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O marqueteiro João Santana, preceptor de Lula e Dilma, agora sob suspeita da Operação Lava Jato. Foto: Veja |
Embora o miolo a revista Veja que chega às bancas neste sábado traga uma reportagem especial relatando as nebulosas transações do petrolão que envolvem o marqueteiro João Santana, espécie de ministro sem pasta dos governos de Lula e Dilma, a capa da publicação estampa apenas o astro pop David Bowie, que morreu nesta semana. No mínimo, uma coisa muita estranha...
Mas segundo a reportagem, editada discretamente, tudo indica que a Operação Lava Jato se aproxima do núcleo de comando da maior roubalheira dos cofres públicos da história do Brasil conhecida como “petrolão”. Supõem-se, inclusive, que o petrolão tem o status de recorde mundial em pilhagem de dinheiro público. Se alguém lamentava que o Brasil não é recordista em nada, afinal sob o comando do PT o país tropical conseguiu se destacar em termos globais como o território da roubalheira total e irrestrita, da gatunagem em todas as esferas da administração pública com destaque para a Petrobras.
Todavia a extensão do petrolão ainda não pode ser dimensionada na sua totalidade. O que se sabe extra-oficialmente é que a Operação Lava Jato detém uma tonelada de informações.
E quanto mais se evidencia que os investigadores estão muito próximos do comando geral da roubalheira, mais o noticiário da grande mídia fica assim, como diria, meio estranho, meio contraditório, prenhe de notas plantadas. A "desinformação” passa a ser a tônica. É uma forma de desestimular o debate e a troca de informações entre os cidadãos, de fazer de conta que nada de anormal acontece no Brasil. Tudo estaria às mil maravilhas e essa história de impeachment é um golpe da oposição, embora a dita oposição pode ser tipificada no máximo como mulher de malandro que segundo a lenda gosta de apanhar, de levar porrada.
Como os grandalhões Marcelo Odebrecht e Delcídio do Amaral continuam presos em Curitiba de bico fechado, isso indica que os dois têm como certas a liberdade e a impunidade. E isso se aplica para outros enjaulados de segundo escalão.
Os próximos passos da Operação Lava Jato, contudo, podem surpreender.
Mas antes do desfecho muita água deve rolar sob a ponte do PT. O leque de ramificações do petrolão se amplia como revela esta matéria da revista Veja, alcançando agora o preceptor de Lula e da Dilma. João Santana, segundo afirma Veja, tem grande influência sobre Lula e Dilma. E bota influência nisso. Segue um resumo da reportagem. Leiam:
UMA CARTA MISTERIOSA
Um empreiteiro do primeiro time está diante de um advogado de sua empresa e, pensando alto, reclama da atitude da presidente Dilma Rousseff, que, na visão dele, estava pouco se lixando para a sorte dos empresários pegos na Operação Lava-Jato. Diz ele: "A Dilma fica posando de virtuosa como se não tivesse nada com o que está acontecendo. Ela declarou pouco mais de 300 milhões de gastos de campanha, e nós demos para ela quase 1 bilhão. Como ela pensa que o restante do dinheiro foi parar na campanha?". Esse desabafo reflete uma situação de fato e, além de ser uma confissão de crime, descreve com exatidão o sentimento comum entre muitos dos maiores doadores do PT na campanha presidencial de 2014. Eles deram dinheiro contabilizado, devidamente registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas também fizeram contribuições clandestinas das mais diversas maneiras usando suas poderosas estruturas empresariais. Outro empreiteiro avança mais: "Essas doações foram feitas a partir da contratação de consultorias indicadas pelos políticos ou por meio de pagamentos a publicitários diretamente no exterior". A Polícia Federal já encontrou evidências dessas operações casadas em que empresas são agraciadas com obras e financiamentos públicos generosos e, em troca, contratam aqui ou no exterior "consultorias" ou agências de publicidade às quais devolvem parte do butim. Um exemplo dessa triangulação criminosa está sendo investigado em um inquérito sigiloso que tramita em Curitiba e tem como personagem principal o marqueteiro João Santana, artífice das campanhas eleitorais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma.
A história começa nas primeiras horas da manhã do dia 5 de fevereiro do ano passado, quando uma equipe de policiais federais bateu na porta do engenheiro Zwi Skornicki, em um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os agentes estavam atrás de computadores e documentos. As buscas eram parte da nona fase da Operacão Lava-Jato, batizada de My Way. Estavam na mira dos policiais onze operadores do petrolão que haviam sido denunciados por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras. Em acordo de delação, Barusco revelou os detalhes de como funcionava o esquema de corrupção na diretoria de Serviços da estatal. Apenas ele, um funcionário de terceiro escalão, havia embolsado 97 milhões de dólares, dinheiro que escondia em contas secretas no exterior. Barusco contou como eram pagas as propinas em troca dos contratos, em especial aqueles destinados à construção de plataformas e sondas para exploração de petróleo em águas profundas. Organizado, ele tinha uma lista com o nome de todos os operadores, quem cada um deles representava e, principalmente, o que cada um fazia.
Zwi Skornicki, o morador do condomínio de luxo da Barra da Tijuca visitado pelos federais, era um dos nomes da lista de pagadores de propina. Havia anos ele era o representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, de Singapura, dono de contratos bilionários com a Petrobras. Segundo Barusco, de 2003 a 2013 Zwi foi o responsável por pagar - a ele, a outros funcionários da Petrobras e também ao PT - as comissões devidas pelo estaleiro asiático. Eram provas desses pagamentos que os agentes procuravam na casa do operador, mas a busca acabaria abrindo uma nova linha de investigação. Ao analisarem o material apreendido, os investigadores encontraram uma carta enviada em 2013 a Zwi com as coordenadas de duas contas no exterior, uma nos Estados Unidos e a outra na Inglaterra. A remetente da correspondência, manuscrita, era Mônica Moura, mulher e sócia do marqueteiro João Santana. Intrigante. Que ligação financeira poderia haver entre a esposa e sócia do marqueteiro da presidente da República e um operador de propinas do petrolão? Estranho. Num mundo digital, a comunicação ainda se deu por carta - talvez para não deixar rastros em e-mail ou mesmo em mensagem telefônica. Do site da revista Veja
16 de janeiro de 2016
in aluizio amorim