"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O SILÊNCIO DOS BONS


Na Bancoop, os dirigentes pintaram e bordaram, deixando centenas de famílias a ver navios e tríplex no Guarujá. No Petros (Petrobrás), no Postalis (Correios), na Previ (BB) e na Funcef (CEF), os presidentes e diretores também fizeram a maior farra, deixando milhares de funcionários com uma aposentadoria incerta e uma dívida já estimada em R$ 46 bilhões.

O que uma cooperativa de bancários de São Paulo tem a ver com os fundos de pensão das principais estatais brasileiras? Todas viveram o mesmo aparelhamento, com o mesmo modo de fazer as coisas e personagens que têm origens parecidas: os presidentes da Bancoop e dos fundos de pensão eram do PT, ou indicados pelo partido de Lula, e fizeram carreira em sindicatos. Exemplo: João Vaccari Neto, da Bancoop, ex-tesoureiro do PT e hoje preso na Lava Jato.

É preciso reconstituir essa história e mostrar o que há de tão intrigantemente igual na escolha dos dirigentes, na origem sindical e partidária de cada um, na ausência de limites entre público e privado, na forma invertida de tirar da maioria para favorecer a minoria do poder. Como lembrou o chefe da Casa Civil, o também petista Jaques Wagner, “quem nunca comeu melado, quando come...” A turma encheu a pança.

Há muitos detalhes cruéis nessa trama, mas o principal deles é que os governos passam, os partidos passam, os presidentes dos fundos de pensão passam, mas as vítimas ficam e se tornam vítimas para sempre. Aí, entra uma curiosidade, resvalando para uma cobrança: como tudo isso pôde acontecer, durante tanto tempo, atingindo tanta gente, prejudicando tantas instituições, e ninguém meteu a boca no trombone?

Funcionários do Banco do Brasil, da Petrobrás, dos Correios, da Caixa Econômica Federal são historicamente reconhecidos e admirados por vestirem a camisa e defenderem suas instituições. Por que, depois da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eles passaram a também não ver, não ouvir, não saber e não falar? Um mistério.

Vejamos a Petrobrás. O desastre e o escândalo que marcaram para sempre a história da maior empresa brasileira refletiram diretamente sobre a gestão do fundo de pensão dos funcionários, desenrolando-se dia após dia, semana após semana, anos após anos, à luz do sol, envolvendo bilhões de reais, dólares, euros. E não havia um só diretor, gerente, engenheiro, secretária, telefonista, garçom, servente, motorista, para defender a companhia e impedir que o Titanic afundasse?

A bem da verdade, registro aqui que, em outubro de 2011, dois anos e meio antes do início da Lava Jato, recebi o e-mail de um engenheiro da Petrobrás que, obviamente, assinava com um pseudônimo, “Miamoto Kojuro”: “Causa espanto o que vem acontecendo nas obras de expansão das refinarias e de construção das novas, na verdade, em praticamente todos os empreendimentos que levam o nome Petrobrás”.

Segundo esse engenheiro, “se a corrupção no Ministério dos Transportes chocou a opinião pública, levando a uma pseudo faxina do governo, motivada por denúncias da imprensa, o que acontece na Petrobrás excede em muito as irregularidades dos Transportes”. E acrescentava algo que o juiz Sérgio Moro agora diz claramente: “Notadamente empresas doadoras de campanha para o PT são bem aquinhoadas na Petrobrás. (...) Mesmo que orcem as obras baixo, elas nunca perdem dinheiro mediante os mais diversos expedientes”.

“Kojuro”, se você estiver me lendo, entre em contato, por favor! Aliás, senhores funcionários da Petrobrás e da Petros, do BB e da Previ, da ECT e do Postalis, da CEF e da Funcef, é hora de falar. Além das suas instituições, os atingidos são o País e cada um de vocês. Como ensinou Martin Luther King Jr. (1929-1968), o pior não é o grito dos violentos, corruptos, desonestos e sem caráter. “O que preocupa é o silêncio dos bons.”


