"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 16 de janeiro de 2016

CERVERÓ ALTEROU VERSÃO DA PROPINA PARA CAMPANHA DE LULA



Cerveró tirou o nome de Lula, mas confirmou o fato
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que firmou um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, alterou sua versão sobre o pagamento de propina em obra da refinaria de Pasadena e retirou o nome do ex-presidente Lula do depoimento, segundo o jornal “Valor Econômico” desta quinta (14).
O “Valor” obteve documento sobre a negociação prévia da delação de Cerveró e parte do depoimento que ele prestou após fechado o acordo. Nos trechos comparados, o ex-diretor trata do pagamento de propina de US$ 4 milhões em um contrato para obra na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).
Na primeira versão, na qual a defesa adianta o que o delator pode revelar, está registrado que “foi acertado que a Odebrecht faria o adiantamento de US$ 4 milhões para a campanha da [sic] Presidente Lula, o que foi feito”.
No entanto, no termo de depoimento de Cerveró sobre o assunto, não há menção a Lula, segundo o jornal.
“Na reunião também se acertou que a contrapartida da UTC pela participação nas obras do Revamp [Renovação do Parque de Refino de Pasadena] seria o pagamento de propina; que se acertou que a UTC adiantaria uma propina de R$ 4 milhões, que seriam para a campanha de 2006, cuja destinação seria definida pelo senador Delcídio do Amaral”, diz o documento posterior.
OUTRA MUDANÇA
A origem da propina também muda: passa a ser paga pela UTC, e não Odebrecht. E as obras do Revamp acabaram não sendo realizadas, segundo a delação de Cerveró.
Apesar de ter sido retirado do termo sobre Pasadena, Lula continua na delação de Cerveró, no termo em que trata de indicações a cargos na BR Distribuidora.
Segundo o jornal, o delator também retirou menções a Dilma de seu depoimento: ele havia feito três menções à presidente quando falou sobre Pasadena, mas no depoimento, não a citou.
“Dilma incentivou Nestor Cerveró para acelerar as tratativas sobre Pasadena. Sempre esteve a par de tudo que ocorreu na compra daquela refinaria, e realizou diversas reuniões com Nestor durante todo o trâmite”, diz o documento inicial, segundo o “Valor”.
“Delcídio tinha um relacionamento muito próximo com Dilma Rousseff, sendo que participou de diversas reuniões com Dilma e Nestor, fato que isso leva a crer que Dilma tinha conhecimento [do] valor adiantado para Revamp”, disse o delator, segundo o jornal.
CULPA DE DILMA
Cerveró ainda teria afirmado que a compra da refinaria foi muito rápida e que a responsabilidade por aprovar a aquisição “é da presidente Dilma, como presidente do conselho de administração”.
Procurado pelo “Valor”, o Instituto Lula disse que “sobre arrecadação de campanha eleitoral, o assunto é do tesoureiro responsável pela campanha ou do partido”.
O Palácio do Planalto disse que a compra de Pasadena foi autorizada com base em resumo executivo elaborado por Cerveró “técnica e juridicamente falho”.
A UTC Engenharia disse ao jornal que “nunca foi contratada e não executou obras na refinaria de Pasadena”. A defesa de Delcídio não comenta o assunto.

16 de janeiro de 2016
Deu na Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário