 2”, “Jogos vorazes 2” e “O Homem de Aço”, a enésima franquia com Super-Homem. Ou seja, foram continuações; basearam-se em histórias em quadrinhos e livros para adolescentes; sobrepuseram efeitos especiais a uma dramaturgia esquálida.

    O conteúdo deles é a violência. São cenas e mais cenas com corpos destroçados, explosões de pessoas e prédios, chantagem psicológica, pancadaria coreografada, tortura explícita. O cinema americano adestra o público, sobretudo as novas gerações, para a bestialidade do mundo que os Estados Unidos comandam. Sistemática, a truculência torna a barbaridade corriqueira. Fantasias de destruição são tidas como filmes para crianças. Na verdade, são filmes educativos.

    A complexidade deles aumentou neste ano. “Jogos vorazes 2” mostra uma elite mundial que domina massas escravizadas. Ela monta um reality show em que adolescentes matam uns aos outros, para gáudio de proletários cruéis. Em “Elysium”, a elite nem mora na Terra. Mudou-se para um condomínio fechado que orbita em torno do planeta. Lá, privilegiados tomam coquetéis entre jardins floridos e desfrutam do melhor plano de saúde jamais visto, o que evita até a interação humana. Embaixo, a plebe rala num trabalho insalubre e incompreensível, o banditismo campeia, policiais-robôs batem indiscriminadamente, o mundo é uma favela sem fim.

    É presumível que no próximo “Jogos vorazes” a ditadura mundial de Donald Sutherland — um mestre em risadinhas sinistras e sobrancelhas arqueadas — seja devidamente destronada pela heroína boazinha. Em “Elysium”, Matt Damon acabou sozinho com o condomínio dos biliardários. Hollywood não aposentou a lógica do final feliz.

    Os minutos finais de redenção não alteram a escatologia que sustenta as superproduções. De “Círculo de fogo” a “Guerra Mundial Z”, o apocalipse já aconteceu, vale o salve-se quem puder, a guerra de todos contra todos, a solidão que se afirma na destruição dos outros. A atrocidade nas telas atinge então os píncaros. Triste consolo: por ter homofonia com a realidade, ela é superior à patriotada de “Lincoln” e ao racismo de “Capitão Phillips”.

    Nesse panorama, outras cinematografias nacionais encolhem. Os filmes franceses (os que chegam aqui) mais e mais se refugiam na temática do relacionamento íntimo. São romancezinhos insossos, famílias mais ou menos desajustadas, vidas que pairam num vácuo social. Assemelham-se a “Gravidade”, só que sem tecnologia e sem Mallarmé: em vez do silêncio eterno de espaços infinitos que apavoram, falatório incessante. No Brasil, deram o tom as comédias em que todos berram e fazem caretas.

    As exceções, na França e no Brasil, foram “Azul é a cor mais quente” e “O som ao redor”, filmes criativos que enriquecem o espectador mesmo quando deles se discorda. (“O som ao redor” é chatíssimo, mas não é obrigação da arte autêntica ser agradável ou bela). Anomalia houve até nos Estados Unidos, com “Blue Jasmine”. Ao mostrar um país dividido, no qual uma classe se aproveita da outra, Woody Allen não fez uma tese sociológica. Expôs personagens e riu deles. É uma mágica e mistério do cinema que o filme seja um prodígio de profundidade.

    PERSEGUIÇÃO CINEMATOGRÁFICA


    Respostas aparentemente simplistas para resolver problemas complexos quase sempre soam como frases marqueteiras e sem muita consistência, coisa de candidato em campanha. Ocorre, contudo, que, pelo menos no caso da nossa cotidiana e crescente violência urbana no Distrito Federal e seu entorno, a solução parece óbvia demais. Recorro aqui ao velho bordão dos diretores de cinema para condensar o trinômio necessário para combater roubos, furtos, sequestros e homicídios. Luz, câmera e ação.
    Não tenho dúvidas de que são essas três medidas que fazem mais falta no enfrentamento à criminalidade e cuja adoção daria retorno positivo mais rapidamente. Explico já. Luz de postes para acabar com as enormes manchas de escuridão que ainda teimam em cobrir os espaços urbanos de nossas cidades. Não consigo entender por que Brasília e suas cidades são tão escuras para o pedestre noturno. Fiat lux para os que se escondem nos cantos escuros à espreita das vítimas.

    O big brother urbano também já deu provas suficientes de sucesso imediato em todas os lugares em que foi implantado. Os fora da lei não vão se sentir impelidos a sorrir porque estão sendo filmados. É preciso dar um basta de vez à discussão estéril sobre privacidade em espaço público. Ruas, avenidas e estabelecimentos comerciais podem, sim, ser vigiados 24 horas por dia com câmeras.

    Por fim, temos de pedir a mais elementar das tarefas: ação das autoridades, sobretudo as fardadas diante dos ataques de bandidos maiores e menores de idade. O posto policial perto de casa já não é mais sinônimo de pronta reação às flagrantes violações da lei. Há muita burocracia e embuste na relação entre pontos avançados de atendimento da Polícia Militar e o cidadão. Seria melhor copiar as boas práticas de onde prosperou o conceito de agente público de defesa social integrado à comunidade.