20 de fevereiro de 2016
Eliane Cantanhede, Estado de São Paulo

A LIÇÃO DO SOCIALISMO

Os Estados Unidos estão ignorando solenemente o pobre Brasil na próxima – e última – viagem que o presidente Barack Obama fará ao cone sul do continente americano. O presidente norte-americano visitará a Argentina de Macri… e Cuba!!!
Isto demonstra visivelmente que o “comunismo que presta” – nenhum comunismo presta, mas alguns foram mais densos e influentes, como na China, Rússia e Cuba – quer salvar as últimas aparências mandando às favas a ideologia se alinhando logo com o Tio Sam antes que morram, que ninguém é besta de querer perder o bonde da evolução humana para ficar cacarejando essa cartilha manca. A reaproximação das múmias cubanas com a civilização é mostra mais que evidente que a coisa toda não passava de um projeto de eternização no poder vagabundo e truculento, que cobra seu preço agora num país literalmente ilhado e falido.
Meu irmão mais velho – e mais perto da sepultura que eu pela lógica inexorável da vida – tem algumas observações interessantes a fazer sobre esse momento crítico da existência marreta. Para ele, numa certa idade, você só quer saber do design do caixão que irá acomodá-lo. Cientes disso, as duas múmias cubanas sabem que, se apontarem a nau comunista de volta para a pujante economia americana – nem tão pujante assim, mas serve –, poderão ainda desfrutar de alguma sobrevida histórica dos seus embustes, ao levar a massa falida de seu país pela abertura do Mar Vermelho, agora proporcionada pelos norte-americanos.
Já no Brasil, alguns presidentes parecem ter feito o caminho inverso. Numa economia pujante e incipiente, conseguiram matar qualquer chance que resta de empreender no país, com esse cacarejo indecente e essa justiça achada no lixo. Engalfinham-se agora pela divisão do butim, enquanto hordas de demitidos pelo “milagre econômico do PT” se preparam para rapinar supermercados, num claro indício de que estamos alinhados na burrice tão somente com a Venezuela. É espantoso que esquerdistas arraigados, como os que vicejam em redações e bares da orla carioca, não consigam alcançar o golpe de vista de dois velhos caquéticos como as múmias cubanas, abrindo as perninhas bambas para os Estados Unidos enquanto ainda há tempo.
O comunismo faliu. Salve-se quem puder. Roubem o que houver nas gavetas da repartição, que a turba faminta e feita de otária se aproxima. Acho que o país que presta não precisava passar por essa penúria de mais de uma ano de uma presidente pedaleira, superfaturada, fraudada e ancorada na ideologia, embora “proba”, “honesta” e que não rouba um clipe da mesa de trabalho, segundo seus coleguinhas de ideologia porca e cacarejos indecentes. Em contrapartida, o país que não presta simplesmente não presta. E ainda sofreu pouco, se considerarmos que somos já 10 milhões de desempregados para sustentar 100 mil cargos de confiança petralhas aboletados nesse governo. Inclusão social é isto. Inclua só o meu na parada. Parei.

20 de fevereiro de 2016
Vlady Oliver

EUA AUTORIZAM INSTALAÇÃO DE UMA FÁBRICA DE TRATORES EM CUBA


Charge do Duke (O Tempo)























