NOTÍCIAS FALTANTES - COMUNISMO
A agência oficial chinesa de notícias Xinhua pediu o fim do “livre fluxo da informação” para acabar com a primazia dos EUA na Internet. Como que ecoando vozes do PT (ou vice-versa?), o órgão comunista afirmou: “Chegou a hora de reestruturar o governo global da Internet”.
Em outubro de 2015, um representante chinês propôs na Assembleia Geral da ONU a imposição de um “código de conduta” sobre a web mundial, com o evidente beneplácito da Rússia e dos governos bolivarianos.
O presidente comunista chinês Xi Jinping abriu na cidade de Wuzhen a segunda Conferência Internacional de Internet, segundo informou o jornal espanhol “El Mundo” em dezembro. O país não podia ser mais mal indicado, pois a China comunista esmaga a Internet com uma vigorosa e injusta censura e uma espionagem policialesca.
As autoridades socialistas perseguem os internautas com o pretexto de “salvaguardar a soberania e a segurança nacional”, segundo propala a agência oficial de notícias Xinhua.
Xi Jinping não fez segredos em seu discurso inaugural. A “segurança” – leia-se prisão dos que não pensam como o governo – deve se desenvolver paralelamente à expansão da Internet.
Ele advogou pela “ordem do ciberespaço de acordo com a lei”. A lei marxista que, segundo Xi, “todos devem obedecer” sob pena de prisão, trabalhos forçados, cárceres negros, além de outras “delicadezas” que o regime socialista dispensa ao internauta que mandou um e-mail tido como crítico ao regime.
O primeiro ministro da Rússia ocupou lugar de destaque entre os quase 2.000 convidados. Entre eles havia representantes de um vasto leque de empresas ocidentais do setor, como Microsoft, IBM, Samsung, Nokia, Linkedin, Netflix ou Facebook, além de um batalhão de empresas locais enfeudadas ao estado socialista, como Baidu, Tencent ou Alibaba.
A organização de defesa da liberdade de expressão Repórteres sem Fronteiras (RSF) pediu a essas empresas que boicotem essa ignominiosa reunião.
“A China é o maior inimigo da Internet”, disse a RSF. “Os convidados deveriam se envergonhar. São cúmplices do regime de censura chinês”, sublinhou Charlie Smith, cofundador da plataforma GreatFire, criada para documentar a censura na nação asiática.
“Empresas como Apple, Google, Facebook, Linkedin ou Microsoft devem dizer ‘não’ ao regime repressivo da China sobre a Internet”, exigiu Roseann Rife, porta-voz de Anistia Internacional.
A “Grande Muralha de Fogo” da China varre as atividades de 668 milhões de internautas, 1,2 bilhões de usuários de celulares, dos quais 600 milhões têm conta no WeChat e no Weibo (equivalentes chineses de Whatsapp e Twitter) e que geram 30 bilhões de mensagens por dia, fato que tira o sono do governo.
O tamanho dessa repressão constante permite à China apresentar um modelo que poderá servir para a repressão em grande escala. O presidente socialista apresentou o modelo repressivo chinês como o único testado que poderá ser aplicado no mundo inteiro.
O chamado “czar" do ciberespaço da China, o ministro Lu Wei, também fez a apologia da restrição das opiniões das pessoas na rede, pois seria “necessária para corrigir rumores” e “proteger direitos e deveres dos internautas. A liberdade é nosso objetivo, mas a ordem é o meio para alcançá-la”, sublinhou cinicamente.
Wei negou existir censura na China, mas apenas uma “regulação”.
A indignação que provocaram essas palavras gerou um turbilhão de críticas no Weibo (o Twitter chinês), que “desapareceram” em poucos minutos. Sem censura, é claro, mas mera regulamentação, como já propuseram eminentes lulopetistas para o Brasil.
Xinhua define a legislação como “prudente”, mas reconhece o bloqueio de numerosos endereços especialmente populares no Ocidente, como Twitter, Facebook, Instagram, todos os serviços da Google ou meios de informação como The New York Times, Wall Street Journal ou El País.
“Temos o direito de eleger nossos amigos”, justificou Wei, silenciando que de fato o regime elege os “amigos” de centenas de milhões de chineses que não querem saber deles.
Os censores chineses fecharam oficialmente 29.999 páginas em 2015, e pelo menos 200 pessoas foram presas por difundir “rumores” sobre grandes assuntos, como as devastadoras explosões de Tanjin ou a crise das Bolsas.
Segundo o Centro de Informação sobre Internet, em 2014 as normas para regular – não “censurar” – o ciberespaço cresceram 262% em relação a 2013.
A Xinhua pediu o fim do “livre fluxo da informação” para acabar com a primazia dos EUA na Internet. Como que ecoando vozes do PT (ou vice-versa?), a agência oficial comunista afirmou: “Chegou a hora de reestruturar o governo global da Internet”.
Lu Wei anunciou há tempos que o governo socialista planeja uma estratégia “para governar a Internet” e pretende exportá-la para ajudar os “amigos” a “manipular corretamente as relações entre liberdade e ordem. A Internet não pode estar por cima da lei”, completou.
A ditadura, é claro, pode passar por cima, por baixo, ou, pura e simplesmente, desconhecê-la ou interpretá-la arbitrariamente contra a vítima visada.
Em outubro de 2015, um representante chinês propôs na Assembleia Geral da ONU a imposição de um “código de conduta” sobre a web mundial, com o evidente beneplácito da Rússia e dos governos bolivarianos.
04 de março de 2016
LUIS DUFAUR