    Antes de o mal tocar nossos ombros ou, pior, colocar o pé dentro de nossos lares, poderíamos clamar pelo anjo da guarda da PM mais próximo. Em resumo, torço para que, em vez de assistirmos a perseguição cinematográfica de meliantes motorizados por viaturas da PMDF ou ficarmos boquiabertos com os intrigantes casos de crueldade alheia, tenhamos a nosso favor as condições mínimas para nos sentimos seguros.
    19 de dezembro de 2013
    Silvio Ribas, Correio Brazliense

    OS OBJETIVOS DA MISSÃO DE EXORTAÇÃO DE FRANCISCO

    Não custa reiterar a advertência papal: "Tanto os intelectuais como os jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras...". O papa Francisco define desde o início de sua Exortação qual é a missão a cumprir: "Neste momento, não nos serve uma 'simples administração'. Constituamo-nos em 'estado permanente de missão', em todas as regiões da Terra".

    O objetivo principal é levar ao mundo a palavra de Cristo, mas com nova linguagem. Essa não é a de "... quem, no fundo... se sente superior aos outros... por ser irredutivelmente fiel a um certo estilo católico próprio do passado". O objetivo secundário é fazer os ricos compreenderem que "a solidariedade deve ser vivida como a decisão de devolver ao pobre o que lhe corresponde". Na missão de conquistar os dois objetivos, ele é claro: "Ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos".

    O "terreno" em que a missão de evangelizar deve cumprir-se é diferente de cultura para cultura: "Não podemos pretender que todos os povos dos vários continentes, ao exprimir a fé cristã, imitem as modalidades adotadas pelos povos europeus... É indiscutível que uma única cultura não esgota o mistério da redenção de Cristo". É aos bispos que incumbirá a tarefa não só de valorizar o serviço dos leigos, mas também de transmitir a doutrina tendo em vista as particularidades culturais: "Penso, aliás, que não... convém que o papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar 'descentralização'". Essa "descentralização" não significa que a Doutrina varie de cultura para cultura: "Se for bem entendida, a diversidade cultural não ameaça a unidade da Igreja. É o Espírito Santo, enviado pelo Pai e o Filho, que... constrói a comunhão e a harmonia do povo de Deus".

    Soldados para cumprir a missão não faltam: "Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicato, dotado de... grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé. Mas a tomada de consciência desta responsabilidade laical... não se manifesta de igual modo em toda parte; nalguns casos, porque (os leigos) não se formaram... noutros por não encontrarem espaço... para poderem exprimir-se e agir por causa dum excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões".

    Os bispos são, vale a comparação, os "comandantes de campo" que têm sob seu comando e orientação "cada Igreja particular, porção da Igreja Católica...": as paróquias. Para o papa Francisco, "a paróquia não é uma estrutura caduca... Isto supõe que... não se torne... um grupo de eleitos que olham para si mesmos... É comunidade de comunidades... As outras instituições eclesiais, comunidades de base e pequenas comunidades, movimentos e outras formas de associação são uma riqueza da Igreja que o Espírito suscita para evangelizar todos os ambientes e setores... Mas é muito salutar que não percam o contato com esta realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular. Esta integração evitará que fiquem só com uma parte do Evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nômades sem raízes". A Exortação fixa, pois, os limites de autonomia e reforça as hierarquias.

    A Igreja militante de Francisco não se esquece dos intelectuais, necessários à renovação do pensamento: teólogos e universidade. Os teólogos têm importante papel a desempenhar: "A Igreja, comprometida na evangelização, aprecia e encoraja o carisma dos teólogos e o seu esforço na investigação teológica... Faço apelo aos teólogos para que cumpram este serviço como parte da missão salvífica da Igreja. Mas para isso é necessário que tenham a peito a finalidade evangelizadora da Igreja e da própria teologia, e não se contentem com uma teologia de gabinete". As universidades não podem ficar alheias à missão que é de todos os católicos. Elas são "um âmbito privilegiado para pensar e desenvolver este compromisso de evangelização de modo interdisciplinar e inclusivo... constituem uma contribuição muito válida para a evangelização da cultura, mesmo em países e cidades onde uma situação adversa nos incentiva a usar a nossa criatividade para encontrar os caminhos adequados".

    Um intelectual presunçoso e prepotente não poderá deixar de notar que há um momento em que o registro do discurso da Exortação se altera. O inimigo era, até aqui, o indivíduo membro de uma sociedade indiferente preocupada com o dinheiro. Para conquistá-lo basta a evangelização; é como se fora uma guerra de usura, de aproximação frontal. Mas há inimigos encastelados nas instituições - e contra eles apenas a aproximação indireta poderá obter resultados, pois "a Igreja não tem soluções para todas as questões específicas".

    Como aproximar-se do adversário e convencê-lo do verdadeiro Evangelho? Pelo diálogo: "Neste momento, existem sobretudo três campos de diálogo em que a Igreja deve estar presente": com os Estados, com a sociedade "e com os outros crentes que não fazem parte da Igreja Católica". Ao papa, tudo parece indicar, cabe conduzir o diálogo com "os outros crentes" e as ciências; aos bispos, aquele com o Estado.

    É nesse diálogo que a Exortação de Francisco ganha sentido político: a Igreja militante não relegará "a religião para a intimidade secreta das pessoas", pretenderá exercer "influência na vida social e nacional", preocupada que está "com a saúde das instituições da sociedade civil..."

    MEDO DO POVO

    Mesmo com as urnas eletrônicas – essas caixas-pretas que não imprimem o voto e não permitem verificação independente –, mesmo com todo tipo de programa assistencialista, mesmo com o voto de legenda que faz dos deputados efetivamente eleitos uma ínfima minoria e tudo o mais, os políticos ainda têm algum medo do povo.