Uma empresa de tratores com sede no Alabama será a primeira fábrica dos Estados Unidos autorizada a instalar-se e operar em Cuba em mais de 50 anos, graças às medidas executivas adotadas pelo governo do presidente Barack Obama para relaxar o embargo econômico que pesa sobre a ilha.
A companhia Cleber recebeu a aprovação do Departamento do Tesouro dos EUA no início deste mês, segundo informou um de seus dois fundadores, o cubano-americano Saúl Berenthal.
Berenthal, de 72 anos e que emigrou de Cuba aos EUA com 16 anos, explicou que com esta iniciativa, além de fazer negócio, quer sentir-se “orgulhoso” de poder contribuir para que os “povos de ambos países se aproximem e se conheçam melhor”.
Seu objetivo é começar a vender os tratores fabricados em Cuba tanto na ilha como em outros países da América Latina a partir do primeiro trimestre de 2017.
Para isso, necessita um investimento inicial de US$ 5 milhões, que poderia chegar aos US$ 10 milhões em 2020, quando preveem ampliar a atividade da empresa também com a fabricação de maquinaria para a construção.
FUTURO ECONÔMICO
Berenthal destacou que a agricultura e a construção são dois dos principais pilares para o futuro econômico da ilha, pois representam o suporte necessário para alimentar o principal motor da economia da ilha: o turismo.
A Cleber planeja construir uma fábrica de montagem para seus tratores na Zona Especial de Desenvolvimento do Mariel (ZEDM), um grande porto mercante e centro empresarial em construção que é um dos principais projetos do governo cubano para captar investimentos estrangeiros e que permite vender tanto na ilha como no exterior.
O cubano-americano e seu sócio Horace Clemmons, também de 72 anos, fundaram a empresa em 2015, pouco depois do anúncio do processo de aproximação bilateral entre EUA e Cuba, com a intenção de fornecer aos agricultores cubanos “um trator de custo acessível e que é simples de operar e manter”, segundo consta no site da Cleber.
EXPORTAR ALIMENTOS
Berenthal confia que seu trator não só contribuirá para eliminar a necessidade de importar alimentos à ilha, mas também estimulará a exportação de seus produtos, pois a agricultura cubana está baseada em métodos “verdes” que têm uma “grande demanda” em muitos países, inclusive os EUA.
Em sua opinião, ser os primeiros representa uma “grande vantagem” empresarial e, além disso, cria um “precedente”, no qual “puderam definir como é que uma empresa dos EUA pode começar a produzir em Cuba”.

20 de fevereiro de 2016
Da Agência EFE

AS EMPRESAS ESTATAIS TÊM SIDO DEMONIZADAS INJUSTAMENTE


Charge do Bira (chargesbira.blogspot.com)

















