"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 3 de novembro de 2013

QUERO FICAR FAMOSO À CUSTA DE CERTA JORNALISTA DE ECONOMIA!


Uma jornalista de economia do GLOBO

Uma jornalista que fala muito de economia no GLOBO, mas também de cotas raciais, índios da Amazônia e feminismo, disse que pessoas como eu e o Reinaldo Azevedo (sem citar os nomes diretamente) emburrecem o debate no Brasil. Disse que não focamos nos argumentos, mas apenas em rótulos ofensivos. Disse isso logo depois que nos chamou de membros da “direita hidrófoba”, grosseiros, cães raivosos (rotweiller) e coisas do tipo.

Seria cômico, não fosse tão trágico. Essa jornalista é uma importante representante da esquerda caviar em nosso país. Abraça as causas politicamente corretas, posa de isenta e neutra, mas toma partido, e esse é de esquerda. Segundo ela, gente como Reinaldo Azevedo e eu estragam o nobre debate no país, que deveria ficar restrito aos petistas decentes (?) e os tucanos que rejeitam o neoliberalismo.

A tal jornalista ainda aproveitou para afirmar que eu a critiquei em um texto porque quero a fama. Mea culpa. Maldita vaidade! Só condenei a postura dessa jornalista, que elogiava a candidata escolhida por Obama para assumir o Fed basicamente porque era mulher, pois queria tirar uma casquinha em sua imensa fama. Não deu certo, fui ignorado. Mas tento aqui novamente chamar sua atenção, na esperança de que, da próxima vez, ela ao menos cite meu nome quando falar de mim.

A mesma jornalista ridicularizou meus conhecimentos de economia. Também reconheço sua ímpar sapiência no assunto. Fiz economia na PUC e MBA de Finanças no IBMEC, e trabalhei no mercado financeiro desde 1997. Mas não aprendi nada nesse período todo, pois precisava ter lido mais as colunas da jornalista em questão. Li várias, é verdade. Mas não foi o suficiente.

Essa, de 27 de junho de 2002, por exemplo, chamada “A crise do capital”, quase passou despercebida. Deveria ter emoldurado na parede para nunca esquecer suas brilhantes lições de finanças. Disse a tal jornalista sobre a Embratel na ocasião:

Fonte: GLOBO
Fonte: GLOBO
 
Pois é. Tempos estranhos estes em que uma renomada jornalista de economia ignora o lado direito do balanço, aquele que acumula as dívidas todas. É o que dá só focar no lado esquerdo! A empresa valia US$ 100 milhões, e tinha caixa de US$ 850 milhões. Mas quanto tinha de endividamento acumulado? A fantástica jornalista não verificou. Tenho certeza de que fora um lapso bobo, e que ela compreendia perfeitamente que o valor da empresa não depende apenas do caixa dela.

Jornalista fantástica que é, não poderia morar junto com alguém menos incrível. O cônjuge dela é conhecido pela defesa intransigente do ambientalismo (alguns diriam ecoterrorismo). Certa vez, na rádio CBN, veio pedir desculpas por ter usado, no dia anterior, a expressão “samba do crioulo doido”. Jurou não ter a intenção de ofender ninguém, e logo se prontificou a esclarecer que era favorável às ações afirmativas. Quero ter a mesma coragem do casal quando crescer!

Enfim, esse meu domingo foi para lições de vida. Acusado de emburrecer o debate brasileiro por nunca ter argumentos e jamais focar nos dados e fatos, e isso tudo na companhia de alguém como Reinaldo Azevedo, que raramente apresenta argumentos e dados em seus longos textos, que praticamente só contêm ofensas pessoais, e acusado disso por uma jornalista dessa envergadura, que jamais rotula ou ofende quem dela discorda, só posso passar o resto do dia refletindo sobre meus erros abjetos e torcendo para que, um dia, eu alcance a fama dessa jornalista. É tudo que mais quero na vida!

03 de novembro de 2013
rodrigo constantino

MIRIAM LEITÃO E A MISÉRIA DO DEBATE


A colunista Míriam Leitão resolveu atacar Reinaldo Azevedo e esse que vos escreve em seu artigo de hoje, mas sem coragem para citar os nomes.

Criticou o que chamou de miséria do debate, posando de isenta, neutra, ou pior, acima dos embates ideológicos. É sempre assim: a nova esquerda finge não ser de esquerda.

Logo de cara, tentou mostrar uma postura equidistante dos que demonizam o PT e os que demonizam o PSDB, “acusando-o” de neoliberal:

O Brasil não está ficando burro. Mas parece, pela indigência de certos debatedores que transformaram a ofensa e as agressões espetaculosas em argumentos.
Por falta de argumentos. Esses seres surgem na suposta esquerda, muito bem patrocinada pelos anúncios de estatais, ou na direita hidrófoba que ganha cada vez mais espaço nos grandes jornais.

É tão falso achar que todo o mal está no PT quanto o pensamento que demoniza o PSDB. O PT tem defeitos que ficaram mais evidentes depois de dez anos de poder, mas adotou políticas sociais que ajudam o país a atenuar velhas perversidades.

O PSDB não é neoliberal, basta entender o que a expressão significa para concluir isso. A ele, o Brasil deve a estabilização e conquistas institucionais inegáveis. A privatização teve defeitos pontuais, mas, no geral, permitiu progressos consideráveis no país e é uma política vencedora, tanto que continuou sendo usada pelo governo petista.

O PT não se resume ao mensalão, ainda que as tramas de alguns de seus dirigentes tenham que ser punidas para haver alguma chance na luta contra a corrupção. Um dos grandes ganhos do governo do Partido dos Trabalhadores foi mirar no ataque à pobreza e à pobreza extrema.

Quanta coisa para rebater! Vejam como a colunista paira acima dessa disputa política. O PT tem defeitos, mas não é só o mensalão. O PSDB tem qualidades, e não é neoliberal. Basta entender o que a expressão significa para concluir isso. É verdade! O PSDB não é neoliberal, como todo liberal diz. Mas notem como Míriam Leitão acha isso BOM, e como lida com o termo como se fosse ruim. Ela está, em sua cabeça, DEFENDENDO os tucanos desse ataque cruel!

O PT mirou no ataque à pobreza? Mesmo? Ao fazer tais concessões patéticas em nome da covarde postura neutra, Míriam está endossando uma mentira! As políticas sociais do PT não são sustentáveis, têm caráter eleitoreiro, criam dependência do estado, são esmolas que compram votos. Mas ela elogia esse lado “humano” do PT, ajudando a propagar uma falácia só para parecer bem na foto, contra os “extremos”. Aqui ela se entrega de vez:

Os epítetos “petralhas” e “privataria” se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate. São maniqueísmos que não veem nuances e complexidades. São emburrecedores, mas rendem aos seus inventores a notoriedade que buscam. Ou algo bem mais sonante.