    Isso pôde ser visto com clareza na retirada de vários itens do delirante projeto de Código Penal que foi votado anteontem; o aborto continua como está, as drogas não foram legalizadas, e a “homofobia” ainda não é crime. Afinal, tais projetos, ainda que alavancados pelas elites transnacionais que distribuem fortunas em sua propaganda, são rejeitados pela avassaladora maioria do eleitorado. Uma lista de políticos que tenham votado a favor de um projeto de legalização do aborto é uma lista de políticos que terão sérias dificuldades para reeleger-se.

    Não que isso faça muita diferença prática: o poder, o dinheiro envolvido e o cacife dos militantes a favor das causas ditas “progressistas” faz com que sempre se arranje um jeitinho. Ora é uma lei disfarçando o aborto de outra coisa, ora é uma decisão de juízes mais alinhados com as elites internacionais que com o povo brasileiro, ora é uma “norma técnica” como aquela com que José Serra fez dos médicos do SUS aborteiros.

    São maneiras de driblar a vontade popular e fazer valer a vontade de alguns poucos, riquíssimos, que procuram demolir o que resta da civilização que nos trouxe até aqui. Os efeitos diretos e indiretos desta campanha antipovo fazem-se sentir na criminalidade exacerbada pelo desarmamento das vítimas (reprovado nas urnas pela imensa maioria da população, mas que continua firme e forte), pela quase legalização do crack (não dá cadeia...) e do furto (idem), e pelos programas assistencialistas. Afinal, sem uma família estável, sem um modelo de comportamento a seguir, a vida de viciado, alternando o êxtase absoluto da droga com momentos de poder e adrenalina nos furtos cometidos para sustentar o vício, passa a parecer uma excelente opção de vida para muitos rapazes que poderiam estar trabalhando honestamente. Não que o Estado facilite isso, claro: a legislação trabalhista, que é uma mãe para o empregado, é uma madrasta cruel para quem está procurando emprego.

    Em suma, a situação administrativa do Brasil continua propositadamente crítica. A única notícia boa é que algum medo do povo ainda existe entre nossos empregados no Estado, e não foi desta vez, abertamente, que pioraram mais um pouco a nossa vida.

     
    19 de dezembro de 2013
    Carlos Ramalhete, Gazeta do Povo

    MACONHEIRO LIBERAL

    No Uruguai, onde a legalização é uma iniciativa da esquerda, o governo quer fazer um tipo de política pública


    Um conservador de verdade deve ser a favor ou contra a legalização da maconha? Depende, isso pelo menos nos Estados Unidos — onde, aliás, em janeiro agora, entra em vigor a legalização do plantio, processamento e venda nos estados de Colorado e Washington.

    O conservador social foi contra. O argumento é ético e religioso. O uso da droga é considerado um desvio moral e um pecado, assim como, por exemplo, a homossexualidade ou a prática do aborto. Aqui se encontrou a ala mais direitista do Partido Republicano.

    Já o conservador fiscal foi a favor. Para este lado, a liberdade individual é o valor dominante. Radicalizando, se a pessoa quiser fumar um baseado, ninguém tem nada com isso, desde que não prejudique a liberdade, os direitos dos outros e a vida em sociedade. E que também faça o que quiser de seu corpo, nas mesmas condições

    Deste lado do mundo e também na Europa, esse é o legítimo ponto de vista liberal. Sempre que se apresenta a escolha entre uma obrigação coletiva e a liberdade individual, prevalece esta última. Por exemplo: o voto não pode ser uma obrigação social ou política, mas um direito que a pessoa exerce ou não conforme sua vontade.

    Mas por que nos EUA, em meio ao debate sobre a legalização da maconha, se recorreu a essa designação de “conservador fiscal”? Por causa dos impostos.

    O conservador fiscal pensa assim: o governo está perdendo a guerra contra as drogas, embora gaste um caminhão de dinheiro nisso, tanto nas operações policiais quanto nos cuidados com as doenças (físicas, psíquicas e sociais) resultantes do uso dos entorpecentes.

    Logo, convém legalizar a coisa e cobrar impostos pesados em toda essa operação.

    De fato, no estado de Washington, por exemplo, o governo local está dividindo o setor econômico da marijuana em três fases: produção (plantio), processamento e venda no varejo. Planeja cobrar 25% de imposto (valor agregado, tipo ICMS) na passagem de cada fase. Prefeituras também poderão cobrar taxas adicionais na produção e no varejo.

    Tudo considerado, o Departamento de Controle do Álcool do governo de Washington estima que o preço do grama de maconha pura vai chegar ao consumidor final por 12 dólares, fora as eventuais taxas municipais.

    Já no Uruguai, que também legalizará a maconha no ano que vem, o governo estima que o preço deve ser de um dólar por grama, da “melhor qualidade”, como assegurou o ministro da Saúde.

    Preço é crucial, pois se for muito caro abre espaço de novo para o tráfico ilegal.

    E assim, para se ver como o assunto é complicado, a legalização da maconha, em toda parte, juntou conservadores fiscais, conservadores liberais, liberais puros, mais o pessoal da esquerda liberal e os — como dizer? — remanescentes de Woodstock?