Custo a acreditar que a atual queda das ações da Vale privatizada seja culpa de governos A , B ou C. A regra clara é demonizar as empresas estatais como ineficientes e até corruptas, enquanto cantam loas às empresas privadas que compram ativos do Estado. Quando as privatizadas começam a parar de lucrar, desempregam trabalhadores e até entram em recuperação judicial, sempre aparecem seus defensores para culpar os governos ou algum componente externo. Estou em adiantada idade para acreditar nessa narrativa do mal e do bem. As empreiteiras e as empresas que participaram do cartel da Lava Jato são exemplos que saltam aos olhos, mas tem gente que ainda teima em colocar vendas nos olhos para não ver o óbvio.
Muitos procuram demonizar as estatais injustamente. O problema reside nas escolhas dos dirigentes, que são indicados pela classe política para colherem resultados em benefício de quem os apadrinhe. Portanto, às vezes o fracasso dessa ou daquela empresa é de natureza moral e ética – logo, do ser humano. Na outra ponta, veja-se o caso dos empreiteiros, que se uniram em cartéis para faturar nas licitações públicas em conluio entre diretores de empresas públicas, lobistas e doleiros.
Agora, sem a menor dúvida, há uma grave crise nas empresas de petróleo em escala mundial, fruto da queda vertiginosa do preço do barril. A estatal da Noruega encontra-se em dificuldade e a maior petroleira dos EUA irá demitir 28 mil trabalhadores. A crise no setor do petróleo atingiu o ápice e vai levando de roldão as empresas. Evidente que na Petrobras o impacto é maior, porque a empresa foi dilapidada pelo cartel e pelos políticos, porém jamais seria uma ilha no mar revolto desta crise. O preço do barril de petróleo está no fundo do poço oscilando por volta de 35 dólares.
ALGUMAS DIFERENÇAS
Os lucros provenientes das empresas estatais vão parar nos cofres do Tesouro. Os lucros das empresas privatizadas vão parar na Suíça. As estatais têm que se virar com seu próprio orçamento, pois proibiram-nas de captar recursos para investimentos no BNDES, CEF, BB e recursos do Fundo de Amparo ao trabalhador (FAT). As empreiteiras, empresas privadas e multinacionais têm acesso a todos esses recursos nomeados e advindos do Tesouro e mais ainda subsidiados e com juros de longo prazo, atualmente da ordem de 7,5% ao ano. Esta é a diferença.
Mas o cerne da questão principal hoje, em termos políticos e econômicos, está no financiamento dos partidos, porque as empresas estatais não podem doar para as campanhas eleitorais de suas excelências, somente através das propinas.
ESQUERDA E DIREITA
O filósofo alemão Hegel, criador da dialética, dizia que o conhecimento adquire-se com uma tese, sua síntese, que volta a se tornar tese e assim indefinidamente. Marx e Engels beberam na fonte de Hegel, assim como Aristóteles bebeu na fonte de Platão, que seguiu as pegadas de Sócrates.
Creio que jamais ocorrerá o fim das ideologias, pois quando finalizam seu ciclo histórico, outras ideologias ocupam seu lugar. Ninguém é chamado hoje de Renascentista ou Iluminista. Há alguns anos, um escritor americano ousou falar em fim da história, uma contradição insanável, que soaria como apagar o passado das futuras gerações completamente, uma heresia cavalar.
O conceito de Esquerda (jacobinos) e Direita (girondinos) nasceu das entranhas da Revolução Francesa, uma revolução burguesa, diga-se de passagem. Os burgos eram o nascedouro do capitalismo artesanal. Marx e Engels tentaram o oposto dos ideários da Revolução Francesa. Contudo, em nenhum país as ideias marxistas foram implementadas, pois o coletivismo e a divisão equitativa dos bens gerados pelo trabalho humano estão na contramão da natureza humana, que é na sua carga genética notadamente individualista.
DITADURA DA URSS
Justamente para sufocar a individualidade, o “regime socialista” da antiga URSS se tornou ditatorial, para impor pela força um regime de igualdade, que era na realidade um Capitalismo de Estado, no qual as elites dirigentes viviam nababescamente em “quintas” e palácios de verão, enquanto o povo carecia de bens consumidos pelas sociedades capitalistas.
Injustiça social, portanto, havia na antiga URSS como há na China “comunista”, muito mais um capitalismo comandado pelo Exército e pelo Partido Comunista chinês, numa sociedade profundamente desigual, logo, nenhuma semelhança com as ideias propostas no Livro O Capital escrito a quatro mãos, por Marx e Engels.
Finalizando esta prosa que já vai longe, penso que o capitalismo não é a última ideologia vigente no mundo de incertezas e de crises permanentes, sinalizando que em algum ponto fora da curva outra ideologia virá para guiar as sociedades no rumo de um equilíbrio entre as sociedades hoje em conflito.