Como assim, “petralhas” e “privataria” são termos equivalentes? Petralhas são petistas quadrilheiros, que justificam quaisquer meios para seus “nobres fins”. Privataria é o que mesmo? Ah sim, os petistas usam isso para chamar qualquer um que defende… as privatizações! Ou seja, vender a Vale é “privataria”. Mas para Míriam Leitão, a isenta, isso é o mesmo que chamar um chefe de quadrilha condenando pelo STF de “petralha”. Como ela é isenta!

Sobre a tentativa de intimidação ou quase censura da ombudsman da Folha contra Reinaldo Azevedo, que até o esquerdista Demétrio Magnoli condenou em sua recente coluna, Míriam toma o partido da mulher (aliás, ela parece usar tal critério, o gênero, como um dos mais relevantes, e voltarei a isso em breve). Ela diz:

Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como “rottweiller” um recém-contratado pela “Folha de S.Paulo” para escrever uma coluna semanal. A ombudsman usou essa expressão forte porque o jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das caravanas.

Foi um episódio lamentável de Suzana, tentar rotular o jornalista logo em seu primeiro artigo, sendo que ele estava sendo preciso na defesa dos valores democráticos contra os criminosos dos black blocks! Mas vejam: se você coloca os pingos nos is, você é um “rotweiller” que não quer um bom nível de debate. Essa gente cai em contradição com muita facilidade, tentando anular qualquer debate mais sério com discordância desse politicamente correto patético.

Agora vamos ao trecho em que ela me ataca, sem citar meu nome (é que sou um estranho qualquer, sabe, que nem escreve no mesmo jornal que ela há mais de três anos):

Não costumo ler indigências mentais, porque há sempre muita leitura relevante para escolher, mas outro dia uma amiga me enviou o texto de um desses articulistas que buscam a fama. Ele escreveu contra uma coluna em que eu comemorava o fato de que, um século depois de criado, o Fed terá uma mulher no comando. Além de exibir um constrangedor desconhecimento do pensamento econômico contemporâneo, ele escreveu uma grosseria: “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?” Mostrou que nada tem na cabeça.

Em primeiro lugar, a abjeta tentativa de desqualificar o outro com base em suas intenções, e isso de alguém que diz prezar o bom debate: eu busco a fama! Nem vou cobrar de Míriam Leitão explicações sobre sua visível vaidade, aquela produção toda para falar na TV, e a ganância que a levou a abandonar a editora Record pela Intrínseca mesmo depois do sucesso que foi seu livro sobre inflação, premiado até com o Jabuti. Melhor ficar quieto e ignorar a tentativa pérfida de rótulo das minhas intenções.

O artigo sobre a Yellen no Fed foi esse aqui. Reconheço que apelei um pouco no título, mas foi necessário diante da cartada sexual lamentável de Míriam Leitão. Afinal, ela estava enaltecendo a escolha, em boa parte, por causa do gênero. O que isso importa? Yellen é vista por grande parte do mercado como agressiva demais nos estímulos, o que é um perigo sério para novas bolhas à frente.

Eis o ponto. Mas para Míriam, o que importa é que ela seja mulher. E depois tenta desqualificar o meu conhecimento sobre economia! Logo ela, que é jornalista e que certa vez escreveu que não compreendia a Embratel valer menos do que tinha em caixa, ignorando o que tinha do outro lado do balanço, em dívida! Míriam não sabe que alertei para a estagflação brasileira há três anos?
Ela devia estar muito ocupada defendendo o estilo de vida dos índios na Amazônia…
Agora vamos à hipocrisia típica da esquerda caviar que Míriam Leitão representa:

Não acho que sou importante a ponto de ser tema de artigos. Cito esses casos apenas para ilustrar o que me incomoda: o debate tem emburrecido no Brasil. Bom é quando os jornalistas divergem e ficam no campo das ideias: com dados, fatos e argumentos. Isso ajuda o leitor a pensar, escolher, refutar, acrescentar, formar seu próprio pensamento, que pode ser equidistante dos dois lados.
O que tem feito falta no Brasil é a contundência culta e a ironia fina. Uma boa polêmica sempre enriquece o debate. Mas pensamentos rasteiros, argumentos desqualificadores, ofensas pessoais, de nada servem. São lixo, mas muito rentável para quem o produz.

Quais foram os dados, os fatos e os argumentos dessa coluna de Míriam? Não os vi! O que vi foram ataques chulos e ridículos a dois articulistas que têm tido destaque ao apontar os absurdos desse desgoverno petista. Para ela, somos da “direita hidrófoba”, seja lá o que isso signifique. Rótulos, desqualificação das intenções, ataques vazios, mas logo depois vem posar de triste com a falta de argumentos? Típico…

Certa vez, em 2006, mandei um email para Míriam Leitão. Não respondeu. Era essa a mensagem:
Cara Miriam Leitão,
 
Tenho lido e escutado a senhora repetir que o embargo imposto a Cuba pelos Estados Unidos é incoerente pois, pelo critério de ditadura, China não deveria ser então o maior parceiro comercial dos americanos. Venho lembrar-te que, pelo que me consta, o embargo imposto não é pelo fato de tratar-se de uma ditadura, mas sim pelo fato de Fidel Castro ter tomado na marra o controle das empresas americanas no passado, e como reação a tal ato, o embargo foi criado. Creio que seria bastante útil aos seus leitores compreender tal diferença.
 
Grato pela atenção,
Rodrigo.

Mandei outros dois emails sobre Cuba, questionando como ela podia afirmar que havia avanços sociais naquela ilha-presídio. Entendo porque não respondeu. Míriam Leitão evoluiu muito dos dias de socialista.
Consta, segundo relatos diretos de alguém presente, que ela chegou a chorar de tristeza ao ver no que a URSS tinha se transformado quando foi visitar o país pela primeira vez. O sonho utópico era um pesadelo na prática.
Míriam se livrou do socialismo, mas o ranço permanece lá. Virou esquerda caviar. Acha que o debate está muito bom entre o PT e o PSDB, tirando os “extremos”.

Já eu penso que a miséria do debate brasileiro tem muito a ver com pessoas como Míriam Leitão.
O “centrismo” foi alçado ao patamar de ideal, sendo que nem é centro mesmo, pois é claramente de esquerda. Ai de um neoliberal que queira entrar nesse debate! Ai de um conservador que queira entrar nesse debate! Serão logo rotulados e desqualificados por gente como Míriam Leitão. Tudo em nome do bom debate, sem os “extremos”.
É a extrema cara de pau. É a extrema covardia. É um jogo que só agrada mesmo aos próprios petralhas!

03 de novembro de 2013
rodrigo constantino

A "FELICIDADE" BOVINA.

Ou: A utopia de um mundo sem mal-estar



O programa do Globo Repórter dessa sexta foi sobre felicidade. A forma com a qual o assunto foi tratado me incomodou profundamente. Havia clara confusão entre felicidade genuína e uma espécie de satisfação bovina, gargalhadas vazias, sensação artificial de bem-estar induzida por remédios ou fugas hedonistas. Isso é o mesmo que felicidade?

Um dos convidados do programa foi Eduardo Giannetti da Fonseca, que tem um livro chamado Felicidade. Era uma das vozes mais sensatas ali. No livro, Giannetti diz:

A expectativa dos iluministas era de que as três pernas do tripé (domínio da natureza, perfectibilidade humana e governo racional) caminhassem pari passu e, à medida que avançassem, nos levassem a passos firmes à tão sonhada era da felicidade…

Tal promessa iluminista está fadada ao fracasso. É o alerta que tantos conservadores fizeram e ainda fazem. Podemos dominar técnicas cada vez mais modernas de controle da natureza, podemos aperfeiçoar um pouco os costumes humanos, mas jamais teremos uma perfeição da natureza humana, um governo totalmente racional. A moral humana não experimenta um progresso do mesmo tipo do material das sociedades capitalistas e industriais.

Essa lembrança sempre foi importante para conservadores. O mito do pecado original, a ideia de que somos imperfeitos por natureza e condenados a carregar em nós a potência do mal, que jamais seremos anjos ou máquinas totalmente racionais (ainda bem!), tudo mostra que essa busca não passa de uma utopia. Compare-se a isso a Venezuela socialista com seu Ministério da Felicidade!

Freud com seu alerta sobre o mal-estar na cultura é outra fonte importante para não cairmos nessa falácia de “felicidade para todos”, uma felicidade plena na vida comunitária. Isso não existe. Isso não é possível. Reconhecer isso é fundamental para preservarmos as liberdades individuais que tornam possível algum grau de felicidade subjetiva na vida, que jamais será garantido ou permanente.

Não é tarefa trivial. Perdemos na largada quando tomamos consciência da nossa finitude, de que vamos perder nossos entes queridos, de que somos arrebatados por doenças e tragédias imprevisíveis. Não quero, com isso, enaltecer uma “ética do sofrimento”, com tom melancólico. É justamente a noção de que a vida é efêmera que dá alto valor a ela, e devemos celebrar isso.

Mas não confundindo felicidade com um estado pleno e constante de espírito, com alguma promessa irreal de que estaremos sempre felizes, por meio de fugas hedonistas, de uma busca desenfreada por prazer. Os que mergulham nessa caem em um paradoxo: por não aceitarem a realidade como ela é, ficam viciados na “busca pela felicidade” e cada vez precisam de mais coisas e mais sensação momentânea de prazer, sem, com isso, livrar-se da infelicidade que assola e oprime.

o livro de Giannetti é dividido em quatro encontros com diálogos entre perfis diferentes. No último, ele coloca a questão da pílula da felicidade. O tema é bastante atual quando lembramos da quantidade de gente que busca nos remédios a “felicidade”. Prozac, Rivotril, drogas em geral, são todas variações do soma de Huxley em Admirável Mundo Novo. Giannetti pergunta por meio de um personagem:

Se o caminho da reflexão e da intenção subjetiva não dão conta do desejo de reduzir o fardo de uma autoconsciência que pesa e faz sofrer, por que não tomar o atalho da intervenção objetiva por meio da manipulação tecnológica?

O ser humano sempre deu um jeito de encontrar alguns entorpecentes para fugir da dura realidade. O álcool, as drogas, as pílulas. Mas é preciso lembrar do alerta feito pelo autor:

Os momentos de exuberância subjetiva e da intensa felicidade são por natureza fugazes. Se todo dia é carnaval, acabou o carnaval. A garota de Ipanema é, por definição, a “que vem e que passa”, jamais a que fica.

O “prazer perpétuo” é uma utopia. Só se pode obtê-lo à custa de deixar de ser humano. Alguém tomaria a pílula vermelha do Matrix, para continuar na fantasia? Se o fizesse, seria um autômato, um “alegrinho”, um “inseto hedonista e saciado”. Não é assim que ficam toda essa happy people?
Nem preciso dizer que quem procura essa rota está à contramão da liberdade. Liberdade não combina com “felicidade” artificial. Volto ao admirável mundo de Huxley para fechar, deixando o Administrador explicar para o Selvagem o que está em jogo:

O mundo agora é estável. As pessoas são felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança; nunca adoecem; não têm medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães; não têm esposas, nem filhos, nem amantes, por quem possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se postar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma. Que o senhor atira pela janela em nome da liberdade, Sr. Selvagem. Da liberdade!

Mustafá Mond riu. Nós choramos, quando pensamos que Huxley foi profético e que cada vez mais gente troca liberdade por aparência de felicidade, troca Shakespeare por hedonismo, troca as paixões violentas pela tranqüilidade bovina, troca a incrível angústia de estar vivo e consciente pela morte antecipada de quem já abandonou a humanidade em busca de uma ilusória segurança. Estão mesmo felizes?

03 de novembro de 2013
rodrigo constantino

DEU A "DOIDA" NA MIRIAN LEITÃO?


A colunista Míriam Leitão resolveu atacar Reinaldo Azevedo e esse que vos escreve em seu artigo de hoje, mas sem coragem para citar os nomes. Criticou o que chamou de miséria do debate, posando de isenta, neutra, ou pior, acima dos embates ideológicos. É sempre assim: a nova esquerda finge não ser de esquerda.
Logo de cara, tentou mostrar uma postura equidistante dos que demonizam o PT e os que demonizam o PSDB, “acusando-o” de neoliberal:
O Brasil não está ficando burro. Mas parece, pela indigência de certos debatedores que transformaram a ofensa e as agressões espetaculosas em argumentos. Por falta de argumentos. Esses seres surgem na suposta esquerda, muito bem patrocinada pelos anúncios de estatais, ou na direita hidrófoba que ganha cada vez mais espaço nos grandes jornais.
É tão falso achar que todo o mal está no PT quanto o pensamento que demoniza o PSDB. O PT tem defeitos que ficaram mais evidentes depois de dez anos de poder, mas adotou políticas sociais que ajudam o país a atenuar velhas perversidades.
O PSDB não é neoliberal, basta entender o que a expressão significa para concluir isso. A ele, o Brasil deve a estabilização e conquistas institucionais inegáveis. A privatização teve defeitos pontuais, mas, no geral, permitiu progressos consideráveis no país e é uma política vencedora, tanto que continuou sendo usada pelo governo petista.
O PT não se resume ao mensalão, ainda que as tramas de alguns de seus dirigentes tenham que ser punidas para haver alguma chance na luta contra a corrupção. Um dos grandes ganhos do governo do Partido dos Trabalhadores foi mirar no ataque à pobreza e à pobreza extrema.
Quanta coisa para rebater! Vejam como a colunista paira acima dessa disputa política. O PT tem defeitos, mas não é só o mensalão. O PSDB tem qualidades, e não é neoliberal. Basta entender o que a expressão significa para concluir isso. É verdade! O PSDB não é neoliberal, como todo liberal diz. Mas notem como Míriam Leitão acha isso BOM, e como lida com o termo como se fosse ruim. Ela está, em sua cabeça, DEFENDENDO os tucanos desse ataque cruel!
O PT mirou no ataque à pobreza? Mesmo? Ao fazer tais concessões patéticas em nome da covarde postura neutra, Míriam está endossando uma mentira! As políticas sociais do PT não são sustentáveis, têm caráter eleitoreiro, criam dependência do estado, são esmolas que compram votos. Mas ela elogia esse lado “humano” do PT, ajudando a propagar uma falácia só para parecer bem na foto, contra os “extremos”. Aqui ela se entrega de vez:
Os epítetos “petralhas” e “privataria” se igualam na estupidez reducionista. São ofensas desqualificadoras que nada acrescentam ao debate. São maniqueísmos que não veem nuances e complexidades. São emburrecedores, mas rendem aos seus inventores a notoriedade que buscam. Ou algo bem mais sonante.
Como assim, “petralhas” e “privataria” são termos equivalentes? Petralhas são petistas quadrilheiros, que justificam quaisquer meios para seus “nobres fins”. Privataria é o que mesmo? Ah sim, os petistas usam isso para chamar qualquer um que defende… as privatizações! Ou seja, vender a Vale é “privataria”. Mas para Míriam Leitão, a isenta, isso é o mesmo que chamar um chefe de quadrilha condenando pelo STF de “petralha”. Como ela é isenta!
Sobre a tentativa de intimidação ou quase censura da ombudsman da Folha contra Reinaldo Azevedo, que até o esquerdista Demétrio Magnoli condenou em sua recente coluna, Míriam toma o partido da mulher (aliás, ela parece usar tal critério, o gênero, como um dos mais relevantes, e voltarei a isso em breve). Ela diz:
Recentemente, Suzana Singer foi muito feliz ao definir como “rottweiller” um recém-contratado pela “Folha de S.Paulo” para escrever uma coluna semanal. A ombudsman usou essa expressão forte porque o jornalista em questão escolheu esse estilo. Ele já rosnou para mim várias vezes, depois se cansou, como fazem os que ladram atrás das caravanas.
Foi um episódio lamentável de Suzana, tentar rotular o jornalista logo em seu primeiro artigo, sendo que ele estava sendo preciso na defesa dos valores democráticos contra os criminosos dos black blocks! Mas vejam: se você coloca os pingos nos is, você é um “rotweiller” que não quer um bom nível de debate. Essa gente cai em contradição com muita facilidade, tentando anular qualquer debate mais sério com discordância desse politicamente correto patético.
Agora vamos ao trecho em que ela me ataca, sem citar meu nome (é que sou um estranho qualquer, sabe, que nem escreve no mesmo jornal que ela há mais de três anos):
Não costumo ler indigências mentais, porque há sempre muita leitura relevante para escolher, mas outro dia uma amiga me enviou o texto de um desses articulistas que buscam a fama. Ele escreveu contra uma coluna em que eu comemorava o fato de que, um século depois de criado, o Fed terá uma mulher no comando. Além de exibir um constrangedor desconhecimento do pensamento econômico contemporâneo, ele escreveu uma grosseria: “O que importa o que a liderança do Fed tem entre as pernas?” Mostrou que nada tem na cabeça.
Em primeiro lugar, a abjeta tentativa de desqualificar o outro com base em suas intenções, e isso de alguém que diz prezar o bom debate: eu busco a fama! Nem vou cobrar de Míriam Leitão explicações sobre sua visível vaidade, aquela produção toda para falar na TV, e a ganância que a levou a abandonar a editora Record pela Intrínseca mesmo depois do sucesso que foi seu livro sobre inflação, premiado até com o Jabuti. Melhor ficar quieto e ignorar a tentativa pérfida de rótulo das minhas intenções.
O artigo sobre a Yellen no Fed foi esse aqui. Reconheço que apelei um pouco no título, mas foi necessário diante da cartada sexual lamentável de Míriam Leitão. Afinal, ela estava enaltecendo a escolha, em boa parte, por causa do gênero. O que isso importa? Yellen é vista por grande parte do mercado como agressiva demais nos estímulos, o que é um perigo sério para novas bolhas à frente.
Eis o ponto. Mas para Míriam, o que importa é que ela seja mulher. E depois tenta desqualificar o meu conhecimento sobre economia! Logo ela, que é jornalista e que certa vez escreveu que não compreendia a Embratel valer menos do que tinha em caixa, ignorando o que tinha do outro lado do balanço, em dívida! Míriam não sabe que alertei para a estagflação brasileira há três anos? Ela devia estar muito ocupada defendendo o estilo de vida dos índios na Amazônia…
Agora vamos à hipocrisia típica da esquerda caviar que Míriam Leitão representa:
Não acho que sou importante a ponto de ser tema de artigos. Cito esses casos apenas para ilustrar o que me incomoda: o debate tem emburrecido no Brasil. Bom é quando os jornalistas divergem e ficam no campo das ideias: com dados, fatos e argumentos. Isso ajuda o leitor a pensar, escolher, refutar, acrescentar, formar seu próprio pensamento, que pode ser equidistante dos dois lados.
O que tem feito falta no Brasil é a contundência culta e a ironia fina. Uma boa polêmica sempre enriquece o debate. Mas pensamentos rasteiros, argumentos desqualificadores, ofensas pessoais, de nada servem. São lixo, mas muito rentável para quem o produz.
Quais foram os dados, os fatos e os argumentos dessa coluna de Míriam? Não os vi! O que vi foram ataques chulos e ridículos a dois articulistas que têm tido destaque ao apontar os absurdos desse desgoverno petista. Para ela, somos da “direita hidrófoba”, seja lá o que isso signifique. Rótulos, desqualificação das intenções, ataques vazios, mas logo depois vem posar de triste com a falta de argumentos? Típico…
Certa vez, em 2006, mandei um email para Míriam Leitão. Não respondeu. Era essa a mensagem:
Cara Miriam Leitão,
 
Tenho lido e escutado a senhora repetir que o embargo imposto a Cuba pelos Estados Unidos é incoerente pois, pelo critério de ditadura, China não deveria ser então o maior parceiro comercial dos americanos. Venho lembrar-te que, pelo que me consta, o embargo imposto não é pelo fato de tratar-se de uma ditadura, mas sim pelo fato de Fidel Castro ter tomado na marra o controle das empresas americanas no passado, e como reação a tal ato, o embargo foi criado. Creio que seria bastante útil aos seus leitores compreender tal diferença.

03 de novembro de 2013
Rodrigo Constantino

O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO


Há muito mais necessitados do que Lula pensava e todos passaram a querer também bolsa, casa, geladeira etc.


Sinceramente, você acha que Lula contava com tamanho descontentamento popular, após dez anos de governo petista?

Acredito que não. Pelo menos, é o que poderia deduzir dos tantos discursos que fez, quando presidente da República, e que foram repetidos depois por sua substituta, Dilma Rousseff, pelos ministros de ambos os governos e pelos dirigentes petistas. O Brasil nunca antes, em tempo algum, foi tão feliz. Por isso mesmo, insistem em fazer de conta que o descontentamento, que se manifesta todos os dias nas ruas, não tem nada a ver com eles.

Mas tudo tem limite. Por isso mesmo, Lula, esperto como é, veio a público dizer que, quando líder sindical, nunca participou de vandalismos. É verdade. Mas o problema maior, para ele, não é o vandalismo, que todo mundo condena.

O que é mais preocupante, para o governo, nessas manifestações, pelo que reivindicam e pelo que denunciam, é a demonstração de que algo deu errado nos governos petistas, que vieram para contentar os trabalhadores e o povão.

Não resta dúvida de que Lula, ao ampliar o assistencialismo com o Bolsa Família, ao aumentar o salário mínimo e tomar medidas estimuladoras do consumo, possibilitou a ascensão de um amplo número de pessoas a condições de vida um pouco melhores.

Esse fato teve reflexo positivo na vida econômica --mas no quadro social do país, como advertiram os economistas, tratava-se de uma melhoria momentânea, incapaz de ampliar-se e mesmo sustentar-se por muito tempo. É que os investimentos imprescindíveis em setores estruturais, de que depende o crescimento econômico efetivo, não foram feitos, certamente porque não trariam consigo o mesmo apelo eleitoral. Essa é uma característica do populismo, coisa antiga no Brasil.

A preocupação em conquistar o eleitor --e especialmente o eleitor mais carente e menos informado dos problemas do país-- foi desde o início a marca do governo petista. E não por acaso. Todos se lembram da declaração de José Dirceu, dada naquela época, garantindo que o PT ficaria no governo por 20 anos, pelo menos.

Dez anos, ele já ficou; quanto aos outros dez, pelo que se vê agora, restam sérias dúvidas. Mas, por isso mesmo, a preocupação essencial do governo Dilma é a mesma que a do governo Lula, mas com algumas concessões que foi obrigada a fazer, como privatizar aeroportos e, agora, permitir a participação de empresas privadas estrangeiras no leilão do campo de Libra.

Por suas raízes ideológicas, o PT nasceu sonhando com uma revolução do tipo cubana no Brasil e, consequentemente, contra o capitalismo. Foi difícil manter-se nessa posição, com as mudanças ocorridas no mundo, após queda do Muro de Berlim.

O radicalismo petista --que o levara a negar-se a assinar esta nova Constituição que está em vigor-- amainou-se após as sucessivas derrotas de Lula como candidato à Presidência da República. Ele obrigou o partido a recuar e passar a falar mais manso. Graças a isso, foi eleito e passou a viver um dilema: se se mantivesse esquerdista, não governaria. De qualquer modo, abraçava Bush e fazia questão de mostrar que sua verdadeira simpatia para Ahmadinejad.

Aqui dentro, a coisa era mais complicada: como privatizar os aeroportos se sempre condenara as privatizações? Mas tinha de fazê-lo e passou, então, a chamar as privatizações de "concessões" e pôr nelas exigências que as inviabilizavam. Agora, teve que recuar. Por outro lado, restava-lhe o caminho ambíguo do populismo chavista. E assim ampliou em vários milhões os beneficiados pelo Bolsa Família e financiou o consumismo das faixas mais pobres.

Sucede que, no Brasil, há muito mais necessitados do que Lula pensava e todos passaram a querer também bolsa, casa, geladeira, fogão, televisão de graça. Por outro lado, a economia exige que o Estado se abra à iniciativa privada. Ou faz isso, ou o país para de crescer. Aliás, já há quem preveja, para breve, crescimento zero.

Assim, Dilma abriu o leilão de Libra a empresas estrangeiras, o que foi certo, mas os operários do petróleo não pensam assim; pensam como Lula lhes ensinou: privatizar a exploração do petróleo é trair a pátria. Com essa ele não contava.

 
03 de novembro de 2013
Ferreira Gullar - Folha de S. Paulo
 

VERDADES PROIBIDAS

ESSAS SÃO AS VERDADES QUE A ESQUERDA MARXISTA NÃO QUER QUE VOCÊ SAIBA.







03 de novembro de 2013
Kruegger contra esquerdopatas

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Jaleco perigoso


“O Revalida é uma prova feita um dia para saber se o médico pode operar ou trabalhar na UTI. O Mais Médicos recebe profissionais que ficam três semanas — não é um dia de prova — em avaliação. É uma forma de atrair médicos para os postos de saúde onde não há médicos neste país”.

Alexandre Padilha, importador de jalecos cubanos, confessando que o Brasil Maravilha inventou o posto de saúde sem médico e recomendando à clientela da turma sem Revalida (e sem direito ao Plano Sírio-Libanês) que reze todos os dias para não precisar de UTI nem de cirurgia.

Bravura & audácia


“Eu não teria medo de me consultar com um dos reprovados no Revalida”.

Alexandre Padilha, ministro da Saúde, que só é atendido pelos especialistas mais caros do país, sobre os jalecos participantes do Programa Mais Médicos reprovados no exame que avalia as condições profissionais dos diplomados por faculdades estrangeiras, garantindo que é suficientemente corajoso para perguntar a qualquer um deles se está resfriado ou acima do peso ideal.

Mistério no metrô (3)


“Chávez está em todos os lugares, nós somos Chávez, vocês são Chávez.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, ao jurar que o rosto do bolívar-de-hospício ainda insepulto foi visto em um túnel de metrô, acusando todos os habitantes do país de serem Hugo Chávez.

Mistério no metrô (2)


“Meu cabelo fica arrepiado só de lhes contar”.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, ao jurar que o rosto de Hugo Chávez foi visto num túnel de metrô, ainda sem revelar se o que sentiu é namoro ou amizade.

Duelo de campeões


“Os cardápios requerem ingredientes da mais alta qualidade e que obedeçam às peculiaridades culturais das delegações, justamente por serem organizados para altas autoridades estrangeiras”.

Luiz Alberto Figueiredo, ministro das Relações Exteriores, disfarçado de nota da assessoria de imprensa, tentando explicar que não é para matar Cid Gomes de inveja que o Itamaraty gasta R$ 159 por pessoa por café da manhã e R$ 237 num jantar sem bebidas alcoólicas – bem mais que os R$ 30 e R$ 127 esbanjados pelo Senado.

Dupla da pesada


“A guerra do Iraque consumiu três trilhões de dólares. Com esse dinheiro, seria possível levar programas de transferência de renda a 1,5 bilhão de pessoas durante dez anos”.

Lula, nesta quarta-feira, espalhando a suspeita de que passou os últimos dias trocando ideias com Eike Batista.

Reencarnação sem desencarnação


“Depois de desencarnar por quase três anos, estou voltando à atividade política. Me aguardem em Pernambuco”.

Lula, depois de um almoço com Dilma Rousseff e ministros no Palácio da Alvorada, assombrando a presidente com a ameaça de ocupar oficialmente a cadeira que ocupa informalmente desde janeiro de 2010.

Cabeça em choque


“O que se propõe aqui é dar um choque de democracia nas casas legislativas”.

Luiz Alberto, deputado federal pelo PT baiano, autor da proposta de emenda à Constituição que reserva vagas a parlamentares de origem negra, mostrando que precisa de um choque de sensatez para começar a entender o que significa choque de democracia.

Doutor em inflação


“Marina tem que lembrar que ela entrou no governo comigo. Ela sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade. Temos inflação de 5,8% e quando cheguei era de 12%. A inflação está dentro da meta há 10 anos”.

Lula, depois de um ato em homenagem aos 10 anos do Bolsa Família, lembrando a Marina Silva que foi ele quem fez o Plano Real e ordenou à inflação que não passasse de 4,5% por ano, que é igual a 5,8% e não é diferente de 6,7%.

Cotas para todos (2)


“Os negros estão colocados à margem na política. No Congresso, temos um senador negro e menos de dez deputados”.

João Paulo Cunha, deputado federal pelo PT de São Paulo, condenado no julgamento do mensalão a nove anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, sobre a proposta de emenda à Constituição que reserva vagas a parlamentares de origem negra, preparando-se para sugerir a fixação de uma cota para ex-presidiários.

03 de novembro de 2013
in Augusto Nunes

ESTATIZAÇÃO, PETROBRAS & OBSERVAÇÕES EQUIVOCADAS

   

Durante um seminário promovido pelo PSDB na Câmara dos Deputados, o senador Aécio Neves afirmou que todos os atuais problemas da Petrobras estão diretamente ligados à perda de eficiência gerada pela partidarização excessiva do PT, o que tem gerado “muita incerteza em relação a novos investimentos.”
 
psdb
 
Durante o pronunciamento na rede nacional, a presidente Dilma Rousseff explicou que o leilão da exploração do pré-sal não pode ser considerado uma privatização, e ela está certa.
 
O atual arranjo, adotado após o leilão da exploração do pré-sal no Campo de Libra, faz com que o consórcio formado por quatro empresas estrangeiras (duas estatais chinesas, uma empresa francesa e uma anglo-holandesa) arremate o lucro adquirido apenas caso petróleo for encontrado.
 
Enquanto algumas empresas toparam participar dessa aliança, a Petrobras continuou detendo 40% de participação no consórcio, o que só foi feito assim que a estatal Brasileira aceitou desembolsar R$6 bilhões para que o contrato fosse efetuado.
Todos sabemos que a Petrobras não tem da onde tirar esse dinheiro, portanto os cofres públicos que provavelmente irão pagar o pato, ou seja, dinheiro de imposto seu, meu e do dono da quitanda estão sendo direcionados para cobrir o investimento.
 
Representantes distintos dos dois maiores partidos políticos do Brasil podem continuar usando os mesmos termos para defender o que viria a ser a forma correta, sob seus pontos de vista, de fazer com que uma empresa estatal dê lucros e gere riquezas para o Brasil, mas nenhum deles conseguiu identificar exatamente o que viria a ser a política correta para que a competividade seja estimulada e a estatal gere algum lucro.
 
dilma e aecio
A solução seria privatizar a Petrobras? Claro. Só isso? Não.
 
A Petrobras é a empresa mais endividada do mundo. Qualquer programa gerenciado pelo governo é ineficiente. A ineficiência é regra, não a exceção.
 
De acordo com Leandro Roque do Instituto Mises, “qualquer gerência governamental sobre uma atividade econômica sempre estará subordinada a ineficiências criadas por conchavos políticos, a esquemas de propina em licitações, a loteamentos de cargos para apadrinhados políticos e a monumentais desvios de verba. 
No setor petrolífero, Venezuela, Nigéria e todos os países do Oriente Médio comprovam essa teoria.”
 
 Setores tocados pelo governo não visam responder aos sinais que recebem de consumidores. Empresas geridas por uma administração governamental são operadas sem que seus presidentes tenham que temer perder dinheiro, já que qualquer prejuízo será coberto por verba estatal direcionada ao setor. Setores geridos pelo governo não fazem lucro pois operam sem receber resposta alguma do mercado e, em muitos casos, como é também o caso da Petrobrás, operam sem ter de competir com outras empresas.
 
A falta de incentivos (sim, isso mesmo, lucros são incentivos tão significativos que fazem pessoas, sejam elas comuns ou donas de empresas, trabalharem com mais dedicação!) e a segurança de se poder contar com fundos infinitos (dinheiro de imposto que Brasileiros comuns, assim como você, pagam) fazem com que a empresa estatal seja ineficiente e fadada ao fracasso.
 
A Petrobras pode continuar existindo, mas sua participação no mercado será apenas minimamente eficiente quando o governo sair de cena e garantir que leis protecionistas percam a validade. Apenas quando outras empresas de energia puderem competir no mercado e o maior número de consumidores possível seja finalmente servido de forma eficiente, é que a Petrobras, então sem nenhum apoio do governo, poderá existir como uma empresa lucrativa.
 
A Petrobras é do povo.
Portanto deixe com que cada Brasileiro receba uma ação da empresa assim que o governo se retirar de cena e deixe os caminhos livres para empresas do setor da energia competirem.
 
E a solução?
A solução não é estatizar, reestatizar, semi-estatizar, pré-estatizar ou pós-estatizar a Petrobras, a solução é fechar o rombo que a administração governamental que está no comando gerou e acabar com a mamata da classe burocrata, fazendo com que o povo finalmente tenha controle sobre o que é dele.
 
03 de novembro de 2013
reacionaria

JOGO DUPLO?