    Cada um tem seu motivo: a liberdade individual; tirar um peso do Estado; acabar com a violência e a corrupção da guerra ao tráfico; livrar os não usuários da droga, a grande maioria, claro, dos custos provocados pelos usuários; e, afinal, tirar um barato.

    Já o processo de legalização divide as opiniões de novo. No Uruguai, por exemplo, onde a legalização é uma iniciativa da esquerda, o governo quer fazer um tipo de política pública. Tudo tem que ser controlado pelo Estado, desde o plantio até a venda. Até o usuário, para ter o direito de comprar seu bagulho, precisa se registrar no departamento competente. É o barato estatizado e baratinho.

    Já nos EUA, a tendência é inversa. O barato será caro. Imposto neles! O negócio será regulado e fiscalizado pelo Estado, como se faz com álcool e tabaco, mas toda produção, distribuição e consumo serão privados. A empresa precisará de licença para atuar no ramo. O governo poderá limitar o número de licenças, mas não negá-la a uma empresa legalmente constituída. Se houver mais pedidos de licença do que o definido em lei? Sorteio.

    Tudo considerado, são experiências em andamento. A rigor, ninguém sabe exatamente como a coisa vai funcionar. O Washington State Liquor Control Board traz na sua página (lcb.wa.gov) um FAQ sobre o processo de legalização.

    Lá se diz, por exemplo, que a receita estimada com o imposto de marijuana varia de “zero a US$ 2 bilhões em cinco anos”. Por que tanta disparidade? Porque não se sabe o tamanho real do mercado, nem qual a reação do governo federal, pois a legalização é apenas uma lei estadual.

    Isso mesmo, o cidadão do Colorado e de Washington pode ser autorizado a produzir, vender, comprar e fumar um baseado pela lei estadual e preso por isso mesmo pela federal.

    Mais confusão à vista. De todo modo, o governo de Washington informa que está contratando 35 funcionários para trabalhar no sistema de licenciamento e fiscalização da marijuana. E avisa: o Departamento é “local de trabalho livre de drogas”. Os candidatos serão testados para qualquer droga, incluindo marijuana.

     
    19 de dezembro de 2013
    CARLOS ALBERTO SARDENBERG, O GLOBO

    A KOMBI NO TAPETÃO

    A coluna de hoje começa com um assunto e termina com outro.

    O primeiro está sintetizado no título acima. Tanto foi bom e moralizador manter em 1º de janeiro a data-base para a entrada em vigor das novas exigências de segurança nos veículos de fabricação nacional quanto foi vexatória e desmoralizadora a proposta de criar um tapetão especial para abrir uma exceção para a cinquentona Kombi (após o fechamento da coluna, o Contran anunciou recusa do pedido).

    Não há justificativa séria para isso. A Volkswagen já havia anunciado oficialmente a "descontinuação" da produção do modelo para a qual teve cinco anos para se preparar.

    Estudo do Centro de Experimentação e Segurança Viária concluiu que ao menos 500 mortes e 10,1 mil ferimentos seriam evitados por ano se todos os veículos brasileiros possuíssem airbag.

    Empurrar mais prazo para tirar a Kombi das linhas de montagem, em nome de preservação provisória de empregos ou de contenção da inflação, é o mesmo que permitir a comercialização de remédios com prazo vencido.

    É também incompreensível que a Volkswagen mantenha as vendas de um produto condenado por razões de segurança. Na Alemanha, país-sede da Volks, um despropósito dessas proporções não seria tolerado.

    Afora isso, parece óbvio que, além do risco para sua própria segurança, os eventuais novos compradores dessas Kombis "Jesus-está-chamando" enfrentarão queda mais rápida do valor de revenda de seus veículos. O argumento de que é preciso favorecer o comprador de menor poder aquisitivo também não cola. Que banco se disporá a financiar a compra de um produto sujeito a forte deterioração da garantia? Enfim, essa é também uma questão de marketing e a Volks deve ter noção disso.

    O outro tema desta coluna é o crescimento rápido do rombo nas contas externas, os números que compõem receitas e despesas do País com comércio exterior de mercadorias e serviços, mais transferências unilaterais de recursos. O ano passado terminou com um déficit externo de US$ 54,2 bilhões, ou 2,4% do PIB. Neste ano, saltará para algo em torno dos US$ 78 bilhões, 3,5% do PIB, nada menos que 44,0% maior do que o do ano anterior (veja, ainda, o gráfico).

    Por enquanto, esse déficit está sendo em boa parte coberto com Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) - veja o Confira. O governo vê os US$ 63 bilhões que estão entrando neste ano como prova de confiança na política econômica do Brasil. Mas a maior parte desses recursos ou é de empréstimos entre matrizes estrangeiras e filiais ou pagamento de bônus de assinatura de leilões de concessão, como foi, em novembro, o caso das reservas de Libra.

    O alargamento do déficit em conta corrente reflete consumo além da capacidade das pernas do brasileiro. São cada vez mais importações de bens e serviços, destinados a suprir a insuficiência da oferta da produção interna. Esse forte consumo, por sua vez, tem a ver com a disparada das despesas públicas do governo federal, que estão crescendo ao ritmo de 14% ao ano.

    AINDA TEM MUITO JOGO NOS EUA



    Começo do fim do estímulo monetário por ora nem de longe reduz incertezas e risco de tumulto


    O GOVERNO estava "extremamente preparado" para a mudança da política econômica americana (palavras de Dilma Rousseff). O "mercado" brasileiro tinha "precificado" a decisão do banco central americano, o Fed (isto é, taxas de juros e câmbio, por exemplo, já seriam negociados como se a mudança esperada tivesse ocorrido).