20 de fevereiro de 2016
Roberto Nascimento

DILMA CONCORDOU COM "APARELHAMENTO" DO MINISTÉRIO, DIZ SUBCHEFE



Erenice e Dilma, uma amizade acima de qualquer suspeita









O empresário João Batista Motta exercia o mandato de senador pelo Espírito Santo quando entrou na sala do então líder do PMDB, Ney Suassuna, com um aviso e uma exigência: “Estou em obstrução. Só voto qualquer matéria quando a dona Armênia voltar para a folha de pagamento da Casa”. Motta integrava o baixo clero, identificação coletiva dos parlamentares mais facilmente manobráveis e de pouco prestígio político. Ele barganhava um favor pessoal sem o menor constrangimento. Os tempos lhe eram favoráveis naqueles meados de 2005.
O Congresso investigava o mensalão e a compra de apoio parlamentar com dinheiro roubado dos cofres públicos, pelo governo Lula. O PT, o PMDB e o PP embolsavam propinas milionárias ao facilitar o fechamento de contratos superfaturados entre as empreiteiras e a Petrobras. Dona Armênia, portanto, era um troco no cenário de tenebrosas transações.
O lobby pela sua volta “à folha de pagamento” ilustra o nível de aparelhamento do Estado, a prática de tirar de um cargo alguém que conquistou a posição por mérito e entregar o posto ao apadrinhado de um parlamentar cujo voto interessa ao governo. Como fizeram com outros vícios resistentes do mundo oficial, os governos do PT transformaram o aparelhamento num mecanismo de manutenção do poder a qualquer custo.
SUBCHEFE ALERTAVA…
Foram esses casos escandalosos de troca de favores que chamaram a atenção de Luiz Alberto dos Santos, funcionário de carreira que ocupava, naquele tempo, uma das subchefias da Casa Civil. A cada golpe desse tipo de que tomava conhecimento, Santos disparava mensagens de alerta para seus superiores – a então ministra Dilma Rousseff e seu braço-direito, a secretária executiva Erenice Guerra. Invariavelmente a resposta era um ensurdecedor silêncio.
Em 24 de agosto de 2007, Santos detectou o começo do processo de destruição do corpo técnico do Ministério do Planejamento com a substituição de técnicos por “companheiros” do PT ou indicados por eles.
Luiz Alberto dos Santos advertiu enfaticamente em um e-mail endereçado a Erenice Guerra: “Está, literalmente, havendo um aparelhamento lá, e num órgão em que competência técnica e conhecimento da máquina são mais do que necessários. Não sei o que vai sobrar, e não quero nem ver. Se antes já estava difícil, daqui pra frente vai ser um espanto”. Silêncio total do outro lado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como disseram Cazuza e Arnaldo Brandão na letra de “O tempo não para”, transformaram o país inteiro num puteiro, só para ganhar mais dinheiro. Quanto a Erenice, trata-se de um fenômeno estranho, que só pode ser explicado no chamado idioma “dilmês”. (C.N.)
20 de fevereiro de 2016
Daniel Pereira e Hugo MarquesVeja