“A presidente Dilma verá de volta Lula em seus calcanhares se a jogada de Eduardo Campos e Marina der certo. O movimento “volta Lula” ganhará corpo diante da nova configuração da campanha eleitoral, agora legitimado justamente pela mudança de cenário” - Merval Pereira
 
Não é segredo que Eduardo Campos e Marina Silva compõem uma pouco confiável, porque recém nascida, neo-oposição ao PT. Ela foi filiada ao PT até 2009 – de onde saiu apenas quando Lula deixou claro que Dilma iria sucedê-lo. Ele estava, até mês passado, na base de apoio ao governo – com direito a cargos e benesses. De lá saiu quando... Quando mesmo?
Ai é que a porca torce o rabo. Quando foi mesmo que Eduardo Campos deixou a base de apoio do governo petista?  Quando ficou claro que Dilma estava recuperando a popularidade e tinha chances de se reeleger.
 
Ou seja: Eduardo Campos é um daqueles raros casos de alguém que abandona um governo – no qual se encontra há nove anos – no momento em que este governo volta a dar mostras de que pode vir a se reeleger.  Estranho? Só para quem não está atento.
 
Antes de dizer que isto aí foi prova de desapego ao poder – ou qualquer outra pieguice – lembre o que aconteceu em julho, quando Dilma amargava uma significativa queda de popularidade: Eduardo Campos e Lula se encontram. Na pauta oficial, Lula teria pedido a Campos que não abandonasse Dilma. Na pauta vazada para a imprensa, que é a que vale para ler intenções, dois recados em um mesmo diapasão: o primeiro, que Eduardo Campos abriria mão de sua candidatura se Lula fosse o candidato. O segundo, que Lula adoraria ter Eduardo Campos como vice.
 
Nas semanas que se seguiram às manifestações de junho – especialmente quando, em agosto, o Datafolha afirmou que somente Lula ganharia no primeiro turno - Eduardo Campos foi pródigo em mandar sempre o mesmo recado: se Lula fosse o candidato, ele desistira. Em 26 de setembro o pernambucano ainda dizia: “se a Dilma piscar, Lula volta”. 
 
Mas setembro chegou e, com ele, a recuperação de Dilma nas pesquisas. Aparentemente, Eduardo Campos desistiu de ver Lula candidato, rompeu com Dilma e foi buscar uma parceria que favorecesse o seu projeto presidencial: Marina Silva.
 
Marina, que foi ministra de Lula. Marina, que fez campanha em 2010 sem jamais fazer críticas claras a Lula. Marina, que tem problemas com Dilma porque foi vencida por ela no processo sucessório de Lula. Marina, que hoje está, novamente, nos jornais, criticando Dilma e poupando Lula. 
Mestre no jogo duplo, provável mentor de toda a manobra, Lula tem mandado recados bem dirigidos: ao mesmo tempo em que orienta o PT a se afastar de Eduardo Campos, aprofundando o fantasioso rompimento do pernambucano com o governo Dilma, afirma que “Campos assusta mais do que Aécio Neves” – um discurso que só fortalece Eduardo Campos.
 
Não por acaso, no dia do anúncio da aliança com Marina Silva, Eduardo Campos limitou-se a dizer que não conseguira falar com Lula – tentara ligar para ele, mas não fora atendido. Não poderia dizer que rompeu com ele porque não é verdade. Dizer que recebeu a bênção de Lula, por sua vez, revelaria o golpe.
Como bem observou Merval Pereira, no trecho que abre este post, longe de turbinar a oposição, a manobra da dupla Campos e Marina abre caminho para um movimento “volta Lula”.  
 
É jogo duplo, sim. Encenado a três. 
 
03 de novembro de 2013
nariz gelado

AULA DE OPOSIÇÃO: COMO AÉCIO ENCURRALOU DILMA E A FÁBRICA DE BOATOS DO PT


Aécio Neves: oposição como não se via há uma década.
 
Aécio Neves apresentou nesta quarta-feira um projeto de lei que transforma o Bolsa Família em um programa de Estado. Pela proposta, o benefício, que tem sido a principal bandeira eleitoral do PT, se torna permanente, ficando atrelado às políticas públicas de assistência social e erradicação da pobreza no país – e, o que é mais importante, não ficará mais à mercê das decisões do Executivo.
 
É uma jogada de mestre. Com um único projeto, o senador mineiro dá segurança ao eleitor sobre a continuidade do programa, tira de Dilma seu principal argumento eleitoral e, de quebra, destrói antecipadamente a poderosa fábrica de boatos do PT. Graças à estratégia de Aécio, os petistas acabam de acordar em um cenário eleitoral diferente, no qual não é mais possível disseminar - como fizeram, incansavelmente, em 2006 e 2010 -  a mentira de que os tucanos querem acabar com o Bolsa Família. 
 
Independentemente do intrincado percurso parlamentar que o projeto de Aécio deve seguir até sua votação, a simples apresentação é uma vacina poderosa contra a boataria petista. E coloca Dilma numa arapuca discursiva sem precedentes.
 
Se orientar sua base a votar a favor do projeto de Aécio Neves, Dilma estará pactuando com a perda de seu mais importante argumento eleitoral. Por outro lado, se orientar sua base a votar contra, ou mesmo a protelar a votação, a presidente vai entregar a Aécio um tesouro: o discurso de que ele quis eternizar o programa, mas Dilma o impediu.
 
Não é de hoje que venho elogiando a visão estratégica e a capacidade de articulação política de Aécio Neves.  Mas confesso que, com essa, o mineiro voltou a me surpreender.  Aécio está dando uma aula do que é fazer oposição – coisa que o país não via há quase uma década 
 
03 de novembro de 2013
nariz gelado

UMA E OUTRA COISA

O deputado José Genoíno (SP) ainda presidia o PT quando lançou a pérola – “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” – para tentar explicar as inexplicáveis tramoias do mensalão.


Anos mais tarde o STF condenou petistas ilustres, incluindo o próprio Genoíno, demonstrando que, ao contrário do que o parlamentar dizia, aquela coisa era a mesma coisa. Ou coisa pior. Ainda assim, a frase continua fazendo sucesso.

Na sexta-feira, foi usada pelo ministro Alexandre Padilha para reduzir o impacto da reprovação de estrangeiros do Mais Médicos no Revalida. "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, repetiu.

E oficializou o médico de segunda classe, que, como a jabuticaba e a tomada elétrica da ABNT, só existe no Brasil. “Os médicos do Mais Médicos estão aqui para cuidar da atenção básica; o Revalida é para quem quer operar, quem quer fazer procedimentos de alta complexidade".

 


Alexandre Padilha, Ministro de Relações Institucionais. Foto: Wilson Dias / Abr

 

No mesmo dia, questionada sobre o imbróglio da disputa estadual na Bahia, onde o aliado Geddel Lima (PMDB) tende a se unir aos tucanos, a presidente Dilma Rousseff lançou mão de uma variante do dito, aplicando sobre ele a sua linguagem, raciocínio e lógica ímpares: "O que vale é a política nacional e a política de alianças nacional. Se houver problemas que podem interferir na aliança nacional, ele vai ser tratado como uma questão nacional. O que é regional tem de ser resolvido regionalmente".