    Isto é, donos do dinheiro e governo estariam preparados para o começo do fim do programa de despejo de dinheiro do Fed na economia dos EUA, que começou ontem a conta-gotinhas. A partir de 2014, o Fed vai comprar menos dívida privada e pública, programa que ajudou a reduzir os juros de longo prazo.

    Ainda que fosse verdade ou desse para levar muito sério esse tipo de afirmação dos "preparados", o BC dos EUA, o Fed, anunciou ontem que seu programa só acaba quando termina, que a história ainda vai durar muito tempo e que o pouso será suavíssimo, mas sujeito a arremetidas e mudanças de rota a fim de aumentar a segurança do procedimento.

    Ou seja, além das incertezas do efeito mesmo do início do fim do programa de estímulos à economia, surgiram novas oportunidades de especulação sobre o ritmo de fechamento da torneira monetária americana.

    O Fed até que está animado com o crescimento da economia em 2014, que estima em 3%. Mas está cismado com a inflação baixa demais (sinal de algum tipo de anemia econômica) e com o desemprego ainda alto demais.

    Sugeriu, pois, que: 1) A taxa de juros de curto prazo, a taxa "básica" deles, deve ficar em zero até 2015, pelo menos (até bem depois que o desemprego baixe de 6,5%). Ou seja, o que tira com uma mão agora dá com outra no futuro; 2) Pretende reduzir paulatinamente a compra de títulos de dívida no mercado, talvez até dando cabo do programa no final de 2014. Mas tudo vai depender do ritmo da economia: da inflação e do emprego.

    E nós com isso?

    A taxa de juros de longo prazo dos EUA tende a aumentar paulatinamente. Até agora, a alta dos juros americanos (títulos de dez anos) foi acompanhada passo a passo pela alta do dólar, relação que ficou estremecida apenas pela intervenção do BC brasileiro no mercado.

    Se a relação vai continuar tão estreita, é difícil dizer. Depende das intervenções do BC em 2014, do efeito da alta dos juros brasileiros, da gestão econômica do governo. Mas é certo que o dólar vai ficar mais caro; os juros, ao menos um tico adicional mais altos.

    Há mais incertezas. Em qual ritmo o mercado americano vai chutar os juros deles para cima? Qual o efeito disso na atividade econômica (que será favorecida por alguma folga fiscal em 2014)?

    Vai haver "acidentes"? Com juros baixíssimos, a taxa de calote das empresas baixou. Vai continuar assim? As empresas boas inflaram suas margens de lucro com a redução do custo financeiro (e demissões e queda dos salários). A festa vai continuar? Dado o ritmo suavíssimo de redução dos estímulos, as Bolsas americanas vão desenvolver bolhas?

    Vai haver tumultos devido à flutuação de dados e expectativas de crescimento dos EUA, o que poderia modificar o ritmo do Fed? Haverá problemas nos "emergentes" mais frágeis, o que pode nos contaminar (se é que o problema não vai acontecer mesmo conosco)?

    Difícil estar bem preparado para tantas possibilidades.

    ECONOMIA, POLÍTICA E CRISE DE GOVERNANÇA NO BRASIL

     
    A crescente insatisfação de parcela significativa da população, que saiu às ruas para protestar contra os governantes e políticos, reflete claro desejo de mudanças na forma de gestão do Estado. Destacam-se nesse cenário, conforme revelam as pesquisas de opinião pública, as exigências por mais ética na política, o enfrentamento da corrupção e a prestação de serviços públicos de qualidade. Por sua vez, o atendimento das demandas exige reestruturação do Estado, pois implica reavaliação de práticas e valores arraigados na sociedade. Deve-se reconhecer que essa não é tarefa fácil.
    É relevante alertar, diante da amplitude e complexidade das mudanças exigidas para alterar as relações entre o Estado e a sociedade, que elas só vão surtir efeitos a longo prazo. A avaliação dos instrumentos institucionais, recursos financeiros e meios políticos disponíveis para a execução de reformas políticas, administrativas e sociais necessárias para atender as demandas se revelam deficientes e frágeis. É sobre essas questões que tratarei a seguir.

    As distorções e desajustes na gestão do Estado, traduzidas em serviços públicos de baixa qualidade, incompetência na gestão pública e corrupção endêmica, foram agravados pelos efeitos da crise econômica mundial e pelos baixos níveis de crescimento econômico do país nos últimos anos. Esse contexto indesejável foi construído a partir dos erros sistemáticos do governo federal, com a execução de política econômica inconsistente, baixo nível de poupança e de investimento, intervenção na economia, criação de "contabilidade criativa", invenção de "megaempresários", entre outros.

    É sabido que o combate à corrupção se concretiza com a estruturação de órgãos e instituições estatais independentes, com recursos humanos preparados e bem remunerados. É necessário haver uma cultura social que apoie o esforço, sem distinções, visto que não é possível existir um Estado honesto sem uma sociedade íntegra. Assim, o combate à corrupção somente terá sucesso se houver mudança da estrutura estatal para enfrentar o problema e mudança da cultura social.