JUSTIÇA ELEITORAL JÁ TEM PROVAS PARA CASSAR DILMA E TEMER



Moro já abasteceu o TSE com as provas necessárias











Na última semana, veio à tona a informação de que o juiz Sérgio Moro enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro, documentos relacionados à Operação Lava Jato a fim de subsidiar o processo na corte que investiga se dinheiro da corrupção na Petrobras abasteceu o caixa eleitoral da presidente Dilma Rousseff. É crime, se comprovada tal suspeita. E motivo suficiente para a cassação da chapa Dilma-Temer. Num ofício de três páginas, Moro destacou que, em uma de suas sentenças, ficou comprovado o repasse de propinas por meio de doações eleitorais registradas, o chamado caixa oficial. E apontou o caminho que o TSE deve trilhar para atestar o esquema, qual seja: ouvir os principais delatores.
O que dá força e materialidade às assertivas de Moro são dez ações penais, anexas ao ofício enviado ao TSE, às quais IstoÉ teve acesso. O calhamaço, com 1.971 páginas, reúne depoimentos, notas fiscais, recibos eleitorais e transferências bancárias. A documentação reforça que as propinas do Petrolão irrigaram a campanha de Dilma e que o dinheiro foi lavado na bacia das doações eleitorais oficiais. De acordo com as provas encaminhadas por Moro, a prática, adotada desde 2008, serviu para abastecer as campanhas de Dilma em 2010 e 2014.
MENSAGENS
Sobre a campanha de 2014, constam dos documentos em poder dos ministros do TSE uma troca de mensagens em que Ricardo Pessoa, da UTC, discute com Walmir Pinheiro, diretor financeiro da empreiteira, detalhes sobre a transferência de R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma. As mensagens indicam que as doações da UTC para a candidata à reeleição estavam diretamente associadas ao recebimento de valores desviados da Petrobras, estatal que é tratada por Pinheiro na conversa como “PB”.
“RP (Ricardo Pessoa), posso resgatar o que fizemos de doações esta semana?? Ta pesado e não entrou um valor da PB que estava previsto para hj, +/- 5 mm”, questiona o executivo, que foi preso em novembro de 2014 durante a Operação Juízo Final.
O dono da UTC concorda: “Ok. Pode”.
Na papelada em exame pelo TSE, além das mensagens, há um registro à caneta confirmando os dois repasses de R$ 2,5 milhões à campanha de Dilma em 2014. Em depoimento à Justiça Federal, prestado no ano passado, Pessoa disse que foi persuadido a doar para a campanha à reeleição da presidente, sob pena de ver cancelados contratos milionários da UTC com a Petrobras.
Segundo o empreiteiro, diante das pressões, as doações oficiais – via caixa um – para a campanha de Dilma foram acertados em R$ 10 milhões, mas apenas R$ 7,5 milhões foram pagos. A parte restante não foi depositada porque o empresário acabou preso pela Operação Lava Jato em novembro de 2014.
EM SILÊNCIO…
Em setembro do ano passado, Pessoa esteve na Justiça Eleitoral para prestar depoimento, mas permaneceu em silêncio em razão das restrições impostas pelo acordo de colaboração firmado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas em petição o PSDB, por meio de seus advogados, insiste para que este material, envolvendo o dono da UTC, seja considerado pelo TSE.
Houve condenação em três das dez ações penais encaminhadas por Moro à Justiça Eleitoral. Especialistas ouvidos por IstoÉ fazem o seguinte raciocínio: as mesmas provas que serviram para condenar quem pagou propina, e quem intermediou o pagamento, também devem servir para condenar quem se favoreceu do propinoduto.
Um dos processos encaminhados por Moro implica severamente a primeira campanha de Dilma e ilustra o funcionamento do esquema. Trata-se do processo em que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi condenado por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo a sentença assinada por Moro, comprovou-se que dinheiro ilícito foi lavado pelos acusados na forma de doação partidária. Entre 2008 e 2012, empresa ligada ao Grupo Setal, do delator Augusto Mendonça, repassou R$ 4,25 milhões ao diretório nacional do PT, dos quais R$ 1,6 milhão entre janeiro e julho de 2010, ano em que Dilma foi eleita presidente da República.
A PEDIDO DE DUQUE
“Augusto Mendonça esclareceu que fez essas supostas “doações”, que eram pagamentos de propina, a pedido de Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e com o auxílio de João Vaccari”, afirmaram os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
“Cada pagamento era deduzido do montante de propina devido. O momento das propinas e os valores eram indicados por Renato Duque, enquanto as contas e Diretórios do PT que recebiam os pagamentos eram indicados por João Vaccari.” De acordo com os representantes do Ministério Público Federal, os repasses ao PT ocorrem em datas próximas a pagamentos liberados pela Petrobras aos consórcios Interpar e Intercom, dos quais faziam parte empresas do Grupo Setal. Segundo a documentação enviada pelo juiz da Lava Jato, as doações ao Diretório Nacional do PT foram feitas por empresas controladas por Augusto Mendonça, entre elas a PEM Engenharia.
Logo depois que a Petrobras efetuou pagamentos ao consórcio de empresas que integravam a Setal, foram realizadas quatro doações nos dias 7, 8, 9 e 10 de abril de 2010. Há registros de todas elas.
REPASSE AO PT
Um dos recibos, ao qual IstoÉ teve acesso, atesta o repasse de R$ 50 mil no dia 7 de abril de 2010 para o Diretório Nacional petista, responsável por centralizar as doações destinadas à campanha de Dilma. Ainda de acordo com o material disponibilizado por Moro ao TSE, “analisando as doações, chama a atenção que, para alguns períodos, eles aparentam ser alguma espécie de parcelamento de uma dívida, como as doações mensais de R$ 60.000,00 entre 06/2009 a 01/2010 ou entre 04/2010 a 07/2010”. Nos anexos da Lava Jato, obtidos por ISTOÉ, há os comprovantes de transferências bancárias pela Setal no valor de R$ 60 mil por meio da modalidade TED.
As evidências do pagamento de propina à campanha petista por meio de doações oficiais aparecem ainda no processo criminal, anexado por Moro, em que são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro o ex-ministro José Dirceu e executivos da Engevix, empreiteira acusada de fazer parte do cartel que fraudou licitações da Petrobras. Em delação premiada, um dos donos da empresa, Gerson Almada afirmou que, a pedido do lobista Milton Pascowitch, ligado a Dirceu, efetuou doações ao PT “nas épocas das eleições ou em dificuldades de caixa do partido”.
No conjunto de documentos, em análise pelo TSE a pedido do juiz da Lava Jato, há ainda uma ação em que constam como réus dirigentes da empreiteira Andrade Gutierrez. Nela, os representantes do MPF incluíram um organograma que revela um fluxo de R$ 9 milhões em propina, dos quais R$ 5,29 milhões teriam abastecido as arcas do PT. A iminente revelação das relações do governo petista com a Andrade tira o sono dos auxiliares da presidente.
ANEXAÇÃO AO PROCESSO
Recentemente, o PSDB, autor de ações contra Dilma na seara eleitoral, ingressou com uma petição no TSE pedindo que o conteúdo da delação premiada dos executivos da Andrade seja enviado à corte eleitoral. Este material promete ser tóxico para o Planalto. É que os executivos da empreiteira prometeram revelar informações sobre pedidos de doações eleitorais para a campanha de Dilma em 2010 e 2014.
Além da ação de impugnação de mandato eletivo, a presidente responde no TSE a duas ações de investigação judicial eleitoral. As acusações atingem a chapa presidencial, incluindo, portanto, o vice, Michel Temer (PMDB-SP). A tendência é a de que a ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora do caso, reúna tudo num único procedimento. Cabe à ministra decidir também se leva adiante a sugestão do juiz Sérgio Moro de ouvir delatores da Lava Jato. No tribunal, a expectativa é que os delatores sejam chamados a depor. Entre eles, Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Augusto Mendonça.
FIRULA JURÍDICA…
Os advogados do PSDB articulam estratégia de recorrer ao plenário, caso a relatora ignore os documentos encaminhados por Moro. A defesa de Dilma contesta a admissibilidade das informações relativas à Operação Lava Jato. Um dos principais argumentos apresentados pela defesa da presidente é de que a sugestão de que colaboradores da Lava Jato sejam ouvidos pelo TSE seria uma tentativa de contaminar o julgamento eleitoral a partir de uma investigação já em andamento na Justiça Criminal. Mera firula jurídica.
Entre autoridades em direito eleitoral ouvidas pela IstoÉ é unânime a avaliação de que é, sim, responsabilidade da Justiça Eleitoral analisar casos em que há indicações de abuso de poder econômico e político na arrecadação de fundos de campanha.