Diante da impossibilidade de a disputa regional ser uma coisa e a nacional outra, a fala da presidente é uma farsa tão grotesca quanto à que Genoíno quis fazer o País crer.

Ao contrário. Dilma e o PT estão diante de um jogo intrincadíssimo na composição de palanques regionais. Só com o PMDB, principal aliado, o embate se espraia por 11 estados onde estão nada menos do que 68% do eleitorado do País (O Globo).

O tudo por Dilma não é consenso nem dentro do PT, que teme reduzir de tamanho, ter poucos candidatos próprios aos governos estaduais, perder senadores e deputados federais em nome da manutenção da aliança e de uma presidente que não o anima.

A presença mais ativa de Lula, com agenda e palanques independentes, é uma bênção para essa turma que quer manter o poder e os cargos, mas torce o nariz para a quantidade de concessões que lhe é exigida, para o estilo ou a ausência de estilo da candidata. Para eles, uma coisa é pedir votos ao lado de Dilma, outra coisa é subir ao palanque com Lula.

Mas o que temem mesmo é a quebra do maniqueísmo que sempre alimentaram. Sabem que uma coisa era o “nós x eles”; outra coisa será o “todos x nós”.

03 de novembro de 2013
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília.

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CARLOS BRICKMANN

‘Chega’

Claro, claro. São manifestantes pacíficos, ordeiros e bem-intencionados; e daí? Daí que as grandes cidades brasileiras não podem ficar reféns de bloqueios diários de trânsito, de entraves ao trabalho e ao lazer, de protestos que, por justos que sejam, já atravancam há quase cinco meses as atividade normais dos cidadãos. E aqui não se fala de mascarados, de black-blocs, seja qual for o seu nome: quem participa de ações violentas e depredações de patrimônio público ou privado está fora da lei e seu direito é apenas a um julgamento justo.

Já houve um bloqueio em São Paulo em apoio aos portuários do Panamá, ou de Porto Rico; há bloqueios contra médicos cubanos, a favor de médicos cubanos, contra a praga que ameaça as plantações de centeio da Moldávia Exterior. Parar uma cidade, ou uma estrada, é fácil: meia dúzia de pessoas espalha meia dúzia de pneus na rua e, com meia dúzia de fósforos, incendeia-se o caminho. Falta pouco para sitiar bairros inteiros como protesto contra o gol anulado pelo juiz quando estava claro que não houve impedimento.

Manifestações existem em todo o mundo democrático. Em Londres, o Hyde Park é área preferencial de protestos, onde quase não há limites para a liberdade de expressão. Mas a cidade continua funcionando. Parar tudo também existe, mas em ocasiões específicas: Buenos Aires, por exemplo, parou para os funerais de Perón. Já parar uma cidade porque alguém tem vontade de quebrar umas vitrines é coisa nossa.
Chega: o cidadão tem de ter no mínimo o direito de ir e vir.

A casa e a família

 O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do PT, agiu mal: multiplicou o IPTU e chegou a demitir um secretário para que reassumisse sua cadeira de vereador e votasse favoravelmente à escorcha. Mas isso não é justificativa para manifestações em frente à sua casa: se alguém quiser protestar contra Maldadd, que o faça em frente à Prefeitura, ou em alguma solenidade ─ ou, melhor ainda, nas urnas, votando contra os candidatos que ele indicar. Mas não em sua casa, não envolvendo sua família, não perturbando seus vizinhos. Civilidade, enfim.

Questão de ritmo

 O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou que os serviços de informações da Polícia Federal e das polícias de São Paulo e do Rio vão investigar em conjunto os manifestantes que agem com violência. Isso significa que só agora, depois de cinco meses de quebra-quebra, Sua Excelência decidiu trabalhar? Que até agora as polícias se recusavam a colaborar umas com as outras? Já que o ritmo é este, o trabalho conjunto poderia começar por uma investigação simples: que é aquele cavalheiro, no Rio, que jogou coquetéis Molotov, correu na direção dos policiais, foi recebido, e reapareceu fardado instantes depois. Tudo foi filmado.
Como é que ele explica seu desempenho? Quem lhe deu ordens? Por que?

Coisas… 

Vários funcionários municipais paulistanos foram detidos por exigir e receber propina, dando aos cofres públicos, ao mesmo tempo, prejuízos que ainda estão sendo calculados, mas podem chegar a meio bilhão de reais. Todos atuaram na administração Gilberto Kassab, ex-DEM, hoje PSD; e um deles, membro de destaque do grupo, foi nomeado para um cargo de confiança pelo prefeito Fernando Haddad, PT. Haddad diz que nomeou o cavalheiro como parte de sua estratégia para evitar que a investigação fosse revelada. Ah, bom: simplesmente deixar o servidor onde estava não era suficiente. Seria preciso promovê-lo, né? Então, tá.

…estranhas… 

Os detidos, informa-se, ameaçavam cobrar impostos altíssimos de quem fazia obras na cidade. Mas, mediante boa compensação, acabavam inscrevendo as obras com impostos bem baixinhos. Mas quem foi beneficiado? Se eles foram corrompidos, quem os corrompeu? Se receberam, quem pagou? É certo que quem pagou tinha condições de fazê-lo.
Será que denunciar quem pagou é perigoso?

…muito estranhas… 

A explicação do procurador da República Rodrigo de Grandis para não ter colaborado com as investigações pedidas pela Suíça a respeito do caso Alstom ─ formação de cartel e pagamento de propina em São Paulo, em obras e equipamentos do Metrô e dos trens metropolitanos ─ é simples: diz que o pedido suíço foi guardado numa pasta errada e por isso, nos três anos que se passaram, ninguém cuidou do caso.

Não é bem assim: houve três ofícios das autoridades brasileiras responsáveis pela recuperação de ativos internacionais desviados, todos olimpicamente ignorados. O fato é que, depois de três anos à espera de providências, os procuradores suíços decidiram arquivar o caso. Apenas como complemento, o caso Alstom é, no fundo, o caso Siemens. Cadê as investigações?

…estranhíssimas

 Em São Paulo, o Governo tucano impede a criação de uma CPI na Assembleia. Claro: tanto o caso Alstom quanto o caso Siemens se iniciaram no Governo tucano de Mário Covas e atravessaram os governos tucanos de Alckmin e Serra. Mas a bancada federal petista anunciou há dois meses que tem assinaturas suficientes para criar uma CPI no Congresso. Até agora não a criou. Por que?

03 de novembro de 2013
Publicado na coluna de Carlos Brickmann