    Por sua vez, a opção política do governo, na busca de uma base aliada confortável no parlamento, entregando ministérios e empresas públicas para partidos políticos aliados de porteira fechada, abriu os caminhos para a ineficiência e a corrupção em larga escala na administração pública. A escolha dos gestores públicos para os cargos estratégicos, com base apenas em critérios políticos, relegando a segundo plano a competência e o compromisso com a administração, revelou-se forma temerária de governar. A soma dessas variáveis explica, em grande parte, o baixo nível de desempenho da administração pública, que se tornou incapaz de ofertar serviços de qualidade, notadamente nas áreas de educação, saúde, segurança e transporte.

    Pode-se argumentar, por fim, diante do cenário preocupante, em que está evidenciado crescente enfraquecimento das instituições, agravado pela prática continuada de decisões e ações políticas e governamentais que conflitam com os interesses da sociedade, que o Estado está a caminho de uma crise de governança. Os embates decorrentes do quadro vão se intensificar no próximo ano, quando o Brasil sediar a Copa do Mundo de Futebol e viver um ano eleitoral, no qual as demandas da sociedade e os conflitos políticos estarão entrando em ebulição.
    19 de dezembro de 2013
    JOSÉ MATIAS-PEREIRA, CORREIO BRAZILIENSE

    O DESAFIO QUE A ESPERA ESTÁ NO 2o. MANDATO


    As duas grandes tentações, quando se escreve um último artigo do ano sobre economia, são a do balanço e a da previsão.

    Um balanço realmente útil não é, porém, o dos números e desempenhos, e, sim, o dos erros e acertos. Quanto à previsão, é geralmente tão inútil quanto equivocada, como as que têm vitimado nosso ministro Mantega quando cai na armadilha. Não vamos entrar nela. Nem na outra, a do balanço dos números ou dos acertos e erros.

    Mas o que se pode dizer sobre a economia, nacional e mundial, quando se está na boca de um túnel pouco iluminado? Dá para enxergar alguma coisa nos primeiros metros, mas praticamente nada além da metade. E menos ainda como termina.

    Um dos fatos relevantes que se veem com nitidez, mesmo sem vislumbrar seus desdobramentos, é a eleição presidencial na segunda metade do túnel de 2014. Isso no front interno. No front externo, o fato mais próximo - pode estar nos jornais de hoje - é o desmonte da lassidão monetária que o banco central americano implementa há algum tempo.

    Essas duas coisas terão influência, de várias formas, em nossa economia ao longo do ano que entra.

    E o que é que a economia brasileira precisa pedir ao Papai Noel neste Natal?

    Uma boa aceleração do seu crescimento, impulsionado não mais pela euforia do consumo, e, sim, pela euforia dos investimentos. Sim, porque daqui por diante não se trata mais de aumentar empregos e renda mediante aumento das vendas do comércio. Isso já está se esgotando, se é que não se esgotou. O que o País precisa agora é do aumento do emprego e da renda na área da produção, principalmente industrial, e dos serviços. É isso que cria, de fato, o desenvolvimento sustentável, e não apenas uma sensação de bem-estar.

    O governo Lula foi um período de bem-estar temporário. Favorecido pela economia internacional, pôde promover aumentos de salários, de empréstimos, de renda, etc., por meio de leis ou medidas administrativas simplesmente.

    Outra coisa, bem mais difícil, é convencer os investidores, estrangeiros e nacionais, a investir pesadamente para promover a mesma coisa de forma mais permanente e estável: aumento do emprego, da folha de salários, da produção, da renda, dos recolhimentos para o INSS e o FGTS, para o Imposto de Renda, etc. Esse é o desafio ao longo do túnel do ano de 2014.

    Nossa presidente Dilma entra em 2014 carregando um triênio de baixo crescimento da economia. Provavelmente, uma das médias mais baixas de um período de três anos. Por conseguinte, tem de tentar aumentar bastante o PIB em 2014 para melhorar a média do seu primeiro mandato. E não só para isso.

    Como ela faz questão de ser reeleita, para reforçar o famoso projeto de poder do seu aguerrido partido, significa que terá de terminar bem melhor o primeiro mandato, em todos os aspectos, para poder entrar com o pé direito no segundo. Aí, sim, poderá reformar a casa da economia pelos alicerces, e não pelas lantejoulas e lustres de cristais. Lula criou uma classe média que pôde comprar geladeiras, máquinas de lavar, carros e até casas. Agora essa nova classe média está querendo mais e melhores empregos, mais e melhor ensino, mais segurança, melhor futuro para os filhos e para o País. Isso, só com empregos de melhor qualidade, mais estáveis e de mais futuro.

    Aspirações que só serão atendidas com aumento substancial da Formação Bruta de Capital Fixo (perdão pelo economês) em indústrias, tecnologias, ensino. Ou seja, depende de um grau de confiança dos investidores que Dilma não conseguiu conquistar e até insistiu em perder.

    Parece que se deu conta disso e tem feito algum esforço recente para mudar o estilo. Terá um ano para provar. Ou entrará perdedora num segundo mandato, mesmo que vitoriosa nas urnas de outubro.
     
    19 de dezembro de 2013
    Marco Antônio Rocha, O Estado de S. Paulo

    DILMA E O PT TRATAM O MAIOR E MELHOR CLIENTE DA EMBRAER A COICES


     
     
    A American Airlines, maior companhia aérea americana, acaba de fechar um pedido de 60 jatos com a Embraer, no valor de U$ 2,5 bilhões. O pedido pode ir a 150 jatos, o que alcançaria a espetacular cifra de U$ 6,3 bilhões. Agora vejam a data da primeira entrega: primeiro trimestre de 2015.
     