20 de fevereiro de 2016
Marcelo Rocha e Mel Bleil GalloIstoÉ

SANATÓRIO GERAL

Cérebros gêmeos

“O Júlio Lossio me contou uma história que eu achei muito interessante: ele tem um contato com as crianças das escolas, sistematicamente. Então, ele estava ─ e ele responde perguntas. Uma criança então perguntou para ele: ‘Vem cá, prefeito, esse programa Minha Casa Minha Vida, de quem que é mesmo? É um programa que é da prefeitura aqui de Petrolina ou é um programa que é do governo federal, da presidente Dilma?’. E ele respondeu da forma mais clara: ‘Você não tem um pai e uma mãe? Então, você tem dois pais. Esse programa também tem dois pais’. E por quê tem dois pais? Tem dois pais porque, ao mesmo tempo, o governo federal, junto com a Caixa Econômica, nós viabilizamos a construção das moradias”.

Dilma Rousseff, no programa de comícios Minha Casa, Minha Vida, nesta sexta-feira, revelando que a cabeça do prefeito de Petrolina também é equipada com um neurônio só.

Naufrágio no São Francisco

“Eu queria dizer para vocês que eu vim aqui, em Petrolina, primeiro para fazer esse anúncio e entregar a chave. Mas, também, eu vou aqui na cidade aqui, na cidade gêmea aqui de Petrolina, eu vou dar uma aula. Uma aula numa escola. Por que eu vou dar uma aula numa escola? Porque hoje é um dia de mobilização nacional. Uma mobilização nacional na área da educação”.