    A companhia americana vai configurar os E175 com 76 lugares, incluindo 12 assentos na primeira classe e 64 na econômica, sendo 20 com espaço extra. Até junho, de 119 encomendas de jatos comerciais, 117 eram dos ianques. A Embraer já vendeu mais de 700 E-Jets para os Estados Unidos e possui uma parceria firme e promissora com a Boeing. 
     
    Em maio, inclusive, a empresa havia assinado com a Embraer um contrato inédito. Nele, a Boeing se comprometia a fazer a campanha de vendas da grande aposta da brasileira para o mercado militar, o cargueiro KC-390 --no qual a FAB alocou R$ 3,5 bilhões. Agora pergunta quantos aviões a Suécia já comprou da Embraer.
     
    Em contrapartida, o Brasil acaba de comprar 36 caças de guerra, por U$ 4,5 bilhões. Por birra de Dilma  Rousseff e pelo sentimento antiamericano que domina a esquerdalha petista, os americanos, nossos maiores parceiros no mercado da aviação, foram preteridos pelos suecos.
     
    Os aviões escolhidos são os Gripen e o primeiro será entregue sabem quando? Em 2018. Enquanto isso, o país terá que fazer um novo contrato de aluguel de aviões com a Suécia, até que cheguem os primeiros caças adquiridos. Que, aliás, são praticamente americanos, tal o volume de peças que são produzidas nos Estados Unidos, inclusive as turbinas da General Eletric.
     
    Não vou entrar em discussões sobre o negócio em si, pois não conheço os seus meandros, mas olhar o que interessa: o macro da relação entre dois países. O governo brasileiro vem se notabilizando a tratar a pontapés - ou coices - o seu melhor parceiro comercial. Mesmo que para isso corte as asas da empresa brasileira mais respeitada no mundo: a Embraer que, claro, vai entubar sem criticar o governo federal. É a cara da Presidenta Dilma, vocês não acham? E o focinho do PT, com certeza.

    HELICOVERPA ARMIGERA ATACA O PSB


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    A Helicoverpa armigera é uma lagarta identificada recentemente, que tem surpreendido produtores e pesquisadores pelo seu poder de destruição, causando prejuízos, principalmente, às lavouras de milho, soja e algodão. Ainda não acharam um defensivo contra ela.
     
    Na política, a Helicoverpa armigera atende pelo nome de Marina Silva. Seu primeiro ataque fulminante foi contra o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), destruindo a sua plantação quase em fase de colheita no terreno do PSB. Está certo que o casamento entre um ruralista e um socialista é uma cruza meio esdrúxula, quase uma anomalia, tipo um boi de duas cabeças, mas nada justificava tão violento ataque da lagarta.
     
    Depois de atingir o campo, a Helicoverpa da Silva chega à cidade, disposta a arrasar qualquer semente de aliança dos campistas que não seja com borboletas azuis ou pererecas verdes. Com tucanos, nem pensar. Abaixo, matéria da Folha de São Paulo.
     
    Em meio à aproximação entre Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), a Rede Sustentabilidade, aliada do pernambucano, divulgou nota ontem para reafirmar a orientação para que seus diretórios estaduais reforcem o projeto nacional de terceira via, em oposição à polarização entre tucanos e petistas.
     
    A nota foi divulgada depois de a ex-senadora Marina Silva, principal expoente do grupo, afirmar em entrevista no fim de semana que a aliança com o PSB "não é verticalizada" e "não estabelece para a lógica dos Estados a mesma lógica" do plano federal. Para parte da Executiva da Rede, a declaração ensejou interpretações equivocadas e precisou ser esclarecida.
     
    "Houve uma interpretação, principalmente da imprensa, de que a fala teria um significado diferente do que tem. Na nota, dizemos que não", diz Bazileu Margarido, coordenador-executivo da Rede. "A declaração dela não foi uma autorização para que localmente haja alianças com o PSDB, dizendo que a situação em alguns Estados está tudo bem. A fala deixou uma ideia dúbia, que esta nota corrige", afirma o deputado Walter Feldman (PSB-SP), da Executiva da Rede.
     
    A diretriz do grupo é não apoiar candidatos do PT e do PSDB. No texto, o partido diz que "realizará todos os esforços para que, em consenso com PSB e PPS, os Estados possam apresentar alternativas programáticas alinhadas com seu programa nacional", em alianças "comprometidas com a nova política".
     
    A Rede se aliou ao PSB em outubro, após a Justiça Eleitoral ter negado o seu registro. À época, o PSB já apoiava diversos governos tucanos, e Campos negociava palanques estaduais com o PSDB de Aécio para sua candidatura ao Planalto em 2014. Há cerca de dez dias, os dois voltaram a se encontrar e reafirmaram, durante jantar no Rio, a disposição de dividir palanques em vários Estados para unir forças contra a presidente Dilma Rousseff.
     
    Dois dos locais que mais preocupam a Rede são Paraná e São Paulo, em que PSB e PSDB caminham para disputar juntos os governos. Em São Paulo, o PSB integra o governo do tucano Geraldo Alckmin e tende a reproduzir a aliança em 2014. O presidente estadual, deputado Márcio França, é apontado como possível vice do tucano. A Rede paulista já aprovou manifesto contra a aliança e por uma candidatura própria, que teria Feldman como um dos possíveis nomes.
     