Dilma Rousseff, no programa de comícios Minha Casa, Minha Vida, nesta sexta-feira, ao informar em dilmês castiço que iria dar uma aula em Juazeiro, na Bahia, sem saber sequer o nome da cidade que é considerada gêmea da pernambucana Petrolina por ficar na outra margem do Rio São Francisco.

20 de fevereiro de 2016
in augusto nunes

O REIZINHO DESTRONADO FUGIU DO TRIBUNAL. MAS NÃO VAI ESCAPAR DOS DEFENSORES DA LEI


lula marisa

O parteiro do Brasil Maravilha, o Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos, o enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários, o metalúrgico que aprendeu a falar com tanto brilho que basta abrir a boca para iluminar o mundo de Marilena Chauí, o filho de mãe nascida analfabeta que nem precisou estudar para ficar tão sabido que já falta parede para tanto diploma de doutor honoris causa, o Exterminador do Plural que inaugurou mais universidades que todos os antecessores juntos e misturados, o migrante pernambucano que se nomeou Redentor dos Miseráveis, o gênio da raça que proclamou a Segunda Independência ao reinventar a Petrobras e descobrir o pré-sal, o maior dos governantes desde Tomé de Souza, quem diria?, agora recorre a truques de rábula para escapar de perguntas sem resposta sobre o triplex no Guarujá.
O campeão de popularidade que andou beirando os 100% de aprovação, o senhor das urnas capaz de eleger qualquer poste para qualquer cargo, a sumidade que em cinco anos ressuscitou a nação assassinada pela herança maldita, o pacificador do Oriente Médio, o estadista que dava pitos até em presidente americano e também por isso foi contemplado por Barack Obama com o título de Cara, o colosso que rebaixou a marolinha uma crise econômica planetária, o gigante predestinado a conquistar o Nobel da Paz e eleger-se por aclamação secretário-geral da ONU, o estadista que deixou o mundo boquiaberto com tanta clarividência, quem diria?, fugiu do tribunal nesta quarta-feira por falta de explicações que parecessem convincentes pelo menos aos ouvidos de um bebê de colo.
O SuperMacunaíma que escapou do Mensalão ainda não entendeu que, depois de tropeçar no Petrolão, despencou do elevador privativo do apartamento na praia das Astúrias e atolou num sítio em Atibaia. Alguém precisa dizer ao fundador de um Brasil imaginário que o país real se cansou de tanta ladroagem e está ao lado dos juízes sem medo e dos promotores altivos. Usando como laranja um deputado federal, a tropa de advogados homiziada no Instituto Lula raspou o fundo do tacho das chicanas e conseguiu adiar o encontro, em companhia de Marisa Letícia, com um representante do Ministério Público paulista. O investigado talvez até consiga livrar-se do promotor Cássio Conserino. Mas são muitos os homens decididos a aplicar a lei na terra arrasada pela corrupção, pela incompetência, pelo sectarismo ideológico e pela idiotia política.
O reizinho que se achava inimputável logo saberá que a condenação à perpétua impunidade foi revogada pela descoberta de safadezas pessoais e intransferíveis. Não há como terceirizar as bandalheiras que infestam o patrimônio imobiliário do Lincoln de galinheiro, fora o resto. O mito morreu. Há dois dias, Lula proibiu o Conselho Político do PT de tratar das maracutaias que o mantêm pendurado no noticiário político-policial. “Não aguento mais falar disso”, explodiu. “O Luiz Marinho vai lá em casa e só quer falar disso. Chego no Instituto para trabalhar e só falam disso. Não aguento mais”.
O Brasil decente é que não suporta mais tanto cinismo e tamanha cafajestagem. Aguente ou não, o palanque ambulante convertido em camelô de empreiteiro será obrigado a falar sobre isso e muito mais. O interrogatório foi adiado por alguns dias. Mas a hora da verdade chegou.

20 de fevereiro de 2016
augusto nunes