    No Paraná, o PSB é aliado do também tucano Beto Richa e deve apoiar sua reeleição. A Rede, no entanto, deve apoiar a candidatura da deputada Roseane Ferreira, do PV. Há ainda distanciamento em outros seis Estados. Segundo a nota emitida ontem, a separação entre Rede e PSB será aceita "somente em último caso".
     
    Para a Rede, alianças regionais com tucanos podem enfraquecer o discurso que deve embalar a candidatura da dupla Eduardo-Marina, de renovação na política."A Rede reafirma que no centro da estratégia eleitoral para 2014 está a busca por candidaturas que reforcem o projeto nacional da coligação", diz o texto.
     
    19 de dezembro de 2013
    in coroneLeaks

    JANGO VOLTOU A SER PRESIDENTE.

    Então tá. Desta vez, não vai poder fomentar um golpe…


    Continuemos a cuidar de assuntos que não têm importância. O Congresso devolveu, nesta quarta, simbolicamente, o mandato a João Goulart. A presidente Dilma estava presente. Também assistiram à cerimônia os chefes das Forças Armadas. Deixem-me ver: falta agora rever o golpe do Estado Novo e o que decretou a Proclamação da República, que também foi uma quartelada.
     
    O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), como presidente do Congresso, pediu desculpas pelas “inverdades patrocinadas pelo estado brasileiro”. Jango foi chamado de um patriota. Como se sabe, os restos mortais do ex-presidente foram exumados para que se apure uma delirante hipótese de assassinato. 
     
    O João Goulart que mergulhou o país no caos político desapareceu. Sobrou um suposto estadista, que teria sido derrotado pelas forças do mal. Aí, meus caros, eu tenho de remetê-los para um autor que vocês conhecem bem: Marco Antonio Villa, que escreveu o livro “Jango, um Perfil”. Precisa ser lido.
     
    Villa não justifica o golpe — isso é tolice. Mas evidencia como, nos meses finais, não passou dia sem que o presidente desse a sua inestimável colaboração à quartelada. Seu último discurso foi redigido por Luiz Carlos Prestes, o líder comunista. Reproduzo abaixo trecho de uma entrevista de Villa concedida à Folha em 2004. Volto em seguida:
     
    Folha – Em sua opinião, o Comício da Central precipitou o golpe?
    Marco Antonio Villa - Criou-se uma mitologia sobre o comício, como se ele tivesse sido o elemento que levasse à queda de Jango. Não é verdade. Foi organizado como meio de o governo pressionar o Congresso a aprovar uma série de reformas, as quais o próprio governo ainda não havia enviado. Tanto que no dia seguinte, um sábado, não aconteceu absolutamente nada. Jango assina o decreto do congelamento de aluguéis e vai para Brasília, onde, no domingo, Darcy Ribeiro, então chefe da Casa Civil, leva a mensagem presidencial ao Congresso, que iniciava o ano legislativo. Ainda houve uma recepção no Palácio do Planalto naquela noite, em que Jango se encontra com Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara e na prática o vice-presidente, e Auro Moura Andrade, do Senado. O governo considerava a situação tão tranqüila que o ministro da Guerra, general Jair Dantas Ribeiro, anuncia viagem de duas semanas para os EUA. Há outra lenda, de que o Congresso era contra as reformas, mas os deputados e os senadores só souberam do desejo e do teor das reformas por meio daquela mensagem presidencial lida no dia 15, portanto dois dias depois.
     
    Folha – Mas o discurso de Jango não foi considerado incendiário?
    Villa - Não, em termos políticos é absolutamente idêntico a uma série de discursos que ele vinha fazendo no mês de março, em visitas a universidades e guarnições militares. O radical naquela noite foi Leonel Brizola. Ali sim você tem alguém que quer fechar o Congresso Nacional.
     
    Folha – E a presença ostensiva do Exército no ato?
    Villa - Primeiro, servia para mostrar o suposto apoio militar a Jango, reforçado pelo comparecimento dos três ministros militares no palanque. Segundo, naquela época não se dissociava muito o prestígio político das armas, político forte era o que tivesse votos mas também o apoio militar.
     
    Folha – E a ameaça do golpe, já estava no ar?
    Villa - Vários grupos lutam pela hegemonia política naquele período. De um lado a direita, contra qualquer tipo de reforma. Do outro lado, os brizolistas e os comunistas, aliados a Jango, mas todos com projeto próprio. Se você consultar o jornal “Panfleto” do começo de 1964, verá que o próprio Brizola dizia considerar Jango um indeciso. O Partidão era um aliado do presidente, mas havia também pequenos agrupamentos de extrema-esquerda, como o PC do B, criado dois anos antes, e a Polop. O que une ambos os lados é que todos querem chegar ao poder por golpe, seja os militares, seja Brizola e mesmo Jango, no caso para continuar no poder. Tanto é assim que o golpe veio.
    (…)
     
    Volto
    Esse esforço para, literal e metaforicamente, desenterrar cadáveres só serve aos vivaldinos de hoje. O processo de heroicização de João Goulart busca transformar a história numa luta entre bons e maus — cada grupo, é evidente, com o seu devido viés ideológico.
    Assim, as esquerdas que estão no poder seriam as herdeiras daquele grande patriota, que só queria o bem do Brasil. Os adversários dos poderosos de agora, por óbvio, se alinhariam com aqueles que derrubaram Jango. Trata-se, obviamente, de uma farsa cretina.
     
    19 de dezembro de 2013
    Reinaldo Azevedo